“There are NO free lunches” é uma expressão anglo-saxónica que significa: “não há almoços grátis”. Esta expressão é uma metáfora para o (ex)facto de nada ser de graça, coisa que se revelou ser mentira a partir do Plano Paulson, recentemente aprovado pelo congresso dos Estados Unidos da América.
Mas o que é preciso para se ter um almoço grátis? E quem foram os felizardos que, em tempo de vaca magras, o tiveram?
Nos últimos dois mandatos presidenciais dos Estados Unidos da América, o bem amado George W. Bush esteve um bocado desatento em relação ao andamento do sistema financeiro Norte-americano. Sem culpa, é claro! Quem, como a América do Norte, tem também que gerir o resto do mundo, em especial, o Iraque e o Afeganistão, e, também, de regular as regiões do Irão e Coreia do Norte não tem tempo para se importunar com os amigos e família, de modo a apurar se tudo corre bem nas respectivas gerências empresariais.
Apesar de todo o trabalho a que George W. Bush se tinha incumbido de fazer para lá do Pacifico e do Atlântico, a gestão e regulação dos mercados dos EUA não foi totalmente ignorada (deixou-a a cargo de um conselheiro). O ex-primeiro ministro Alemão, Gerhard Schröder, fez declarações em que referia que Deus aconselhava George W. Bush nas suas decisões politicas. Algo que se podia constatar pela forma como terminava todos os seus emblemáticos discursos. Pena que a omnisciência e a omnipotência não sejam o que já foram e o sistema financeiro esteja à beira de ruir.
A bolha especulativa do “subprime” rebentou no final de 2007, trazendo à luz do dia o ciclo de insustentabilidade em que o sistema financeiro Norte-americano se tornara. Mas, mesmo com a entrada no famoso “Bear Market”, ninguém tomou consciência daquilo que se aproximava: no dia 7 de Setembro de 2008, o país mais liberal do mundo nacionalizou o Fannie Mae e o Freddie Mac, que detinham metade dos empréstimos à habitação dos Estados Unidos. Uma semana depois, o Lehman Brothers, um dos maiores bancos americanos, que já contava com 150 anos de história, foi obrigado a declarar a bancarrota. E ainda nesse mesmo dia foi anunciada a compra do Merrill Lynch pelo Bank of America. Sucedeu-se o caos financeiro que levou a América e o Mundo a enfrentar uma segunda-feira “negra”. Mas a terça-feira não foi mais clara: as acções da AIG, 18ª maior empresa do mundo (Forbes Global 2000, 2008), caíram 95% do seu valor de mercado.
A resposta mundial foi coordenada: os maiores bancos centrais do mundo injectaram capital nos mercados. Em resposta, não ocorreu melhoria significativa. O Plano Paulson deu algum ânimo aos investidores, mas rapidamente foi rejeitado pelo contribuinte americano, sendo depois também rejeitado pelo congresso, a 29 de Setembro. Entretanto, pela Europa, a Bélgica, a Holanda e o Luxemburgo apressavam-se a salvar o Fortis, sendo que dois dias depois a Bélgica e o Luxemburgo voltavam à cena para, com a França, disponibilizar 9 mil milhões para salvar o Dexia.
Dia 3 de Outubro é aprovada uma nova versão do Plano Paulson. A Islândia afunda-se na crise com a obliteração do seu sistema financeiro e uma dívida igual a 12 vezes o seu PIB. Dá-se mais uma segunda-feira “negra”, seguida, nessa mesma semana, de um corte nos juros por parte dos maiores bancos centrais mundiais, que acaba por não fazer efeito nos mercados. Não há confiança dos investidores no poder instituído.
Enquanto as poupanças da classe média desaparecem, alguns encontram a oportunidade de almoçar de graça: R.Fuld, do Lehman Bros, e J.Cayne, da Bear Stearms, arrecadam, cada um, 40 milhões de $EUA em compensações. R.Syrona, da Freedie Mac, e Daniel Meal, da Fannie Mae, arrecadam 20 milhões e 12,2 milhões de $EUA, respectivamente. Já S.O’Neal, da Merril Lynch, acomoda-se a receber 46 milhões de $EUA.
Mas houve uma administração que levou à letra a expressão "there are no free lunches" como uma provocação! A título de celebração pela aprovação do Plano Paulson, a administração da AIG esbanjou 440 000 $EUA em tratamentos de SPA, jogos de golfe e almoços, tudo por cortesia dos contribuintes norte-americanos!
Mas o que é preciso para se ter um almoço grátis? E quem foram os felizardos que, em tempo de vaca magras, o tiveram?
Nos últimos dois mandatos presidenciais dos Estados Unidos da América, o bem amado George W. Bush esteve um bocado desatento em relação ao andamento do sistema financeiro Norte-americano. Sem culpa, é claro! Quem, como a América do Norte, tem também que gerir o resto do mundo, em especial, o Iraque e o Afeganistão, e, também, de regular as regiões do Irão e Coreia do Norte não tem tempo para se importunar com os amigos e família, de modo a apurar se tudo corre bem nas respectivas gerências empresariais.
Apesar de todo o trabalho a que George W. Bush se tinha incumbido de fazer para lá do Pacifico e do Atlântico, a gestão e regulação dos mercados dos EUA não foi totalmente ignorada (deixou-a a cargo de um conselheiro). O ex-primeiro ministro Alemão, Gerhard Schröder, fez declarações em que referia que Deus aconselhava George W. Bush nas suas decisões politicas. Algo que se podia constatar pela forma como terminava todos os seus emblemáticos discursos. Pena que a omnisciência e a omnipotência não sejam o que já foram e o sistema financeiro esteja à beira de ruir.
A bolha especulativa do “subprime” rebentou no final de 2007, trazendo à luz do dia o ciclo de insustentabilidade em que o sistema financeiro Norte-americano se tornara. Mas, mesmo com a entrada no famoso “Bear Market”, ninguém tomou consciência daquilo que se aproximava: no dia 7 de Setembro de 2008, o país mais liberal do mundo nacionalizou o Fannie Mae e o Freddie Mac, que detinham metade dos empréstimos à habitação dos Estados Unidos. Uma semana depois, o Lehman Brothers, um dos maiores bancos americanos, que já contava com 150 anos de história, foi obrigado a declarar a bancarrota. E ainda nesse mesmo dia foi anunciada a compra do Merrill Lynch pelo Bank of America. Sucedeu-se o caos financeiro que levou a América e o Mundo a enfrentar uma segunda-feira “negra”. Mas a terça-feira não foi mais clara: as acções da AIG, 18ª maior empresa do mundo (Forbes Global 2000, 2008), caíram 95% do seu valor de mercado.
A resposta mundial foi coordenada: os maiores bancos centrais do mundo injectaram capital nos mercados. Em resposta, não ocorreu melhoria significativa. O Plano Paulson deu algum ânimo aos investidores, mas rapidamente foi rejeitado pelo contribuinte americano, sendo depois também rejeitado pelo congresso, a 29 de Setembro. Entretanto, pela Europa, a Bélgica, a Holanda e o Luxemburgo apressavam-se a salvar o Fortis, sendo que dois dias depois a Bélgica e o Luxemburgo voltavam à cena para, com a França, disponibilizar 9 mil milhões para salvar o Dexia.
Dia 3 de Outubro é aprovada uma nova versão do Plano Paulson. A Islândia afunda-se na crise com a obliteração do seu sistema financeiro e uma dívida igual a 12 vezes o seu PIB. Dá-se mais uma segunda-feira “negra”, seguida, nessa mesma semana, de um corte nos juros por parte dos maiores bancos centrais mundiais, que acaba por não fazer efeito nos mercados. Não há confiança dos investidores no poder instituído.
Enquanto as poupanças da classe média desaparecem, alguns encontram a oportunidade de almoçar de graça: R.Fuld, do Lehman Bros, e J.Cayne, da Bear Stearms, arrecadam, cada um, 40 milhões de $EUA em compensações. R.Syrona, da Freedie Mac, e Daniel Meal, da Fannie Mae, arrecadam 20 milhões e 12,2 milhões de $EUA, respectivamente. Já S.O’Neal, da Merril Lynch, acomoda-se a receber 46 milhões de $EUA.
Mas houve uma administração que levou à letra a expressão "there are no free lunches" como uma provocação! A título de celebração pela aprovação do Plano Paulson, a administração da AIG esbanjou 440 000 $EUA em tratamentos de SPA, jogos de golfe e almoços, tudo por cortesia dos contribuintes norte-americanos!
José Pedro Cadima
jpgcadima@gmail.com
(artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho)
Sem comentários:
Enviar um comentário