Na semana passada, o Ministro da Economia decretou o fim da crise. Ora, no seu compreensível esforço de contribuir para a formação de expectativas positivas dos agentes económicos, acabou por dar uma notícia manifestamente exagerada, e por isso foi logo alvo de um coro de críticas. O seu comentário foi de certa forma, infantil, inconsciente e imprudente. No entanto, Manuel Pinho explicou que a sua intenção era dar uma palavra de esperança aos portugueses: empresários, trabalhadores, professores e jovens.
De facto, a economia portuguesa parece encontrar-se num ponto de viragem, pois já não se fala de recessão. O certo é que devia ser mais cauteloso nas palavras que usa.
A apreciação da análise da situação da economia portuguesa em 2005, feita pelo Banco de Portugal resume-se, essencialmente, num ‘quadro negro’: fraco crescimento económico; pior situação orçamental apesar do aumento dos impostos; estagnação do emprego; aumento da taxa de desemprego; fraca produtividade e aumento do défice, público e externo.
No entanto, e apesar da economia portuguesa ser uma pequena economia aberta vulnerável aos ventos que sopram do exterior, e debilitada pela necessidade de correcção de desequilíbrios estruturais importantes, não restam dúvidas que o actual enquadramento é mais positivo.
A economia portuguesa cresceu 0,9% no segundo trimestre do ano em comparação com o trimestre anterior; as importações caíram 3,1% em Portugal enquanto aumentaram 1,2% e 1,7% na zona Euro e na União Europeia, respectivamente; o indicador que mede a evolução da actividade económica voltou a subir; foram criados 48 mil empregos e a taxa de desemprego baixou 10% no último semestre.
Isto mostra que a economia está, na realidade, a crescer, e o défice das finanças públicas a caminho de ser controlado. A explicação para este crescimento resume-se essencialmente ao novo OE que tem como objectivo principal reduzir o défice público de 4,6% para 3,7% do PIB, em 2007, por via de cortes na despesa pública. Este cenário, mais favorável, é ainda reforçado pela evolução positiva das exportações.
Apesar deste crescimento da economia estar ainda longe dos níveis necessários para garantir o crescimento de emprego consolidado e a convergência com os parceiros europeus, já se verificou uma “mudança de clima”, o que já é um bom sinal.
Mas, afinal, será este cenário para durar? Como se posiciona Portugal face à incerteza dominante?
É certo, como já disse, que a economia que estava em território negativo, está agora a crescer e as previsões têm sido sucessivamente revistas em alta, no entanto, ainda é cedo tanto para responder a estas perguntas, como para anunciar o fim da crise, tal como Manuel Pinho fez.
Temos ainda um longo caminho a percorrer e, por isso, não me parece prudente antecipar cenários demasiado optimistas.
O ponto mais baixo do ciclo poderá já ter sido ultrapassado, mas a economia portuguesa ainda não curou as suas deficiências mais profundas.
Maria João Veloso
(doc. da série artigos de análise/opinião)
De facto, a economia portuguesa parece encontrar-se num ponto de viragem, pois já não se fala de recessão. O certo é que devia ser mais cauteloso nas palavras que usa.
A apreciação da análise da situação da economia portuguesa em 2005, feita pelo Banco de Portugal resume-se, essencialmente, num ‘quadro negro’: fraco crescimento económico; pior situação orçamental apesar do aumento dos impostos; estagnação do emprego; aumento da taxa de desemprego; fraca produtividade e aumento do défice, público e externo.
No entanto, e apesar da economia portuguesa ser uma pequena economia aberta vulnerável aos ventos que sopram do exterior, e debilitada pela necessidade de correcção de desequilíbrios estruturais importantes, não restam dúvidas que o actual enquadramento é mais positivo.
A economia portuguesa cresceu 0,9% no segundo trimestre do ano em comparação com o trimestre anterior; as importações caíram 3,1% em Portugal enquanto aumentaram 1,2% e 1,7% na zona Euro e na União Europeia, respectivamente; o indicador que mede a evolução da actividade económica voltou a subir; foram criados 48 mil empregos e a taxa de desemprego baixou 10% no último semestre.
Isto mostra que a economia está, na realidade, a crescer, e o défice das finanças públicas a caminho de ser controlado. A explicação para este crescimento resume-se essencialmente ao novo OE que tem como objectivo principal reduzir o défice público de 4,6% para 3,7% do PIB, em 2007, por via de cortes na despesa pública. Este cenário, mais favorável, é ainda reforçado pela evolução positiva das exportações.
Apesar deste crescimento da economia estar ainda longe dos níveis necessários para garantir o crescimento de emprego consolidado e a convergência com os parceiros europeus, já se verificou uma “mudança de clima”, o que já é um bom sinal.
Mas, afinal, será este cenário para durar? Como se posiciona Portugal face à incerteza dominante?
É certo, como já disse, que a economia que estava em território negativo, está agora a crescer e as previsões têm sido sucessivamente revistas em alta, no entanto, ainda é cedo tanto para responder a estas perguntas, como para anunciar o fim da crise, tal como Manuel Pinho fez.
Temos ainda um longo caminho a percorrer e, por isso, não me parece prudente antecipar cenários demasiado optimistas.
O ponto mais baixo do ciclo poderá já ter sido ultrapassado, mas a economia portuguesa ainda não curou as suas deficiências mais profundas.
Maria João Veloso
(doc. da série artigos de análise/opinião)
1 comentário:
Orçamento de Estado tudo acomoda…
No dia 22 de Setembro na revista “Prémio”, saltava à vista, o título “Sorte Grande”.
Mas desenganem-se aqueles, que tal como eu antes de ler o artigo, pensaram no euromilhões ou em lotarias do género, pois o artigo tratava sobre o número de funcionários públicos em Portugal. Segundo dados recentes o número de funcionários públicos em Portugal cresceu 4,18% nos últimos 6 anos. Depois de um longo período de incerteza quanto ao número de funcionários que o Estado absorve, o número foi revelado: mais de 730 mil funcionários públicos existentes em Portugal.
A razão do título do artigo, só posteriormente vim a percebê-la, pois manter um emprego no Estado para “toda a vida” é como segundo o autor – Luís Fonseca – uma espécie de bilhete premiado. No entanto, para mim, o mais preocupante é que 23157 dos 737774 funcionários, desconhece-se o tipo de vínculo que mantêm com o Estado! Agora como interpretar estes dados? Pura ineficiência? Ou será, que devemos olhar para este facto como um contributo do Estado para a diminuição da taxa de desemprego?
Não obstante, outra questão que é alvo da atenção dos media são as propostas de aumentos salariais para a função pública. Muitas empresas privadas costumam servir-se do referencial dos aumentos da função pública para fixar os seus próprios valores. Mas fazem mal, julgo eu, porque os aumentos da função pública não são ditados por critérios de rentabilidade empresarial. Não levam em conta a performance, uma conta de resultados que distinga claramente prejuízos de lucros. Não há accionistas a quem prestar contas regularmente. No entanto, quer suba 1%, quer suba 3%, o Orçamento de Estado tudo acomoda…e tal como a Maria João afirmou a economia portuguesa ainda não curou as suas deficiências mais profundas, e esta que referi é apenas uma de muitas que o Estado Português não está preparado e talvez preocupado em resolver!
sara veloso
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