Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

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segunda-feira, maio 26, 2025

“As relações comerciais entre Portugal e Espanha: o período pós-integração na CEE/UE”

Resumo

A importância do comércio internacional para o crescimento económico é um tema que não suscita controvérsia no seio da Ciência Económica. As teorias tradicionais fornecem dados relevantes para compreender o fenómeno, mas não proporcionam uma visão completa dos padrões observados nas trocas entre países. Estudos recentes têm-se centrado em dois tipos de fatores cruciais para a escolha de parceiros comerciais: os socioeconómicos; e os sociopsicológicos. As proximidades física e cultural têm, também, papel essencial. Pese a longa fronteira comum, foi necessário aguardar pela integração de Portugal e Espanha na CEE (Comunidade Económica Europeia), União Europeia (EU), na expressão atual, para que as relações económicas entre os dois países se desenvolvessem significativamente, passando a Espanha de um parceiro pouco relevante no período pré-integração europeia para primeiro parceiro comercial de Portugal a partir do final da década de 90 do século XX. Fazendo uso de estatísticas do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Banco de Portugal (BdP) sobre comércio de bens e serviços, disponíveis no portal da PORDATA - Estatísticas sobre Portugal e Europa, recorrendo a elementos gráficos disponibilizados por aquela base de dados, pretende-se neste capítulo traçar um retrato panorâmico da evolução das relações económicas entre os dois países.


J. Cadima Ribeiro



“As relações comerciais entre Portugal e Espanha. O período pós-integração na CEE/UE”, in Espanha e Nós: Visões atuais sobre as relações Hispano-Portuguesas, Carlos Pazos-Justo, Inês Gusman e Santiago Perez Isasi (Eds.), Edições Colibri, Lisboa, maio de 2025, cap. 9, pp. 203-220;

https://edi-colibri.pt/produto/espanha-e-nos-visoes-atuais-sobre-as-relacoes-hispano-portuguesas/


https://www.bertrand.pt/livro/espanha-e-nos-carlos-pazos-justo/32011644


quarta-feira, julho 01, 2015

"Manifestação-Vigília de Solidariedade com a Grécia"

«Braga, 1 de Julho de 2015  às 21,30h na Praça da República (Arcadas)
 
Os subscritores, considerando que a posição da Troika (FMI-UE-BCE) nas negociações com a Grécia não só visa a manutenção de rendas para o capital financeiro como configura uma estratégia política de submissão da Grécia e doutros países periféricos da Europa do Sul como Espanha e Portugal, apelam aos cidadãos e cidadãs bracarenses e minhotos(as) para se manifestarem em solidariedade com o povo grego!
Neste momento histórico podemos dizer que SOMOS TODOS GREGOS porque:

Queremos uma Europa onde a DEMOCRACIA seja real e efetiva, onde os povos possam ser consultados em questões decisivas para o presente e futuro e que a sua vontade seja respeitada!

Queremos uma Europa SOLIDÁRIA, em que os credores e seus interesses não se sobreponham à vontade dos povos nem lhes imponham políticas de austeridade e empobrecimento.

Queremos uma Europa e um mundo assentes na JUSTIÇA SOCIAL e no respeito pelos DIREITOS HUMANOS, o que é incompatível com a continuação da austeridade e com a recusa da procura e concretização de políticas alternativas.

Pela coragem e dignidade do povo grego, por todos nós! É numa Europa construída pelos seus povos que queremos viver!

Os subscritores(as)

Adão Mendes
Adelino Mota
Alexandra Vieira
Ana Arminda Machado Ferreira
Ana Barros
Ana Gabriela Macedo
Ana Jorge
Ana Maria Álvares de Moura
Anna Pires
António Cardoso
António Durães
António Lima
Arlindo Fagundes
Armindo Vieira Martins
Carla Cerqueira
Carlos Alegria
Carlos Amado
Dalila Monteiro
Diniz Pinto
Emília Monteiro
Etelvina Sá
Ernesto Figueiredo
Fátima Soeiro
Fernando Bessa
Fernando Coelho
Gabriela Silva
Helena Magalhães
Helena Maria Macedo Veloso
Henrique Barreto Nunes
Henrique Barroso Fernandes
Henrique Botelho
Inês Barbosa
João Gomes
João Oliveira
João Manuel Clemente
José Aldeia
José Alfredo Ribeiro
José Luís Araújo
José Manuel Barbosa
José Manuel Lobato
José Manuel Marques
José Manuel Tarroso Gomes
José Sampaio
José Maria Cardoso
José Moças
Jorge Cruz
Júlia Vale
Luis Cunha
Manuel António Teixeira da Silva
Manuel Carlos Silva
Manuel Sarmento
Margarida Vilarinho
Maria Augusta Lima Cruz
Maria Augusta Ribeiro  
Maria do Céu Barros
Mário Lima
Mário Marques
Miguel Coelho
Olga de Miranda
Paula Nogueira
Pedro Soares
Rita Ribeiro
Sofia Afonso
Teresa Mora
Virgínia Calado
Vladimiro Brito»

(reprodução de anexo de mensagem que me caiu entretanto na caixa de correio eletrónico, proveniente de Manuel Carlos Silva, e distribuída universalmente na rede eletrónica da UMinho)

quinta-feira, dezembro 13, 2012

Programa de Doutoramento/Doutorado em Economia

«Segue abaixo mensagem de divulgação do doutoramento em Economia tendo em vista potenciais candidatos brasileiros. Caso entenda oportuno, agradeço que encaminhe a mensagem para os seus contatos no Brasil.
                                                                                
Prezado Colega,

Na qualidade de diretora do Doutorado em Economia oferecido em parceria pela Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho e pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, venho lhe enviar informação sobre o programa. Se for possível, agradeço a divulgação desta mensagem entre os potenciais interessados, assim como a exposição do cartaz  em local visível para os estudantes.

O Doutorado em Economia visa proporcionar uma formação científica sólida e avançada em Ciências Econômicas que permita aos seus diplomados realizar pesquisa de alto nível em Economia e desempenhar funções de natureza profissional que envolvam análises econômicas rigorosas e exigentes.

A qualidade do programa encontra-se alicerçada num corpo docente formado em universidades americanas e europeias de prestígio, com pesquisa científica reconhecida internacionalmente através da publicação de um elevado número de artigos em revistas científicas. O Departamento de Economia da Universidade do Minho é um dos melhores de Portugal no que toca à pesquisa em Economia e a Escola de Economia e Gestão dispõe de excelentes condições de acolhimento. Para obter informações adicionais e consultar todas as publicações científicas produzidas por pesquisadores da EEG, sugiro a consulta da página do Gabinete de Apoio à Investigação.

A próxima edição do programa se inicia em setembro de 2013, decorrendo o 1º semestre na Universidade do Minho e o 2º na Universidade de Coimbra.

As candidaturas estão abertas em permanência, sendo o prazo médio de resposta de dois meses. Os interessados em iniciar o doutorado no mês de setembro de 2013 devem se candidatar até ao dia 10 de Julho.

Para mais informações consultar a web do doutorado ou enviar uma mensagem para PhD-econ@eeg.uminho.pt.

Grata pela colaboração,

Linda G. Veiga
Diretora do Doutorado em Economia
Escola de Economia e Gestão
Universidade do Minho
P-4710-057 Braga
Portugal
Tel: +351-253604568

(reprodução do corpo principal de mensagem que me caiu entretanto na caixa de correio electrónico, proveniente da entidade identificada)

quinta-feira, janeiro 05, 2012

"Carta de Daniel Oliveira a Herr Schmidt (publicada no Expresso)"

«Assunto: FW: Carta de Daniel Oliveira a Herr Schmidt (publicada no Expresso)

Subject: Carta de Daniel Oliveira a Herr Schmidt (publicada no Expresso)
Não queira saber, prezado Schmidt, quanto pagou o seu Estado para manter as nossas terras improdutivas, as nossas fábricas fechadas e os nosso barcos de pesca atracados no porto. Produzimos pouco e importamos quase tudo o que consumimos. Na realidade, o nosso Estado gasta incomensuravelmente menos do que o seu. Os nossos direitos sociais são uma anedota. Os nossos salários são miseráveis. As nossas reformas mal dão para os medicamentos e para a comida. Mas, mesmo assim, estamos endividados. Porque foi essa a vontade dos principais países europeus: pagar para consumirmos o que o meu caro Schmidt produz. Disseram então que éramos o "bom aluno europeu". E, orgulhosos, ficámos com as autoestradas, que também foram pagas por si, e com os bancos, que nos emprestaram dinheiro para continuarmos a viver.
Depois entrámos no euro. Uma moeda feita para si, mas não para nós. Demasiado forte e sobre a qual nada poderíamos dizer. Com uma supermoeda para uma microeconomia, as exportações tornaram-se ainda mais difíceis e as importações mais tentadoras. Não referendámos nem Maastricht, nem o euro, nem o Tratado de Lisboa. Porque não discutimos a autoridade da União e o seu prestígio, não discutimos o diretório e a sua moral, não discutimos a glória do euro e o seu dever. Somos, como disse um representante vosso na troika, "um povo bom".
Quando os resultados da lição que tão bem aprendemos nos explodiu nas mãos, quando nos revelámos tão vulneráveis ao abalo financeiro internacional, explicaram-nos que andámos a viver acima das nossas possibilidades. Que não produzimos o suficiente para manter um Estado Social que, não saberá o senhor Schmidt, é uma amostra daquele a que o senhor tem direito.
Não quero que pense que o culpo a si. Era o que mais faltava. A culpa é nossa. Seria uma conversa longa, mas a nossa afamada simpatia esconde um enorme complexo de inferioridade. Para nós, "lá fora" é um lugar mítico. E estamos convencidos que qualquer burocrata de quinta linha que nos venha dar ordens sabe, melhor do que nós, o que devemos fazer. Seremos, mais uma vez, bons alunos. Destruiremos o poucos a que temos direito, venderemos a saldo as empresas públicas que restam, afundaremos por muitas décadas a nossa economia. E a celebração das exéquias estará a cargo de uma incompetente em quem o meu caro Schmidt poderá ter votado mas que eu nunca elegi para coisa alguma. Restará ao meu País a praia e o sol, que não podem ser deslocalizados. Como vamos passar a trabalhar quase de borla, aproveite para vir cá no verão. Verá que somos gente que não se mete em confusões. Sempre pronta a servir. De bandeja na mão, pano no braço e cabeça baixa.
Acontece que, ao criarmos o euro, fizemos uma jura de sangue. A tragédia começa a chegar às portas de Brandenburgo. E essa parte, tenho de lhe dizer, é culpa de quem o governa a si. Teremos sido, demasiadas vezes, bons alunos. Mas somos alunos de um péssimo professor. Que, como se verá em Bruxelas, nem perante todas as evidências desiste de velhos manuais que já deveria ter rasgado. A minha desgraça será a sua desgraça. Não o digo com satisfação. Digo-o com a leve esperança de que isso sirva para o meu amigo Schmidt despedir a reitora desta escola de maus costumes. E de que nós abandonemos esta degradante postura de aluno submisso. Podemos aprender todos um pouco com isto. O seu povo, alguma humildade. O meu, algum amor próprio.


(reprodução integral de mensagem que me caiu entetanto na caixa de correio electrónico, reenviada por JBM)

terça-feira, novembro 11, 2008

Desigualdade de tratamento dos países-membros na União Europeia: o caso do PEC

A União Europeia (UE), anteriormente designada por Comunidade Económica Europeia (CEE) e Comunidade Europeia (CE), é sem dúvida um caso de sucesso em matéria de integração visto que transformou um conjunto de países com diferentes níveis de desenvolvimento numa unidade económica. Essa unidade exprime-se em termos de cooperação económica e projecto de desenvolvimento dos países envolvidos, permitindo à Europa posicionar-se em clara concorrência com os E.U.A, até há pouco a única super-potência económica mundial.
Portugal passou a fazer parte desta organização em 1986, altura em que esta era constituída apenas por 12 países. Recentemente, passou a ser constituída por 27. Após a integração, o crescimento do nosso país revelou-se um caso de sucesso, essencialmente na década de 90 e até cerca de 2002. Nestes últimos 6 anos, Portugal tem vivido um período de baixo crescimento económico, registando o pior desempenho económico entre os países da União Europeia. De qualquer forma, este facto não invalida a ideia de que esta aliança europeia foi positiva, até na própria medida em que tem servido de inspiração para outros projectos de integração, como é o caso do continente africano e da América do Sul. A criação, em 2002, da União Africana, organização que sucedeu à Organização de Unidade Africana, e que prossegue objectivos algo parecidos com os europeus, é disso exemplo, embora com poucos resultados, ainda.
Contudo, existem no funcionamento da União Europeia alguns aspectos que importará corrigir. É o caso de afirmações hegemónicas que de quando em quando se revelam, com origem nalguns dos maiores países. A este propósito, se recuarmos um pouco no tempo e formos até ao mês de Novembro de 2003, podemos recordar a notícia que foi destaque em inúmeros jornais no mundo de que Alemanha e França, dois importantes elementos da União Europeia, romperam com as regras estipuladas no Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), ao atingirem um défice do seus orçamentos de Estado de 3% em dois anos consecutivos. Quando, depois de uma situação deste género e de acordo com as penalizações previstas no PEC, se previa uma acção penalizadora exemplar destes dois países, por forma a servir de exemplo para os restantes países-membros, verificou-se que, na prática, não houve punição alguma desse incumprimento. O que era suposto acontecer em condições normais era que estes fossem sujeitos ao pagamento de uma multa considerável.
O argumento utilizado pela Comissão Europeia para justificar que estes dois países não fossem penalizados foi que a punição financeira prevista era algo severa, face à dimensão da infracção em questão. Ora o problema é que, se tivesse sido outro qualquer país da União Europeia o infractor, como por exemplo Portugal (como acabou por acontecer, embora na companhia dos países já mencionados), provavelmente sofreria graves consequências.
Houve países, como a Holanda, que defenderam que as medidas tomadas no Pacto de Estabilidade e Crescimento deviam ser cumpridas à risca, sendo esta uma posição que não se revelou suficiente para que se fizessem cumprir as regras.
Esta atitude é algo que mina o funcionamento da UE e a descredibiliza junto dos cidadãos e que, por isso, devia ser consistentemente combatida. Numa altura em que nós, portugueses, sofremos as consequências das fortes restrições em matéria de despesa pública, com consequências no crescimento económico do país, decorrentes do esforço do governo de não ultrapassar os limites estipulados em matéria de défice das contas do Estado, saber-se que não há um cumprimento das regras por parte de alguns países mais influentes só pode ser mal-interpretado e mal-aceite pelos cidadãos.
A situação descrita levou a que as medidas tomadas no Pacto de Estabilidade e Crescimento fossem repensadas, para que se fizessem cumprir uniformemente pelos países-membros da UE. Tal aconteceu em 2005, altura em que foram introduzidos diversos elementos de flexibilidade na aplicação do PEC. Concretamente, com essa flexibilização, pretendeu-se criar alguma capacidade de resposta em matéria de políticas públicas a usar pelos governos nos momentos próximos das cavas do ciclo económico, ou seja, nos momentos de baixo crescimento.
O momento actual é, sem dúvida, um desses momentos, mas, como disse o comissário espanhol Joaquin Almúnia em entrevista à Euronews, o Pacto de Estabilidade e Crescimento está vivo e a funcionar e, com a rectificação efectuada em 2005, é mais fácil assegurar a estabilização da economia. Assim o esperamos!

Ismael Correlo
Estudante de Economia da EEG/UMinho

(artigo de opinião publicada na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho)

segunda-feira, julho 09, 2007

A União Europeia e Portugal: planeamento e bom uso de recursos

1. “A coesão significa solidariedade entre os Estados-Membros para tornar as regiões lugares mais atractivos, inovadores e competitivos para se viver e trabalhar.”. Quais as implicações do alargamento da União Europeia na coesão económica, social e territorial? Portugal deve estar na linha da frente dos países com maior interesse no processo de integração europeia tendo em linha de pensamento a actual conjectura económica a nível Europeu e mesmo Mundial?

R: A realidade europeia em termos de desenvolvimento é muito desequilibrada considerando os estados que a constituem, e ainda mais desequilibrada quando a pensamos em termos dos territórios sub-nacionais. Assim sendo, dificilmente novos alargamentos não acarretarão o aumento do fosso entre regiões pobres e regiões ricas.
Portugal não tem muito a ganhar, em termos económicos, com novos alargamentos. Não pode é, por razoes éticas e políticas negar a solidariedade a esses povos, na própria medida em que a tem reclamado em relação a si. Teoricamente, a entrada de novos países significa abrir novos mercados, todos podendo ganhar com isso. Na prática, é preciso que as empresas o percebam como tal e vão à lutam. As multinacionais são, usualmente, quem melhor partido tira destas oportunidades. É preciso pensar a conjuntura económica europeia e mundial mais como um desafio que como uma ameaça!

2. Para além das políticas correntes, que mais esforços podem ser realizados por parte da Comissão da União Europeia no sentido de ajudar as regiões a tornarem-se mais competitivas e homogéneas entre si?

R: Não é só a comissão europeia que tem responsabilidades neste domínio. Os estados nacionais também as têm. No caso português, onde tem estado a solidariedade com as regiões mais desfavorecidas e onde tem estado uma verdadeira política de desenvolvimento regional? A melhor ilustração dessa falta de vontade é a ausência de descentralização e de regionalização, que são instrumentos fundamentais de cidadania e de desenvolvimento.
Em termos europeus, as políticas estruturais, com expressão a nível das infra-estruturas e equipamentos, têm sido uma boa ajuda. Obviamente, se o orçamento afecto a este tipo de políticas fosse maior podia ir-se mais longe. Importa, por outro lado, secundar as políticas orientadas paras as infra-estruturas por outras ligadas à qualificação das pessoas, dos territórios e dos tecidos empresariais. Isso implica, sublinho, implicar proximamente os agentes, dando substância ao conceito de subsidiariedade, com leitura também nacional.

3. Qual ou quais devem ser os princípios e/ou indicadores que devem ser privilegiados no estabelecimento de prioridades da política de coesão da UE de forma a assegurar um crescimento equilibrado e sustentável dos territórios?

R: Em termos de diagnóstico, indicadores como o PIB per capita, expresso em paridades de poder de compra, ou outros que retratem a competitividade dos territórios e a respectiva capacidade empresarial são úteis. Há que manter presente, também, a qualificação das pessoas e a cobertura dos territórios em equipamentos e em serviços básicos. Os princípios orientadores das políticas deverão ser, por outro lado:
i) a aposta no aproveitamento dos recursos e capacidades dos territórios;
ii) a sustentabilidade do modelo económico ; e
iii) a equidade de tratamento, o que supõe, à partida, dotar as regiões mais carentes de um conjunto de infra- estruturas e de equipamentos de suporte às pessoas e às empresas.

4. Segundo Jos Chabert, “A transparência e a aproximação permanecem duas prioridades políticas do Comité das Regiões para os próximos anos”. Que passos devem ser tomados de forma a tornar as decisões de política regional mais transparentes e coerentes entre si?

R: há dois níveis de pensar as intervenções: o europeu e o nacional. Em termos nacionais, conforme já dito, há que assumir uma postura de muito maior solidariedade das regiões mais ricas com as mais pobres e assentar muito mais do que até aqui os projectos de desenvolvimento nos recursos e nas iniciativas dos agentes regionais, facilitando-lhes recursos e capacidades de decisão para que possam definir políticas de médio e longo prazos e trabalharem com patamares de eficiência maiores. Quer isto dizer que as políticas têm que ser construídas com as pessoas, com os agentes dos territórios e não a partir de Lisboa ou do Porto.
A nível europeu, há que ultrapassar igualmente a situação de diálogo/negociação exclusiva com os governos nacionais, e fazer valer mais a componente de monitorização das políticas e dos projectos que os processos de planeamento sempre envolvem.
Note-se, a propósito, que o comité das Regiões é um órgão inexistente para os cidadãos, não se conhecendo sequer quem são os representantes portugueses nessa estrutura, nem existe criado qualquer mecanismo de interacção entre os cidadãos ou os poderes locais e esses representantes "anónimos".

5. No seu entender, os fundos de coesão que tiveram como destino o nosso país, foram bem aplicados? Que poderia ter sido feito no sentido de tornar a sua aplicação mais eficiente?

R: Se os fundos tivessem sido bem aplicados e as políticas adequadamente estabelecidas, Portugal deveria situar-se actualmente num patamar de desenvolvimento muito mais elevado. Houve erros de planeamento (de definição de prioridades políticas). Houve erros de implementação. Não houve monitorização das políticas e consequente correcção de trajectórias quando as coisas não correram bem. O que há a fazer?
i) Planear com maior envolvimento dos agentes, com prioridade mais rigorosamente definidas;
ii) Instituir verdadeiros mecanismos de acompanhamento e monitorização.
iii) Ser mais exigente e selectivo nos projectos a apoiar, mantendo presente o respectivo alcance em matéria de contributo para a competitividade nacional e de sustentabilidade económica e ambiental dos projectos e dos equipamentos apoiados. Em síntese: há que alterar modelos de trabalho e culturas de dependência e de acomodação.

(As perguntas de Alberto Dantas, Daniel Maciel, Eduardo Silva e Rui Gonçalves e as respostas de J. Cadima Ribeiro)

sábado, dezembro 09, 2006

20 anos de integração europeia: desafios para Portugal

Como este ano está mesmo quase a finalizar é pertinente efectuar uma referência aos 20 de anos de adesão de Portugal à União Europeia.
Existem muitos indicadores que demonstram a importância desta adesão, que penso ser pertinente referi-los. No total, Portugal recebeu da União Europeia, nos últimos 20 anos, 42020 milhões de euros de fundos estruturais e 6302 milhões de euros do Fundo de Coesão. O investimento em acessibilidades foi muito significativo. Em 1986 havia 196 quilómetros de auto-estradas; hoje há 2091 quilómetros, que representam 16,5% do total das infra-estruturas rodoviárias do país. No que se refere ao Produto Interno bruto (PIB) a diferença de Portugal em relação à média europeia diminuiu: o PIB per capita (em Padrão de Poder de Compra) passou dos 54,2% em 1986 para os 68% em 2003 relativamente à U.E. dos 15 e 74% da U.E dos 25. Há 20 anos a agricultura, a silvicultura e a pesca representavam 9,4% da economia portuguesa. Hoje esse valor é de 3,9%. A indústria transformadora representava 25%; hoje está nos 18,2%. Num registo inverso, o peso dos serviços subiu para 66,9%. A inflação sofreu uma clara descida de 11,7% para 2,2%. As taxas de juro também mudaram radicalmente nos últimos 20 anos. Em 1986, Portugal registava uma taxa de juro na ordem dos 15,8%. Em 2004 esse número desceu até aos 3,4%. A U. E. reforçou o seu peso enquanto parceiro privilegiado de Portugal. A taxa de exportações para os países da U.E. subiu dos 57% para os 80% e a das importações passou dos 44,9% para os 77%. A percentagem da despesa do PIB em Investigação e Desenvolvimento passou de 26,4% da media europeia para os 40,2%. Em 1986 a despesa representava 0,41% do PIB. Em 2003 esse número subia para os 0,78%.
A meta da Agenda de Lisboa para a U.E situa-se nos 3%. Existem muitos mais indicadores que apresentam uma evolução positiva. No entanto a economia portuguesa atravessa vários desafios actualmente uma vez que esta a crescer a um ritmo inferior à media europeia ou seja estamos num momento de divergência com a Europa uma vez que se assiste a uma deslocalização de empresas nos sectores tradicionais bem como o diminuto mercado português que não consegue abraçar os desafios da globalização. No entanto as novas tecnologias são um dos poucos sectores em que Portugal tem uma clara oportunidade de afirmação num contexto global. Também já percebemos que o factor de diferenciação preço é passageiro e um erro estratégico (industria têxtil).
O alargamento da U.E a 25 países e a partir de 1 de Janeiro de 2007 a 27 não deve ser encarado como um mal, que proporcionará mais concorrência mas pelo contrário deve ser encarado como uma oportunidade, um maior mercado com regras claras e conhecidas. Devemos ter presente que a concorrência é global e não apenas europeia já que a localização geográfica é cada vez menos importante devido à diminuição dos custos de transportes que se tem verificado.
Apresentam-se assim três desafios que Portugal terá de ultrapassar para voltar a convergir com U.E: a educação; a Inovação, Investigação e desenvolvimento; e o ambiente propicio para facilitar os dois desafios anteriores ou seja é necessário uma legislação eficiente, um ambiente politico estável bem como uma politica de financiamento clara. O empreendedorismo é assim visto como fundamental. A actividade empreendedora deve ser efectuada tendo em consideração a inovação e a investigação para podermos diferenciar os nossos produtos no mercado global. As empresas nacionais necessitam de pensar internacional de preferência desde o início.
O poder politico já acordou para esta necessidade e já introduziu o plano tecnológico havendo já exemplos a despontar em Portugal. É preciso acreditar e fazer acontecer.

Lara Pinto

(doc. da série artigos de análise/opinião)