O investimento directo estrangeiro (IDE) tem uma enorme influência na localização geográfica das actividades económicas no contexto internacional e, consequentemente, no padrão de especialização dos distintos países. O IDE tem crescido intensamente desde meados da década de 80. Entre 1985 e 2005 o IDE registou uma taxa média de crescimento anual de 16%, muito superior à do crescimento do PIB ou à do comércio internacional. A mudança estrutural que alimentou o crescimento dos fluxos de investimento está associada à liberalização dos mercados e ao rápido desenvolvimento de algumas regiões, como por exemplo o sudeste asiático, e sobretudo, às vantagens derivadas do desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação (TIC), que permitiram incrementar a fragmentação da produção, reduzir custos e melhorar a eficácia das comunicações.
Os países desenvolvidos acumulam aproximadamente 85% do stock de IDE, enquanto que os países em desenvolvimento detêm os 15% restantes. A maior atractividade dos primeiros está associada à maior segurança jurídica, à superior rentabilidade do capital físico e aos grandes investimentos realizados pelas multinacionais para reforçar as suas posições competitivas nesses mercados.
Entre os países em desenvolvimento os mais favorecidos pelos fluxos de IDE foram os de Ásia e América Latina. Em Ásia, que concentra 16% do stock mundial de IDE e 61% do dos países em desenvolvimento, a China e a grande distância Singapura são os países que acumulam os maiores stocks. Convém salientar, no entanto, que a Índia tem-se tornado recentemente um destino muito atractivo para o IDE, dado que entre 2004 e 2006 as suas entradas de IDE praticamente triplicaram, e as suas perspectivas para os próximos anos nesta matéria são extremamente favoráveis. América Latina representa 6% do stock mundial de IDE, concentrado fundamentalmente no México e no Brasil, estando previsto que no futuro imediato os fluxos de IDE em direcção ao último aumentem consideravelmente.
Outros países em desenvolvimento têm efectuado enormes progressos em termos de captação de IDE. Nos últimos anos a Rússia, o Cazaquistão e a Roménia concentram dois terços dos fluxos IDE destinados aos países do sudeste de Europa e à Comunidade de Estados Independentes. Por outro lado, o Egipto e a Nigéria absorveram dois quintos de todo o IDE canalizado para o continente Africano.
A distribuição sectorial do IDE também se tem alterado consideravelmente nas últimas décadas. Em 1990 o peso relativo do IDE nos serviços e na indústria era bastante similar, enquanto que na actualidade o peso do IDE nos serviços praticamente duplica o da indústria (60% face a 30% do stock de IDE, aproximadamente). Esta transformação deve-se, em grande parte, ao processo de liberalização económica, que tem afectado em maior medida ao sector serviços, dado que estes têm sido tradicionalmente menos permeáveis à entrada de capital estrangeiro.
A crise económica e financeira provocou uma quebra sem precedentes nos fluxos de IDE, e pode dar origem a uma redistribuição futura dos mesmos, em função dos processos de reorganização das cadeias de valor e das re-estruturações empresariais à escala global. Segundo dados do World Investment Report das Nações Unidas, a desaceleração económica provocou uma diminuição do IDE global de 14% em 2008, que, segundo as suas previsões, pode atingir os 47% em 2009. Porém, nem todas as regiões foram afectadas com a mesma intensidade pela crise. Em 2008 as economias desenvolvidas experimentaram uma diminuição das entradas de IDE de perto de 30%, enquanto que nos países em desenvolvimento e nas economias em transição aumentaram em 37% e 7%, respectivamente. Ademais nesse ano estes dois últimos grupos de países concentraram 47% do IDE à escala global, graças ao desfasamento entre o início da desaceleração e a quebra na procura nos países desenvolvidos, principais clientes destes grupos de países.
A queda dos fluxos de IDE, como consequência da crise, deveu-se fundamentalmente às dificuldades de acesso ao financiamento e à redução da propensão a investir. Por um lado, o crédito tornou-se menos abundante e mais caro, reduzindo a capacidade de investimento das empresas multinacionais. Ademais, os fracos resultados das grandes empresas dos Estados Unidos, da Europa e do Japão limitaram a sua capacidade de auto-financiamento com recurso a capitais próprios. Por outro lado, as débeis expectativas de crescimento dos mercados reduziram significativamente a propensão das empresas a investir na expansão da sua produção, tanto a nível doméstico como a nível internacional. Esta propensão a investir viu-se igualmente afectada pela crescente aversão ao risco das empresas, as quais têm neste momento uma percepção acrescida do risco, pelas grandes incertezas que pairam sobre o crescimento global e a evolução da procura específica do seu sector de actividade.
As previsões para os próximos anos revelam que os fluxos de IDE destinados aos países em desenvolvimento continuarão a aumentar. Adicionalmente o IDE no sector serviços adquirirá uma importância crescente. O IDE em TIC e serviços às empresas aumentará significativamente em países como a Índia e em algumas economias do centro e do leste de Europa. Os países do sul do continente terão uma evolução incerta nesta matéria. A sua posição competitiva é pouco favorável, dado que, em termos gerais, não são suficientemente baratos para atrair/reter determinados tipos de produções, nem adequadamente qualificados para acolher actividades de serviços com algum valor acrescentado. A sua estratégia de atracção deverá concentrar-se em melhorar a sua posição para atrair o IDE associado a estratégias de entrada no mercado europeu ou a actividades deslocalizadas dos países centrais da UE, que, por questões de organização empresarial, tenham que manter-se perto dos centros de decisão e controlo da empresa matriz.
Os países desenvolvidos acumulam aproximadamente 85% do stock de IDE, enquanto que os países em desenvolvimento detêm os 15% restantes. A maior atractividade dos primeiros está associada à maior segurança jurídica, à superior rentabilidade do capital físico e aos grandes investimentos realizados pelas multinacionais para reforçar as suas posições competitivas nesses mercados.
Entre os países em desenvolvimento os mais favorecidos pelos fluxos de IDE foram os de Ásia e América Latina. Em Ásia, que concentra 16% do stock mundial de IDE e 61% do dos países em desenvolvimento, a China e a grande distância Singapura são os países que acumulam os maiores stocks. Convém salientar, no entanto, que a Índia tem-se tornado recentemente um destino muito atractivo para o IDE, dado que entre 2004 e 2006 as suas entradas de IDE praticamente triplicaram, e as suas perspectivas para os próximos anos nesta matéria são extremamente favoráveis. América Latina representa 6% do stock mundial de IDE, concentrado fundamentalmente no México e no Brasil, estando previsto que no futuro imediato os fluxos de IDE em direcção ao último aumentem consideravelmente.
Outros países em desenvolvimento têm efectuado enormes progressos em termos de captação de IDE. Nos últimos anos a Rússia, o Cazaquistão e a Roménia concentram dois terços dos fluxos IDE destinados aos países do sudeste de Europa e à Comunidade de Estados Independentes. Por outro lado, o Egipto e a Nigéria absorveram dois quintos de todo o IDE canalizado para o continente Africano.
A distribuição sectorial do IDE também se tem alterado consideravelmente nas últimas décadas. Em 1990 o peso relativo do IDE nos serviços e na indústria era bastante similar, enquanto que na actualidade o peso do IDE nos serviços praticamente duplica o da indústria (60% face a 30% do stock de IDE, aproximadamente). Esta transformação deve-se, em grande parte, ao processo de liberalização económica, que tem afectado em maior medida ao sector serviços, dado que estes têm sido tradicionalmente menos permeáveis à entrada de capital estrangeiro.
A crise económica e financeira provocou uma quebra sem precedentes nos fluxos de IDE, e pode dar origem a uma redistribuição futura dos mesmos, em função dos processos de reorganização das cadeias de valor e das re-estruturações empresariais à escala global. Segundo dados do World Investment Report das Nações Unidas, a desaceleração económica provocou uma diminuição do IDE global de 14% em 2008, que, segundo as suas previsões, pode atingir os 47% em 2009. Porém, nem todas as regiões foram afectadas com a mesma intensidade pela crise. Em 2008 as economias desenvolvidas experimentaram uma diminuição das entradas de IDE de perto de 30%, enquanto que nos países em desenvolvimento e nas economias em transição aumentaram em 37% e 7%, respectivamente. Ademais nesse ano estes dois últimos grupos de países concentraram 47% do IDE à escala global, graças ao desfasamento entre o início da desaceleração e a quebra na procura nos países desenvolvidos, principais clientes destes grupos de países.
A queda dos fluxos de IDE, como consequência da crise, deveu-se fundamentalmente às dificuldades de acesso ao financiamento e à redução da propensão a investir. Por um lado, o crédito tornou-se menos abundante e mais caro, reduzindo a capacidade de investimento das empresas multinacionais. Ademais, os fracos resultados das grandes empresas dos Estados Unidos, da Europa e do Japão limitaram a sua capacidade de auto-financiamento com recurso a capitais próprios. Por outro lado, as débeis expectativas de crescimento dos mercados reduziram significativamente a propensão das empresas a investir na expansão da sua produção, tanto a nível doméstico como a nível internacional. Esta propensão a investir viu-se igualmente afectada pela crescente aversão ao risco das empresas, as quais têm neste momento uma percepção acrescida do risco, pelas grandes incertezas que pairam sobre o crescimento global e a evolução da procura específica do seu sector de actividade.
As previsões para os próximos anos revelam que os fluxos de IDE destinados aos países em desenvolvimento continuarão a aumentar. Adicionalmente o IDE no sector serviços adquirirá uma importância crescente. O IDE em TIC e serviços às empresas aumentará significativamente em países como a Índia e em algumas economias do centro e do leste de Europa. Os países do sul do continente terão uma evolução incerta nesta matéria. A sua posição competitiva é pouco favorável, dado que, em termos gerais, não são suficientemente baratos para atrair/reter determinados tipos de produções, nem adequadamente qualificados para acolher actividades de serviços com algum valor acrescentado. A sua estratégia de atracção deverá concentrar-se em melhorar a sua posição para atrair o IDE associado a estratégias de entrada no mercado europeu ou a actividades deslocalizadas dos países centrais da UE, que, por questões de organização empresarial, tenham que manter-se perto dos centros de decisão e controlo da empresa matriz.
FRANCISCO CARBALLO-CRUZ
(artigo de opinião publicado na edição de 2010/01/19 do Suplemento de Economia do Diário do Minho, no âmbito de coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")
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