Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

sexta-feira, setembro 26, 2008

O Benéfico megalómano

O dicionário da língua portuguesa contemporânea da Academia de Ciências de Lisboa define megalómano como: “1. +Psiq. Que sofre de megalomania = Megalomaníaco. 2. Que tem gosto pelas coisas de grande porte ou de grande alcance; que tem ambição desmedida...”. Apesar dos investimentos não terem gostos, vamos fingir que sim, pois assim foram descritos os futuros investimentos nas infra-estruturas deste país. Mas será que são todos projectos de ambição desmedida? Será que querem ter tão grande alcance quanto o sugerido pelo conceito que é enunciado? Não será que, na realidade, muitos deles servem apenas para trazer Portugal para uma Europa que nos foge? A concretizarem-se, não servirão antes para atenuar as diferenças nos rendimentos de diferentes regiões do território nacional?
Dado que toda a discussão é expressa em milhões de euros, temos a sensação de ficar perdidos na contagem dos zeros que a nós, especialmente a nós, tanto nos fazem falta. Graças a alguns dados, convenientemente simplificados, decidi averiguar a necessidade daquela “catrozada” de zeros que nos leva sempre para o lado imaginário da vida.
O número índice que compara o poder de compra de diferentes unidades estatístico-territoriais do país, conhecido por “Indicador per Capita” de poder de compra (IpC) foi a minha primeira escolha. De acordo com o “Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio – 2005”, do INE, referido às NUTS II (unidades estatísticas de nível II), e tomando para valor base (100) a média Portuguesa, Lisboa possuía na referida data um IpC de 137,3 pontos, ao passo que o Norte possuía um IpC de 85,4. A diferença de 51,9 pontos de IpC parece-me “megalómana” (e nem tem zeros!). Mas porque assim se corre o risco de impedir a imaginação de se exprimir, talvez seja mais útil referir-me a um outro número que dê expressão do rendimento relativo auferido por diferentes indivíduos. Assim, de acordo com “o ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem nos estabelecimentos”, enquanto que um “Lisboeta” faz 1173,68 € mensais, um “Nortenho” faz 785,18€, o que dá uma diferença de 388,5 €, valor este que é próximo do salário mínimo nacional.
Penso que aqui o significado de megalómano já se aplica, porque para atenuar esta enorme diferença terá de haver uma ambição desmedida, mas necessária. Digo “desmedida” porque dificilmente se encontra escala para o trabalho que é atenuar as diferenças entre todas as regiões do país, de que é exemplo a diferença de poder de compra da NUT II Norte face a Lisboa. Para mais, dizer “Estes investimentos iriam gerar um rendimento necessário para compensar os seus custos” não é tão fácil como dizer “Estes investimentos são Megalómanos”. É que a primeira afirmação usa mais 8 palavras. Um gasto aparentemente excessivo.
Os constantes investimentos públicos na área metropolitana de Lisboa é que possibilitaram todo o investimento privado que favorece a vida dos seus habitantes. Alguma vez se imagina um CEO (director executivo de empresas) asiático, representante de uma multinacional enriquecida pelo aproveitamento comercial das tecnologia de informação, que viaje até Portugal, fazer de seguida o trajecto até Vila Real ou mesmo Braga, depois de 5 a 8 horas de voo? Não é impossível que tal aconteça. Mas porque não há-de tratar o que tem que tratar em Lisboa, onde tem pessoal especializado e infra-estruturas preparadas na mesma dimensão que outras regiões do país foram negligenciadas na provisão desses mesmos recursos e infra-estruturas?
Nem toda a gente trocaria o carro pelo comboio, barco ou avião. Nem toda a gente abriria uma nova empresa, mas haveria quem o fizesse, e haveria quem arranjasse emprego em razão disso. Quero eu dizer, haveria uma alternativa benéfica para todos. Certamente que estas populações que se situam abaixo da média nacional em termos de rendimentos (já ela miserável comparada com a da União Europeia) tirariam partido de alguns dos “investimentos megalómanos” que tão contestados têm sido. Estes, por sua vez, trazer-lhe-iam a equidade social que lhes é devida.
José Pedro Cadima
jpgcadima@gmail.com
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(artigo de opinião a sair no número de 30 de Setembro p.f. do Suplemento de Economia do Diário do Minho)

terça-feira, setembro 23, 2008

O porquê da crise

As consequências da crise financeira que afecta a economia mundial são extremamente graves e, neste momento, certamente desconhecidas. Contudo, as comparações com as crises económicas mais importantes do século passado são escassamente pertinentes. É verdade que a crise que se seguiu ao crash de 1929 foi de carácter financeiro, mas a intensidade da crise naquela altura parece irrepetível neste momento. Em 1930 o PIB americano caiu mais de 8,5%, no ano seguinte, à volta de 6,5%, para voltar a cair com mais intensidade em 1932, aproximadamente, 13% num único ano. Na crise energética posterior a 1973, a componente financeira teve muito menos protagonismo, e não houve nem uma restrição creditícia nem uma queda do preço dos activos tão acentuada como as verificadas na crise que no início da década de trinta abalou a economia americana. Na década de 70 o principal problema foi a inflação provocada pelo forte incremento do preço das matérias-primas, fundamentalmente do petróleo, que deu origem a uma forte contracção da procura de consumo e investimento e, consequentemente, das taxas de crescimento do PIB.
Apesar dos problemas no sector financeiro americano e britânico poderem indiciar que a crise actual é uma crise de liquidez, convém não esquecer que os problemas se iniciaram no mercado imobiliário. A explosão da bolha especulativa em torno das acções tecnológicas em 2001 fez com que a Reserva Federal Americana (Fed) reduzisse rapidamente a taxa de juro em mais de 5 pontos percentuais para 1%. A facilidade de acesso ao crédito impulsionou a procura de habitação como activo de investimento, face a outras alternativas como os mercados de acções ou os depósitos remunerados. O crescimento da procura no mercado imobiliário impulsionou o preço destes activos, que nos últimos dez anos se multiplicou praticamente por dois. Esta dinâmica intensificou-se pelo papel desempenhado pelo sistema bancário, que alimentou o crescimento da procura através da concessão massiva de empréstimos hipotecários. A estratégia dos bancos era conseguir compensar as perdas derivadas da redução das margens de intermediação por duas vias: 1) pelo incremento do volume de transacções hipotecárias; e 2) pela universalização do acesso a este tipo de produtos a camadas da população com perfis de risco menos favoráveis. Estes novos clientes, denominados ninjas (no income, no jobs or assets – sem rendimento, sem trabalho, sem património), tornavam-se mais rendíveis para os bancos, dado que estes poderiam cobrar um juro mais elevado que compensasse o maior risco associado a estes empréstimos hipotecários, denominados subprime. Esta estratégia é certamente arriscada quando é seguida por uma entidade isolada, mas torna-se extremamente perigosa quando passa a ser uma prática generalizada no mercado hipotecário. Além disso, assenta em dois pressupostos pouco prováveis no médio prazo: a revalorização continua dos activos imobiliários e a inexistência de ciclos económicos. As necessidades de financiamento das entidades hipotecárias, geradas pelo incremento do número de hipotecas, levaram-nas a desenvolver uma política de captação massiva de fundos junto de investidores institucionais, tanto americanos como estrangeiros. Para facilitar a colocação desses activos hipotecários recorreram à titularização dos mesmos, isto é, criaram pacotes denominados MBS (Obrigações Garantidas por Hipotecas), que incluíam tanto hipotecas prime (concedidas a clientes solventes) como as referidas hipotecas subprime. Estes títulos eram posteriormente comprados por entidades filiais, denominadas conduits, que eram as encarregues de vendê-los a investidores institucionais oferecendo uma remuneração atractiva.
O papel dos conduits nesta engrenagem é fundamental, dado que, ao serem considerados fundos ou trusts, não têm a obrigação de consolidar as suas contas com o banco matriz, pelo que estão isentos do cumprimento das Normas de Basileia, que versam sobre a relação permanente que deve existir entre capital e activos no sector bancário. O papel dos investidores institucionais também é chave na extensão metastática da crise, dado que compraram e venderam cegamente produtos financeiros, cujo valor real se escondia atrás de complexas titularizações em cadeia. Calcula-se que nos últimos anos foram concedidos, nos Estados Unidos, créditos hipotecários, a pessoas escassamente solventes, de uma importância superior a 900.000 milhões de dólares, os quais foram posteriormente titularizados e vendidos a investidores institucionais, nomeadamente a bancos de investimento e a fundos de pensões. A generalização destas práticas pouco ortodoxas no mercado hipotecário e o contágio dos riscos associados, através de titularizações sucessivas de activos sem valor, nos mercados de investimento, estão na base de uma crise financeira de proporções, neste momento, absolutamente desconhecidas.
O abrandamento da economia americana e a quebra do mercado imobiliário deitaram por terra os pressupostos nos quais assentou o crescimento das hipotecas subprime. As dificuldades que as principais agências hipotecárias americanas, Fannie Mae e Freddie Mac, mostraram nos últimos meses não faziam pressagiar nada de bom. A recente intervenção do governo americano nestas agências teve como objectivo impedir a sua falência, evitando um potencial contágio sistémico com consequências de dimensão global. A perda de valor dos activos (MBS) e a impossibilidade de financiar as ampliações de capital necessárias para compensar essas perdas, pela escassez de liquidez nos mercados, provocou graves problemas na banca de investimento americana. Os casos mais notórios foram os de Bern Stearns, que teve de ser resgatado por uma entidade pública, o de Merrill Lynch, que foi comprado por um terceiro (Bank of América), e o de Lehman Brothers, que perante a impossibilidade de ser resgatado ou comprado teve de optar por abrir falência. Dias depois, a seguradora AIG, a maior dos Estados Unidos, que avalizou muitas das emissões de obrigações dos grandes bancos de investimento, recebeu da Fed um crédito ponte de 85.000 milhões de dólares em troca de 80% do seu capital, numa espécie de nacionalização encoberta, para evitar uma falência incontornável. Os graves problemas de liquidez nos mercados, verificados nas últimas semanas, foram parcialmente resolvidos mediante injecções isoladas dos bancos centrais e através de uma acção coordenada dos seis bancos centrais mais importantes do mundo, que decidiram, na passada quinta-feira, injectar 180.000 milhões de dólares no sistema. A queda das cotações dos bancos nas principais praças financeiras mundiais, aliada aos problemas anteriormente descritos, fez com que no final da semana passada houve-se novas compras de entidades em sérias dificuldades (HBOS, o maior banco hipotecário britânico foi comprado por Lloyds TSB) e que se anunciassem algumas tentativas de fusão de carácter defensivo (Morgan Stanley e Wachovia).
A principal consequência financeira, no curto prazo, destes desequilíbrios é que os bancos dos países industrializados ver-se-ão fortemente penalizados nos mercados de investimento, independentemente da sua exposição aos produtos financeiros que originaram a crise, como consequência da conjuntura de medo generalizado que paira sobre os mercados. As restrições no acesso ao crédito nessas economias serão progressivamente maiores e o impacto sobre a economia real será muito significativo, razão pela qual a recuperação da economia Europeia será mais lenta do que inicialmente previsto. Uma das lições que deve ser tirada desta crise é que o desenvolvimento de produtos financeiros sofisticados precisa de sistemas de supervisão e de controlo de risco igualmente complexos. A outra, é que as economias nacionais estão extremamente expostas ao fenómeno globalizador, nomeadamente, à globalização financeira. As vantagens desta são inegáveis, mas os riscos, com níveis de supervisão como os actuais, são extremamente altos. A dimensão reguladora do Estado deve sair reforçada desta crise, para evitar que os fundos públicos continuem a ser utilizados para socializar as perdas de empresas privadas, com gestores escassamente avessos ao risco, excessivamente ambiciosos e provavelmente muito negligentes.
FRANCISCO CARBALLO-CRUZ
(artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho, produzido no contexto de colaboração em coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")

domingo, setembro 21, 2008

Código do Trabalho, ainda

Artigo SOL
Código do Trabalho aprovado com votos contra de Manuel Alegre e de outros três socialistas:
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=109760

(cortesia de Nuno Soares da Silva)

sexta-feira, setembro 19, 2008

Código do Trabalho

Artigo Diário Económico
O que vai mudar no código laboral a partir de 2009:
http://diarioeconomico.com/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/economia/pt/desarrollo/1166107.html
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Artigo JN
Código do Trabalho: Empresas vão poder despedir mais: http://jn.sapo.pt/paginainicial/economia/interior.aspx?content_id=1014126

(cortesia de Nuno Soares da Silva)

quinta-feira, setembro 18, 2008

Factos, intensões e marketing político (versão 0)

Revista EXAME – resposta a questão da jornalista Sónia Lourenço (sonial@edimpresa.pt), datada de 08/08/29

P:
Se o Governo tem vindo a anunciar tantos projectos de investimento directo estrangeiro (IDE) em Portugal, porque é que o IDE caiu para menos de metade em 2007 face a 2006?

R: Quando falamos de IDE estamos a referir-nos a uma realidade complexa, que considera desde aplicações na indústria transformadora, em serviços diversos, até investimentos nos sectores imobiliário e do turismo. Algumas destas aplicações são muito sensíveis às perspectivas de evolução dos mercados e às oportunidades surgidas em realidades alternativas. Vem de 2007 a alteração das expectativas de crescimento da economia americana e, em menor grau, da economia europeia e a convicção de que a economia portuguesa manteria por mais algum tempo um fraco desempenho. A esta luz, não tem que surpreender a fraca capacidade de captação de IDE que o país vem revelando.
Outra coisa são os anúncios do governo português, confrontado com a letargia que a economia atravessa e a necessidade que tem de apresentar resultados no horizonte temporal balizado pelas eleições de 2009. Se, por um lado, o seu discurso deve ser parte no processo de alteração das expectativas dos agentes económicos e das famílias, por outro, pintar cor de rosa o cenário é uma tentação, até para escamotear a responsabilidade que tem no medíocre desempenho económico verificado.
Não traz nada de novo em termos de prática política multiplicar os anúncios de sucesso, seja na captação de IDE ou noutra vertente qualquer. Para mais, a instalação de um novo hotel ou de uma unidade industrial da natureza da Infineon ou da Auto-Europa têm impactes e escalas completamente distintas. Quero eu dizer que anúncios sempre se podem fazer sem fugir inteiramente à verdade. Aparte isso, em qualquer decisão de investimento, uma coisa é o momento da negociação das contrapartidas públicas de que o investimento vai beneficiar, outra o momento em que a decisão é tomada e outra,ainda, o do investimento, propriamente dito.
Concluindo: as duas dimensões enunciadas na questão colocada dificilmente têm correlação, isto é, uma delas são factos e outra são intenções e marketing político.

J. Cadima Ribeiro

quarta-feira, setembro 17, 2008

Revista de imprensa

RTP Noticias
Trabalho: Falta de regulamentação deveria atrasar entrada em vigor da revisão do Código do Trabalho, diz especialista em Direito do Trabalho:
http://ww1.rtp.pt/noticias/?article=363383&visual=26&tm=Economia

(cortesia de Nuno Soares da Silva)

segunda-feira, setembro 15, 2008

Revista de imprensa

Artigo Diário Económico
Muito para melhorar:
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/editorial/pt/desarrollo/1163090.html
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Notícia DN: DN_ONLINE
Função pública vai perder 0,9% no valor dos salários:
http://dn.sapo.pt/2008/09/15/economia/funcao_publica_perder_09_valor_salar.html

(cortesia de Nuno Soares da Silva)

domingo, setembro 14, 2008

sábado, setembro 13, 2008

Factos, intenções e marketing político

Revista EXAME – resposta a questão da jornalista Sónia Lourenço (sonial@edimpresa.pt), datada de 08/08/29
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P: Se o Governo tem vindo a anunciar tantos projectos de investimento directo estrangeiro (IDE) em Portugal, porque é que o IDE caiu para menos de metade em 2007 face a 2006?

R: Quando falamos de IDE estamos a referir-nos a uma realidade complexa, que considera desde aplicações na indústria a outras nos serviços. Vem de 2007 a alteração das expectativas da economia americana e, em menor grau, da europeia, e a convicção de que a economia portuguesa manter-se-ia com um fraco desempenho. A esta luz, não tem que surpreender a fraca captação de IDE revelada. Os anúncios do governo são coisa distinta, confrontado que está com a letargia da economia e a necessidade de apresentar resultados no horizonte das eleições de 2009. Se o seu discurso deve ser parte no processo de alteração das expectativas, por outro lado, pintar cor-de-rosa o cenário é uma tentação, até para iludir a responsabilidade que tem.
Não é algo novo multiplicar anúncios de sucesso, seja na captação de IDE ou noutra vertente qualquer. Anúncios sempre se podem fazer sem fugir muito à verdade, até porque, numa decisão de investimento, uma coisa é o momento da negociação das contrapartidas públicas e outra o do investimento. Concluindo: as duas dimensões questionadas dificilmente têm correlação. Uma são factos e outra são intenções e marketing político.

J. Cadima Ribeiro
(Professor de Economia)
jcadima@eeg.uminho.pt

terça-feira, setembro 09, 2008

INE reviu em baixa o crescimento no segundo trimestre

Artigo Diário Económico
Construir um Orçamento do Estado com a economia parada:
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/opinion/columnistas/pt/desarrollo/1162630.html

(cortesia de Nuno Soares da Silva)

O mito das reformas: ilustração com o caso do Ensino Superior (v. 2)

1. Em Portugal, é comum confundir-se reformas, da economia, das instituições, da administração pública, do que quer que seja, com a produção de leis. Talvez por isso seja tão difícil aos nossos políticos perceberem porque é que as empresas, sob as mesmas leis do trabalho, podem ter desempenhos tão contrastados consoante sejam controladas por entidades externas ou nacionais. Felizmente, são cada vez mais as situações em que os nacionais rivalizam com os demais em capacidade de organização da produção e de encontrar respostas para as oportunidades existentes nos mercados globais.
2. Não foi há muitos anos que visitei um estabelecimento industrial existente no município de Famalicão, filial de empresa de origem alemã, que era na altura e persiste sendo hoje uma das unidades mais eficientes do grupo. Questionado o gestor português da unidade sobre as razões desse desempenho (cadência de trabalho? Níveis de assiduidade?), obtive a resposta de que os trabalhadores não estavam sujeitos a regimes de esforço excepcionais. Adicionalmente, não tinha reclamação a fazer em matéria de assiduidade. Admitia que a empresa pagava algo acima dos acordos de contratação colectiva do sector.
3. No contexto do mesmo estudo, visitei também uma empresa de capitais americanos, localizada na periferia de Guimarães, que, ao lado da unidade existente, estava a construir uma outra para a produção de um novo receptáculo para distribuição de gás, por recurso a uma solução tecnológica inovadora. Era aí que iria ser produzida a botija de gás que viria a chamar-se Pluma e que, na ocasião, não havia ainda sido baptizada nem sonhava aparecer na televisão transportada ao ombro de uma elegante menina polaca. Essa entidade era também um operador do mercado global que primava pela eficiência e que, além disso, era inovadora no sentido “radical” do termo. Para o efeito, não havia hesitado em associar-se a uma empresa nacional e a universidades portuguesas para se distinguir dos seus concorrentes. O gestor que me recebeu era português, vestindo a camisola da entidade societária para quem trabalhava.
4. Um exemplo da visão persistente no país sobre o que é um processo de reforma é o que se vem passando no Ensino Superior, cujo expoente máximo em termos de enunciado de reforma é o RJIES (Regime Jurídico das Instituições de Ensino Superior), aprovado na Assembleia da República em Julho do ano passado e publicado em Diário da República no mês de Setembro do mesmo ano, com o número de série 62/2007. Pretendia a lei introduzir um novo modelo de governação das Instituições de Ensino Superior e conferir ao funcionamento daquelas mais eficácia e autonomia. No ano precedente àquele (2006), a pretexto de “Bolonha”, iniciara-se o processo de redução da duração dos cursos e, o que não é facto menor, a redução do financiamento das Instituições, o que foi consistentemente prosseguido no ano seguinte e será de supor que seja prática para preservar até ao fim da legislatura. Aliás, sob densa cortina de fumo, é disso notícia o que vai aparecendo nos jornais no contexto da preparação do orçamento de Estado do próximo ano. É bom não esquecer que 2009 é ano de eleições e, nesse contexto, fica sempre bem reafirmar votos de compromisso com a educação e a ciência. Daí a necessidade da cortina de fumo.
5. Um ano passado desde o desencadear da grande reforma do consulado Gago, enquanto a maioria das Instituições aguarda, ainda, a homologação dos estatutos elaborados à luz da nova lei, é já possível fazer uma primeira avaliação da dita, porventura para concluir, como posso dizer do que se passou na universidade onde trabalho, que “a maior parte das deliberações da Assembleia Estatutária consagradas em sede de estatutos corresponde à tentativa de preservação do status quo que (nos) conduziu à falta de projecto, de equilíbrio financeiro e de eficácia organizacional que temos”. Leia-se: para chegar aqui, não precisávamos da lei nº 62/2007; para obter este resultado, não precisávamos de ter no MCTES ministro tão inspirado e ousado. Acrescente-se que, nisso, a Instituição onde trabalho não se distingue da generalidade das suas congéneres.
6. Um aspecto que me intriga sobremaneira na forma como a revisão dos estatutos foi feita na grande maioria das Instituições de Ensino Superior foi a circunstância destas terem podido prescindir da definição de uma Visão para o médio-longo prazo, isto é, terem prescindido de qualquer tipo de exercício estratégico, com definição de objectivos a realizar no horizonte temporal definido. Fazendo justiça a quem a merece, assinale-se que não foi este o caso do Instituto Politécnico de Leiria e da Universidade (Clássica) de Lisboa, por exemplo, sendo que a primeira instituição que invoco não terá esperado pela lei para se repensar e definir metas. Ao contrário, houve até quem tivesse adoptado definições de Missão pedindo emprestado a um qualquer dicionário ou enciclopédia aquilo que é habitual dizer-se a esse propósito. Seriedade? Ousadia? Sentido de serviço à Sociedade? Que é isso? O que interessa é a reforma. O ministro tem a reforma que merece!
J. Cadima Ribeiro
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(artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho, produzido no contexto de colaboração em coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")

segunda-feira, setembro 08, 2008

"Foi por água abaixo o projecto"

Um grande voo

(título de mensagem, datada de 6 de Setembro de 2008, disponível em Empreender)

sexta-feira, setembro 05, 2008

I Congresso de Economia da Euro-Região Galiza/Norte de Portugal

"Relembramos a realização do I Congresso de Economia da Euro-Região Galiza/Norte de Portugal, em Vigo, nos dias 25 e 26 de Setembro.
Se a consolidação da cooperação transfronteiriça entre a Galiza e o Norte de Portugal é um factor decisivo no desenvolvimento de ambos os territórios, o actual panorama económico torna necessário, reforçar as potencialidades da Euro-região. A aposta das instituições galegas e portuguesas e também da União Europeia é inequívoca.
No próximo 22 de Setembro constitui-se oficialmente a Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial, com o que a Euro-região nasce juridicamente e se converte na terceira euro-região europeia. Isto supõe um ponto de inflexão permitindo a gestão de fundos europeus e de projectos transfronteiriços, nada menos que 130 projectos já estão em marcha.
O I Congresso de Economia da Euro-região supõe também uma forte aposta para fortalecer e reforçar as relações entre as duas comunidades, com o objectivo de oferecer uma visão comum sobre temas tão transcendentes como mercado de trabalho, agrupamento empresariais, transporte, financiamento, inovação fiscalidade ou marco universitário, entre outros. De igual forma, pretende fortalecer também as relações entre profissionais galegos e portugueses e entre as instituições que representam o nosso colectivo a ambos os dois lados da fronteira. Por isso, consideramo-lo de especial interesse para a nossa profissão e apelamos, uma vez mais , a participar neste evento. É uma questão de oportunidade, a não perder.
Poderá aceder a toda a informação no site da Ordem dos Economistas e conhecer o programa assim como condições de inscrição em
[...]
Ordem dos Economistas"
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(reprodução parcial de mensagem de correio electrónico entretanto recebida, com a proveniência identificada)

quinta-feira, setembro 04, 2008

Frente Comum exige aumento salarial de 5%

Artigo JN
Função Pública: Frente Comum exige aumento salarial de 5% e compensação de 0,9% até final do ano:
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(cortesia de Nuno Soares da Silva)

Novo regime de contrato na Função Pública

Artigo Diário Económico
Frente Comum lamenta que Cavaco tenha promulgado o novo Regime do Contrato de Trabalho:
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/nacional/economia/pt/desarrollo/1161045.html
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Artigo JN
Cavaco promulgou novo regime de contrato na Função Pública: http://jn.sapo.pt/paginainicial/nacional/interior.aspx?content_id=1008722

(cortesia de Nuno Soares da Silva)

terça-feira, setembro 02, 2008

Os dados do Eurostat sobre a taxa de desemprego

Artigo JN
Taxa de desemprego diminuiu:
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Comentário (de NSS): os números agora divulgados não incluem, ainda, as rescisões de contratos de milhares de professores dos vários graus de ensino.
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(cortesia de Nuno Soares da Silva)