Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

terça-feira, junho 28, 2011

O petróleo hoje. O nuclear amanhã

Vivemos há alguns anos uma mudança de paradigma. Estamos nos primeiros tempos em que se pensa que é necessário (e é esta a realidade) juntar ao crescimento económico o equilíbrio ambiental. Durante décadas, o pensamento dominante foi levada a considerá-los objectivos opostos. Hoje, a necessidade faz com que tentemos conciliá-los. Uma das políticas mais afectadas por esta mudança é a politica de energia. A questão que se põe é que precisamos de energia hoje e do ambiente amanhã.
O novo paradigma tem três pilares. São eles: a competitividade; a sustentabilidade; e a segurança do abastecimento. Nenhuma política energética pode descurar algum deles, pois a sua interdependência faria todo o sistema colapsar.
O sistema energético mundial enfrenta a necessidade de se reinventar a curto prazo para pôr cobro às alterações climáticas, ao mesmo tempo que tem de se preparar para fornecer energia a cada vez mais pessoas. A industrialização prevista de cerca de 1/3 da população mundial nos próximos anos, com destaque para a China e a Índia, faz com que se perspective uma fortíssima pressão sobre os recursos e uma necessidade colossal de investimento em infra-estruturas.
Desde o ano 2000 que o crescimento galopante de algumas economias em vias de desenvolvimento tem feito crescer as necessidades de matérias-primas, com particular destaque para os recursos energéticos. Esse fenómeno só se irá agravar de agora em diante. Não nos podemos esquecer de como estavam os preços das matérias-primas pouco antes da crise (inicialmente financeira e depois económica) que nos atingiu a partir do segundo semestre de 2008. Hoje, pouco tempo depois de termos saído da crise económica mais profunda dos últimos 80 anos, os preços das matérias-primas encontram-se já muito próximos dos máximos de 2008. O que leva a concluir que isto ainda é o início da espiral...
Tivemos oportunidade de assistir ao fim de uma era. A era da energia barata, que se prolongou durante gerações acabou no início do novo milénio. Desde ai, temos assistido aquilo que muitos chamam de terceiro choque petrolífero.
Nos últimos 50 anos, pelo menos, vivemos numa economia do petróleo. A nossa dependência dele é transversal. Representa 33% da energia primária consumida e o seu consumo é muito rígido. É um recurso que está concentrando em certos pontos do planeta, como no Médio Oriente, enquanto que o seu consumo se dá em maior grau nos países desenvolvidos.
Muitas têm sido as possibilidades faladas para se substituir o petróleo tanto na produção de energia como no abastecimento dos motores dos veículos de transporte. Percorrer esse caminho parece ser inevitável. Se os países quiserem energia em abundância e sem os problemas da emissão de CO2, então a única alternativa parece ser a aposta na energia nuclear, em simultâneo com as energias renováveis.
No pós-desastre nuclear do Japão, assistiu-se a verdadeiras manobras eleitorais em torno desta problemática. O caso mais flagrante passou-se na Alemanha, onde a população tem um forte sentimento ecológico, o que levou a sua Chanceler, com as eleições ali tão perto, a ensaiar diversas manobrar tendentes a “ludibriar” os eleitores. Em concreto, decretou o encerramento temporário de centrais nucleares e a suspensão dos projectos para novas centrais, visando recolher daí benefícios eleitorais.
Aparte estas manobras, ninguém duvide que daqui a 15 anos as “suspensas” e as “travadas” estarão em pleno funcionamento e serão a âncora do abastecimento energético da economia alemã e, por extensão, da economia europeia.

Valdemar Machado

[artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho]

terça-feira, junho 21, 2011

Turismo para Portadores de Necessidades Especiais

Nos tempos de crise em que vivemos, quando muitos direitos básicos são negados às pessoas com deficiência, como o direito a cuidados de saúde, à educação, ao emprego, etc., falar em Turismo para Portadores de Necessidades Especiais pode parecer um paradoxo.
Contudo, na verdade, desde 1948, a ONU (Declaração Universal dos Direitos Humanos) reconhece as férias como um direito humano básico, na medida em que o lazer e as viagens se constituem como indutores de bem-estar físico e psicológico. Na mesma linha, considerando os benefícios reconhecidos da actividade turística e os objectivos de inclusão social nas sociedades actuais, o Comité Económico e Social Europeu entendeu que um dos grandes desafios actuais e futuros do turismo é tornar a actividade turística acessível para todos.
O conceito de Turismo Acessível, também designado para Turismo para Todos é um turismo que garante o uso e desfrute do turismo por todas as pessoas, quer pessoas sem qualquer problema de incapacidade, quer pessoas com deficiência (e seus acompanhantes), quer pessoas com mobilidade condicionada (pessoas idosas, grávidas, obesos, crianças com menos de 5 anos, pessoas que sofreram um acidente). Reconhece que qualquer pessoa, independentemente das suas condições físicas, sociais ou culturais, deve poder usar os equipamentos e serviços turísticos, sendo para isso indispensável que estes estejam preparados para as receber.
No caso específico das pessoas com deficiência, se bem que ainda longe do nível desejado, tem havido uma preocupação crescente, quer a nível nacional quer internacional, na promoção do seu bem-estar e qualidade de vida, nomeadamente, através da criação de instrumentos e de legislação que favoreçam a mobilidade e a acessibilidade a infra-estruturas e serviços turísticos e, consequentemente, ao lazer e ao turismo deste grupo de pessoas. Este trabalho pode ser constatado na numerosa legislação, documentação, estudos, seminários, e congressos que têm contribuído para colocar na agenda social, académica e política a questão do Turismo para Todos.
Em Portugal, o Decreto-Lei nº 163/2006, de 8 de Agosto, revogou o Decreto-Lei nº 123/97, de 22 de Maio, e passou a regulamentar as condições de acessibilidade aos edifícios públicos, equipamentos colectivos e via pública, visando a eliminação de barreiras urbanísticas e arquitectónicas. Contudo, a acessibilidade não se restringe à eliminação das barreiras físicas nos espaços públicos e privados. A acessibilidade implica, entre outras, a eliminação de preconceitos, estigmas, estereótipos e descriminações, a eliminação de barreiras à comunicação interpessoal, escrita e virtual e a eliminação de barreiras nas ferramentas de estudo, trabalho e lazer.
Do ponto de vista social, é de particular relevância, uma vez que, tal como afirma Lisa Kauppinen, “Uma sociedade que é boa para as pessoas com deficiência é uma sociedade melhor para todas as pessoas.”
Tendo, as pessoas com deficiência, as mesmas necessidades e desejos, relativamente ao turismo, que as outras pessoas, acabam por sentir os benefícios da actividade turística com maior intensidade em virtude da sua maior participação social e redução do nível de exclusão e isolamento a que, normalmente, estão submetidas.
O turismo permite, assim, períodos de descanso e relaxamento, provoca sentimento de liberdade e proporciona a experiência de visitar novos lugares. Esta actividade permite, igualmente, e no caso específico das pessoas com necessidades especiais, o alívio/quebra das obrigações quotidianas dos familiares que os auxiliam diariamente. Deste modo, em termos sociais, como já referido, o turismo permitirá o combate ao isolamento e à exclusão social, por um lado, e a promoção do bem-estar e da qualidade de vida, por outro.
Todavia, o potencial do Turismo para Portadores de Necessidades Especiais não pode ser analisado apenas na vertente social. Os números apresentados por organismos nacionais e internacionais sobre as pessoas com algum tipo de incapacidade permitem vislumbrar a existência de um grande segmento de mercado, com um importante valor económico e com elevado potencial de crescimento, que não deve ser descurado.
Servir as suas necessidades é, como veremos em próximo artigo, não apenas uma questão social relevante (inclusão) mas, também, uma questão de racionalidade económica.

Laurentina Vareiro

Nota: artigo elaborado com base em comunicação apresentada, em parceria com Isabel Silva Martins, na Conferência Ibérica sobre Mobilidade e Exclusão Social – UMinho, Abril 2011.

[artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho]

segunda-feira, junho 20, 2011

O que aflige é ...

"O que aflige é a nossa crise, a crise da Grécia e acima de todas a crise da Europa"

DC

(excerto de mensagem que me caiu hoje na caixa de correio electrónico)

quinta-feira, junho 16, 2011

terça-feira, junho 14, 2011

Imigração

«Um dos factores que aumenta a probabilidade de recebermos imigração legalmente reconhecida é a redução dos denominados “custos de transacção”, isto é, a língua portuguesa em comum com o país de origem. Assim como no passado fomos emigrantes para países e espaços onde a língua oficial era o Português, também hoje tendemos a receber cidadãos de países de língua oficial portuguesa.

Outro factor promotor da imigração em Portugal é o histórico de imigração oriunda de um dado país. Países que enviaram mais imigração há 10 ou há 5 anos atrás para Portugal continuam a ser os países mais representativos das origens dos nossos imigrantes actuais.

Mas outros factores impõem-se como igualmente determinantes. Nomeadamente, o reduzido nível de rendimento per capita dos países de origem que tendem também a enviar, não só trabalhadores, mas também estudantes para Portugal (um fenómeno muito comum a nível mundial, nomeadamente nos Estados Unidos da América ou nos vários países europeus que tendem a acolher estudantes de países caracterizados por menores rendimentos per capita). O fenómeno de sentido reverso – o denominado “efeito Lord Byron” – também acontece, mas muito raramente e alimentado sobretudo por uma população mais rica ou caracterizada por trabalhos intelectuais (o efeito lord Byron identifica os casos em que os imigrantes são de países considerados mais ricos que os espaços de acolhimento).»

Paulo Reis Mourão

(excerto de artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho)

sexta-feira, junho 10, 2011

economiaComFuturo

«O blogue economiaComFuturo está no ar. Encontram-se lá dois textos, relativos ao apelo e compromisso e à conferência (com ligação para a página Web).
O blogue economiaComFuturo acolhe os contributos que, directa ou indirectamente, possam concorrer para o debate preparatório da Conferência “Portugal: uma economia com futuro” (Lisboa, 30 Setembro 2011, Fundação Gulbenkian). Os textos a publicar no blogue deverão ter uma dimensão reduzida (desejavelmente até 1500 caracteres).»

(excerto de anexo de mensagem entretanto recebida, com a proveniência identificada)

quinta-feira, junho 09, 2011

Act as…

"Act as if what you do makes a difference. It does!"

William James

(citação extraída de SBANC Newsletter, June 7, Issue 672 - 2011, http://www.sbaer.uca.edu)

domingo, junho 05, 2011

Exposição do sector têxtil ao mercado internacional

Quando se faz uma análise externa do município de Vila Nova de Famalicão, verifica-se a necessidade de precaver os riscos derivados da exposição do sector têxtil ao mercado internacional, que enfrenta concorrência internacional nos mesmos produtos de países com um menor custo de mão-de-obra ou de países que praticam dumping (denominação atribuída à prática comercial em que uma ou mais empresas de um país vende os seus produtos a preços abaixo do seu valor justo para outro país, visando prejudicar e eliminar os fabricantes de produtos similares concorrentes no local, passando então a dominar o mercado e impondo preços mais altos).

Paula Cristina Remoaldo

quinta-feira, junho 02, 2011

"Petição pelo rigor na cobertura mediática do acordo com a ´troika`"

«Caros subscritores da petição,
A petição que subscreveram está disponível em http://emprestimonaoeajuda.wordpress.com/ para consulta, estando agora aberta à subscrição do público.
Apesar de todos os esforços para contactar a comunicação social, apenas conseguimos fazer com que saísse uma pequena notícia no Jornal de Negócios:
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=487011 . Foi pouco, mas foi o que se conseguiu com a comunicação social que temos.
Para os próximos tempos, peço que divulguem o endereço da petição pelos vossos contactos, para tentarmos fazer com que tenha algum impacto.
Agradeço o apoio que deram a esta iniciativa e espero que tenhamos aqui mais uma base de trabalho para abrir algumas fendas no muro da ortodoxia.
Com os melhores cumprimentos,
Ricardo Coelho»

(reprodução integral de mensagem de correio electrónico ontem recebida, com a proveniência identificada)