Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

quarta-feira, abril 30, 2008

Genuine confidence is what launches you out of bed in the morning

"The kind of commitment I find among the best performers across virtually every field is a single-minded passion for what they do, an unwavering desire for excellence in the way they think and the way they work. Genuine confidence is what launches you out of bed in the morning, and through your day with a spring in your step."

Jim Collins

(citação extraída de SBANC Newsletter, April 29, Issue 517-2008, http://www.sbaer.uca.edu/)
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Comentário: podia ser uma apreciação à falta de lucidez como as políticas económicas e sociais vêem sendo conduzidas em Portugal nos últimos (já muitos) anos.

segunda-feira, abril 28, 2008

sábado, abril 26, 2008

Manuela Ferreira Quê?

Nos últimos meses instalou-se em Portugal num clima de grande desânimo e descrédito. Sendo este um estado de alma profundamente funesto do ponto de vista da mobilização social e da dinâmica económica, permitimos todos que se instalasse e, pior que isso, assentou nisso a linha de força do discurso que o governo, em geral, e certos ministros, em particular, entenderam veicular aos portugueses.
Entende-se que essa estratégia possa fazer sentido enquanto o que importa sublinhar é a herança de ineficiência e ausência de visão do governo cessante. Entende-se pior quando o que passa a estar em causa é o sucesso das políticas do próprio governo em funções, e precebe-se menos, ainda, quando o que o discurso político acaba por veicular são iniciativas de gestão económica pública profundamente erradas, ultrapassadas na concepção que fazem do funcionamento dos mecanismos económicos e, além do mais, inconsistentes.
Embora, como digo, seja esse um sinal distintivo do discurso do governo do Dr. Durão Barroso, no seu todo, a nota mais negativa tem que ser atribuída à sua ministra das finanças, a quem escaparam coisas tão óbvias como a ideia que para cobrar mais receita fiscal é necessário que a actividade económica cresça de forma sustentada, e que o investidor não é mobilitado pela ideia de que ao fundo da estrada não deve esperar mais do que o precipício. Diferentemente, a subida das taxas de fiscalidade só pode gerar a retracção da receita, do mesmo modo que a retracção do investimento público não só acaba por afectar seriamente os sectores económicos implicados por essa despesa, gerando um efeito de retracção económica geral, como hipoteca o crescimento a prazo do país, ao não concretizar projectos essenciais para a modernização da infraestrutura geral.
Perante dados tão óbvios, surpreende-me a cumplicidade dos fazedores de opinião e da comunicação social, em geral, com esta visão das coisas e estas propostas de gestão da economia. Surpreende-me tanto mais quanto se pretende passar a mensagem de que o que está em causa é rigor e seriedade na condução dos assuntos do país, porventura confundindo discurso agreste e convencimento pessoal com capacidade técnica e eficiência.
Num registo mais benévolo, pode-se admitir que o que subjaz à mencionada complacência, senão cumplicidade, será a perspectiva de que já não faltará muito para que um tal discusso se desmorone, por si, face à iminência da divulgação dos primeiros resultados de avaliação das políticas. Mas, pergunto, a que custos presentes e futuros? Não faria mais sentido prevenir o erro que ajustar a trajectória aposteriori? Afinal qual é o conceito de cidadania que cultivamos?
Estas são as questões que se me oferecem face ao estado de passividade que vejo instaurar-se na sociedade portuguesa. São, por outro lado, como bem se percebe, a expressão escrita de um grito de revolta.
J. Cadima Ribeiro

(artigo de opinião, datado de 08 de Dezembro de 2002, pubicado na ocasião no Diário do Minho)

sexta-feira, abril 25, 2008

terça-feira, abril 22, 2008

Conjuntura económica em Espanha e medidas de combate à desaceleração

A economia portuguesa é hoje mais dependente da economia espanhola do que há dez anos. As exportações portuguesas para Espanha neste período passaram de representar aproximadamente 10% do total para perto de 30% das vendas agregadas ao exterior. O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) espanhol em Portugal tem ganho posições, especialmente em alguns sectores, sendo Espanha, neste momento, o terceiro maior investidor em Portugal. Ademais, as empresas portuguesas, especialmente as que operam no sector comercial, começam a ser bem sucedidas na abordagem do mercado espanhol, o que faz com que muitas delas tenham ambiciosos planos de expansão no país vizinho. Este contexto de interdependência implica que o acompanhamento da conjuntura da economia espanhola seja fundamental para ajudar a entender certos fenómenos de carácter económico e, inclusivamente, social em Portugal.
A desaceleração económica, originada em grande medida na crise financeira dos Estados Unidos, está a estender-se rapidamente nas economias mais avançadas. Neste momento, os efeitos do abrandamento são muito evidentes na economia espanhola, dado que a maioria dos indicadores de actividade e consumo apresentam importantes quebras em termos inter-anuais. A economia americana e a espanhola partilharam durante os primeiros anos desta década algumas tendências em termos de actividade económica, que acabaram por estar na origem da crise financeira na primeira delas. O paralelismo mais evidente está relacionado com a grande expansão do sector imobiliário, impulsionada pela forte procura de habitação, que resultou num acelerado incremento dos preços e na intensa revalorização deste tipo de activos. Outro tem a ver com a considerável expansão do crédito hipotecário, especialmente às famílias, não só para a compra de primeira habitação, mas também para a compra de segundas habitações e para satisfazer a procura especulativa sobre este tipo de activos. O outro aspecto convergente entre ambas as economias é a acentuação da dependência do financiamento externo, que tem a sua expressão mais notável no significativo défice da balança por conta corrente.
Apesar destas coincidências no diagnóstico, existem algumas circunstâncias que fazem com que a economia espanhola tenha uma maior capacidade de resposta num cenário de desaceleração como o actual. Em primeiro lugar, a existência de um sistema bancário eficiente, solvente, com reduzidos indicadores de morosidade e elevados volumes de recursos consignados em provisões, que se tem internacionalizado com grande sucesso, tanto em mercados em desenvolvimento como em mercados maduros. Em segundo lugar, a disponibilidade de um superavit crescente nas finanças públicas, que permite que o governo, em caso de necessidade, possa utilizar os recursos acumulados para estimular a procura, bem mediante a expansão ou a antecipação do investimento público ou através da redução ou devolução de determinados tipos de impostos.
O abrandamento da actividade económica em Espanha será muito mais rápido do que inicialmente previsto. O governo previu uma taxa de crescimento do PIB para 2008 de 3,1% (3,8% em 2007), ainda que nas últimas semanas o Ministério de Economia tem admitido que a taxa estimada pelo Banco de Espanha, de 2,4%, reflecte melhor a evolução da economia desde início do ano. De acordo com os dados do FMI, ambas as taxas são extremamente optimistas, dado que as suas previsões mais recentes apontam para uma variação relativa do PIB espanhol de apenas 1,8% em 2008.
Neste contexto de intensa desaceleração económica, a utilização dos fundos públicos acumulados emerge como uma solução adequada, no curto prazo, para travar a queda da procura e evitar a destruição massiva de emprego. O novo governo que tomou posse há escassos dias, após as eleições de início de Março, já apresentou um plano de intervenção económica para combater os efeitos da crise no sector imobiliário e das turbulências financeiras internacionais. O pacote previsto inclui 11 medidas (6 destinadas exclusivamente ao sector imobiliário) e prevê-se que tenha um impacto de 24.200 milhões de euros em dois anos (10.800 milhões em 2008). As medidas com efeitos directos sobre as famílias são o prolongamento gratuito dos prazos das hipotecas, a dedução linear de 400 euros no IRS, tanto para trabalhadores por conta de outrem como para trabalhadores por conta própria, que afectará cerca de dezasseis milhões e meio de contribuintes, e a eliminação do imposto de património, que favorecerá um milhão de contribuintes, aproximadamente. Outras medidas que merecem especial destaque são a antecipação da licitação de obras públicas e a devolução mensal do IVA às empresas.
A gravidade dos dados de conjuntura sugere que o plano de intervenção proposto pode ser insuficiente. As medidas anunciadas devem ser entendidas como uma intervenção de carácter urgente e pontual. As políticas de carácter estrutural destinadas a melhorar a eficiência da economia devem ser uma prioridade do governo durante a legislatura que agora se inicia. A modernização e a diversificação económica, o investimento em capital humano e tecnológico, o crescimento da produtividade e a redução do défice externo são aspectos que devem estar na agenda política ao longo dos próximos quatro anos.
O governo português deve prestar especial atenção à evolução económica do seu vizinho. A redução da actividade económica irá, certamente, afectar as exportações portuguesas com destino a Espanha e condicionar os fluxos recíprocos de IDE, mas terá, muito provavelmente, fortes implicações sobre outros âmbitos menos explícitos. Os fenómenos recentes de exportação de mão-de-obra, de importação de inflação e de desvio de procura são manifestações reais, sem expressão estatística, da crescente interdependência das duas economias, que merecem um acompanhamento mais efectivo por parte dos responsáveis de política económica em Portugal.
FRANCISCO CARBALLO-CRUZ
(artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho, em coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")

sábado, abril 19, 2008

Setting financial goals

"Before you can really start setting financial goals, you need to determine where you stand financially."

David Bach

(citação extraída de SBANC Newsletter, April 15, Issue 515 - 2008,

sexta-feira, abril 18, 2008

terça-feira, abril 15, 2008

segunda-feira, abril 14, 2008

sexta-feira, abril 11, 2008

FMI enerva governo

"Para Espanha seguem 28,3% das exportações nacionais. E as previsões do FMI, ontem divulgadas, para o primeiro cliente português são decepcionantes. Em 2008 o consumo dos espanhóis cai quase 40% e, pela primeira vez na recente história económica do país vizinho, o investimento - principalmente na habitação, o que afectará os emigrantes portugueses - vai cair até ao fim de 2009.
O investimento alemão deverá abrandar para metade e a estimativa para os gastos das famílias francesas e italianas são também objecto de fortes correcções em baixa. Em suma, o consumo na área euro - para onde é escoado cerca de 75% das vendas nacionais - deverá registar na queda em 2008 e 2009 e o investimento deverá cair 60%."

(extracto de notícia, datada de 08/04/10 e intitulada "FMI enerva Governo ao prever economia mais fraca", publicada pelo Diário Notícias)
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Comentário: chato, chato, segundo o ministro das finanças, é se a confiança dos consumidores (que, como bem se sabe, é uma variável exógena) se mantiver em baixa ou baixa, uma vez que é dificil cair mais.

terça-feira, abril 08, 2008

A dinâmica económica estrutural recente do Minho

O Minho tem uma estrutura produtiva caracterizada pela forte presença de sectores produtores de bens transaccionáveis, muito sensíveis à concorrência dos novos países emergentes. A especialização em sectores que experimentam forte processo de ajustamento estrutural tem sido a principal causa do fraco desempenho do emprego nos últimos anos.
No entanto, os serviços, nomeadamente os serviços de apoio às empresas, a prestação de cuidados de saúde e a acção social apresentam dinâmicas positivas, embora insuficientes para absorverem a mão-de-obra libertada pelos sectores tradicionais. A importância das actividades de Investigação e Desenvolvimento (I&D) mantém-se também inferior à média nacional, quer em termos do peso relativo do investimento no produto, quer em termos dos recursos humanos afectos a esta actividade. Assim sucede ainda que no Cávado e no Ave se observem novas dinâmicas, associadas à presença da Universidade do Minho.
Para a leitura da dinâmica económica do Minho acabada de fazer concorrem, por um lado, alguns dados conhecidos sobre a evolução do desemprego, das exportações e do investimento em I&D e, por outro lado, a análise da evolução da actividade económica das NUT III Minho-Lima, Cávado e Ave realizada com o recurso à “análise das componentes de variação” ou shift-share, na designação inglesa.
Esta técnica decompõe o crescimento de uma dada variável (o emprego, por exemplo) em factores distintos que possam influenciar o seu comportamento. Estes factores ou componentes pretendem captar o efeito da dinâmica macroeconómica global, da composição sectorial da região (componente estrutural) e, ainda, o efeito de outros factores específicos da região (componente regional ou diferencial) no crescimento desta.
A componente nacional representa o crescimento que a região teria se tivesse a mesma variação observada a nível nacional. No entanto, é de esperar que só por coincidência a estrutura económica regional seja idêntica à nacional. É baseado neste facto que se inclui a chamada componente estrutural. Como, adicionalmente, nada garante que o crescimento de cada sector ou actividade a nível regional seja idêntico ao observado a nível nacional, importa que essa diferença seja igualmente sublinhada. A componente regional ou concorrencial capta precisamente esta diferença, isto é, mede o desvio do crescimento regional relativamente aquilo que era esperado caso cada sector se tivesse comportado do mesmo modo que a nível nacional. Se esta componente é positiva, o modelo aponta para a existência de vantagens comparativas regionais (por exemplo, melhores infra-estruturas ou maior produtividade do trabalho), que favorecem crescimentos sectoriais regionais mais elevados.
A análise das componentes de variação foi aqui realizada para dois períodos temporais distintos (1996-2000 e 2001-2005), utilizando dados referentes ao emprego não público por conta de outrem, nos sectores secundário e terciário.
Os resultados alcançados permitem concluir que a componente estrutural em ambos os sub-períodos e para todas as NUT III em análise foi negativa (em razão de dificuldades decorrentes do perfil de especialização) [Tabelas 1 e 2]. Por sua vez, a componente regional apresentou um comportamento favorável, com a excepção do Cávado, no primeiro período, circunstância essa que indicia alguma inconsistência competitiva.
[Tabelas 1 e 2]*
Em maior detalhe, comparando as três sub-regiões, verificamos que há diferenças significativas na dinâmica do emprego entre elas. Em termos de crescimento médio anual efectivo do emprego por conta de outrem, apenas a NUT do Minho-Lima observou um crescimento superior à média nacional em ambos os períodos. O desempenho negativo da componente estrutural em todas as NUT, por sua vez, demonstra uma forte dependência de sectores que estão em contracção do emprego a nível nacional. No entanto, os dados evidenciados em termos da componente regional (positiva, com a excepção já sublinhada da NUT Cávado, no primeiro período) revelam que as empresas locais tendem a perder menos emprego que as congéneres, do mesmo sector, localizadas noutras regiões do país.
Estes dados são significativos e têm óbvia utilidade para fins de planeamento, assim as entidades públicas locais e nacionais os queiram considerar, já que constatar situações pouco releva se não existir vontade de actuar sobre elas, corrigindo problemas e potenciando recursos e capacidades dos territórios.
J. Cadima Ribeiro

(artigo de opinião a publicar em próxima edição do Suplemento de Economia do Diário do Minho, em coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")

* não reproduzidas, por razões técnicas

segunda-feira, abril 07, 2008

1.º Congresso de Economia da Euro-região Galiza & Norte de Portugal

1.º Congresso de Economia da Euro-região Galiza & Norte de Portugal / Construindo em Cooperação
Temos o gosto de trazer ao seu conhecimento que se irá realizar nos próximos dias 25 e 26 de Setembro, na cidade de Vigo, o evento em ref.ª, o qual tem como organizador principal o recém-criado Conselho Galego de Economistas, órgão de cúpula que congrega os Colégios Territoriais de Pontevedra, Lugo, Ourense e Corunha, do Conselho Geral de Economistas de Espanha.
[...]
Pense em participar no evento que lhe estamos a anunciar e, para já, informe-se com mais detalhe sobre o mesmo no site
*
(extractos de mensagem de correio electrónico, de divulgação do evento em epígrafe, recebida, proveniente de drn@ordemeconomistas.pt)

sexta-feira, abril 04, 2008