Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

terça-feira, março 31, 2009

"Crise Mundial: Perspectivas Brasileiras"

«Prezado(a) Sr(a)
Venha debater as perspectivas da economia brasileira e as suas consequências para as empresas, diante do quadro de agravamento da recessão nos países ricos e da forte contração da produção industrial no Brasil registrada em dezembro e em janeiro passados.
Cabe indagar se no final de 2009 a economia brasileira se encontrará em situação melhor do que a atual. Diante da queda de 17,2% na produção industrial em janeiro, em relação ao mesmo mês do ano passado e de 3,6% do PIB no quarto trimestre de 2008, alguns economistas estão agora prevendo estagnação ou até crescimento negativo para o ano de 2009 no Brasil. A tendência das previsões, de tornarem-se cada vez mais pessimistas, será revertida nos próximos meses? Que efeito terá o corte do Banco Central de 1,5 pontos percentuais na taxa básica de juros?
Entre outros problemas internacionais, alguns grandes bancos americanos e europeus encontram-se descapitalizados. Solucionar urgentemente esse problema é crucial para reativar o crédito e deter a rápida propagação da crise internacional. Apesar dos fortes impactos, a economia brasileira mantem uma situação diferenciada e até agora relativamente positiva, diante dos Estados Unidos e da Europa.
Renomados economistas debaterão com você neste Seminário InterNews os rumos da economia mundial e brasileira para 2009 e 2010, assim como as perspectivas dos segmentos econômicos que estão mais ou menos expostos aos efeitos da crise. Avalie os desafios e as oportunidades que se apresentam para a sua empresa.
Qual o cenário mais provável para a duração e a profundidade da recessão nos países ricos?
A chance de um PIB negativo no Brasil para 2009 é grande? O que esperar de 2010?
Qual deverá ser o impacto das medidas anti-cíclicas já anunciadas pelo governo?
Há espaço para outras reduções significativas da taxa básica de juros? Que efeitos elas trariam?
Pode-se esperar ainda em 2009 um ambiente mais favorável para as empresas no país?
Conferencistas
Delfim Netto
Ex-deputado federal, foi ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento
Alexandre Schwartsman
Economista Chefe do Banco Santander. Ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central. Foi economista-chefe para América Latina do ABN AMRO Bank e do Unibanco. PhD em Economia pela Universidade de Berkeley – Califórnia
Ernani Teixeira Torres
Superintendente da Área de Pesquisa e Acompanhamento Econômico do BNDES. Mestre e Doutor em Economia pela UFRJ. Professor Adjunto da UFRJ
Luiz Roberto Cunha
Professor da PUC-RJ, especialista em inflação, mestre em Economia pela Universidade de Vanderbilt (EUA)»
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(reprodução parcial de mensagem que me caiu entretanto na caixa de correio electrónico, proveniente de informativo@newsmail.bz)

segunda-feira, março 30, 2009

O condimento essencial

"O condimento essencial para lidar com esta crise é o bom-senso"

Joaquim João Martins da Silva

(afirmação produzida publicamente em 09/03/26 no âmbito das XIII Semana de Direito da AEDUM, sessão intitulada "A crise actual: repercussões económicas e sociais", realizadas no Campus de Gualtar da Universidade do Minho na semana em curso)

sexta-feira, março 27, 2009

A nossa maior tradição ...

"A nossa maior tradição é a do mau governo"
Carlos Amorim
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(afirmação/comentário produzida/o publicamente em 09/03/26 no âmbito das XIII Semana de Direito da AEDUM, sessão intitulada "A crise actual: repercussões económicas e sociais", realizadas no Campus de Gualtar da Universidade do Minho na semana em curso)

quarta-feira, março 25, 2009

Conferência "A Crise e a Recuperação"

«Cara Colega,
Caro Colega,
Os representantes da Ordem dos Economistas, Ordem dos Advogados, Ordem dos Engenheiros e Ordem dos Médicos, em Viana do Castelo, com o apoio do IPVC/ESTG, vão organizar uma conferência subordinada ao tema "A Crise e a Recuperação" que será proferida pelo Prof. Doutor João Ferreira do Amaral, Economista e Professor da Escola Superior de Economia da Universidade Técnica de Lisboa, durante a qual será evidenciado um caso de sucesso pelo Sr. Nuno Ribeiro, Administrador da Suavecel.
A conferência será realizada no Auditório Principal da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, na Av. Atlântico em Viana do Castelo, no dia 3 de Abril (Sexta-feira.), às 21h30.
Como se trata de uma iniciativa de muito interesse na actual conjuntura económica, convidamos o/a Colega a estar presente na Conferência e a promover a sua divulgação para que seja elevada a participação na mesma.
Cordiais saudações.
Sintra Coelho
(Representação da DRN da Ordem dos Economistas em Viana do Castelo)»
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[reprodução de mensagem de correio electrónico entretanto recebida, com a proveniência que se identifica]

terça-feira, março 24, 2009

Leiria vista à distância

1. Desde há quase três décadas que as notícias de Leiria me chegam, sobretudo, pelos jornais locais cuja assinatura mantenho. Infelizmente, nem sempre posso demorar com a sua leitura o tempo que gostaria. Esse tempo seria, também, um tempo de evasão ao meu quotidiano, que tantas vezes necessito para recobrar forças. Sendo um cidadão do mundo, com partido e tudo lá para os lados do médio oriente, há alguns sítios aonde gosto de retornar periodicamente. Leiria é um desses sítios.
2. Fruto de uma dessas incursões, por atenção da entidade editora, passei a receber regularmente desde há perto de dois anos a revista do NERLEI, Associação Empresarial da Região de Leiria, “Desafios”, de seu nome. O último número chegou-me muito recentemente e gostei de ler lá algumas coisas que me dizem muito, e, desde logo, um apelo da direcção em funções “à participação efectiva dos associados” no acto eleitoral que designará os novos órgãos sociais da estrutura. Esse gesto é tanto mais significativo quanto, por razões estatutárias, o actual presidente da direcção não se pode candidatar. Para sublinhar a importância do acto, lê-se no dito texto (p.6) “que da sua participação [isto é, do associado] depende a legitimidade de todos os que vierem a ser eleitos. Além disso, numa época de crise como a que as empresas atravessam, a união de esforços e a partilha de experiências faz cada vez mais sentido”. Enquanto alguns ficam confortáveis com o baixo nível de mobilização dos eleitores, muitas vezes expressão final da forma que têm de fazer “política”, há quem veja no seu oposto um elemento central de resposta às dificuldades sentidas. Acrescendo o sentido individualista muito arreigado naquele território (e não só), o apelo à partilha de experiências e à comunhão de esforços entendo-o como sinal de lucidez e, quiçá, de vontade de contribuir para um virar de página.
3. As dificuldades a que se alude no referido texto são enunciadas de forma clara por Pedro Faria, no texto de abertura (editorial); nem mais nem menos que as que imaginamos (melhor seria dizer, que vivemos): “a globalização da economia sem regras definidas”, e o “consumo baseado no crédito”, na relação que esses fenómenos têm com “o aumento do desemprego”, “o empobrecimento geral” e o desrespeito por “regras ambientais, higiene e segurança ou condições de trabalho”. Curiosamente, chegou-se aqui em nome de “el dourados” ainda há pouco cantados por muitos, de empresários e políticos a empresários-políticos e a analistas sociais, passando por uma forte corrente de economistas que agora se vêem muito menos nos ecrãs de televisões e nas capas de revistas (cor-de-rosa ou de outras cores). Andam por aí, no entanto, e, passada a tormenta, hão-de voltar a enunciar as suas certezas sobre a boa-sorte que nos espera ao virar da esquina, se seguirmos pelos caminhos que nos indicam (até à próxima crise).
4. A temática da crise e da mudança necessária atravessa as diversas contribuições disponíveis na revista, a maioria delas originárias de empresários e agentes associativos empresariais de diversos sectores de actividade, entre os quais o da cristalaria, que tantas memórias de infância me traz. Diz a propósito Carlos Martins, presidente da Associação dos Industriais de Cristalaria: “O mundo enfrenta uma mudança radical nos fundamentos básicos da economia – passou-se de uma economia centrada nas pessoas, para outra centrada nos resultados (lucros). O motor do crescimento económico (a classe média), tolhida pela deslocalização dos negócios, passou a ser esmagada, e, naturalmente, ´o motor` emperrou”. “Enfrentar a crise é enfrentar este desafio” (p.25). A diferença que tenho em relação ao que escreve Carlos Martins é que entendo que não foi “ontem”, na véspera da crise declarada nos mercados financeiros internacionais, que a economia deixou de ser centrada nas pessoas, mas muito antes. Quando olhamos para a agitação social dos finais dos anos 60 do século passado não era já contra isso que os jovens daquela altura se revelavam, na Europa, nos Estados Unidos da América? O sistema reformou-se, é certo, mas depois disso a ortodoxia neoclássica, liberal apresentou-se mais triunfante que nunca, e nós, empresários, economistas, agentes culturais, deixámos. Vamos deixar agora novamente, aturdidos que estamos pela crise?
5. Um outro texto disponível (da autoria de João Baptista dos Santos, empresário hoteleiro) versa a temática do turismo (p. 27). A sua leitura oferece-se-me lúcida e o pensamento de estratégia que o informa é também válido para outras parcelas do território nacional, sobretudo para o Minho. Diz o referido autor: “Se Portugal é débil em numerosos campos, outros há em que temos um forte potencial. Refiro-me nomeadamente a sectores onde os valores históricos, naturais e a criatividade são factores diferenciadores […]. Neste contexto, as indústrias do turismo e da cultura no nosso país dispõem de um enorme potencial de crescimento e, por arrastamento, um conjunto de actividades de serviços complementares a estes sectores”. Qual é o problema que subsiste aqui? Pergunto eu. O problema reside na estratégia e respectiva materialização. É que, como diz João Santos, o potencial de oferta turística diversificada territorial e sectorialmente existente nem sempre tem sido “devidamente trabalhado”. Se fosse eu a enunciá-lo diria, antes, que quase nunca tem sido devidamente trabalhado, o que também não é alheio aos protagonistas que temos tido no sector e ao menosprezo que o potencial turístico de alguns territórios tem merecido nos planos de desenvolvimento turístico nacionais.

J. Cadima Ribeiro

(artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho, em coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")

quinta-feira, março 19, 2009

"Roménia: ITV em queda"

"A Indústria Têxtil e do Vestuário (ITV) romena tem registado uma queda constante do seu volume de negócios nos três últimos anos, mais precisamente desde 2005.
O valor da contracção do volume de negócios da ITV naquele país do leste europeu tem sido de cerca de 7% ao ano desde que o processo de abolição das barreiras alfandegárias dos artigos têxteis e de vestuário provenientes da Republica Popular da China teve início.
Estes dados foram apresentados numa conferência de imprensa por Aurelientu Popescu, presidente-executivo da Federação Patronal da Indústria Têxtil, Vestuário e Couro (Fepaius). Segundo este responsável, o declínio registado deve-se essencialmente à evolução observada no valor do euro e à liberalização do comércio mundial.
«Em 2006 existiam 9.500 pequenas e médias empresas têxteis e de vestuário, mas actualmente existem apenas 2.107 empresas no sector do calçado e 6.000 na ITV», afirmou Popescu.
Outro dos indicadores que reflectem o abrandamento da actividade da ITV romena é o emprego. Segundo o presidente da Fepaius, o volume de emprego nesta indústria sofreu uma contracção de um terço nos últimos anos. Em 31 de Dezembro de 2004, a ITV romena empregava cerca de 450.000 trabalhadores. Um número que contrasta com os 300.000 empregos existentes a 31 de Dezembro de 2008. «Reduzimos o nível de emprego no sector a uma média anual de 50.000 postos de trabalho», revelou.
Em termos de volume de exportação, Popescu anunciou que a ITV romena exportou menos 335 milhões de euros em 2008 do que no ano anterior. O valor do ano passado situou-se nos 5.400 milhões de euros.
2009 deverá ser um ano complicado para a economia romena. À medida que os efeitos da recessão económica mundial se fazem sentir naquele país, a taxa de desemprego, situada actualmente nos 5,3%m – o valor mais alto dos dois últimos anos – tenderá a crescer a um ritmo mais acelerado. Algumas estimativas apontam para que esta chegue aos 8,5% no final do ano.
Entre os trabalhadores mais afectados pelo abrandamento da economia encontram-se aqueles que trabalham no sector exportador, onde se inclui a ITV. 2009 deverá ser, assim, um ano difícil para a ITV da Roménia."
Newsletter Portugal Têxtil
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(reprodução integral de notícia disponível na Newsletter Portugal Têxtil, de 09/03/19)

terça-feira, março 17, 2009

A concepção de sistema económico

Na maioria das ciências, uma descoberta envolve, mesmo que mais tarde, a criação e desenvolvimento de serviços ou de bens decorrentes dessa descoberta. No caso da medicina ou da biologia, um melhor entendimento dos mecanismos de funcionamento do corpo humano levou à invenção de produtos que permitem curá-lo, melhorá-lo e até, a um nível superficial, modificá-lo.
A multidão de inovações provenientes das várias ciências teve e continua a ter incontornável repercussão no nosso dia a dia, sendo peças da compreensão do caminho feito desde o ser Humano que vivia nas cavernas até ao ser Humano de hoje, que habita em apartamentos dotados de aquecimento central e/ou de ar condicionado, de ligação à Internet e de uma cornucópia de sistemas facilitadores das tarefas diárias. Ora, para o cidadão comum, alguém terá inventado o sistema económico contemporâneo. Essa concepção, apesar de lógica, não é correcta. Os economistas não inventaram nem a “troca” nem a “produção”, pelo menos no seu sentido lato. A troca e a produção nasceram da necessidade das pessoas de acederem a certos bens ou serviços e o único trabalho que o economista realmente teve/tem é entender quais os mecanismos que subjazem à sua produção e distribuição e ao progresso que se vai dando na respectiva provisão/oferta.
O entendimento de como as coisas se passam, por si só, não conduz a um novo sistema. Aliás, o sistema económico que temos no presente é o resultado de camadas de conhecimento aplicadas a um modelo que nasceu das necessidades das pessoas. Até o mercado de acções se baseia nele: a empresa, isto é, quem a controla, vende parte de si (entidade empresarial) a investidores, sob a forma de acções ou de quotas de capital, com a promessa de partilha dos lucros que venham a ser gerados, de forma a poder concretizar novos investimentos directa ou indirectamente ligados à produção de bens ou de serviços.
Se pensarmos bem, a história não retrata nenhum Fenício a fazer um empréstimo com vista a comprar acções a algum comerciante que iria levar a sua produção para troca na Península Ibérica. Porém, podemos encontrar testemunhos da decisão do Império Romano de reduzir o tamanho das suas moedas por forma a poupar ouro na sua emissão, algo análogo à desvalorização monetária que ocorre nas nossas economias, bem presente nos mercados cambiais actuais.
Algumas evoluções no pensamento económico é que levaram à expansão do sistema para que hoje se possa produzir quase tudo e trocar qualquer bem. O pensamento que levou ao livre cambismo influenciou o comércio internacional e levou a que, com naturalidade, se dividam produções de mercadorias ou de componentes de certos bens por vários países e até a que se criem novas necessidades.
Camada após camada, foi-se criando de forma quase automática o sistema económico contemporâneo, que sofre mutações mais devido a mudanças de mentalidades e a modas do que a leis ditadas pelos poderes políticos. Muitas vezes, estas apenas conseguem restringir ou condicionar o desenvolvimento de certas actividades, emergindo como anomalias no processo de sobreposição das camadas que vão conformando o(s) sistema(s) económico(s).
De momento, dos acontecimentos subjacentes às crises financeira e económica que se vivem, a ideia que emerge é a de estarmos perante um sistema ineficiente, manipulado por uma elite corrupta. E, no entanto, essas são as anomalias do sistema e não o próprio sistema. Porque o sistema é como o de um Fenício ou um Romano que vê a sua moeda valorizar e desvalorizar, ou de um Veneziano que faz um empréstimo para suportar uma decisão de produção ou a compra de um bem e vê o seu barco afundar-se, tal como vem acontecendo com muitas empresas nas bolsas financeiras.
Uma possível pergunta sobre o sistema de hoje é: qual foi a nova camada que não devíamos ter colocado sobre este velho e instintivo sistema?
José Pedro Cadima

(artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho)

sábado, março 14, 2009

23º Congresso Internacional da ASEPELT

«Caríssimos Associados,
Vimos por este meio divulgar o 23º Congresso Internacional da ASEPELT – Associação Internacional de Economia Aplicada, que se vai realizar na Universidade da Beira Interior entre 17 e 20 de Junho próximo: www.dge.ubi.pt/asepelt09.
Os melhores cumprimentos,

Rita Azevedo
**********************************************************************
Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional
Universidade dos Açores
Terra-Chã
9700-851 Angra do Heroísmo
Telf: 295 33 2001
apdr@mail.telepac.pt
www.apdr.pt»
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(reprodução de mensagem de correio electrónico ontem recebida, com a proveniência que se identifica)

quinta-feira, março 12, 2009

Sucesso económico na Galiza e mudança política

No passado dia 01 de Março celebraram-se eleições regionais na Galiza. Os eleitores mostraram a sua desconformidade com as opções políticas da coligação de governo, constituída pelo Partido Socialista de Galiza e o Bloco Nacionalista Galego. Esta maioria, surgida das eleições celebradas há quatro anos, substituiu o governo do Partido Popular, liderado por Manuel Fraga, que esteve no poder durante 16 anos, entre 1989 e 2005. O regresso do Partido Popular ao governo, depois de apenas uma legislatura na oposição, é indicativo de que certas dimensões da governação da coligação de progresso não foram bem sucedidas ou não foram bem entendidas pela cidadania. Obviamente, um aspecto que pode ter influenciado os resultados de forma significativa é a situação de crise generalizada que actualmente vive a economia espanhola, ainda que ainda é cedo para saber qual foi o seu impacto real no resultado final das eleições.
Apesar desta última ressalva, um dos aspectos destacáveis da intervenção do governo autonómico durante a passada legislatura foi a sua gestão económica. A economia da Galiza apresentou nos últimos dois anos e meio uma conjuntura macroeconómica significativamente melhor que a da economia espanhola, contrariando a tendência habitual da história económica recente. Concretamente, a Galiza cresceu nos últimos nove trimestres a um ritmo superior ao da média espanhola.
A evolução da economia Galega na última legislatura melhorou consideravelmente, como consequência da boa situação da economia Espanhola e da favorável evolução dos mercados de exportação, e, em boa verdade, em resultado das medidas de política implementadas pelo governo regional. Esta conjuntura macroeconómica teve o seu reflexo nos índices de poder de compra e nos níveis de qualidade de vida das famílias. No período 2005-2008 (período central da legislatura), o crescimento real per capita da economia Galega foi de 9,3%, ultrapassando em quase 6 pontas percentuais o da média espanhola. Em termos nominais, o crescimento desse indicador na Galiza foi de 20,6%, enquanto que em Espanha se situou nos 14,6%. Ademais, desde o terceiro trimestre de 2005, a taxa de desemprego mantém-se por baixo dos 10%, tendo atingido o seu nível mínimo em meados de 2007, quando desceu até os 7,6% da população activa.
No ano de 2008 o crescimento do PIB Galego foi de 1,8%, ultrapassando em 6 décimas a média espanhola (1,2%) e em 1,1 pontos a média da zona euro (0,7%). O crescimento homólogo no último trimestre de 2008 foi de 0,4%, enquanto que as taxas de crescimento para Espanha e a Zona Euro foram de –0,7% e de –1,2%, respectivamente.
Apesar deste bom desempenho relativo, a economia Galega entrará em recessão, seguindo a economia espanhola e as suas congéneres europeias, durante este primeiro trimestre do ano. Os dados do último trimestre de 2008 antecipam o cenário recessivo, dado que a tendência da maioria dos indicadores tem um carácter eminentemente negativo, ainda que, regra geral, melhor que a da média espanhola.
O consumo privado cresceu, em termos homólogos, no último trimestre de 2008, apenas 0,7%, desta forma, a taxa para o conjunto do ano ficou-se pelos 1,7%, mais de um ponto percentual por cima da média espanhola. O investimento, pelo seu carácter pró-cíclico, experimentou uma quebra, no último trimestre, superior a 6%, enquanto que a contracção desta macro-magnitude para a totalidade do ano ultrapassou os 2%. A desaceleração das exportações é o outro dado destacável do final do ano, dado que a quebra, no quarto trimestre, foi de aproximadamente 5%, com o qual, a variação relativa para o ano de 2008 é negativa e igual a meio ponto percentual.
Do lado da oferta, os dados do último trimestre revelam as dificuldades do sector industrial, com uma desaceleração, em termos homólogos, superior a 8%, devido aos fortes ajustamentos no sector de fabrico de automóveis e nos dependentes do sector da construção civil e obras públicas, tendo este último experimentado uma contracção, no mesmo período, muito próxima dos 4%. Em termos anuais, a quebra no sector industrial foi de 1,6% e na construção civil de 0,3%, enquanto que estas taxas de variação para o conjunto de Espanha foram de –2,7%, e de –3,3%, respectivamente, ou seja consideravelmente piores.
A criação de emprego caiu, no quarto trimestre de 2008, em 1,5%, enquanto que em Espanha fê-lo em 3,1%. O total de empregos equivalentes a tempo completo foi em 2008 de 1.158.748, 4.173 mais que em 2007, representativos de um crescimento de 0,4%, um ponto por cima da média espanhola. A taxa de desemprego era na Galiza no final de 2008 de 9,7%, significativamente mais baixa que a média estatal, que se aproximava, nessa data, dos 14% (actualmente em torno dos 15,5%).
Pelo seu carácter regional e pela intensa interdependência com o resto do país, a evolução da economia da Galiza depende, em grande medida, da evolução da economia do resto de Espanha. Contudo, existe uma importante margem de manobra, em termos de política pública, que deve ser aproveitada pelo governo regional para intensificar o ritmo de crescimento e melhorar os níveis de bem-estar da população. O governo derrotado nas passadas eleições parece ter feito, a este nível, escolhas adequadas, o recém-eleito deve ter o cuidado de manter o que de bom foi feito e não cair na tentação de assumir o discurso da inevitabilidade do destino, imposto pela actual situação de crise generalizada.
FRANCISCO CARBALLO-CRUZ

(artigo de opinião publicado a 10 de Março pp. no Suplemento de Economia do Diário do Minho, no âmbito de coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")

"Produto Interno Bruto registou uma variação nula em volume no conjunto do Ano 2008 e diminuiu 1,8% no 4º Trimestre"

"Em 2008, o PIB registou uma variação nula em volume, o que compara com a variação de 1,9% verificada no ano anterior. Este comportamento resultou, sobretudo, do intenso contributo negativo da procura externa líquida para o crescimento do PIB, mas também da desaceleração da procura interna. Em termos nominais, o PIB ascendeu a cerca de 166 mil milhões de euros, mais 1,8% que o valor do ano anterior. No 4º trimestre de 2008, o Produto Interno Bruto (PIB) diminuiu 1,8% em volume face ao período homólogo de 2007, abaixo do verificado no trimestre anterior (0,4%). Esta diminuição do PIB esteve associada à evolução da procura interna, cujo contributo para o crescimento do PIB foi de -1,3 p.p. no 4º trimestre (1,6 p.p. no anterior), sobretudo em função do comportamento do Investimento. Em sentido inverso esteve a procura externa líquida, com um contributo menos negativo no 4º trimestre de 2008 (-0,5 p.p., o que compara com -1,2 p.p. no anterior). Relativamente ao trimestre anterior, o PIB diminuiu 1,6%."
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(Resumo de Destaque(s) do INE, de 11 de Março de 2009, disponível em INE - Produto Interno Bruto registou uma variação nula em volume no conjunto do Ano 2008 e diminuiu 1,8% no 4º Trimestre)

domingo, março 08, 2009

quinta-feira, março 05, 2009

Ensino obrigatório de 12 anos viável em Portugal?

P: No discurso de encerramento do XVI Congresso do PS, José Sócrates anunciou a intenção, caso vença as próximas eleições legislativas, de alargar de nove para 12 anos o ensino obrigatório, acompanhando esta medida com a criação de bolsas de estudo para jovens entre os 15 e os 18 anos, com dificuldades financeiras e aproveitamento escolar. O primeiro-ministro afirmou ainda que logo que a rede de creches estiver terminada, também a frequência do pré-escolar será obrigatória, o que na prática elevará para 13 anos o percurso escolar mínimo dos nossos jovens.
Terá esta medida, já implementada em vários países europeus, viabilidade no contexto do ensino em Portugal, sabendo-se que actualmente muitos jovens já têm sérias dificuldades para conseguir terminar os nove anos de escolaridade obrigatória em vigor?
R: Contrariamente ao que algumas vezes se infere olhando o número de desempregados detentores de cursos superiores, Portugal mantém níveis de habilitações académicas da sua população muito baixos quando comparados com a média da União Europeia. Note-se que daí decorrem não apenas condicionamentos em matéria de eficiência produtiva mas igualmente de capacitação para uma cidadania mais qualificada. Assim sendo, fazer apostas a esse nível oferece-se-me adequado e urgente.
Entretanto, já tenho dificuldade em perceber que não se tenha começado pelo pré-escolar, parecendo do que é dito que essa continua a ser uma segunda prioridade, sendo a primeira a extensão da escolaridade obrigatória para 12 anos. É claro que tornar efectiva a frequência do ensino até anos mais tardios implica atender à situação económica das famílias. Se tal não se fizer, permaneceremos no domínio das boas intenções. Por outro lado, a preocupação não pode estar só em alargar a escolaridade mas tem também que visar que ela seja pertinente e qualificada, e a este nível tem-se feito muito mau trabalho e criado expectativas erróneas.
J. Cadima Ribeiro
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(reprodução de pergunta formulada pela jornalista Raquel Silva, do Jornal de Leiria, em 09/03/03, e da resposta que lhe dei; contributo para fórum promovido pelo referido jornal, divulgado na edição de hoje)

terça-feira, março 03, 2009

"Dear all,
We kindly remind you that the deadline for submitting a paper to the 3rd Meeting of the Portuguese Economic Journal is March 15th 2009.
To submit a paper, please use the following link:
http://pascal.iseg.utl.pt/~meetingspej/ocs/

Kind regards,
Corrado Andini
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Corrado Andini
Assistant Professor
University of Madeira
9000-390 Funchal
Portugal

Email: andini@uma.pt
Webpage: www.uma.pt/andini"
(reprodução integral de mensagem que me caiu entretanto na caixa de correio electrónico, com a proveniência que se identifica)