Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

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sexta-feira, dezembro 28, 2012

sábado, agosto 20, 2011

"O que está a falhar é a política"

«Nobel de Economia: "O que está a falhar é a política"
O pânico financeiro nas bolsas e o regresso de uma psicologia de crise entre os investidores e agentes económicos está a conjugar-se com números péssimos sobre o crescimento das economias desenvolvidas e uma "total inabilidade política" nos dois lados do Atlântico disse ao Expresso o Nobel de Economia.

Jorge Nascimento Rodrigues (www.expresso.pt)
9:41 Sexta feira, 19 de agosto de 2011

Uma conjugação mortal está a ocorrer entre uma dinâmica de abrandamento da economia, com o fantasma da recaída na recessão nos países Ocidentais, e uma "total inabilidade política" por parte dos governos nos dois lados do Atlântico, disse ao Expresso, com manifesto pessimismo, Michael Spence, Prémio Nobel da Economia em 2001, professor de Economia na Universidade de Nova Iorque, em entrevista publicada na edição de 14 de agosto.
Num mês em que as bolsas de todo o mundo viveram emoções fortes, com a volatilidade ao rubro, e dois eventos de míni-crash a 8 e 18 de agosto, e os Estados Unidos continuam a lamber as feridas do corte de notação por parte da agência Standard & Poor's, o Nobel de 68 anos afirma que "a política está a dificultar uma resposta enérgica à situação em muitos países, incluindo nos Estados Unidos, e no conjunto da União Europeia".
E prossegue: "Esta inabilidade política para agir - a não ser em resposta a uma crise clara - juntamente com a ameaça real de um abrandamento global significativo da economia mundial está a provocar a derrocada nos mercados e isso, por sua vez, agrava ainda mais as perspetivas de crescimento".É a política, estúpido!
A imagem que se está a passar é que os políticos deixam o mais que podem nas mãos do Banco Central Europeu (BCE) e da Reserva Federal (Fed) americana o assunto desta nova crise.
Na realidade, é o BCE que está a conter o disparo dos juros da dívida no mercado secundário de Espanha e Itália e a alimentar o mercado interbancário europeu evitando a sua secura. Nos EUA, os investidores sentiram-se aliviados, no curto prazo, com a promessa da Fed de manter os níveis das taxas de juro federais (fed funds rates) próximos de 0% ou muito baixos até meados de 2013, mas estão suspensos do que Ben Bernanke, o presidente da Reserva Federal, vai dizer no retiro dos banqueiros centrais norte-americanos em Jackson Hole no próximo dia 26 de agosto.
Michael Spence acha que estes movimentos dos banqueiros centrais "não resultarão". E frisa: "Sem dúvida que a política monetária é um aspeto importante do incentivo à retoma, um facilitador, diria. Mas os bancos centrais não podem resolver por si o problema conjunto das contas públicas e do crescimento. Isso requer reformas e investimentos - com detalhes que variam de país para país. Investimento público, reforma do mercado de trabalho, competitividade, política fiscal, investigação e desenvolvimento são coisas que os banqueiros centrais não controlam". E tudo isso é do domínio dos políticos eleitos.»

(reprodução de artigo Expresso, com a referência identificada)
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[cortesia de Nuno Soares da Silva]
Comentário: !!!

quinta-feira, abril 08, 2010

Perdedores

"Só vejo perdedores se o caminho for pela redução de salários."

Helena Garrido

(excerto de mensagem, datada de 23 de Março de 2010 e intitulada "Ainda a Alemanha...", disponível em Visto da Economia)

terça-feira, outubro 14, 2008

Os malefícios da moeda única

Portugal, em conjunto com vários países do mundo, está a atravessar uma crise económica. No caso português, muitos especialistas na matéria atribuem a culpa desta crise à moeda única, isto é, o abrandamento económico português piorou com a adesão ao euro. Será isto verdade? Afinal o que é que o euro nos trouxe de bom e de mau?
Com a adesão ao euro, Portugal deixou de ter controlo sobre a política cambial e a política monetária. Ambas as políticas eram bastante importantes na manutenção da economia portuguesa.
Sem a política cambial os governos deixaram de poder desvalorizar o escudo (moeda portuguesa antes do euro) com o intuito de tornar a economia portuguesa mais competitiva nos mercados internacionais, isto é, ao desvalorizarem a moeda, as exportações tornavam-se mais baratas o que atraía mais clientes. Este aumento de competitividade era utópico uma vez que a produtividade mantinha-se a mesma. Actualmente se Portugal quer ter ganhos de competitividade terá de ser pela via da inovação e aumento de produtividade.
A política monetária foi outro dos instrumentos que Portugal perdeu com a sua adesão ao euro. Sem esta política Portugal ficou impossibilitado de decidir o seu futuro monetário, perdeu o poder de injectar ou não moeda na economia, e alterar as taxas de juro.
Além de termos perdido o controlo desta duas políticas, passamos a ter que prestar contas da nossa política fiscal, isto é, qualquer país da zona euro tem de controlar a sua dívida pública (não ultrapassar os 60% do PIB) e o défice (não ultrapassar os 3% do PIB). Caso não cumpram têm penalizações.
A partir de 1999 (ano de adesão às taxas de câmbio fixas) observa-se em Portugal um declínio acentuado nas exportações de têxteis. Entre 1995 e 2004 as exportações de têxteis passaram de 23,3% para 14,7%. Com estes dados podemos dizer que o euro teve um impacto no nosso abrandamento.
Como diz Álvaro Santos Pereira, economista português, “a nossa adesão ao euro impediu-nos de utilizar toda uma serie de aspirinas que tomávamos em tempos de crise”. Ou seja, pegando na ideia de Álvaro Santos Pereira, o problema conjuntural que Portugal tem deixou de ser “escondido” com injecções de moeda e diminuição de impostos, por isso o euro até nos trouxe uma coisa boa que foi “abrir os olhos” do português, isto é, acabaram se as “aspirinas” é preciso inovar, é preciso qualificar os nossos trabalhadores para que estes se tornem mais produtivos e desta forma aumentar a competitividade de Portugal lá fora. Basta de acharmos que somos o país que tem de estar sempre na cauda da Europa, que o nosso país não tem volta a dar, este pensamento é errado, temos que agir já.
Apesar dos males que o euro nos trouxe, como diz o ditado “há males que vêm por bem”.

Juliana Narciso

(artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho)

terça-feira, julho 08, 2008

A luta de Trichet

Camiões parados, agricultores nas ruas, hipermercados vazios, o colossal preço do petróleo e a falta do mesmo nas gasolineiras, a iminente subida dos juros na zona euro e a consequente valorização do euro relativamente ao dólar, são sinais da actual situação económica nacional e internacional.
Perante uma ameaça de subida da taxa de juros de referência da zona euro para 4,25%, são muitos os que se questionam até que ponto será viável a política levada a cabo pelo Banco Central Europeu (BCE), com vista à estabilidade de preços no longo prazo, a denominada Inflation Targetting. Num passado recente essa mesma política levada a cabo pelo BCE alcançou um sucesso inigualável, com taxas de inflação médias da zona euro de 2,1%, em 10 anos.
Actualmente, e após sucessivos aumentos da taxa de juro efectuados pelo BCE, a inflação da zona euro parece resistir e em alguns países tem demonstrado tendência a aumentar, sendo este cenário, em parte, o resultado de um sucessivo aumento do preço do petróleo (crise especulativa). No entanto, mesmo em anos passados assistimos a várias subidas do preço do petróleo, sem que esses aumentos fossem acompanhados por crises inflacionistas. Esse fenómeno é explicado pelo facto de em anos anteriores a subida do preço do petróleo ter sido vista pelos agentes como um aumento transitório e como tal não afectava as expectativas dos agentes relativamente à inflação futura.
Nesta ocasião, o cenário é bem diferente, pois, o repentino aumento do preço do petróleo, tal como o de muitas matérias-primas e bens alimentares, criou a ideia de que se trata de uma subida de carácter permanente, logo gera pressões inflacionistas, pois, as empresas e os consumidores já se aperceberam desse facto e, como tal, esperam preços mais elevados no futuro. Estamos perante uma alteração das expectativas dos agentes económicos que motivaram as recentes manifestações verificadas no sector dos transportes de mercadorias e no sector agrícola (ambos os sectores fortemente afectados pela volatilidade do preço dos combustíveis).
A política de estabilização de preços por via do aumento das taxas de juro seguida pelo BCE leva a um maior endividamento das famílias sem qualquer aumento do consumo privado, contribuindo para uma desaceleração do crescimento económico. Além disso, a valorização do euro, associada ao aumento das taxas de juro, afecta negativamente as exportações dos países da União Europeia (exportações para fora da zona euro) e mais uma vez contrai o crescimento económico.
Contudo, permanece a incerteza quanto à capacidade do Banco Central Europeu de fazer face às pressões inflacionistas apenas por via da subida das taxas de juro e quanto aos efeitos adversos (para além daqueles já enunciados) que tal política poderá causar, num contexto nacional e internacional. Nesse enquadramento, os Bancos Centrais (BCE e FED) deverão reunir esforços e adoptar políticas de estabilização das expectativas inflacionistas de modo a travar um aumento em espiral de preços. Em particular, seria útil rever algumas das premissas do Tratado de Maastricht, analisando a possibilidade de o BCE alterar a sua política de estabilização de preços, podendo estabelecer como prioridade o crescimento e o emprego para dar resposta à conjuntura económica actual e ao baixo crescimento que atravessa a economia mundial.
Paulo Carvalho
Estudante de Economia da EEG/Universidade do Minho
paulojdsccarvalho@gmail.com
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(texto de opinião publicado na edição de 08/07/08 do Suplemento de Economia do Diário do Minho)

domingo, dezembro 23, 2007