Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

sexta-feira, setembro 29, 2006

Inflação na zona Euro

"A inflação da Zona Euro recuou para os 1,8%, ficando assim, pela primeira vez desde Janeiro de 2005, abaixo do limite de 2% definido pelo Banco Central Europeu (BCE) como zona de segurança."

(extrato de notícia, intitulada Inflação da Zona Euro fica abaixo dos 2% , do Jornal de Negócios, de 06/09/29)

1 comentário:

Anónimo disse...

A procura de uma estabilidade de preços não é, de todo, um tema novo. Desde que o BCE começou a operar em 1998 definiu uma taxa máxima de 2% para garantir a estabilidade dos preços. Mais tarde veio a admitir uma maior tolerância em relação à inflação, embora o valor máximo de 2% se mantenha. Mas será que faz sentido estabelecer uma taxa de inflação média igual para todos os estados membros? Esta questão tem sido alvo de algum debate, havendo argumentos a favor e contra.
Em primeiro lugar, é necessário relembrar que apesar de alguns estados membros já apresentarem preços semelhantes para as trocas comerciais há ainda grandes diferenças entre eles, nomeadamente no que respeita aos serviços, arrendamento, etc. Estas diferenças podem ser identificadas pela observação dos díspares níveis salariais que existem e que reflectem diferentes níveis de desenvolvimento. Com o processo de convergência económica os salários e os preços tenderão a convergir em toda a zona euro, estimulados pelo euro. Ou seja, os países com menores níveis de desenvolvimento poderão atingir valores mais próximos dos países mais desenvolvidos. No entanto, esta política restritiva, baseada no rigoroso controlo da inflação, poderá afectar negativamente os países mais desenvolvidos, obrigando-os a baixar a inflação.
Dado que nas principais economias da zona euro os salários nominais e os preços tendem a não descer, então é favorável que exista alguma inflação, pois isso vai permitir que ocorra uma redução nos salários reais (que não existiria se a inflação fosse muito baixa, podendo ter efeitos negativos sobre o desemprego).
De modo a atenuar estes efeitos negativos o BCE poderá desenvolver uma estratégia que assente em procedimentos mais objectivos quanto à inflação. Por exemplo, abrindo a possibilidade de existirem valores simétricos de oscilação da inflação entre os países. Mas para que isto seja possível é necessário que o BCE anuncie a inflação prevista regularmente de modo a manter informado o mercado.