Há cerca de um mês abordei a questão do marketing territorial, centrando-me no município de V. Nova de Famalicão, a propósito da dissertação de António Miguel Martins defendida recentemente na Universidade do Minho. Nesta Parte II, de acordo com o prometido, tentamos responder a duas questões: Qual é a cidade de sonho da população residente em Vila Nova de Famalicão? Como vêem os residentes noutros municípios Vila Nova de Famalicão? O investigador mencionado tentou responder às mesmas aplicando dois inquéritos via Internet. No primeiro, relacionado com “A sua cidade de sonho”, obteve 67 respostas e o único pré-requisito era os respondentes serem residentes no município de Vila Nova de Famalicão. No segundo, intitulado “Como vê o concelho de Vila Nova de Famalicão”, conseguiu 73 respostas e os respondentes deveriam ser residentes de outros municípios.
Registou-se uma adesão maior por parte do sexo masculino nos dois inquéritos (41 eram do sexo masculino no primeiro inquérito e 46 no segundo). O grupo etário mais representativo foi o dos 31 aos 45 anos, no caso do primeiro inquérito, e o dos 20 aos 30 anos, no segundo inquérito. Os indivíduos com um nível superior de ensino foram o grupo mais significativo, espelhando uma maior facilidade de utilização do questionário via online. Os indivíduos residentes no município de Guimarães (24 respostas), de Braga (16 respostas) e de Barcelos (16 respostas) foram os que participaram mais no segundo inquérito.
No caso do primeiro inquérito, o número ideal de habitantes da cidade de sonho dos inquiridos situou-se entre os 10.001 habitantes e os 100.000 habitantes (24 respostas), e a maior parte (52 respostas) pretendia viver num município com média densidade populacional, revelando a vontade de não residirem em grandes aglomerações urbanas. “O evitar as confusões de pessoas” e a “criminalidade” foram algumas das justificações avançadas. Outras prenderam-se com a necessidade de se manterem padrões de qualidade ambiental, social e cultural, salvaguardando um espaço público de qualidade, com jardins suficientes e hortas urbanas, sendo os inquiridos do sexo feminino mais sensíveis a estas questões.
As funções ideais de ocupação do solo mencionadas foram a habitação (26 respostas) e o comércio (23 respostas). A degradação das áreas mais antigas (25 respostas) e o aparecimento e o aumento de construção clandestina (25 respostas) foram as situações desadequadas que influenciam negativamente a imagem da cidade. Os elementos considerados mais importantes na construção da imagem da cidade de sonho foram os elementos naturais que marcam a imagem e a vivência da cidade. Em termos de condições territoriais prioritárias, emergiu a população qualificada e a coesão social e, nos eixos sociais mais importantes, destacou-se a educação, o ambiente e o conforto. Por último, as pressões ambientais mais preocupantes dizem respeito à densidade de tráfego e às emissões atmosféricas urbanas.
No que diz respeito ao segundo inquérito, a imagem que os residentes de outros municípios construíram do município de V. Nova de Famalicão é, no geral, positiva. Quando questionados sobre como avaliavam as condições de vida da população de Vila Nova de Famalicão, a maioria considerou-as “razoáveis” (38 respostas) ou “boas” (33 respostas) e nenhum dos inquiridos as classificou como “más” ou muito “más”. As boas acessibilidades, o comércio e o “proporcionar de uma vida tranquila” foram algumas das qualidades apontadas, ainda que alguns tenham reconhecido que não seria a cidade ideal para viverem. O caos urbanístico foi apontado por alguns como um elemento que “está a matar a qualidade de vida em Famalicão”.
Deste modo, as acessibilidades sobressaíram como um ponto forte, com particular destaque para a sua posição estratégica entre o Porto e Braga. A falta de oportunidades profissionais também é um problema pertinente neste território. A nível cultural, a Casa das Artes é uma referência inevitável e indissociável da imagem de Vila Nova de Famalicão.
Por último, quando questionados sobre como consideram as condições de vida da população de V. Nova de Famalicão, quando comparadas com as do município onde vivem, os inquiridos consideram-nas semelhantes (33 respostas). Os residentes em Barcelos foram os que mais consideraram como “superiores” as condições de vida de V. Nova de Famalicão, enquanto os Vimaranenses sobressaíram nas classificações de “semelhantes” e de “inferiores”. Os residentes em Braga destacaram-se na classificação de “inferiores”.
Paula Cristina Remoaldo
(artigo de opinião a publicar em próxima edição do Suplemento de Economia do Diário do Minho, no âmbito de colaboração regular)
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