Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

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quinta-feira, janeiro 12, 2012

terça-feira, março 01, 2011

O endividamento das famílias

1. Por endividamento entende-se o saldo devedor de um agregado familiar. Este é por norma associado a créditos, ao consumo (de bens ou serviços correntes e de bens duradouros) ou à aquisição de imóveis. No caso português, o endividamento tem andado sobretudo associado à aquisição de habitação própria.
2. O recurso ao crédito é algo inerente ao modelo de sociedade actual e, neste contexto, não assume carga negativa. O crédito permite aos consumidores um maior consumo no presente, contribuindo para a satisfação de necessidades e a realização de desejos que os rendimentos presentes não viabilizam. A questão só muda de figura quando o crédito é utilizado para satisfazer necessidades fúteis e, sobretudo, porque muitas das decisões de contracção de créditos que são tomadas não atendem à capacidade futura de solver a dívida, isto é, estão na origem de situações de incumprimento dos compromissos contraídos.
3. Em notícia de 19 de Maio de 2009, a rádio TSF noticiava que o endividamento das famílias portuguesas era o segundo mais elevado da Europa. Invocava, para o efeito, os resultados de um relatório do Banco de Portugal divulgado pouco antes, reportado a 2008, em que a instituição em causa alertava para a ameaça de acentuação das situações de crédito mal parado com que a banca já se vinha confrontando. Curiosamente, em primeiro lugar nesta lista apresentava-se a Holanda, que sabemos integrar um grupo de países com economias bem mais consolidadas que a portuguesa e com padrões de vida configurando um maior nível de bem-estar.
4. De acordo com o relatório em causa, esse endividamento resultava em cerca de 75% de crédito bancário contraído para aquisição de habitação. Mais se acrescentava que os empréstimos bancários para habitação representavam, já em 2008, mais de 90% do rendimento disponível das famílias portuguesas. Esta situação punha carga dramática adicional na realidade retratada, uma vez que qualquer instabilidade que se viesse a verificar no orçamento dos indivíduos arrastava imediatamente o espectro do incumprimento.
5. A invocação deste risco não era em vão dada a situação de crise financeira e económica que se vivia na Europa e nos Estados Unidos, e, logo, também em Portugal, sendo certo que, desde então, por força dos défices públicas e da crise da dívida do país, a situação não deixou de agravar-se. Na verdade, não só o crédito foi ficando cada vez mais caro, como a situação em matéria de emprego e as perspectivas de relançamento económico foram sendo transferidas para momentos futuros cada vez mais afastados. Atente-se a este propósito nos dados mais actuais em matéria de desempenho da economia portuguesa, de que são expressão a taxa média de desemprego, que vai nos 11,1% (dados do INE do 4º trimestre de 2010), e o quadro económico recessivo de que falava o governador do Banco de Portugal há poucos dias, e que é quase certo vir a estender-se ao conjunto do ano de 2011, pelo menos.
6. O resultado a que se chegou no que ao endividamento das famílias respeita, não surgiu de um dia para o outro e tem razões várias. No que à evolução do fenómeno se refere, é relevante assinalar que o endividamento das famílias teve um forte incremento a partir dos anos 90. Em concreto, este passou de cerca de 19,6% do rendimento disponível das famílias, em 1990, para 92%, no ano 2000, situando em 2008 já em 129%, número que configura indisfarçável sobre-endividamento, posto que, em termos médios, significava incapacidade de cobertura da dívida a partir dos rendimentos correntes auferidos. Em situação limite, o aumento do crédito às famílias chegou a ser de 15% de um ano para o outro (de 1998 para 1999).
7. Esta expansão do nível de endividamento encontrou razões do lado da oferta e da procura de crédito. Do lado da oferta, pode-se mencionar, em especial, a liberalização e a desregulamentação das operações bancárias visando os particulares e, também, os regimes de subsídio das taxas de juro praticadas no crédito à habitação. Do lado da procura, cumpre destacar a descida verificada nas taxas de juro, associada à diminuição das taxas de inflação e ao aumento da concorrência entre operadores na captação de clientes. A conjugação destes factores ditou a situação de endividamento a que se chegou, sendo que é a reversão da situação vigente no mercado bancário e o quadro económico geral do país o que justifica a situação de alarme com que o fenómeno é encarado no momento actual.
8. Entendido o modo como se chegou aqui, fica criado espaço para que melhor se perceba como gerir o problema que está criado e perspectivar actuações que evitem que se venham a verificar situações futuras da mesma natureza. Na componente gestão do processo, vão no bom sentido instrumentos que, em contexto de carência absoluta, substituam às famílias na liquidação dos débitos aos bancos, no curto/médio prazo. Na perspectiva da actuação projectada para o futuro, a informação e formação dos indivíduos afigura-se peça central. Na verdade, não se percebe porque não se apetrecham os jovens com noções básicas como são o custo do dinheiro, as virtudes da poupança, a gestão de um orçamento familiar, o risco económico, etc. Porventura, também aqui, pela via dos filhos, se pudesse sensibilizar os pais e, logo, chegar a resultados satisfatórios a não muito largo prazo.

J. Cadima Ribeiro

(artigo de opinião publicado na edição de 2011/02/01, do Suplemento de Economia do Diário do Minho, em coluna regular intitulada "A Riqueza das Regiões")

quinta-feira, novembro 04, 2010

Sobre a racionalidade dos mercados: quantidades de petróleo transaccionadas em 2007/2008

"Por 2007/2008 as quantidades de petróleo transaccionadas diariamente eram tais que a capacidade instalada somada em todo o Mundo, mesmo que multiplicada por 10, não poderia satisfazer as quantidades contratadas."

Júlio Barreiros Martins

(excerto de comunicação intitulada "A crise financeira portuguesa: algumas causas, consequências e eventuais remédios" apresentada na EEG/UMinho em 28 de Outubro pp. no contexto da 1ª iniciativa Tertúlias do Departamento de Economia)

domingo, outubro 31, 2010

"Há equilíbrios que uma vez desfeitos levam a roturas"

«As crises económicas, como muitas das catástrofes naturais, ocorrem devido a uma acumulação de erros humanos em relação ao uso das leis básicas da Economia, no primeiro caso, e à falta de atenção e/ou desconhecimento das leis da Física, no segundo caso.
Há equilíbrios que uma vez desfeitos levam a roturas que provocam as crises. No caso da Economia, há um “time lag” no aparecimento da crise em relação às datas em que os actos humanos que a provocaram foram praticados».

Júlio Barreiros Martins

(excerto de comunicação intitulada "A crise financeira portuguesa: algumas causas, consequências e eventuais remédios" apresentada na EEG/UMinho em 28 de outubro pp. no contexto da 1ª iniciativa Tertúlias do Departamento de Economia)

sexta-feira, agosto 06, 2010

"Barómetro Empresarial 2010"

«É com muito gosto que lhe envio o Sumário Executivo do Estudo Barómetro Empresarial (1º Semestre 2010) realizado pela Informa D&B.
O objectivo deste estudo é apresentar os resultados dos fenómenos de Constituições, Dissoluções Naturais e Insolvências relativos ao 1º Semestre e ao 2º Trimestre de 2010.
Comparando a evolução dos principais indicadores entre o 1º Semestre de 2010 face ao 1º Semestre de 2009, observamos:

* 16.892 Constituições de Empresas (+3.1%)
* 5.652 Dissoluções Naturais de Empresas (-6.1%)
* 1.989 Processos de Insolvências (+10,1%)

Espero que esta informação lhe seja útil e aproveito para relembrar que a área de Estudos e Estatísticas da Informa D&B disponibiliza um conjunto alargado de estudos e análises que contribuem para um conhecimento aprofundado das características e tendências do Tecido Empresarial Nacional.
Consulte toda a informação sobre o Barómetro Empresarial Informa D&B em http://www.informadb.pt/
Com os meus melhores cumprimentos,

Augusto Castelo Branco
Director Comercial e de Marketing»
*
(reprodução parcial do corpo principal de mensagem que me caiu entretanto na caixa de correio electrónico, proveniente da entidade identificada)

segunda-feira, maio 17, 2010

"Economistas do choque e do pavor"

"Para todos os efeitos, em Portugal passamos a ter um bloco central que governa com o programa de austeridade de Ferreira Leite e dos economistas do choque e do pavor que cirandam por Belém."

João Rodrigues

(excerto de mensagem, datada de Segunda-feira, 17 de Maio de 2010 e intitulada O que o bloco central não nos diz, disponível em Ladrões de Bicicletas)

segunda-feira, setembro 14, 2009

sexta-feira, agosto 14, 2009

"Euro area GDP down by 0.1% and EU27 GDP down by 0.3%"

«GDP declined by 0.1% in the euro area1 (EA16) and by 0.3% in the EU271 during the second quarter of 2009, compared with the previous quarter, according to flash estimates published by Eurostat, the Statistical Office of the European Communities. In the first quarter of 2009, growth rates were -2.5% in the euro area and -2.4% in the EU27.
Compared with the same quarter of the previous year, seasonally adjusted GDP decreased by 4.6% in the euro area and by 4.8% in the EU27 in the second quarter of 2009, after -4.9% and -4.7% respectively in the previous quarter.
During the second quarter of 2009, US GDP decreased by 0.3% compared with the previous quarter, after -1.6% in the first quarter. US GDP decreased by 3.9% compared with the same quarter of the previous year (-3.3% in the previous quarter).»
*
(excerto de EUROSTAT News Release, 117/2009 - 13 August 2009)

terça-feira, julho 21, 2009