"O fraco dinamismo
demográfico das áreas mais ruralizadas do interior e a incapacidade de levar
por diante iniciativas públicas que impliquem um processo participativo dos
agentes locais (stakeholders),
concorrem para a fragilidade do tecido socioeconómico de vastas áreas do
território nacional. Neste contexto, para contrariar a respetiva desvitalização,
é fundamental conceber estratégicas que, partindo dos recursos endógenos (recursos
paisagístico-naturais e culturais, entre outros), potenciem o desenvolvimento
desses territórios, sem questionar a preservação dos recursos. O turismo pode
ser um dos instrumentos desse processo de desenvolvimento, o que, em todo o
caso, implica uma atuação que previna possíveis efeitos de musealização de
práticas e costumes das comunidades rurais. O propósito desta comunicação é
contribuir para a identificação de recursos e produtos turísticos que possam
concorrer para o desenvolvimento e sustentabilidade do turismo no município de
Boticas, localizado no nordeste de Portugal, a curto e médio prazo. Neste
sentido, a investigação de que se dá notícia na presente comunicação pretendeu:
(i) fazer um primeiro diagnóstico do
potencial turístico do município de Boticas; e (ii) identificar as perceções de vários intervenientes locais sobre
o potencial turístico deste município. Para tal, recorreu-se à análise de
conteúdo de entrevistas semiestruturadas preliminares realizadas (em 2014) a
agentes locais e regionais e à realização de duas sessões de focus group (concretizadas em 2015), que
tiveram como intervenientes os principais agentes locais de diversas áreas de atuação. Os resultados obtidos apontam para
três factos basilares: primeiro, que existem recursos turísticos não
explorados, passíveis de se ajustarem a certos nichos de procura turística;
segundo, que o território tem vindo a apostar na diversificação da oferta de
atividades de lazer e recreio, bem como das infraestruturas de apoio à
atividade turística; por último, que continuam a persistir entraves à
constituição de redes de agentes locais e de municípios da região que possam
atuar ao nível da promoção articulada do território, o que perpetua a ausência
de estratégias consequentes neste território. Daí se retiram diversas ilações
de política não apenas para o município objeto de análise mas igualmente para
outros territórios rurais com problemas semelhantes.»
Hélder LOPES
Paula REMOALDO
Vitor RIBEIRO
José CADIMA RIBEIRO
Sara SILVA
(Resumo de comunicação a apresentar em TURHIST - II Conferência Internacional de Turismo & História, a decorrer na na Escola Superior de Gestão, Hotelaria e Turismo da Universidade do Algarve (Faro/Portugal) e na Universidade de Caxias do Sul (Caxias do Sul/Brasil), a 10 e 11 de março de 2016)