Muito recentemente os analistas “profetizaram” que o barril de petróleo poderia atingir, a breve prazo, os 200 dólares americanos (EUA$). De momento (24 de Maio), o barril situa-se nuns agressivos 135 EUA$, sendo que no dia 2 de Janeiro de 2004 se situava nos 29,55 EUA$. Em quatro anos e meio, o preço do crude quase quintuplicou. A sociedade chora só por ver quanto custa encher o depósito do seu automóvel para poder ir ao café que fica ao lado. Esperava-se que o biodiesel permitisse melhorar a situação. No entanto, para surpresa de muitos, acontece que a matéria-prima de que é feito o biodiesel são os cereais. Agora, biodiesel nem vê-lo e, para além do alto preço da gasolina, temos também de nos preocupar com os preço da alimentação.
As empresas também sofrem com a subida dos preços dos combustíveis. Vão perdendo a capacidade de competir e não podem subir os preços porque os clientes andam de carteira leve.
Felizmente, nos Estados Unidos da América (EUA) foi encontrada uma opção: a General Motors (GM) criou o EV1 (Electric Vehicle1), um carro movido a electricidade. Poderíamos pensar que ele vai demorar a cá chegar, mas a verdade é que esse veículo foi lançado no mercado em 1996 e retirado do mesmo em 2000, como é documentado no filme “Who killed the electric car?”.
Entretanto, surgem outras soluções: os híbridos. Esta tecnologia combina um motor de combustão com um motor eléctrico, de forma a reduzir o consumo de combustível e as emissões de gases poluentes. O modelo mais popular de todos os híbridos, o Prius da Toyota, custa entre 26’882, 37 € e 29’952,37 €, sendo relativamente caro para o comum dos cidadãos nacionais. Nos EUA ele custa 21’500 EUA$ (13’646 €) e, apesar deste valor não incluir o imposto, há que duvidar que, com o acréscimo do mesmo, alguma vez atinja o valor a que é vendido em Portugal. Ainda para mais, de acordo com o Fundo Monetário Internacional, o PIB per capita em paridades de poder de compra de Portugal é apenas de 21.701 EUA$ (13,773,60 €), que podemos confrontar com o dos EUA, que é de 45.845 EUA$ (29,097,77 €).
A solução? No meu entender, a procura de uma solução teria de passar pelo desenvolvimento de um plano ambiental de diminuição da dependência energética. No curto prazo, isso implicaria diminuir os impostos sobre os produtos amigos do ambiente e eficientes em termos energéticos, como é o caso dos veículos híbridos, de forma a proporcionar-lhes um nicho de mercado.
No longo prazo, a solução é mais complicada. Teremos, primeiro que tudo, que questionar a capacidade de Portugal, mesmo com colaboração exterior, de produzir veículos eléctricos viáveis. No entanto, penso que isso não seria o maior problema, visto que nos anos 90 a GM, com pouco esforço, conseguiu faze-lo, colocando-os no mercado em 1996. Assume-se esta capacidade pois já passaram 12 anos desde esse acontecimento e a tecnologia foi consideravelmente desenvolvida desde então. Esta ideia é tão boa que até a GM resolveu desenvolver um novo EV. Mas teremos de esperar até que o barril de crude chegue aos 300 ou 400 EUA$ para o ter em Portugal visto que, para os EUA, só estará disponível no mercado em 2010.
A questão do capital é de certo a mais bicuda. Quem teria de investir num projecto desta envergadura? A resposta não é, certamente, agradável, mas é a mais realista: todos. O governo teria de subsidiar parte do projecto de forma a garantir viabilidade às empresas interessadas, tal como cativar outras mais avessas ao risco.
De onde viria a procura, é outra pergunta pertinente, mas que pode ser respondida de duas formas: i) quem não comprará um carro eléctrico quando o barril custar 200 EUA$ ?; ii) As próprias empresas, por forma a reduzir os seus custos e a aumentar a competitividade no seu ramo de mercado.
Uma externalidade seria o incremento de procura de energia eléctrica daí decorrente, que poderia provocar uma subida de preços na electricidade. Mas o país já está a trabalhar em prol de uma expansão da produção de energias solar e eólica e para que esse trabalho seja viável os preços da electricidade terão de subir. De acordo com Giacomo Bizzarri, da Universidade de Ferrara, e com Gianluca Morini, da Universidade de Bolonha, um painel fotovoltaico tem um custo de produção 2,5 vezes o valor que vai produzir em energia eléctrica. Assim sendo, a subida do preço da electricidade tornaria o mercado mais atractivo e o aumento da investigação na área, tal como o aumento da produção, levariam a uma queda dos custos de produção.
No meio de toda esta visão estratégica perdi-me e acabei por nem explicar como funciona um carro eléctrico. Permitam-me citar Tom Hanks a propósito: “This is amazing ... what you do with this electric car, Dave: you put the key in and you turn it and, then, there’s this thing on the floor called the pedal…”.
As empresas também sofrem com a subida dos preços dos combustíveis. Vão perdendo a capacidade de competir e não podem subir os preços porque os clientes andam de carteira leve.
Felizmente, nos Estados Unidos da América (EUA) foi encontrada uma opção: a General Motors (GM) criou o EV1 (Electric Vehicle1), um carro movido a electricidade. Poderíamos pensar que ele vai demorar a cá chegar, mas a verdade é que esse veículo foi lançado no mercado em 1996 e retirado do mesmo em 2000, como é documentado no filme “Who killed the electric car?”.
Entretanto, surgem outras soluções: os híbridos. Esta tecnologia combina um motor de combustão com um motor eléctrico, de forma a reduzir o consumo de combustível e as emissões de gases poluentes. O modelo mais popular de todos os híbridos, o Prius da Toyota, custa entre 26’882, 37 € e 29’952,37 €, sendo relativamente caro para o comum dos cidadãos nacionais. Nos EUA ele custa 21’500 EUA$ (13’646 €) e, apesar deste valor não incluir o imposto, há que duvidar que, com o acréscimo do mesmo, alguma vez atinja o valor a que é vendido em Portugal. Ainda para mais, de acordo com o Fundo Monetário Internacional, o PIB per capita em paridades de poder de compra de Portugal é apenas de 21.701 EUA$ (13,773,60 €), que podemos confrontar com o dos EUA, que é de 45.845 EUA$ (29,097,77 €).
A solução? No meu entender, a procura de uma solução teria de passar pelo desenvolvimento de um plano ambiental de diminuição da dependência energética. No curto prazo, isso implicaria diminuir os impostos sobre os produtos amigos do ambiente e eficientes em termos energéticos, como é o caso dos veículos híbridos, de forma a proporcionar-lhes um nicho de mercado.
No longo prazo, a solução é mais complicada. Teremos, primeiro que tudo, que questionar a capacidade de Portugal, mesmo com colaboração exterior, de produzir veículos eléctricos viáveis. No entanto, penso que isso não seria o maior problema, visto que nos anos 90 a GM, com pouco esforço, conseguiu faze-lo, colocando-os no mercado em 1996. Assume-se esta capacidade pois já passaram 12 anos desde esse acontecimento e a tecnologia foi consideravelmente desenvolvida desde então. Esta ideia é tão boa que até a GM resolveu desenvolver um novo EV. Mas teremos de esperar até que o barril de crude chegue aos 300 ou 400 EUA$ para o ter em Portugal visto que, para os EUA, só estará disponível no mercado em 2010.
A questão do capital é de certo a mais bicuda. Quem teria de investir num projecto desta envergadura? A resposta não é, certamente, agradável, mas é a mais realista: todos. O governo teria de subsidiar parte do projecto de forma a garantir viabilidade às empresas interessadas, tal como cativar outras mais avessas ao risco.
De onde viria a procura, é outra pergunta pertinente, mas que pode ser respondida de duas formas: i) quem não comprará um carro eléctrico quando o barril custar 200 EUA$ ?; ii) As próprias empresas, por forma a reduzir os seus custos e a aumentar a competitividade no seu ramo de mercado.
Uma externalidade seria o incremento de procura de energia eléctrica daí decorrente, que poderia provocar uma subida de preços na electricidade. Mas o país já está a trabalhar em prol de uma expansão da produção de energias solar e eólica e para que esse trabalho seja viável os preços da electricidade terão de subir. De acordo com Giacomo Bizzarri, da Universidade de Ferrara, e com Gianluca Morini, da Universidade de Bolonha, um painel fotovoltaico tem um custo de produção 2,5 vezes o valor que vai produzir em energia eléctrica. Assim sendo, a subida do preço da electricidade tornaria o mercado mais atractivo e o aumento da investigação na área, tal como o aumento da produção, levariam a uma queda dos custos de produção.
No meio de toda esta visão estratégica perdi-me e acabei por nem explicar como funciona um carro eléctrico. Permitam-me citar Tom Hanks a propósito: “This is amazing ... what you do with this electric car, Dave: you put the key in and you turn it and, then, there’s this thing on the floor called the pedal…”.
José Pedro Cadima
Estudante de Economia
Estudante de Economia
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(artigo de opinião publicado na edição de 08/06/03 do Suplemento de Economia do Diário do Minho)
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