Uma revista nacional, da área económica, dirigiu-me no final do pretérito ano um questionário sobre a evolução previsível, em 2006, da economia portuguesa. Pedia-se respostas sintéticas e, como é óbvio, a selecção dos tópicos foi da inteira responsabilidade da jornalista.
Quase 10 meses volvidos, o que então era futuro é hoje presente e alguns dos contornos da evolução económica do país no actual ano estão já concretizados. Ofereceu-se-me, por isso, interessante reler esse texto, na acuidade e limitações da análise proposta.
É essa, também, a proposta que faço ao alunos desta disciplina, a título de contributo para a reflexão sobre os caminhos a trilhar pela economia portuguesa.
Seguem-se as questões e as respostas que propus em 1 de Dezembro de 2005.
------------------------------
1 - Na sua opinião, a retoma económica vai ou não chegar a Portugal em 2006?
R: Seria dramático que não chegasse. Num contexto de retoma económica na UE, a persistência da presente situação de estagnação só poderia ficar a dever-se à repetição de erros graves de política económica, que, infelizmente, ajudaram ao aprofundamento da crise e ao seu arrastamento temporal.
Quase 10 meses volvidos, o que então era futuro é hoje presente e alguns dos contornos da evolução económica do país no actual ano estão já concretizados. Ofereceu-se-me, por isso, interessante reler esse texto, na acuidade e limitações da análise proposta.
É essa, também, a proposta que faço ao alunos desta disciplina, a título de contributo para a reflexão sobre os caminhos a trilhar pela economia portuguesa.
Seguem-se as questões e as respostas que propus em 1 de Dezembro de 2005.
------------------------------
1 - Na sua opinião, a retoma económica vai ou não chegar a Portugal em 2006?
R: Seria dramático que não chegasse. Num contexto de retoma económica na UE, a persistência da presente situação de estagnação só poderia ficar a dever-se à repetição de erros graves de política económica, que, infelizmente, ajudaram ao aprofundamento da crise e ao seu arrastamento temporal.
2 - O que é preciso para que a economia portuguesa volte a crescer?
R: São necessárias, essencialmente, quatro coisas: i) que se consolide a recuperação económica na UE, especialmente entre os principais parceiros económicos de Portugal; ii) que se clarifique o modelo económico de desenvolvimento prosseguido e se criem, atempadamente, os instrumentos de política pública necessários para o suportar; iii) que o Estado abandone a sua tradicional postura de omni-sabedoria e, alternativamente, adopte um modelo de parceria privado-público na definição e implementação das grandes orientações da economia; e iv) que os poderes públicos tenham presente e trabalhem de forma consistente as dimensões psico-sociais de suporte ao bom funcionamento da economia.
Estas diferentes dimensões devem ser trabalhadas de forma articulada, sob pena de fracasso do projecto de reestruturação económica visado. Algumas das vertentes do projecto que se enuncia não dispensam a reforma complementar do sistema político.
3 - Acha que a dinâmica de crescimento económico em Espanha se manterá em 2006? Qual o impacto para Portugal?
R: Se a economia espanhola se manteve a bom ritmo num quadro de generalizada paralisia da economia europeia, não parece fazer sentido admitir que vai abrandar quando o quadro global é de retoma. Tanto mais que a Espanha fez entretanto muitas das reformas económicas e políticas que estão por fazer em Portugal. Como parceiro de ponta que é, uma conjuntura favorável na economia vizinha só pode ser bom para Portugal (se disso formos capaz de tirar partido através de uma postura pró-activa).
R: Se a economia espanhola se manteve a bom ritmo num quadro de generalizada paralisia da economia europeia, não parece fazer sentido admitir que vai abrandar quando o quadro global é de retoma. Tanto mais que a Espanha fez entretanto muitas das reformas económicas e políticas que estão por fazer em Portugal. Como parceiro de ponta que é, uma conjuntura favorável na economia vizinha só pode ser bom para Portugal (se disso formos capaz de tirar partido através de uma postura pró-activa).
4 - Na sua opinião, como evoluirá a economia europeia, em particular a alemã? Qual o impacto para Portugal?
R: Conforme já sublinhado, os dados económicos recentes apontam no sentido da retoma do crescimento económico na Europa e na Alemanha, em particular. Para uma pequena economia aberta como a portuguesa, isso só pode ser bom. Não nos dispensa, entretanto, de requalificar a nossa inserção na divisão internacional do trabalho, sob pena dos benefícios serem transitórios e ficarem aquém do desejável.
A meu ver, uma mais ou menos sustentada evolução da economia alemã depende da manutenção da cotação do Euro e da não insistência na repetição do erro por nós bem conhecido da subida de impostos.
5 - Acha que a taxa de desemprego continuará a subir em Portugal em 2006? Até onde poderá ir?
R: Receio que sim, embora isso dependa, em certa medida, da força do crescimento que possa ser conseguido. O que eu quero dizer é que, por um lado, a criação de emprego anda estreitamente associada ao ritmo a que cresce o PIB e, por outro lado, a possibilidade da redução da taxa de desemprego choca com a requalificação necessária do nosso modelo produtivo, que será poupadora de trabalho, sobretudo do menos qualificado.
Na conjugação dos dois aspectos mencionados, estimo que a taxa de desemprego possa oscilar entre um valor ligeiramente superior ao actual e o e o valor que se verifica nesta data.
6 - Como acha que evoluirão as exportações portuguesas em 2006?
R: Por força dos dados da conjuntura internacional e da exposição externa da nossa economia, só podem crescer. O que fica por responder é sobre se atingirão a meta estabelecida no orçamento de Estado para 2006 e qual a sustentabilidade do acréscimo esperado. Isso dependerá, insisto, de se começarem ou não a trilhar os caminhos da requalificação do nosso posicionamento produtivo.
J. Cadima Ribeiro
Sem comentários:
Enviar um comentário