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sexta-feira, setembro 15, 2006

“FMI revê em alta expansão da economia portuguesa em 2006 e 2007”

«A economia portuguesa deverá crescer 1,2% no corrente ano e 1,5% em 2007, de acordo com os dados divulgados na madrugada de hoje pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), revendo em alta de 0,4 pontos as projecções efectuadas na Primavera.
A convergência real da economia portuguesa continua adiada, e Portugal poderá será um dos dois países da União Europeia - a par da Itália - a ultrapassar a regra dos 3% para o défice público. A inflação, após atingir os 2,6% no corrente ano deverá baixar 0,4 pontos no próximo ano, enquanto o desemprego deverá cair ligeiramente.
Com uma taxa anualizada de 3,6% no segundo trimestre, o FMI reviu em alta a expansão da economia da área euro em 2006, mas as estimativas para 2007 foram marginalmente revistas em baixa, com o Fundo a temer as consequências de um aumento de três pontos na taxa do IVA na Alemanha - a entrar em vigor já em Janeiro de 2007 - e uma apreciação do euro frente ao dólar.
Na Zona Euro, a retoma deste ano é liderada pela procura interna, "particularmente o investimento", diz o relatório do Fundo. A economia foi dinamizada pela Alemanha, "com a ajuda do campeonato do Mundo de futebol" e pela França, com a actividade também a "permanecer robusta em Espanha". Os mais recentes indicadores económicos "sugerem que a expansão da área euro continuará na segunda metade do ano", permitindo uma expansão de 2,4% no PIB europeu, "a mais alta taxa de crescimento em seis anos" (ver quadro). É que, a par da reestruturação dos balanços das empresas, diz o FMI, na recta final do ano a procura interna na Alemanha deverá animar a economia, já que os consumidores poderão antecipar compras fugindo ao aumento do IVA alemão, previsto para Janeiro de 2007.
Para o próximo ano, o FMI estima um crescimento de 2% para a zona euro, uma desaceleração face a 2006. O Fundo, justificando esta retracção do produto, explica que aumento do IVA na maior economia da Europa poderá reduzir o consumo no princípio de 2007. Os técnicos de Washington, sede do FMI, calculam que o aumento do imposto indirecto pode retirar cerca de 0,5 pontos ao crescimento alemão face a 2006.
Acresce que "a Europa permanece exposta" à apreciação da moeda frente ao dólar, colocando as exportações europeias mais caras. Num ciclo mais adiantado, a retracção das exportações pode afectar o investimento, um dos motores da retoma do Velho Continente. A apreciação da moeda, avisa o Fundo, pode também resultar em perdas de capitais proveniente de investimentos realizados nos EUA.
Riscos para o mundo.
Após um crescimento robusto em 2006 a economia mundial deverá desacelerar em 2007 (ver texto em baixo), envolvido num ambiente de aumento das taxas de juro. Para este ano, o preço médio do barril de petróleo deverá situar-se nos 69,2 dólares e as estimativas do FMI para 2007 colocam o preço médio do barril em 75,5 dólares. O aumento dos custos energéticos - bem como as tabelas das matérias-primas - é explicado pela pressão da procura por parte de grandes economias como a China, Índia e Japão.
Com a existência de sinais de pressão na inflação mundial, o Fundo destaca o endurecimento da política monetária por parte dos bancos centrais dos grandes blocos comerciais. Sinais de abrandamento da economia americana levaram o FED a encetar uma pausa no aumento das taxas de juro em Agosto após o último movimento de Julho. O BCE, deverá a aumentar as taxas de referência e o mesmo sucederá com o banco central japonês.»

Rudolfo Rebêlo

(artigo publicado no Diário de Notícias, em 2006-09-14)

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