Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

quinta-feira, janeiro 18, 2007

A liberdade das empresas

No outro dia, enquanto lia o Jornal de Negócios, um artigo suscitou em mim peculiar interesse, por isso gostaria de os partilhar com os colegas. Mencionava o facto de Bruxelas querer dar plena liberdade às empresas de se sedearem onde quisessem. Se calhar não de forma tão óbvia, mas no meu entender tendo as empresas por objectivo último o “lucro” estas procurarão países, locais, cidades com a melhor oferta fiscal com mão-de-obra especializada e/ou barata, com as desenvolvidas redes de telecomunicações, e não estarão preocupadas com as paisagens nem com o estado de tempo.
Feita a comparação as empresas vão-se situar onde lhes seja mais vantajoso e no que se refere aos impostos, se já o faziam agora será legal.
Sendo que, os impostos cobrados em Portugal são superiores em 45% à média da União Europeia, pressinto e temo prever o caminho para que se dirige Portugal. Além do que, a preocupação do momento do nosso país é a consolidação financeira, que fará e que faremos a este assunto?
Dizia no jornal, “criar zonas fiscalmente agressivas não é crime, é uma questão de jogar segundo regras de todos os outros países.” … “não perceber este desafio, ou apelidá-lo de injusto … é como impedir um qualquer consumidor de mercearia de entrar num hipermercado, dizendo: se cobram menos, é porque o negócio é escuro. Não. É porque o negócio é melhor.”
Eu concordo, e tu? O que fazer pelo nosso país? Será que os jovens vão aqui continuar?

Clara Rosa

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Aviso - funcionamento do blogue desta data em diante

Caros(as) alunos(as),
Deixando de ter valia para avaliação da disciplina que lhe dá nome, este blogue mantém-se aberto como fórum para quem dele quiser tirar partido.
Para tanto, os(as) interessados(as) poderão fazer-me chegar os materiais que queiram divulgar e ver debatidos, aparte os comentários que queiram fazer a esses mesmos textos.
A economia portuguesa e tudo o que com ela se relacione continuarão a ser o elemento organizador do fórum, numa leitura que permanecerá tão livre quanto já a foi a da disciplina que foi o ponto de partida desta plataforma de trabalho.
Fico na expectativa que aceitem este meu convite.

J. Cadima Ribeiro

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Pescanova em Portugal

A empresa espanhola Pescanova e a Agência Portuguesa para o Investimento (API) assinaram um protocolo para a construção de um grande viveiro no concelho de Mira. A nova unidade, que deverá ter início em 2008, vai duplicar a produção nacional de peixe em cativeiro, numa zona protegida a nível ambiental.
De acordo com os dados mais recentes do ministério da agricultura, a produção nacional em 2004 foi de cerca de sete mil toneladas, a mesma capacidade que terá a nova unidade de aquicultura destinada á criação de pregado.
Manuel Fernandez, presidente da multinacional espanhola, anunciou que com este investimento Portugal tornar-se-á o maior produtor de pregado do mundo.
O projecto envolve um investimento inicial de 140 milhões de euros dos quais 40 milhões são financiados pelo estado português e a criação de cerca de duzentos postos de trabalho directos.
A produção do novo viveiro destina-se em 99% á exportação, na sua maioria para países da União Europeia e para países terceiros.
A escolha de Portugal como país de localização do viveiro não foi pacífica. A Quercus, criticou o apoio do governo, uma vez que o viveiro se situará na Rede Natura 2000 e implicará a destruição de dunas e floresta.
Em resposta o ministro (agricultura e pescas) Jaime Silva, garantiu ontem que serão tomadas as medidas necessárias para que o projecto seja viável do ponto de vista ambiental. O presidente da API, face á posição da Quercus referiu “ se se seguisse o que a Quercus diz, não haveria investimento em Portugal”, opinião esta que subscrevo. Ora ponderando os Custos/ Benefícios deste projecto e o favorecimento que poderá ter para o crescimento da economia portuguesa, criando postos de trabalho directo e indirecto, melhorando a nossa balança comercial com aumento das exportações, entre outros benefícios, os custos ambientais serão mínimos. Não estamos a falar de uma industria pesada com elevados níveis de poluição, mas sim, de uma industria de criação de peixe que até certo ponto é amiga do ambiente, contribuindo assim, para a manutenção da espécie em alto mar.
O ministro da Economia , considerou que este projecto está a dar á agricultura a importância que ela merece.
O presidente Pescanova, anunciou também que num futuro próximo vai incorporar a produção de novas espécies, nomeadamente linguado em Mira. O projecto terá sucessivas ampliações e atingirá, numa segunda fase, uma capacidade de dez mil toneladas.
Eu digo: venham mais destes…

Manuel Vilas

(doc. da série artigos de análise/opinião)

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Boas Colheitas para Portugal

Nos últimos anos, Portugal tem produzido vinhos de altíssima qualidade. Nos últimos anos, os vinhos portugueses com a coadjuvante dos seus produtores aumentaram substancialmente a sua qualidade, como se comprova pelos prémios e distinções obtidas nas mais prestigiadas revistas da especialidade, como a “Wine Spectator”, “Wine Enthusiast” e “Wine & Spirits” e em concursos como o International Wine Challenge”, “Mundus Vini”, “Challenge International do Vin” ou “Vinalies”.Com especial destaque para os vinhos do douro e do Alentejo, responsáveis pela boa imagem do vinho português lá fora.
Portugal tem a peculiaridade de produzir uma vasta gama de vinhos com diferentes castas, substâncias aromáticas e especiarias, idades, processos de envelhecimento, espessura do vinho (encorpado ou murcho), apresentando uma vasta gama de vinhos com diferentes especificidades, relativamente aos outros produtores mundiais.
No entanto, apesar de ser um sector que enfrenta elevada concorrência, os vinhos portugueses que se têm afirmado internacionalmente correspondem a vinhos de denominação de origem controlada ou vinhos reserva, sendo a capacidade de produção a principal dificuldade que subsiste destes vinhos, que têm sido citados e recebido menções honrosas ou prémios de prestígio. A principal contrariedade que subsiste é sua produção ser inferior ao número de encomendas. Os principais produtores a nível mundial, com o qual Portugal concorre são a Califórnia, a França (região de Bordeaux, Rhône e Champagne), a Itália (Toscana, Piemonte), o Chile e a Austrália.
O sucesso de Portugal na última década, apesar de ser um país de longa tradição vinícola, deveu-se ao maior interesse das pessoas, à nova geração de enólogos, ao investimento na renovação das vinhas, formação e equipamento tecnológico adquirido, transformando vinhos de alguma qualidade em vinhos de alta qualidade, com o aperfeiçoar dos processos de produção e envelhecimento e dos aromas do vinho, características que diferenciam o produto e acrescentam-lhes valor. Para além da melhoria nos processos produtivos através de nova tecnologia, a inovação foi acompanhada sem descurar os aspectos tradicionais positivos, como por exemplo a utilização de uvas autóctones e características da região. Estas castas nacionais, com a ajuda da modernização, que antes davam vinhos de qualidade inferior, passaram a dar grandes vinhos.
Deste modo, num mercado tão globalizado, Portugal surge como contraponto, relativamente à uniformização de condutas e gostos, favorecendo o reconhecimento e a criação da marca “Made in Portugal”, que começa a ganhar prestígio além-fronteiras.


Pedro Tiago Amorim de Brito

(doc. da série artigos de análise/opinião)

sábado, janeiro 06, 2007

Destaques noticiosos do fim-de-semana

Retoma da Zona Euro é frágil mas deverá continuar [http://www.publico.clix.pt/Economia/noticia.asp?id=1281493] (04-01-07, in Público)
"A Zona Euro vai continuar a apresentar uma retoma económica frágil nos próximos tempos, condicionada pelo consumo e pelas reformas estruturais nos Estados-membros, indica hoje a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE)."
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Inflação na Zona Euro inalterada nos 1,9 por cento [http://www.publico.clix.pt/Economia/noticia.asp?id=1281503] (04-01-07, in Público)
"A taxa de inflação na Zona Euro manteve-se inalterada entre Novembro e Dezembro nos 1,9 por cento, indicou hoje a estimativa rápida do departamento de estatística da Comissão Europeia, o Eurostat."
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UE pede aos EUA que aproveitem hipótese de fechar acordo sobre Doha [http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/internacional/economia/pt/desarrollo/725367.html] (05-01-07, in Diário Económico)
"A União Europeia instigou nesta sexta-feira o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e o novo Congresso norte-americano, com maioria democrata, a mostrarem liderança para uma retoma das negociações da Ronda de Doha para a liberalização comercial."
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Confiança dos consumidores portugueses manteve-se estável em Dezembro [http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/nacional/economia/pt/desarrollo/725371.html] (05-01-07, in Diário Económico)
"O indicador de confiança dos consumidores em Portugal permaneceu inalterado nos -31 pontos no mês passado, em relação a Novembro, e melhorou face aos -41 pontos registados em Dezembro de 2005, anunciou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE)."

terça-feira, janeiro 02, 2007

Destaques noticiosos do fim-de-semana

Défice da Administração Pública excedeu limites do PEC em 2001, 2004 e 2005
"O Anuário Estatístico de Portugal de 2005 publicado hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), mostra que, da análise da receita das Administrações Públicas, os impostos sobre a produção e a importação, e as contribuições para a Segurança Social foram as componentes com maior peso no PIB no ano de 2005."
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Portugueses mais debilitados face a nova subida dos preços [http://www.publico.clix.pt/Economia/noticia.asp?id=1280997] (29-12-06, in Público)
"Menor capacidade para consumir ou para poupar e maior dificuldade para gerir as dívidas contraídas junto da banca. É este o panorama que a generalidade dos portugueses terá de enfrentar a partir do dia 1 de Janeiro."
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Economistas dizem que 2007 será ano de recuperação económica [http://www.jornaldenegocios.pt/default.asp?Session=&SqlPage=Content_Economia&CpContentId=288092] (29-12-06, in Jornal de Negócios)
"Portugal deve manter em 2007 a tendência de recuperação económica, com o investimento a regressar ao crescimento e as exportações a permanecerem fortes, segundo a opinião dos economistas ouvidos pela Lusa."

Preços dos combustíveis em Portugal descem menos e com mais atraso

Segundo um relatório da Autoridade da Concorrência, em Portugal os preços dos combustíveis no retalho estão a responder com um atraso de cerca de 4 semanas aos preços dos mercados internacionais. Já na União Europeia a média desce para 2 semanas.
Contudo, a Autoridade da Concorrência considera que a diferença no tempo de ajustamento dos preços em relação aos mercados internacionais não é suficiente para explicar o desfasamento verificado nos preços nacionais. Enquanto os preços internacionais da gasolina e do gasóleo caíram 32% e 13% respectivamente durante o terceiro trimestre, em território nacional o preço antes de imposto da gasolina sem chumbo 95 caiu apenas cerca de 12,2%, e o do gasóleo desceu 1,2%.
A Autoridade da Concorrência chama ainda a atenção para o facto de Portugal se estar a afastar da tendência da União Europeia. Durante o terceiro trimestre acentuou-se o diferencial entre os preços da gasolina e do gasóleo de Portugal face à UE. Este diferencial está em níveis historicamente elevados para a gasolina.
Na última semana de Setembro registaram-se em Portugal alguns dos preços antes de imposto mais elevados da União Europeia (contabilizando apenas os 15 países antes do alargamento), só sendo superados pelos da Irlanda para ambos os combustíveis e pelos da Grécia para o gasóleo. Este resultado é bastante preocupante, tendo em conta que em Setembro de 2005 Portugal se situava a meio da tabela para a gasolina e tinha o quarto maior preço no gasóleo.
Em Setembro o preço médio de venda ao público da gasolina sem chumbo 95 era 4% superior à média europeia, enquanto o do gasóleo se encontrava 2% abaixo da média.
É verdade que o governo cobra impostos elevados sobre os produtos petrolíferos, mas será tudo culpa desses impostos? Ou será que a Autoridade da Concorrência dá demasiada liberdade às gasolineiras, e estas se aproveitam desse poder para aumentar os preços com vista a obter maiores lucros?
Penso que o governo deveria ponderar melhor esta questão, pois são situações como esta que nos colocam na cauda da Europa.. O governo deveria diminuir os impostos sobre estes produtos, numa tentativa de convergir com os valores europeus, e além disso fiscalizar melhor o comportamento das gasolineiras, para evitar abusos de poder.
A Autoridade da Concorrência anunciou ainda que a procura de produtos derivados do petróleo em Portugal atingiu os 86 milhões de barris nos primeiros nove meses do ano, ou seja, verificou-se uma quebra na procura nacional destes produtos de cerca de 8,9% face aos valores registados para o mesmo período em 2005.
Esta diminuição do consumo interno dever-se-á certamente aos elevados preços praticados pelas gasolineiras em Portugal. Preços elevados levam os Portugueses que vivem nas regiões fronteiriças a abastecerem os seus veículos em Espanha, cujos preços são mais acessíveis. Ora, isto resulta numa diminuição das receitas fiscais do governo, e num aumento das receitas espanholas, ou seja, estamos a contribuir para a riqueza do país vizinho, e não do nosso.. Além disso a população começou a preferir utilizar meios de transporte alternativos ou a deslocar-se menos, pois os preços elevados desencorajam o uso de transportes motorizados pessoais. Esta medida até é positiva para o ambiente, mas será que as receitas fiscais provenientes de impostos mais elevados não serão inferiores às que o Estado obteria caso os impostos fossem mais baixos? Com impostos mais baixos o consumo seria maior, o que poderia resultar em receitas maiores.

Patrícia Alves

(doc. da série artigos de análise/opinião)