Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

domingo, maio 31, 2009

Sistemas de navegação para carros

«"BOSCH" ANUNCIA 100 POSTOS DE TRABALHO
A "Bosch" anunciou que vai transferir para a fábrica de Braga a produção dos seus sistemas de navegação para carros, uma área que estava centrada na Alemanhã, em Hildesheim. A decisão tem impacto no nível de emprego em Portugal, com a criação de 100 novos postos de trabalho.»
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(título e excerto de mensagem que me caiu entretanto na caixa de correio electrónico, proveniente de CMBraga - Comunicação - canal.informativo@cm-braga.info

quarta-feira, maio 27, 2009

Índice Sintético de Desenvolvimento Regional - 2006

"Os resultados do ISDR, reportados a 2006, revelam que apenas cinco, em 30 sub-regiões - por ordem hierárquica, Grande Lisboa, Pinhal Litoral, Baixo Vouga e, marginalmente, Beira Interior Sul e Baixo Mondego - superavam a média nacional em termos do índice global de desenvolvimento regional.
Os resultados reflectem uma imagem assimétrica do País, em termos de desenvolvimento global e de competitividade, mas mais equilibrada do ponto de vista da coesão e, ainda que em menor escala, mais equilibrada também do ponto de vista da qualidade ambiental. A existência de assimetrias inter-regionais mais intensas na competitividade reflecte, todavia, um processo em que, entre 2004 e 2006, 17 sub-regiões convergiram relativamente ao nível de desempenho nacional.
Na competitividade é saliente a diferenciação entre o Litoral e o Interior, com dominância do Litoral. Este padrão também caracteriza a qualidade ambiental, embora invertido face à competitividade, com o Interior a revelar desempenhos mais favoráveis. Na coesão, uma realidade mais equilibrada coexiste com alguma predominância de sub-regiões do Sul e centro Sul face ao Norte."
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(reprodução de resumo de Destaque(s) do INE de 2009/05/26, intitulado Índice Sintético de Desenvolvimento Regional - 2006, disponível em INE)

segunda-feira, maio 25, 2009

"Não basta possuir recursos"

Água do mar

(título de mensagem, datada de 25 de Maio de 2009, disponível em Empreender)

sexta-feira, maio 22, 2009

Medidas de apoio à ITV

Qual o efeito dos apoios à ITV? – Parte 2

(título de artigo disponível na Newsletter Portugal Têxtil de 21/05/2009)

quinta-feira, maio 21, 2009

terça-feira, maio 19, 2009

Perceber a economia e a sociedade em que vivemos

1. O Departamento onde trabalho (Depto. de Economia da Escola de Economia e Gestão, Universidade do Minho) organizou há dias uma conferência de que fui moderador, que teve como convidado principal Vítor Bento, economista e presidente da SIBS (Multibanco), e como comentador da intervenção do conferencista em causa Pedro Lains, historiador e investigador do Instituto de Ciências Sociais, Lisboa. O pretexto para o convite a Vítor Bento foi a apresentação do seu mais recente livro, intitulado “Perceber a crise para encontrar o caminho”.
2. A apresentação foi muito rigorosa e didáctica e terá deixado bastante impressionada a plateia. Do que disse o comentador, reagindo à intervenção oral inicial mas, bem assim, ao que lera no livro, retenho a indicação que gostara de ler a primeira parte (analítica) mas que se reconhecia muito menos na segunda parte, que o autor da obra dedica a um conjunto de “Considerações sobre a envolvente político-social”, desembocando nas propostas de estratégia para a superação das graves dificuldades estruturais porque passa a economia portuguesa. Devo dizer que, nesta dimensão, me identifiquei algo com o que disse Pedro Laíns, isto é, a meu ver, o rigor técnico e a lucidez que informa a primeira parte do livro não tem contrapartida à medida na leitura feita dos enquadramentos político-sociais que ditaram o percurso desastroso da economia portuguesa nos últimos 10 anos e, sobretudo, dos derradeiros 7, e ainda menos em matéria de estratégia de política para resolver as múltiplas crises (desequilíbrios) que o país enfrenta. Os mais importantes desses desequilíbrios são, do meu ponto de vista; o desequilíbrio das contas externas e a dívida externa em crescimento acelerado; o desequilíbrio das contas públicas; a crise estrutural da economia nacional; a crise financeira (e económica) internacional; a crise de credibilidade do sistema político; e a crise de liderança da economia e da sociedade portuguesa.
3. Sobre a matéria antes referida, diz a dado o passo Vítor Bento (p.19): “[…] o deslumbramento da afluência adquirida levou-nos a descurar as virtudes da boa ´gestão caseira`, deixando acumular preocupantes desequilíbrios e criado vícios comportamentais que nos enfraqueceram. Ao nível estrutural, somos confrontados com o que impropriamente se tem designado por ´esgotamento do modelo` […]”. Não é igual a leitura que eu faço dos fundamentos e materialidade da “crise” mas não me custa subscrever a análise nesta passagem. Também não me custa subscrever a afirmação que produziu de que “O primeiro choque [reportava-se à adesão de país ao Euro (€)] que poderia ter sido minimizado, se houvesse gestão macroeconómica, foi o que andou associado ao equilíbrio orçamental”. O que me custa verdadeiramente aceitar é que Vítor Bento veja a saída para a superação deste beco a que chegámos: i) na redução dos salários; ii) na redução do preço dos bens e serviços não-transaccionáveis (um conceito que acaba por não se saber muito bem o que é); iii) na redução dos custos parafiscais; iv) em medidas fiscais e sociais complementares; e v) na criação de um “alargado consenso político-social” (p. 21), que alguns interpretarão, porventura com razão, como reclamação da formação de um governo de “bloco central”, como se não fosse já suficientemente mau a alternância que temos tido entre dois desertos de ideias para o país.
4. Tem que se fazer entretanto justiça a Vítor Bento por pôr preto no branco “Que houve má gestão política das variáveis económicas manipuláveis pelo Estado” (p.29). Note-se que se está a referir ao conjunto dos dez anos que constituem o centro de análise do seu livro, juntando no mesmo saco Pina Moura, Manuela Ferreira Leite, Bagão Félix e Teixeira dos Santos e, com eles, os governos de António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates, no seu todo. O que eu duvido seriamente é que nos seus escritos de há um par de anos mantivesse já essa leitura, que a mim me pareceu óbvia ao longo de todo esse tempo.
5. A expressão máxima da nossa diferença de leitura poderá talvez ser sintetizada nas duas questões/observações que fiz no contexto do debate que se sucedeu à intervenção inicial de Vítor Bento. Foram elas as seguintes:
i) Conforme dito, Vítor Bento aposta na redução de salários para a saída da crise, assumindo e aceitando que isso conduza ao crescimento das desigualdades sociais. Pareceu-me entretanto surpreendido ou incomodado quando lhe fiz presente que Portugal apresenta o maior fosso em matéria de rendimentos no seio dos 27 países da União Europeia. A situação é tão chocante que, confrontado com o gráfico respectivo, alguém classificou de “pornográfica” a situação. Se ligarmos desenvolvimento e desigualdade social, não teremos aqui parte da explicação do nosso atraso e das nossas crises?
ii) É muito comum no Portugal dos últimos anos olhar-se para os ministros das finanças e classificar o seu desempenho de bom ou mau consoante estes se revelaram melhores “contabilistas”. Isso foi ainda assim até há poucos meses com Teixeira dos Santos. Mas pergunto: será que o ministro das finanças não precisa ser também “ministro” da economia, isto é, podem-se equacionar separadamente o equilíbrio do orçamento de Estado e o equilíbrio estrutural da economia (leia-se, o crescimento do país)?
O livro de Vítor Bento é uma leitura que recomendo, não pelo que ele sugere como saída(s) para a crise(s) mas pela oportunidade de levar cada um dos leitores a fazerem a sua própria reflexão do que andou mal na economia e na política do país e dos caminhos que importa trilhar para que deixemos este beco de desgraça para onde nos deixámos conduzir.
J. Cadima Ribeiro
(artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho, no âmbito de coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")

sexta-feira, maio 15, 2009

terça-feira, maio 12, 2009

What we think…

"What we think determines what happens to us, so if we want to change our lives, we need to stretch our minds."

Wayne Dyer

(citação extraída de SBANC Newsletter, May 12, Issue 567- 2009, http://www.sbaer.uca.edu/)

quarta-feira, maio 06, 2009

A previsível estagnação da economia espanhola

O extraordinário desempenho da economia espanhola na última década e meia fez com que muitos analistas acompanhassem a sua evolução com um misto de admiração e desconfiança. Dum lado, as altas taxas de crescimento deslumbraram muitos políticos europeus preocupados por reactivar as suas economias domésticas. Doutro, o boom imobiliário e o crescimento do défice externo geraram todo tipo de suspeições entre analistas, académicos e imprensa especializada.
A evolução recente das variáveis macroeconómicas justifica a desconfiança generalizada instalada nos foros e encontros internacionais. As recentes projecções do FMI confirmam que a prolongada expansão dos últimos quinze anos chegou ao seu final e que nos próximos os ajustamentos serão duros e as reformas inevitáveis. Segundo o FMI, o PIB espanhol experimentará uma contracção de 3% durante este ano e de 0,7% durante o próximo. Em 2011 iniciar-se-á uma tímida recuperação que terá continuidade nos anos seguintes, ainda que com variações de actividade muito moderadas. De facto, a referida instituição muti-lateral prevê que as taxas de crescimento sejam inferiores a 2% até 2015. A quebra de actividade está a ter repercussões extremamente negativas em termos de emprego. O desemprego afecta já mais de quatro milhões de trabalhadores, especialmente no sector da construção civil e no sector industrial. A taxa de desemprego aproxima-se neste momento dos 18% e, apesar da melhoria espectável pelo incremento sazonal de actividade nos meses de verão, não é descabido que, no final do ano, alcance os 20%. Assim sendo, a quebra de actividade prevista para o próximo ano poderá elevar o desemprego por cima dos 22%.
Apesar da gravidade da crise, existe uma probabilidade considerável de que a situação venha a piorar ainda mais. Dum lado, o ajustamento no mercado imobiliário não está totalmente concluído. A queda real dos preços vai continuar, por efeito das restrições do crédito hipotecário e do excesso de oferta disponível para venda, tanto de habitação nova como de habitação usada. Doutro lado, o sistema financeiro pode ter que enfrentar alguns problemas, dado que o crédito malparado continua a aumentar e a exposição ao sector imobiliário de muitas caixas de poupança, que controlam aproximadamente de 50% do sistema financeiro, é extremamente elevada.
A conjuntura nos restantes países da zona Euro não irá contribuir para a recuperação económica em Espanha. Na maioria prevêem-se fortes quebras do PIB durante este ano e parte do próximo, mas não se antevêem riscos sérios num horizonte de médio prazo. Noutros, a situação não é tão favorável. Em Irlanda a crise imobiliária pode agravar-se ainda mais nos próximos meses. Os problemas nos sistemas financeiros Irlandês, Britânico e Austríaco podem atrasar consideravelmente a saída da crise desses países. Ademais, a provável crise de dívida nos países do Leste, provocará problemas financeiros adicionais. A forte presença no Leste das empresas italianas e austríacas terá um impacto considerável sobre as suas economias. Por último, a péssima situação orçamental da Grécia limita a sua margem de manobra em termos de política económica, condicionando as suas possibilidades de relançamento da economia.
Apesar do sucesso económico dos últimos anos, a economia espanhola cresceu de forma extremamente desequilibrada. Em termos de preços, produziram-se revalorizações insustentáveis dos activos imobiliários e gerou-se um alto diferencial de inflação que reduziu fortemente a competitividade da economia. Consequentemente acumulou-se um défice por conta corrente, que neste momento é o segundo maior do mundo, unicamente ultrapassado pelo dos Estados Unidos. Em termos do mercado de trabalho, existem uma série de rigidezes institucionais, que afectam os índices de temporalidade e que contribuem para gerar taxas de desemprego impróprias de uma das dez maiores economias do mundo. Ademais, em termos estruturais existem uma série de peculiaridades que revelam a dualidade de uma economia que não concluiu as reformas estruturais durante a intensa transformação das últimas três décadas. Entre as singularidades mais salientáveis encontra-se a sobrevivência das caixas de poupança, que estão relativamente excluídas da disciplina do mercado e contam com um grau de politização da gestão pouco saudável numa economia de mercado.
Em linha com as recomendações de muitos economistas, o FMI considera que Espanha deve levar a cabo importantes reformas nos mercados de bens e serviços e, sobretudo, no mercado de trabalho, para evitar que a estagnação se prolongue durante vários anos. Em relação aos primeiros, todas as recomendações apontam para a necessidade de incrementar os níveis de concorrência e melhorar os mecanismos de regulação. Relativamente ao mercado de trabalho, as receitas baseiam-se no incremento da flexibilidade para melhorar as assimetrias existentes, em termos de protecção social e temporalidade, entre trabalhadores qualificados e trabalhadores jovens menos qualificados; na melhoria do sistema educativo para reduzir o diferencial de temporalidade; e na reforma do sistema de pensões, dado que o actual é actuarialmente insolvente e consequentemente insustentável.
Os momentos de crise são extremamente duros para muitos agentes económicos, mas devem servir para reflectir e corrigir o rumo. As crises têm consequências demasiado sérias como para não tirar partido delas. A conjuntura actual demonstra que os momentos de expansão devem servir para levar a cabo os processos de reforma que permitam crescer, a prazo, de forma saudável e estar razoavelmente protegido nos momentos de crise.

FRANCISCO CARBALLO-CRUZ
(artigo de opinião publicado na edição de ontem do Suplemento de Economia do Diário do Minho, no âmbito de coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")

segunda-feira, maio 04, 2009