A actual situação vivida no Cáucaso vem fortalecer o clima de instabilidade política e económica que assistimos a nível mundial.
O conflito teve início a 7 de Agosto, quando o governo Georgiano decidiu pôr fim à autonomia das regiões separatistas da Abecásia e Ossétia do Sul através da força. Por outro lado, invocando o discurso tantas vezes proferido por Washington nos últimos anos, Moscovo rejeita a hipótese de ter invadido território da Geórgia, alegando estar a proteger os seus cidadãos (dado que a Rússia deu cidadania à esmagadora maioria da população dos dois territórios separatistas, em meados da década de 90) e a preservar os direitos daqueles povos, reconhecendo-lhes a independência relativamente à Geórgia. Deste modo, a Rússia posiciona-se internacionalmente como defensora da liberdade, da democracia e dos direitos das minorias.
Apesar das declarações de Moscovo relativamente às causas da sua intervenção no Cáucaso, continuam a surgir especulações de que o conflito do Cáucaso foi orquestrado pela Rússia por factores comerciais e geopolíticos, dado que a região é muito rica em combustíveis fosseis e é também uma das principais rotas de distribuição petrolífera da Europa.
No entanto, a intervenção Russa não é aceite pela comunidade internacional e o presidente Francês, Nicolas Sarkozy, que é também o actual presidente em exercício da União Europeia (UE), salientou a "urgente necessidade" de diminuir a tensão, sublinhando a importância da retirada dos contingentes militares Russos em zonas tampão à volta das regiões separatistas georgianas da Abecásia e da Ossétia do Sul.
A cimeira realizada no passado dia 1 de Setembro, em Bruxelas, ficou marcada pela incapacidade da União Europeia tomar uma posição firme e unificada quanto às possíveis sanções a aplicar a Moscovo. Este desfecho foi fortemente influenciado pela excessiva dependência petrolífera da UE relativamente a Moscovo. Mais propriamente, a Eslováquia, Hungria, Polónia e Letónia têm uma dependência petrolífera da Rússia superior a 90%. A Alemanha e a Suécia importam cerca de 35% do petróleo da Rússia. Portugal e a Dinamarca situam-se no fundo da tabela no que respeita à dependência petrolífera relativamente a Moscovo, com 1% e 0% respectivamente. Em matéria de gás natural, a situação é igualmente desmotivante, pois 25% do gás consumido pela União provém da Rússia.
Perante este cenário, é compreensível a divergência de opiniões no seio da UE bem como a posição prudente adoptada pelos seus dirigentes, pois uma tentativa de aplicar sanções a Moscovo teria um impacto brutal a nível da economia europeia, com a possibilidade de Moscovo suspender o fornecimento de petróleo e gás natural.
No entanto, após a reunião com Dmitry Medvedev, o presidente Francês Nicolas Sarkozy conseguiu obter de Moscovo o compromisso de retirada das tropas russas presentes em torno do porto de Poti, no prazo máximo de um mês. Contudo, o contingente militar russo em torno das regiões separatistas da Abecásia e Ossétia do Sul irá permanecer no local, dado que a Rússia reconheceu a independência dessas regiões.
Apesar do aparente sucesso das negociações, Moscovo teima em não abdicar de “proteger” as regiões da Abecásia e Ossétia do Sul pois esse avanço geoestratégico é fundamental para reforçar a sua influência nestas áreas política e economicamente importantes.
A Europa não tem conseguido construir uma relação de confiança com a Rússia e muito desse fracasso deve-se ao facto da atitude arrogante demonstrada por Moscovo nas relações comerciais. A política de crescimento conduzida por Vladimir Putin, direccionada para o incremento das exportações, e o seu distanciamento em relação à UE e o mundo revelam essa sede de imposição.
De facto, tudo indica que esta situação irá continuar, pois a Rússia, que parece não ter recuperado do golpe sofrido em 1989, vem, desde então, tentado recuperar a sua influência no panorama internacional.
O conflito teve início a 7 de Agosto, quando o governo Georgiano decidiu pôr fim à autonomia das regiões separatistas da Abecásia e Ossétia do Sul através da força. Por outro lado, invocando o discurso tantas vezes proferido por Washington nos últimos anos, Moscovo rejeita a hipótese de ter invadido território da Geórgia, alegando estar a proteger os seus cidadãos (dado que a Rússia deu cidadania à esmagadora maioria da população dos dois territórios separatistas, em meados da década de 90) e a preservar os direitos daqueles povos, reconhecendo-lhes a independência relativamente à Geórgia. Deste modo, a Rússia posiciona-se internacionalmente como defensora da liberdade, da democracia e dos direitos das minorias.
Apesar das declarações de Moscovo relativamente às causas da sua intervenção no Cáucaso, continuam a surgir especulações de que o conflito do Cáucaso foi orquestrado pela Rússia por factores comerciais e geopolíticos, dado que a região é muito rica em combustíveis fosseis e é também uma das principais rotas de distribuição petrolífera da Europa.
No entanto, a intervenção Russa não é aceite pela comunidade internacional e o presidente Francês, Nicolas Sarkozy, que é também o actual presidente em exercício da União Europeia (UE), salientou a "urgente necessidade" de diminuir a tensão, sublinhando a importância da retirada dos contingentes militares Russos em zonas tampão à volta das regiões separatistas georgianas da Abecásia e da Ossétia do Sul.
A cimeira realizada no passado dia 1 de Setembro, em Bruxelas, ficou marcada pela incapacidade da União Europeia tomar uma posição firme e unificada quanto às possíveis sanções a aplicar a Moscovo. Este desfecho foi fortemente influenciado pela excessiva dependência petrolífera da UE relativamente a Moscovo. Mais propriamente, a Eslováquia, Hungria, Polónia e Letónia têm uma dependência petrolífera da Rússia superior a 90%. A Alemanha e a Suécia importam cerca de 35% do petróleo da Rússia. Portugal e a Dinamarca situam-se no fundo da tabela no que respeita à dependência petrolífera relativamente a Moscovo, com 1% e 0% respectivamente. Em matéria de gás natural, a situação é igualmente desmotivante, pois 25% do gás consumido pela União provém da Rússia.
Perante este cenário, é compreensível a divergência de opiniões no seio da UE bem como a posição prudente adoptada pelos seus dirigentes, pois uma tentativa de aplicar sanções a Moscovo teria um impacto brutal a nível da economia europeia, com a possibilidade de Moscovo suspender o fornecimento de petróleo e gás natural.
No entanto, após a reunião com Dmitry Medvedev, o presidente Francês Nicolas Sarkozy conseguiu obter de Moscovo o compromisso de retirada das tropas russas presentes em torno do porto de Poti, no prazo máximo de um mês. Contudo, o contingente militar russo em torno das regiões separatistas da Abecásia e Ossétia do Sul irá permanecer no local, dado que a Rússia reconheceu a independência dessas regiões.
Apesar do aparente sucesso das negociações, Moscovo teima em não abdicar de “proteger” as regiões da Abecásia e Ossétia do Sul pois esse avanço geoestratégico é fundamental para reforçar a sua influência nestas áreas política e economicamente importantes.
A Europa não tem conseguido construir uma relação de confiança com a Rússia e muito desse fracasso deve-se ao facto da atitude arrogante demonstrada por Moscovo nas relações comerciais. A política de crescimento conduzida por Vladimir Putin, direccionada para o incremento das exportações, e o seu distanciamento em relação à UE e o mundo revelam essa sede de imposição.
De facto, tudo indica que esta situação irá continuar, pois a Rússia, que parece não ter recuperado do golpe sofrido em 1989, vem, desde então, tentado recuperar a sua influência no panorama internacional.
(artigo de opinião publicado no Suplemento de Economia do Diário do Minho, em 08/09/16)
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