Para o mais comum dos cidadãos é difícil entender como a economia internacional funciona e como são analisadas as diversas acções tomadas pelas empresas e estados. Para alguns, trata-se de negócios bilaterais, onde há ganhos recíprocos que permitem o nosso bem-estar enquanto cidadãos e/ou agentes económicos. Para outros, trata-se de um conjunto de instituições que fornece serviços tendo como objectivo final obter certos benefícios ou lucros e que resulta em desenvolvimento da economia internacional. Há ainda alguns que consideram toda a economia internacional como um mero erro.
Há, porém, uma forma totalmente diferente de olhar um sistema em cuja participação é crucial para o desenvolvimento e, ao mesmo tempo, um facilitador do erro económico. A dinâmica económica internacional pode ser vista como a maior de todas as olimpíadas, isto é, uma enorme competição.
Para sustentar a ideia de competição basta procurar alguns indicadores económicos e perceber que todos os anos há uma enorme corrida onde todos os países são pontuados com melhores ou piores classificações. Qualquer competidor quer, obviamente, o ouro, mas dificilmente se verá Portugal, como candidato, receber o diploma de participação, quanto mais uma verdadeira medalha.
A razão é simples: somos, de momento, um atleta gordo, endividado e com um vício bem pior que os estupefacientes ou o álcool. O fraco crescimento do PIB nos últimos anos tem vindo a desencorajar o país e a anunciar a necessidade de reestruturar as instituições físicas e os procedimentos burocráticos. No entanto, independentemente do “escarcéu” politico causado por tanta mudança anunciada ou desencadeada, ela revelou-se insuficiente, dando expressão de uma clara deficiência de visão estratégica e/ou incapacidade de concretização de objectivos definidos por parte do decisor público, vulgo, Estado, e resultando num inútil gasto de tempo e de recursos, sobretudo se os resultados conseguidos forem lidos à luz do retorno obtido.
O país age de forma diferente ano após ano, sem traçar um plano de longo prazo e criando instabilidade nos agentes, nessa errância de atitude e de discurso político. Se tomarmos atenção ao objectivo de manter o défice das contas públicas num nível inferior a 3% do PIB, veremos que há efectiva falta de seriedade na prossecução do mesmo, qualquer que seja o momento que consideremos e qualquer que seja a força política que esteja (tenha estado) no poder. Na verdade, depois desta série de anos a enunciar essa preocupação de política, depois de todo o sacrifício reclamado da parte dos cidadãos, não seria de esperar estarmos mais perto de atingir o objectivo? Pois, não estamos!
Recentemente, tivemos a prova de que o incumprimento político por parte do nosso Estado será mais doloroso: a nossa classificação ou “rating” na S&P (Standard and Poor’s) foi baixada, denunciando essa evolução da cotação do país o aumento do risco que o investidor corre ao fazer aplicações em títulos representativos da nossa divida externa e nas nossas empresas. Isto irá levar a um aumento do custo do crédito por parte de todos os agentes deste país. As empresas terão de pagar mais pelos seus créditos que contraiam para realizar os seus investimentos, as famílias terão de pagar mais pelo seu endividamento e também os impostos terão de subir para aguentar com o juro mais elevado que o Estado terá de pagar ao estrangeiro.
Ao longo dos anos, o objectivo de alcançar o equilíbrio nas contas públicas tornou-se algo quase impossível, enquanto ainda estão em falta alguns dos maiores e melhores investimentos de longo prazo que este país poderia fazer. É de esperar uma contínua desaceleração do crescimento do PIB e mesmo uma estagnação a médio prazo, enquanto no curto prazo o PIB irá contrair-se e a dívida externa irá agravar-se.
É necessário que os investimentos a realizar conduzam o país a um crescimento mais estável e sustentado de agora em diante, assim como permitam o equilíbrio visado do Orçamento de Estado. Isto não será conseguido apenas pelo corte de despesas, pois o corte de algumas despesas de curto prazo só conduziria a mais despesa no longo prazo. É necessário, sim, entender o efeito custo-beneficio a longo prazo e tomar as decisões sem esperar facilidades por parte dos restantes atletas.
Há, porém, uma forma totalmente diferente de olhar um sistema em cuja participação é crucial para o desenvolvimento e, ao mesmo tempo, um facilitador do erro económico. A dinâmica económica internacional pode ser vista como a maior de todas as olimpíadas, isto é, uma enorme competição.
Para sustentar a ideia de competição basta procurar alguns indicadores económicos e perceber que todos os anos há uma enorme corrida onde todos os países são pontuados com melhores ou piores classificações. Qualquer competidor quer, obviamente, o ouro, mas dificilmente se verá Portugal, como candidato, receber o diploma de participação, quanto mais uma verdadeira medalha.
A razão é simples: somos, de momento, um atleta gordo, endividado e com um vício bem pior que os estupefacientes ou o álcool. O fraco crescimento do PIB nos últimos anos tem vindo a desencorajar o país e a anunciar a necessidade de reestruturar as instituições físicas e os procedimentos burocráticos. No entanto, independentemente do “escarcéu” politico causado por tanta mudança anunciada ou desencadeada, ela revelou-se insuficiente, dando expressão de uma clara deficiência de visão estratégica e/ou incapacidade de concretização de objectivos definidos por parte do decisor público, vulgo, Estado, e resultando num inútil gasto de tempo e de recursos, sobretudo se os resultados conseguidos forem lidos à luz do retorno obtido.
O país age de forma diferente ano após ano, sem traçar um plano de longo prazo e criando instabilidade nos agentes, nessa errância de atitude e de discurso político. Se tomarmos atenção ao objectivo de manter o défice das contas públicas num nível inferior a 3% do PIB, veremos que há efectiva falta de seriedade na prossecução do mesmo, qualquer que seja o momento que consideremos e qualquer que seja a força política que esteja (tenha estado) no poder. Na verdade, depois desta série de anos a enunciar essa preocupação de política, depois de todo o sacrifício reclamado da parte dos cidadãos, não seria de esperar estarmos mais perto de atingir o objectivo? Pois, não estamos!
Recentemente, tivemos a prova de que o incumprimento político por parte do nosso Estado será mais doloroso: a nossa classificação ou “rating” na S&P (Standard and Poor’s) foi baixada, denunciando essa evolução da cotação do país o aumento do risco que o investidor corre ao fazer aplicações em títulos representativos da nossa divida externa e nas nossas empresas. Isto irá levar a um aumento do custo do crédito por parte de todos os agentes deste país. As empresas terão de pagar mais pelos seus créditos que contraiam para realizar os seus investimentos, as famílias terão de pagar mais pelo seu endividamento e também os impostos terão de subir para aguentar com o juro mais elevado que o Estado terá de pagar ao estrangeiro.
Ao longo dos anos, o objectivo de alcançar o equilíbrio nas contas públicas tornou-se algo quase impossível, enquanto ainda estão em falta alguns dos maiores e melhores investimentos de longo prazo que este país poderia fazer. É de esperar uma contínua desaceleração do crescimento do PIB e mesmo uma estagnação a médio prazo, enquanto no curto prazo o PIB irá contrair-se e a dívida externa irá agravar-se.
É necessário que os investimentos a realizar conduzam o país a um crescimento mais estável e sustentado de agora em diante, assim como permitam o equilíbrio visado do Orçamento de Estado. Isto não será conseguido apenas pelo corte de despesas, pois o corte de algumas despesas de curto prazo só conduziria a mais despesa no longo prazo. É necessário, sim, entender o efeito custo-beneficio a longo prazo e tomar as decisões sem esperar facilidades por parte dos restantes atletas.
José Pedro Cadima
(reprodução integral de artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho)
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