Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

sábado, março 10, 2007

“Desenvolvimento e assimetrias sócio-espaciais: perspectivas teóricas e estudos de caso” - IV

«Apresentação pública do livro
“Desenvolvimento e assimetrias sócio-espaciais: perspectivas teóricas e estudos de caso”, Manuel Carlos Silva, Ana Paula Marques e Rosa Cabecinhas (Orgs.), edição do Núcleo de Estudos em Sociologia, Universidade do Minho, e da Editora Inovação à Leitura, Braga, 2005(?).
[...]

3. Os destaques deste leitor
3.2. O segundo destaque de leitura refere-se à forma como os tecidos produtivos evoluem e como as estratégias de mobilidade social se conjugam com a configuração dos ditos tecidos produtivos locais/regionais.
Recupero, a esse título, a passagem do texto de Fernando Bessa Ribeiro (p.108) onde se diz que “Este aspecto permite, em parte, perceber o processo de diversificação industrial verificado em Águeda alguns anos antes […]. Ferragens e bicicletas são actividades metalúrgicas com técnicas e saberes muito próximos, pelo que, existindo condições de mercado propícias, rapidamente se desencadearia a actividade industrial no sector das bicicletas”. E recupero, de idêntico modo, uma outra (p.108/9), a saber: “Da comercialização à industrialização ia um pequeno passo, atendendo a que existia uma longa tradição metalúrgica […]”.
Uma e outra invocação levam-me aos resultados da minha (própria) investigação. Concretamente, no 1ª caso, a uma das conclusões centrais da tese de doutoramento que defendi vai para quase 20 anos, e que se exprime na ideia que, em regra, “o futuro se afirma a partir das traves-mestras (legados) do passado e segundo as directrizes do presente” (Cadima Ribeiro, 1989), isto é, que, quando se considera a evolução económica do Minho, como era o caso em análise - incluindo a sua e progressão industrial - facilmente somos reconduzidos às teses de F. Braudel e outros de rejeição das ideias de ruptura, linearidade e inelutabilidade dos processos de industrialização.
Ainda tendo presente os resultados da minha investigação - na circunstância, um pequeno projecto de 1991 sobre “O tecido empresarial do Minho -, valerá a pena, a propósito, lembrar que os promotores de novos projectos empresariais identificados apresentavam como perfil o seguinte:
i) 55,3%, haviam sido antes quadros administrativos (aqui incluídos os agentes comerciais);
ii) 25,4% provinham do grupo dos patrões e chefes de empresa;
iii) 15,8% tinham sido previamente técnicos assalariados; e
iv) 3,5% eram originários de outras categorias sócio-profissionais.
A presença que se anota da categoria quadros administrativos “põe em destaque o acesso à informação sobre os mercados, a convivialidade com as redes de distribuição e seus agentes como importantes elementos desencadeadores da iniciativa empresarial autónoma” (Cadima Ribeiro, 1991, p.6).»
J. Cadima Ribeiro
(extracto de texto produzido no contexto que fica explicitado no cabeçalho)

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