Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

segunda-feira, março 05, 2007

“Desenvolvimento e assimetrias sócio-espaciais: perspectivas teóricas e estudos de caso”

Apresentação pública do livro
“Desenvolvimento e assimetrias sócio-espaciais: perspectivas teóricas e estudos de caso”, Manuel Carlos Silva, Ana Paula Marques e Rosa Cabecinhas (Orgs.), edição do Núcleo de Estudos em Sociologia, Universidade do Minho, e da Editora Inovação à Leitura, Braga, 2005(?).
Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, Braga, 5 de Março de 2007

«Estrutura do comentário/da apresentação do livro:
i) Paradigmas teórico-conceptuais paralelos e leituras diferenciadas dos mesmos objectos analíticos;
ii) Diversidade e complementaridade de propostas do livro: unidade na diversidade?
iii) Os destaques deste leitor;
iv) Concluindo: a certeza de valer a pena o debate e o questionamento das coisas.

1. Paradigmas teórico-conceptuais paralelos e leituras diferenciadas dos mesmos objectos analíticos
Há cerca de uma dezena e meia de anos (Outubro de 1992), realizou-se na Universidade do Minho, em Gualtar, o I Encontro Nacional de Economia Industrial, que, entre outros, contou a presença de um professor e investigador português que trabalha nos EUA. O paradigma em que se filia(va) o dita professor é, assumidamente, o neoclássico, versão revista e actualizada.
O que me impressionou sobremaneira na sua intervenção na citada conferência foi a circunstância de tudo o que discorria em matéria de análise económica e teoria do crescimento – e tratava-se das últimas novidades teórico-conceptuais avançadas pela corrente em que se filiava - me fazer lembrar leituras que eu fizera e autores que conhecia, referenciados ao final dos anos cinquenta do séc. XX, e seus continuadores.
Chegada a hora do debate, protegido pela minha irreverência académica, atrevi-me a questioná-lo sobre se havia lido François Perroux, Albert Hirschman ou Gunnar Myrdal, economistas heterodoxos que foram os fundadores da corrente de pensamento designada do crescimento desequilibrado. Pareceu-me surpreso com a pergunta, admitindo de seguida que não.

Invoco nesta altura esta situação por, nalguma medida, ter sentido similar desconforto quando peguei no livro que é suposto aqui apresentar e/ou comentar, “Desenvolvimento e assimetrias sócio-espaciais: perspectivas teóricas e estudo de caso”, particularmente, lendo o texto assinado por Manuel Carlos Silva e António Carlos Cardoso. Ao paralelismo de leituras de autores que conheço, somam-se algumas divergências de notação e conceptuais de que dei conta (porventura, neste último caso, em razão de limitações das traduções das obras que tomaram como referências).

Obviamente que seria sempre de esperar que sentisse algum desconforto, confrontado que era com uma colectânea de textos que, salvo erro, acolhem um único economista, Eugénio Rosa. Devo-vos dizer, no entanto, que outro tanto não seria de esperar que resultasse da temática organizadora dos contributos retidos, “Desenvolvimento e assimetrias sócio-espaciais: perspectivas teóricas e estudo de caso”, por ser, em grande medida, o meu próprio objecto de investigação e análise. Aliás, julgo que essa terá mesmo sido a razão que levou os organizadores do livro a convidar-me para fazer esta apresentação/este comentário.
Esta minha afinidade temática prolonga-se na amizade e/ou conhecimento de diversas lides que tenho com/de diversos dos autores cujos contributos estão disponíveis, de Miguel Melo Bandeira, Paula Cristina Remoaldo e Manuel Carlos Silva a José Portela.»

J. Cadima Ribeiro

(extracto inicial de texto produzido no contexto que fica explicitado no cabeçalho)

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