Já me referi à matéria em título em artigo publicado neste mesmo jornal e suplemento acerca de um mês. Na altura, prometi regressar ao tema, sendo que agora, além de sinalizar algum dos benefícios identificados no contexto dos resultados do inquérito que para este efeito foi realizado, reterei sobretudo as preocupações que os residentes do município de Guimarães entenderam explicitar.
Lembro que o trabalho de inquirição dos residentes de Guimarães foi conduzido por um grupo de trabalho constituído por Laurentina Vareiro, Paula Remoaldo, Vítor Marques e pelo signatário deste texto, no primeiro quadrimestre do presente ano. Recordo também que a opinião expressa sobre a oportunidade da aposta do município no sector se revelou esmagadoramente positiva, com 98,2% dos inquiridos a declarar que tinha uma opinião favorável ou muito favorável ao desenvolvimento do turismo.
Interessante é entretanto a percentagem relativamente baixa daqueles que responderam indicando que o desenvolvimento da actividade turística tinha contribuído para melhorar a sua posição económica. Em contraponto, isto é, descrendo que o turismo lhes venha a proporcionar benefícios directos, estão 54,8% dos inquiridos. Dito de outro modo, se é verdade que a generalidade dos residentes do município vê na indústria do turismo uma oportunidade para Guimarães, não têm tanta certeza de que tal reverterá para seu próprio proveito.
Tendo em consideração que o turismo cultural é emergente no território objecto da análise, as grandes expectativas existentes sobre o potencial socioeconómico que o sector encerra, conforme os resultados encontrados de um modo geral demonstram, serão, porventura infundadas e poderão mesmo materializar uma percepção algo ingénua dos impactos do turismo.
Considerando globalmente os impactos entrevistos, é por outro lado marcante que o contacto com culturas diferentes, os estímulos à preservação da cultura local e do artesanato, e os incentivos à conservação e restauro de edifícios históricos tenham sido os mais destacados. Curiosamente, dessa lista, numa posição discreta (9º lugar, por ordem inversa de importância), consta a percepção de que o turismo “Aumenta os preços”, isto é, pode contribuir para o aumento dos preços dos bens e serviços. Esta leitura estará associada à de aumento da procura que incidirá sobre equipamentos disponíveis e bens e serviços, decorrente do afluxo de turistas.
Outras preocupações que emergiram, mesmo que com expressão minoritária, para já, foram as seguintes: “Aumenta a taxa de criminalidade” (posicionada na 11ª posição, por ordem de relevo conferido pelos residentes); “Gera ruído excessivo no centro histórico” (12ª posição); “Leva os residentes locais a mudarem o seu comportamento tentando imitar o dos turistas” (13ª posição); “O turismo reduz o acesso por parte dos residentes a sítios e equipamentos de lazer” (14ª posição).
Sem representatividade no contexto da amostra de residentes inquirida, emergiram igualmente outras preocupações, como sejam as seguintes: o eventual aumento da insegurança pessoal decorrente da expansão da actividade turística; a escassez de alternativas em matéria de parqueamento automóvel; eventuais efeitos de deterioração física do centro histórico da cidade; o congestionamento a nível de tráfego automóvel; a insuficiência da sinalética existente; preocupações genéricas com acessibilidades e regulação do trânsito.
Porque a expressão minoritária de hoje se pode converter na expressão dominante de amanhã, estas preocupações deverão merecer desde já a atenção das autoridades públicas e dos agentes do sector. Intervindo cedo, muito poderá ser prevenido e/ou remediado, não hipotecando dessa forma a aposta no desenvolvimento do sector que se quer fazer/manter. Importará a propósito não esquecer que a receptividade e postura dos habitantes do destino turístico são peça essencial da atractividade do lugar e da qualidade do serviço prestado.
Foi neste contexto que foi decidido avançar com o estudo de que se dá notícia, isto é, convencidos que estamos que a opinião das comunidades locais precisa ser incorporada no planeamento turístico que é feito ou devia sê-lo e na gestão quotidiana da actividade, o estudo realizado é o modesto contributo que quisemos dar para a materialização de um desenvolvimento mais frutuoso e mais sustentável do turismo cultural em Guimarães e no Minho, de um modo geral.
Lembro que o trabalho de inquirição dos residentes de Guimarães foi conduzido por um grupo de trabalho constituído por Laurentina Vareiro, Paula Remoaldo, Vítor Marques e pelo signatário deste texto, no primeiro quadrimestre do presente ano. Recordo também que a opinião expressa sobre a oportunidade da aposta do município no sector se revelou esmagadoramente positiva, com 98,2% dos inquiridos a declarar que tinha uma opinião favorável ou muito favorável ao desenvolvimento do turismo.
Interessante é entretanto a percentagem relativamente baixa daqueles que responderam indicando que o desenvolvimento da actividade turística tinha contribuído para melhorar a sua posição económica. Em contraponto, isto é, descrendo que o turismo lhes venha a proporcionar benefícios directos, estão 54,8% dos inquiridos. Dito de outro modo, se é verdade que a generalidade dos residentes do município vê na indústria do turismo uma oportunidade para Guimarães, não têm tanta certeza de que tal reverterá para seu próprio proveito.
Tendo em consideração que o turismo cultural é emergente no território objecto da análise, as grandes expectativas existentes sobre o potencial socioeconómico que o sector encerra, conforme os resultados encontrados de um modo geral demonstram, serão, porventura infundadas e poderão mesmo materializar uma percepção algo ingénua dos impactos do turismo.
Considerando globalmente os impactos entrevistos, é por outro lado marcante que o contacto com culturas diferentes, os estímulos à preservação da cultura local e do artesanato, e os incentivos à conservação e restauro de edifícios históricos tenham sido os mais destacados. Curiosamente, dessa lista, numa posição discreta (9º lugar, por ordem inversa de importância), consta a percepção de que o turismo “Aumenta os preços”, isto é, pode contribuir para o aumento dos preços dos bens e serviços. Esta leitura estará associada à de aumento da procura que incidirá sobre equipamentos disponíveis e bens e serviços, decorrente do afluxo de turistas.
Outras preocupações que emergiram, mesmo que com expressão minoritária, para já, foram as seguintes: “Aumenta a taxa de criminalidade” (posicionada na 11ª posição, por ordem de relevo conferido pelos residentes); “Gera ruído excessivo no centro histórico” (12ª posição); “Leva os residentes locais a mudarem o seu comportamento tentando imitar o dos turistas” (13ª posição); “O turismo reduz o acesso por parte dos residentes a sítios e equipamentos de lazer” (14ª posição).
Sem representatividade no contexto da amostra de residentes inquirida, emergiram igualmente outras preocupações, como sejam as seguintes: o eventual aumento da insegurança pessoal decorrente da expansão da actividade turística; a escassez de alternativas em matéria de parqueamento automóvel; eventuais efeitos de deterioração física do centro histórico da cidade; o congestionamento a nível de tráfego automóvel; a insuficiência da sinalética existente; preocupações genéricas com acessibilidades e regulação do trânsito.
Porque a expressão minoritária de hoje se pode converter na expressão dominante de amanhã, estas preocupações deverão merecer desde já a atenção das autoridades públicas e dos agentes do sector. Intervindo cedo, muito poderá ser prevenido e/ou remediado, não hipotecando dessa forma a aposta no desenvolvimento do sector que se quer fazer/manter. Importará a propósito não esquecer que a receptividade e postura dos habitantes do destino turístico são peça essencial da atractividade do lugar e da qualidade do serviço prestado.
Foi neste contexto que foi decidido avançar com o estudo de que se dá notícia, isto é, convencidos que estamos que a opinião das comunidades locais precisa ser incorporada no planeamento turístico que é feito ou devia sê-lo e na gestão quotidiana da actividade, o estudo realizado é o modesto contributo que quisemos dar para a materialização de um desenvolvimento mais frutuoso e mais sustentável do turismo cultural em Guimarães e no Minho, de um modo geral.
J. Cadima Ribeiro
(artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho, no âmbito de coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")
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