Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

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quinta-feira, março 24, 2022

Revisitando um editorial escrito para o Jornal Têxtil, em maio de 2006


Jornal Têxtil: para que te quero?

Não assisti ao nascimento do Jornal Têxtil, mas nem por isso nutro menos simpatia por este projecto informativo e pelos que, com dedicação e profissionalismo, lhe foram dando expressão substantiva. Sei que não é tarefa fácil ser voz anunciadora de caminhos incertos, mesmo que promissores. Sei, bem assim, que não é fácil ser-se ponto de encontro de um “sector” tão diverso e complexo como é o que dá nome ao Jornal. A prová-lo aí está o “impasse” porque passa a entidade que é sua promotora.

Se o futuro se constrói com informação qualificada e com conhecimento, então continuará a haver lugar para o Jornal Têxtil (JT), desde que saiba renovar-se e preservar a exigência que o tem caracterizado. É este, tal e qual, o desafio que a própria fileira produtiva enfrenta, agora mais patente face à afirmação dos grandes operadores têxteis recém-chegados aos mercados mundiais.

Na senda do caminho feito, o JT tem que redobrar insistência em conceitos operativos como os de parceria (parceria de empresas; parceria de empresas e entidades do sistema científico e tecnológico; parceria de agentes de desenvolvimento), inovação (no produto, no processo, no modelo de negócio) e de ousadia (ousar fazer diferente, ousar fazer melhor).

Braga, 24 de Maio de 2005


J. Cadima Ribeiro

 

quarta-feira, abril 27, 2016

“Discussing the posthosting evaluation of a mega sporting event: The perception of Warsaw Residents toward UEFA EURO 2012”

[Este artigo foi publicado na prestigiada Tourism and Hospitality Research. Nesta investigação, perguntámos aos habitantes de Varsóvia, no período entre 2013 e 2014, o que pensavam depois da festa que foi o Euro 2012]

(título e excerto de mensagem, datados de sábado, 23 de abril de 2016, disponível em Economia sem Gravata) 

sábado, março 23, 2013

Impactos do envelhecimento na sociedade portuguesa

Resposta às questões formuladas pela jornalista Lurdes Trindade, do Jornal de Leiria, endereçadas em 2013/03/15
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1 - Quais os impactos do envelhecimento na sociedade portuguesa? 
R: O envelhecimento da população portuguesa acarreta diversos tipos de impactos, estando entre eles os seguintes: i) a dificuldade crescente em manter sustentáveis os sistemas de saúde e de segurança social, face aos desequilíbrios que tendem a gerar-se entre os activos que geram os descontos (receitas) e os reformados que vivem das pensões pagas com essas receitas e são beneficiários passivos desses sistemas; ii) a tendencial perda de dinamismo social, económico e empresarial, pressupondo-se que populações mais jovens são mais produtivas, têm menor aversão ao risco e tendem a ser mais criativas; iii) uma descida no consumo, já que uma população envelhecida é uma população que tende a consumir menos produtos e esta baixa de consumo é visível a partir, sensivelmente, dos 50 anos de idade; iv) a alteração nos hábitos e nos padrões de consumo, isto é, os tipos de bens e serviços consumidos e os modelos de convívio social alteram-se com a idade; e v) a perda de vitalidade demográfica, com expressão em taxas de natalidade muito baixas e, logo, num efeito cumulativo de acentuação dos desequilíbrios entre população idosa e população jovem, e entre população em idade activa e população aposentada, o que, por sua vez, questiona redobradamente a capacidade de manter sustentáveis os sistemas públicos de saúde e de segurança social.

2 - Considera que a sociedade portuguesa está a preparar-se adequadamente para este fenómeno que apesar de tudo não é recente? 
R: Não, de modo algum, até porque é uma realidade bem do presente a “fuga” para o exterior do país de população jovem, ainda por cima detentora de qualificações académicas mais elevadas do que a média e que poderiam, por um lado, ajudar a combater a redução da natalidade e, por outro lado, contribuir para o equilíbrio financeiro da segurança social. Face à falta de oportunidades de emprego existentes em Portugal e face à incapacidade do governo de passar para a sociedade sinais de esperança, essa “fuga” é perfeitamente compreensível. A perda de dinamismo demográfico também se podia combater com o acolhimento de população estrangeira, normalmente jovem e mais fecunda mas, do mesmo modo que para os nacionais, era necessário que se criassem oportunidades de emprego que os atraíssem e fixassem entre nós. Também as políticas de apoio à natalidade e à infância mantidas em Portugal, aparte terem sido sempre razoavelmente inconsistentes, sofreram imenso com as políticas recentes de angariar receitas e descartar encargos públicos a todo o custo. 

3 - Com o envelhecimento, surgem também as doenças, as demências, tudo associado a um contexto de maiores carências sócio-económicas. Assiste-se, pois, ao aumento do índice de dependência de idosos. Que solução Portugal tem para inverter esta situação? 
R: No essencial, a resposta a esta questão foi dada quando enderecei as duas questões anteriores. Sublinho: por um lado, importa reverter esta situação de ausência de crescimento económico, de criação de emprego e de vazio de esperança que está instalada. Com o crescimento da economia vem o crescimento das oportunidades de emprego e da esperança de se alcançar melhores níveis de bem-estar económico e social. Não se redistribui o que não há, seja em favor das crianças e jovens, seja tendo como destinatária a população mais idosa. Por sua vez, o emprego e a esperança são a resposta para o rejuvenescimento da população, pela via da natalidade e da atracção de população imigrante, e para que seja assegurada a viabilidade financeira dos sistemas de saúde e de segurança social. 
A solução que vem sendo prosseguida de aumentar a idade de reforma e de reduzir pensões e apoios sociais é uma falsa resposta. Que sentido faz aumentar o limite de idade a que alguém pode aceder a uma pensão de reforma quando o principal drama que o país vive é o da inexistência de oportunidades de emprego? 

4 - Considera que a segurança social está em causa? 
R: Se estamos a falar da viabilidade a médio e a longo prazo, a resposta só pode ser afirmativa. Mesmo que as receitas geradas até um passado recente possam ir cobrindo os encargos (acrescidos) do presente, se não for possível preservar o equilíbrio entre o dinheiro que vai entrando e a despesa que decorre dos encargos com pensões de reforma, saúde e apoios aos desempregados, a insustentabilidade do sistema emergirá a médio prazo, um médio prazo muito próximo, como tem sido referido amiúde na comunicação social. 

 5 - O futuro das nossas famílias está comprometido? 
R. Com estas políticas, não é só o futuro das nossas famílias que está comprometido. É o bem-estar mínimo presente das famílias que está comprometido e é o futuro do país que está em causa. Falo do futuro do país no sentido, desde logo, da soberania, que nesta altura está em grande medida hipotecada aos credores financeiros externos, mas que será reforçadamente questionada se a economia nacional não for capaz de entrar rapidamente num ciclo de crescimento que permita, a pouco e pouco, deixá-la menos refém dos apetites e comandos financeiros exteriores. Conforme creio ser bem conhecido, a dívida pública total não cessa de crescer, pese ou, diria antes, por força da “ajuda” financeira externa e das políticas que aquela traz associadas. 

6 - Por fim, um conselho para quem está a envelhecer.... 
R: Num quadro económico e político como o actual, é difícil dar conselhos que não apontem no sentido da luta que importa dar às políticas sociais e económicas que vêm sendo implementadas. Estou absolutamente convencido que não haverá resposta para as dificuldades que atingem as famílias e empobrecem Portugal fora de um cenário de alteração do quadro político vigente. Nesse sentido, como dizia há alguns dias numa conferência em que participei, ouvir-se cantar nas ruas “Grândola, vila morena” é um sinal de esperança.

Braga, 18 de Março de 2013 

 J. Cadima Ribeiro 
 (Economista. Professor Universitário)

terça-feira, outubro 23, 2012

quarta-feira, setembro 19, 2012

A esperança falhada…

Como podem os governantes portugueses convencer-me de que com mais austeridade poderemos aspirar a salvar a nossa economia e vê-la crescer num futuro próximo?
Não passam de balelas! Ao visitar a Finlândia neste Setembro quente de 2012, depois de em Agosto ter ido à Alemanha, só posso ter a certeza de que estão a brincar connosco ou, então, são tão “experimentalistas” que nem sabem bem o que estão a afirmar de forma tão veemente!
Ao assumir de forma tão irreflectida a austeridade, estão a camuflar inúmeros problemas inerentes à cultura portuguesa e que sobressaem quando visitamos outros países muito mais avançados que nunca conseguiremos alcançar, como, por exemplo, a Finlândia. Este país, que alberga um povo que é metade da população do nosso país consegue viver em grande harmonia com a natureza. E respeita essa mesma natureza. Vive de uma forma simples e poupa muito tempo porque é muito organizado. Poderão alguns afirmar que são demasiado organizados, mas isso é de tal forma vantajoso que se dão ao luxo de começar cedo a jornada de trabalho, fazerem duas pequenas pausas no dia de trabalho para beber café ou chá, almoçarem em meia-hora (um almoço mais leve do que o nosso) e sair cedo do local de trabalho, pelas 16 horas (alguns mais cedo), a tempo de vivenciar a sua vida familiar.
Não perdem tempo nos corredores a conversar na jornada de trabalho. Cada um desenvolve as sua tarefas e encontra-se com os outros na pequena pausa que fazem.
Por outro lado, enquanto em Portugal assistimos a um colapso do ensino, com milhares de alunos com dificuldades em assegurar a sua continuidade numa Universidade, na Finlândia os estudantes têm direito a 500 euros mensais dados pelo Governo, durante cerca de 5 anos para poderem fazer um Curso superior e um mestrado. Acresce ainda que não têm de pagar propinas. O ensino é gratuito. Como conseguimos competir com um sistema destes? É impossível.
Acresce ainda que o staff das universidades é completo. Uns dedicam-se à parte mais técnica (organizam os cursos, organizam os centros de investigação,…), outros dão sobretudo aulas e são equipas multidisciplinares. Por exemplo, um informático ajuda muito num departamento de ciências sociais… Têm dinheiro para a investigação e para desenvolver projectos. E dizem eles que agora as coisas estão pior por causa da crise internacional!...
Decidi que quando for grande quero ser finlandesa!... Ainda que esperem que eu seja muito organizada e dedicada ao trabalho, terei tempo para a minha família, viverei junto de um dos 188.000 lagos ou numa das 179.000 ilhas existentes, numa simples casa de madeira, com todo o conforto interior de que necessitarei. Terei um bonito jardim e a minha casa será cercada apenas por sebes naturais (sem muros, nem grades), pois sei que viverei em segurança. Terei um baloiço e um escorrega para os meus filhos brincarem. Pertencerei ao grupo de mulheres das mais emancipadas do planeta Terra e poderei estudar sem me preocupar com as propinas que me pedem em cada ano lectivo. Poderei ser professora, pois terei tempo para fazer investigação e tentar publicar nas revistas internacionais mais prestigiadas. Tentarei adaptar-me ao clima, seguramente um dos poucos handicaps da Finlândia… Serei uma cidadã activa, assinando petições que os políticos consideram quando pensam em demolir algum edifício antigo… Nessa altura, quando quiser ser finlandesa, nunca mais me recordarei que um dia tentei ser portuguesa, mas que a esperança acabou por sair falhada…

Paula Cristina Remoaldo

segunda-feira, agosto 11, 2008

Mudando de assunto: humor negro

A nova alcunha do Governo é 'LATINHA'...
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(título de mensagem, datada de Quinta-feira, 7 de Agosto de 2008, disponível em MARGINAL ZAMBI)

terça-feira, janeiro 29, 2008

Eurobarómetro: relatório relativo a Portugal

«A Comissão Europeia realiza semestralmente um estudo de opinião nos Estados membros da União Europeia, intitulado Eurobarómetro, que analisa o estado da opinião pública europeia sobre questões de política geral e europeias.
O presente estudo, Eurobarómetro 68, foi realizado entre os dias 22 de Setembro e 3 de Novembro de 2007, nos 27 Estados membros da União Europeia, nos dois países candidatos (Croácia e Turquia), na comunidade turca de Chipre e na Antiga República Jugoslava da Macedónia. Foram feitas 30.281 entrevistas (entre as quais 1.000 em Portugal).
Com base nos mesmos dados, uma equipa de especialistas nacionais elaborou o Relatório Nacional relativo a Portugal, que é publicado hoje. Este relatório analisa o actual clima da opinião pública portuguesa relativamente à situação a nível nacional e europeu, à economia e ao mercado laboral e às perspectivas de desenvolvimento futuro da União Europeia.

Eurobarómetro 68

Relatório Nacional relativo a Portugal»

(reprodução integral do texto datado de 08/01/28 do RAPID - Boletim da Representação em Portugal da Comissão Europeia, intitulado "EUROBARÓMETRO 68 - PUBLICAÇÃO DO RELATÓRIO SOBRE PORTUGAL")

quinta-feira, janeiro 10, 2008

A valorização do euro e o pessimismo dos portugueses

A criação do espaço euro permitiu dar estabilidade às economias da zona euro, obrigadas a rigorosas regras orientadas pelo Banco Central Europeu, em conjunto com cada um dos bancos centrais nacionais. Além da estabilidade monetária, que cria condições para uma taxa de inflação baixa e controlada, o euro agilizou as trocas comerciais entre estes países, fazendo diminuir os custos de transacção com câmbios de moeda, as barreiras aduaneiras e outros, o que permitiu tornar mais barato transportar e comercializar serviços dentro do espaço euro. O euro tornou-se, assim, uma moeda forte, logo os países do euro podem comprar mais e mais barato. A maioria das moedas tinha, e tem ainda, como referência o dólar americano. Numa altura em que o euro bate um novo recorde de valor em relação á moeda americana (a moeda única europeia está a negociar acima dos 1,47 dólares, impulsionada pelas expectativas de que a Reserva Federal dos Estados Unidos irá baixar a sua taxa de referência em 50 pontos base para evitar que a maior economia do mundo entre em recessão) para os países da zona euro comprar matérias-primas, produtos energéticos ou outras mercadorias aos países de fora, particularmente os que têm por referência o dólar americano, torna-se mais barato, podendo comprar mais e melhor.
Contudo, se pertencer á zona euro permite importar mais, já para quem está fora do espaço é mais caro comprar dentro da zona euro. Os nossos produtos ficam mais caros, sendo mais difícil exportá-los. No mundo global em que vivemos, as empresas para sobreviver têm de conseguir alargar os seus mercados, internacionalizar e exportar. Com um euro cada vez mais forte, é cada vez mais difícil esta tarefa, o que torna os produtos menos competitivos e, em última fase, coloca em risco a vida das próprias empresas. E todos sabemos que quando a existência das empresas está em risco, os postos de trabalho também o estarão.
Segundo um estudo apresentado no início de Dezembro de 2007 (Roper Reports, realizado pela empresa de estudos de mercado Gfk), os portugueses estão cada vez mais pessimistas face aos indicadores económicos, sendo Portugal o segundo país (a seguir ao Japão), onde os cidadãos mostram menos confiança quanto á sua situação económica pessoal. No topo das preocupações dos portugueses estão a eventual recessão e desemprego, o crime e a ausência de lei e a inflação e os preços elevados. Entre os portugueses, apenas 26 por cento acredita que daqui a 12 meses a sua conta bancária estará de melhor saúde. De realçar que dos 31 países analisados neste estudo, Portugal é o único que apresenta duas referências a questões económicas no top 3 das preocupações dos cidadãos. O que se percebe com facilidade: o país continua mais ou menos de tanga, o desemprego aumenta (ou como os governantes gostam de dizer “os empregos diminuem”), as pensões sobem pouco, as greves sucedem-se e, enquanto assistimos á novela do futuro aeroporto internacional do país, vamos perdendo a vontade de sorrir quando toca a fazer contas e fazer render o salário até ao final do mês.

Nelson Cerqueira

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Portuguesa”)

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Inquérito do “Público”

Um inquérito do “Público” que questiona as expectativas dos seus leitores quanto à evolução económica comparando este ano com o ano que aí vem.

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INQUÉRITO

Parte superior do formulário
Para si, o ano de 2007, em termos económicos, vai ser:
1 - Melhor
2 – Igual
3 – Pior

Parte inferior do formulário
As respostas obtidas até ao momento (abaixo) revelam que a confiança dos votantes é negativa já que maioria dos votantes (47%) revela expectativas de evolução negativas.

Para si, o ano de 2007, em termos económicos, vai ser:

1 - Melhor: 29 % (548)

2 – Igual: 23 % (435)

3 – Pior: 47 % (905)

Total de votantes: 1888

Cada leitor só pode votar uma vez. Caso vote uma segunda vez, o segundo voto irá substituir o primeiro.
Este inquérito não obedece aos critérios de validade científica das sondagens e não pretende representar com rigor as opções do público em geral nem as dos utilizadores da Internet. Ele tem um valor meramente indicativo das preferências dos nossos leitores.
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Repare-se, no entanto, que este inquérito representa meramente as preferências deste jornal diário e não da população portuguesa em geral.
Será que esta opinião se generaliza à população portuguesa? Esperemos que não pois o índice de confiança não joga a favor do progresso económico, muito pelo contrário.
Peço-lhes que mostrem a vossa opinião quanto à vossa expectativa em relação ao ano de 2007 comparativamente a este ano e refiram o porquê dessa esperança.
Começo por responder com a minha opinião, a qual se revela optimista, ou seja, acredito numa evolução positiva para o próximo ano dadas as medidas que têm sido tomadas para reverter a actual tendência.

Fátima Couto

(doc. da série artigos de análise/opinião)