Título do livro: Os Territórios na Era das Redes: Cultura digital, ação
coletiva e bens comuns
Autor: António Covas
Comunhão de visões entre o autor e o apresentador (J. Cadima Ribeiro)
Numa perspetivação de desenvolvimento e organização dos territórios,
António Covas enuncia a necessidade da formação/materialização de um ator-rede,
“que seja capaz de ouvir, interpretar, promover e realizar as aspirações de um
território que é desejado”.
Na verdade, na perspetiva da mobilização dos agentes e organização para o
desenvolvimento dos territórios, sobretudo dos mais frágeis, a necessidade da existência
desse tipo de atores sempre existiu.
Chamei-lhes, lideres regionais, sendo que enunciei essa liderança como
podendo ser protagonizada quer por um ator individual quer por um ator coletivo,
uma entidade de desenvolvimento ou uma convergência de atores apostados na
materialização de um projeto comum para um certo território.
Divergências de leitura entre o autor e o apresentador
Diz António Covas que “a grande inovação da economia dos bens comuns
colaborativos” (BCC) “é o acréscimo de
eficácia e eficiência introduzido pela transformação digital nas áreas
habitualmente institucionalizadas e burocratizadas, mas, também, a devolução da
responsabilidade social aos cidadãos e à sociedade civil”.
A propósito, gostaria de sublinhar que, em muitas situações, a
transformação digital, e a chamada desmaterialização, trouxe consigo um
acréscimo infindável de rotinas burocráticas e o acréscimo de inteligibilidade
do porquê de se realizarem uma multiplicidade de operações/gestos (cliques)
para se aceder a um bem ou serviço ou formalizar uma decisão sobre algo.
Quem está familiarizada com a atual rotina burocrática/administrativa de
algumas organizações sabe que o que, no passado, se resolvia com uma
assinatura, hoje, implica, muitas vezes, uma dezena ou mesmo mais de “cliques”
e/ou a introdução associada de informações codificadas numa plataforma
eletrónica.
Isso resulta, frequentemente, de quem desenha essas rotinas digitais i) não
ter ideia alguma de princípios de gestão de uma organização e ii) não ter
nenhuma preocupação com o caráter “amigável” que as tecnologias de informação e
comunicação devem ter para os utilizadores comuns.
Por outro lado, a devolução da responsabilidade social aos cidadãos e à
sociedade civil não decorre e não implica o multiplicar de rotinas informáticas
mas, antes, um modelo de organização do Estado que aproxime o poder dos
cidadãos, isto é, que aposte na devolução do poder aos cidadãos, o que quer
dizer aprofundamento democrático e, logo, também regionalização e
descentralização do poder político.
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