Não passam de balelas! Ao visitar a Finlândia neste
Setembro quente de 2012, depois de em Agosto ter ido à Alemanha, só posso ter a
certeza de que estão a brincar connosco ou, então, são tão “experimentalistas”
que nem sabem bem o que estão a afirmar de forma tão veemente!
Ao assumir de forma tão irreflectida a austeridade, estão
a camuflar inúmeros problemas inerentes à cultura portuguesa e que sobressaem
quando visitamos outros países muito mais avançados que nunca conseguiremos
alcançar, como, por exemplo, a Finlândia. Este país, que alberga um povo que é
metade da população do nosso país consegue viver em grande harmonia com a
natureza. E respeita essa mesma natureza. Vive de uma forma simples e poupa
muito tempo porque é muito organizado. Poderão alguns afirmar que são demasiado
organizados, mas isso é de tal forma vantajoso que se dão ao luxo de começar
cedo a jornada de trabalho, fazerem duas pequenas pausas no dia de trabalho
para beber café ou chá, almoçarem em meia-hora (um almoço mais leve do que o
nosso) e sair cedo do local de trabalho, pelas 16 horas (alguns mais cedo), a
tempo de vivenciar a sua vida familiar.
Não perdem tempo nos corredores a conversar na jornada de
trabalho. Cada um desenvolve as sua tarefas e encontra-se com os outros na
pequena pausa que fazem.
Por outro lado, enquanto em Portugal assistimos a um
colapso do ensino, com milhares de alunos com dificuldades em assegurar a sua
continuidade numa Universidade, na Finlândia os estudantes têm direito a 500
euros mensais dados pelo Governo, durante cerca de 5 anos para poderem fazer um
Curso superior e um mestrado. Acresce ainda que não têm de pagar propinas. O
ensino é gratuito. Como conseguimos competir com um sistema destes? É
impossível.
Acresce ainda que o staff
das universidades é completo. Uns dedicam-se à parte mais técnica
(organizam os cursos, organizam os centros de investigação,…), outros dão
sobretudo aulas e são equipas multidisciplinares. Por exemplo, um informático
ajuda muito num departamento de ciências sociais… Têm dinheiro para a
investigação e para desenvolver projectos. E dizem eles que agora as coisas
estão pior por causa da crise internacional!...
Decidi que quando for grande quero ser finlandesa!...
Ainda que esperem que eu seja muito organizada e dedicada ao trabalho, terei
tempo para a minha família, viverei junto de um dos 188.000 lagos ou numa das
179.000 ilhas existentes, numa simples casa de madeira, com todo o conforto
interior de que necessitarei. Terei um bonito jardim e a minha casa será
cercada apenas por sebes naturais (sem muros, nem grades), pois sei que viverei
em segurança. Terei
um baloiço e um escorrega para os meus filhos brincarem. Pertencerei ao grupo
de mulheres das mais emancipadas do planeta Terra e poderei estudar sem me
preocupar com as propinas que me pedem em cada ano lectivo. Poderei ser
professora, pois terei tempo para fazer investigação e tentar publicar nas
revistas internacionais mais prestigiadas. Tentarei adaptar-me ao clima,
seguramente um dos poucos handicaps
da Finlândia… Serei uma cidadã activa, assinando petições que os políticos
consideram quando pensam em demolir algum edifício antigo… Nessa altura, quando
quiser ser finlandesa, nunca mais me recordarei que um dia tentei ser
portuguesa, mas que a esperança acabou por sair falhada…
Paula Cristina
Remoaldo
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