Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

quinta-feira, março 10, 2016

"A criação de um novo destino turístico em territórios de baixa densidade: o caso de Boticas"

"O fraco dinamismo demográfico das áreas mais ruralizadas do interior e a incapacidade de levar por diante iniciativas públicas que impliquem um processo participativo dos agentes locais (stakeholders), concorrem para a fragilidade do tecido socioeconómico de vastas áreas do território nacional. Neste contexto, para contrariar a respetiva desvitalização, é fundamental conceber estratégicas que, partindo dos recursos endógenos (recursos paisagístico-naturais e culturais, entre outros), potenciem o desenvolvimento desses territórios, sem questionar a preservação dos recursos. O turismo pode ser um dos instrumentos desse processo de desenvolvimento, o que, em todo o caso, implica uma atuação que previna possíveis efeitos de musealização de práticas e costumes das comunidades rurais. O propósito desta comunicação é contribuir para a identificação de recursos e produtos turísticos que possam concorrer para o desenvolvimento e sustentabilidade do turismo no município de Boticas, localizado no nordeste de Portugal, a curto e médio prazo. Neste sentido, a investigação de que se dá notícia na presente comunicação pretendeu: (i) fazer um primeiro diagnóstico do potencial turístico do município de Boticas; e (ii) identificar as perceções de vários intervenientes locais sobre o potencial turístico deste município. Para tal, recorreu-se à análise de conteúdo de entrevistas semiestruturadas preliminares realizadas (em 2014) a agentes locais e regionais e à realização de duas sessões de focus group (concretizadas em 2015), que tiveram como intervenientes os principais agentes locais de diversas áreas de atuação. Os resultados obtidos apontam para três factos basilares: primeiro, que existem recursos turísticos não explorados, passíveis de se ajustarem a certos nichos de procura turística; segundo, que o território tem vindo a apostar na diversificação da oferta de atividades de lazer e recreio, bem como das infraestruturas de apoio à atividade turística; por último, que continuam a persistir entraves à constituição de redes de agentes locais e de municípios da região que possam atuar ao nível da promoção articulada do território, o que perpetua a ausência de estratégias consequentes neste território. Daí se retiram diversas ilações de política não apenas para o município objeto de análise mas igualmente para outros territórios rurais com problemas semelhantes.»

Hélder LOPES 
Paula REMOALDO 
Vitor RIBEIRO 
José CADIMA RIBEIRO 
Sara SILVA 

(Resumo de comunicação a apresentar em TURHIST - II Conferência Internacional de Turismo & História, a decorrer na na Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve (Faro/Portugal) e na Universidade de Caxias do Sul (Caxias do Sul/Brasil), a 10 e 11 de março de 2016)