Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

domingo, dezembro 30, 2007

Leituras de fim-de-ano

Guiado pelo Ladrões de Bicicletas (cf. mensagem datada de Sábado, 29 de Dezembro de 2007, intitulada "Agora diz que é a cultura"), fui desaguar num texto de Pedro Pita Barros acabado de publicar no Diário Económico.
Para fecho de ano, é leitura que recomendo. Recomendo, digo, na medida em que me parece que o artigo de Pedro Pita Barros, nos equívocos que alimenta, ilustra bem as razões do bloqueio a que se assiste na economia e na sociedade portuguesa. Para a construção de uma visão alternativa, a leitura crítica deixada por João Rodrigues, no seu blogue, deve merecer também a devida ponderação.
A dimensão mais paradigmática desse equívoco de leitura de situação acaba mesmo por ser aquela que emerge no derradeiro parágrafo do texto de Pedro Pita Barros, quando escreve:
«É consensual que o ano de 2008 não será um ano fácil, em termos económicos. O acelerar do calendário eleitoral irá começar a fazer-se sentir. A pressão para o Governo querer “apresentar obra” tem sempre como sinal visível a realização de mais despesa. Ou, ainda mais perigoso, compromissos com despesa futura, a “despesa virtual”. E há várias áreas onde este risco se pode materializar. Resta esperar que o ministro das Finanças tenha a capacidade de o evitar».
A expectativa que põe na acção (mediadora) do ministro das Finanças chega a ser comovente.
J. Cadima Ribeiro

sexta-feira, dezembro 28, 2007

A importância de uma universidade pode ser aferida pela capacidade de criar e transmitir conhecimento útil à sociedade

Empresas e universidades

(título de mensagem, da autoria de Vasco Eiriz e datada de 07/12/28, disponível em Empreender)

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Comportamento do sector turístico em 2005 e 2006

"Após o abrandamento registado em 2005, em parte reflectindo o efeito de base da realização em 2004 do campeonato europeu de futebol, nos dois anos seguintes a actividade turística retomou ritmos de crescimento elevados. De facto, em termos nominais a Despesa em Consumo Turístico aumentou 3,2% e 8,1%, respectivamente, em 2005 e 2006, estimando-se, para 2007, um crescimento de 10,8%. O Valor Acrescentado gerado pelo Turismo registou variações nominais de 2,6% e 10,3%, em 2005 e 2006, respectivamente, devendo ter abrandado ligeiramente para 8,7% em 2007, sobretudo devido aos maiores custos associados ao transporte de turistas. Ainda assim, perspectiva-se que, em 2007, o crescimento nominal desta variável seja superior ao do conjunto da economia, em linha com o verificado em 2006."
*
(resumo de Destaque(s) do INE de 21 de Dezembro pp., intitulado "Actividade Turística retoma em 2006 e 2007 ritmos de crescimento elevados, superiores ao do conjunto da economia - 2005 / 2006", disponível em INE)

IDE e produtividade

(titulo de mensagem, datada de 25 de Dezembro de 2007, disponível em e.economia.info)

domingo, dezembro 23, 2007

quarta-feira, dezembro 19, 2007

"A lógica Ricardiana merece ser reabilitada pelos governantes"

Qual é o posicionamento competitivo de Portugal?
(título de mensagem, datada de 18 de Dezembro de 2007, disponível em Empreender)

terça-feira, dezembro 18, 2007

Os vinhos portugueses de qualidade e o efeito região de origem: a percepção de consumidores e retalhistas

O regresso à análise do comportamento do consumidor encontrou uma forte motivação quando a discussão sobre o efeito país de origem dos produtos foi levantado pelos investigadores do marketing e dos negócios internacionais nos anos 80 do século XX e, sobretudo, na primeira metade dos anos 90. O que aqueles pesquisadores defenderam foi que o país de origem tinha uma influência considerável na avaliação de um produto feita pelos consumidores.
A revisão da literatura permite tornar claro que o comportamento dos consumidores pode variar significativamente, quer em termos de motivação para a compra, quer nos critérios de escolha de um produto, quer em termos de comportamento. A cultura, o estatuto económico e os valores humanos podem ser fortes pistas para compreender as motivações de compra dos consumidores. Isso não permite concluir que o efeito país de origem e o etnocentrismo não estejam presentes, mas que esses fenómenos serão muito mais complexos do que tem sido assumido em muitos estudos. Contrariamente à desvalorização do efeito país de origem, alguma investigação dá suporte à noção de que existe uma hierarquia de países estrangeiros implícita na decisão do consumidor.
A mencionada evidência adquire a sua inteligibilidade a partir de algo que parece óbvio: quando os consumidores não estão familiarizados com os produtos de um país, a imagem do país pode servir como chave para a tomada de decisão sobre a aquisição. No sentido oposto, uma vez os consumidores familiarizados com os produtos de um país, a imagem do país perde importância em favor de outros atributos, como a marca e o preço.
O conceito de etnocentrismo é originado na realidade de, nas suas decisões de compra, os consumidores, amiúde, tenderem a dar preferência a produtos nacionais. As razões que subjazem a este comportamento foram resumidas como sendo: i) o receio dos consumidores de lesarem a economia do seu país “amado” ao adquirem produtos estrangeiros; ii) "a moralidade de comprar produtos importados"; e iii) a existência de preconceitos pessoais em relação a produtos estrangeiros. Inversamente, consumidores não-etnocentricos são aqueles que adquirem os produtos em função da avaliação que fazem dos seus méritos e, neste contexto, tendem a não valorizar a origem geográfica.
Entretanto, pode-se entender que, à medida que a familiaridade com a marca aumenta, os consumidores tendam a usar menos outros sinais extrínsecos, como o país de origem ou o preço. Por outro lado, falando da importância dos preços na decisão do consumidor, alguns investigadores concluíram que o preço é raramente o atributo ao qual os consumidores conferem o maior relevo.
Testando a relevância dos factores etnocentrismo ou patriotismo, qualidade, marca e preço do produto, a investigação empírica foi levada a concluir que, embora patriotas a ponto de fazerem sacrifícios em matéria de preço, é duvidoso que os consumidores aceitem desiludir-se optando por produtos que não se conformem com a qualidade que exigem.
Salvaguardadas algumas distâncias, o que é válido para analisar a preferência dada pelos consumidores aos produtos de um país pode também ser válido para os de uma região. Pelo menos, a cultura é certamente algo que dá singularidade aos territórios e, em muitos casos, a cultura e o clima são elementos chave para compreender os factores intrínsecos de diferenciação dos produtos.
Tendo presentes as ideias e conceitos antes enunciados, como forma dos testar, o autor deste texto desenvolveu há uns meses atrás dois questionários através dos quais retalhistas e consumidores finais foram inquiridos sobre as razões da escolha que faziam de vinhos de mesa portugueses, de qualidade. Uma das questões incluídas respeitava à região de origem desses vinhos. Era-lhes também solicitado que identificassem os três principais atributos considerados na decisão de aquisição, hierarquizando-os. Os inquéritos foram realizados entre Fevereiro e Abril de 2007, numa loja Makro (retalhistas) e no hipermercado Feira Nova (consumidores finais), ambos em Braga.
De forma breve, dos resultados que foram obtidos, sublinhamos o seguinte:
i) o factor de maior influência na aquisição de vinho foi identificado como sendo a região de origem, tanto no caso dos consumidores finais como no dos retalhistas;
ii) num distante segundo lugar, apareciam a marca, o preço e o tipo de vinho, no caso dos retalhistas, bem como o tipo, a marca e o preço, no outro inquérito;
iii) olhando para o segundo factor de escolha, as diferenças de abordagem entre retalhistas e consumidores finais ofereciam-se mais evidentes, com os retalhistas a enfatizarem a marca e a região de origem e os consumidores a darem mais importância aos preços e menos à região de origem.
Resumindo, dos resultados obtidos com a amostra dos consumidores conclui-se que o atributo mais valorizado foi, destacadamente, a região de origem, sendo o tipo de vinho decisivo na decisão de aquisição apenas em 13% dos casos. Como segundo factor de escolha, o preço foi assinalado por 25,6% dos respondentes como sendo considerado na sua decisão de aquisição. Dessa forma, os consumidores finais e os retalhistas revelam ter uma estratégia de escolha distinta, com a marca e não o preço a emergir como segundo factor de escolha no caso destes últimos.
J. Cadima Ribeiro

(artigo de opinião publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho, em coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")

domingo, dezembro 16, 2007

"Não é agradável para o poder político falar de emigração"

Notícia JN
Diáspora mais feminina e com maior mobilidade:
*
(título de notícia do Jornal de Notícias, de 07/12/15)
[cortesia de Nuno Soares da Silva]

quarta-feira, dezembro 12, 2007

O novo Programa de Estabilidade e Crescimento

O novo Programa de Estabilidade
(título de mensagem, datada de 2007/12/10, disponível em Visto da Economia)

segunda-feira, dezembro 10, 2007

A evolução do mercado de trabalho em Portugal

Por definição, o desemprego é a medida da parcela da força de trabalho disponível que se encontra sem emprego.
No dia 25 de Outubro de 2007 o ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, admitiu que o desemprego é o mais sério problema que a economia portuguesa enfrenta.
O desemprego atingiu em 2007 a mais alta taxa dos últimos vinte anos dando origem a um novo surto de emigração.
Segundo a Eurostat, a taxa de desemprego aumentou para 8,2% em Outubro, sendo assim a maior na zona Euro.
Já alargando aos 27 Estados-Membros da União Europeia, os resultados não são expressivamente melhores. Portugal é ultrapassado apenas pela Polónia com 8,8% e pela Eslováquia com 11,2%.
Desta forma, a taxa de desemprego subiu 0,2% em Outubro, face aos mês anterior, comparando com o período homólogo, o aumento foi de 0,7%.
Fazendo distinção entre os sexos, na Zona Euro, a taxa das mulheres ficou nos 8,2%, contra 6,5% dos homens, na UE, 7,6% para as mulheres e de 6,4% para os homens.
A taxa de desemprego dos jovens com menos de 25 anos situou-se em Outubro em 14,3% na Zona Euro e 14,7% na UE.
Têm-se verificado importantes modificações na estrutura do emprego, com efeitos negativos quer na estabilidade quer na qualidade do emprego: a primeira é a substituição de emprego a tempo inteiro por emprego a tempo parcial com remuneração reduzida; a segunda é a substituição de contratos sem termo por contratos a termo; a terceira é a substituição de emprego mais qualificado por emprego menos qualificado.
O emprego a tempo parcial com salário reduzido, os contratos a prazo e o emprego menos qualificado estão a aumentar, enquanto o emprego permanente, o a tempo completo e o mais qualificado estão a diminuir.
Esta evolução é consequência de políticas económicas, financeiras e sociais.

Elisabete Maciel

(artigo de análise/opinião produzido no âmbito da UC. Economia Portuguesa)

O Custo do Desemprego em Portugal

Numa altura em que o desemprego tem dominado as nossas atenções, é interessante analisar a evolução das contas da Segurança Social, onde este tem influenciado não só as prestações de desemprego, mas também as contribuições.

(em Milhões de Euros)
Em 1995 verificaram-se os seguintes valores: Contribuições: 6.120,60; Desemprego: 699,08 e Pensões: 4.776,97.
Em 2000: Contribuições: 8.769,26; Desemprego: 803,28 e Pensões: 7.008,66.
Em 2005: Contribuições: 10.955,29; Desemprego: 1.803,24 e Pensões: 10.648,75.
Finalmente em 2006, Contribuições: 11.029,61; Desemprego: 1.717,86 e Pensões: 11.191,99.

Analisando estes números, entendemos a preocupação do Governo em controlar o crescimento das Pensões, no entanto, não devemos desvalorizar o peso dos custos com o desemprego.
Verificamos que de 2000 a 2005 as prestações de desemprego aumentaram 124,5%, as pensões 51,9% e as contribuições somente 24,9%. Em 2000 as prestações de desemprego representaram 9,2% das contribuições e em 2006 15,6%.
Tendo em conta que os números de 2006 são o reflexo das necessárias medidas de controlo sobre as prestações de desemprego, a análise destes valores torna-se ainda mais dramática. Representam em grande medida as necessidades reais dos desempregados face ao aumento da precaridade e diminuição da quantidade de trabalho.
As perspectivas futuras também não são animadoras, se considerarmos o crescente aumento do desemprego e do fenónemo de emprego de curto-prazo, prevê-se que as prestações de desemprego tenderão a aumentar e as contribuições a diminuir, impulsionando não só o peso dos custos com o desemprego mas também o peso das pensões nas contas da Segurança Social.
Se bem que o Executivo tem concentrado os seus esforços na contenção do crescimento das pensões, o desemprego é actualmente uma questão emergente, não só porque são as contribuições que financiam a Segurança Social, mas também porque a problemática do desemprego, como é obvio, não se finda na análise destas contas, mas tem expressão na maioria dos indicadores económicos.

Emanue Malanza

(artigo de análise/opinião produzido no âmbito da U.C. Economia Portuguesa)

sábado, dezembro 08, 2007

Apoios do QREN

"FUNDOS COMUNITÁRIOS
Notícias sobre os apois do QREN:
http://apoiosqren.blogspot.com/

Todos as informações sobre Projectos de Investimento"
(mensagem que me caiu na caixa de correio electrónico em 07/12/07, proveniente de noticias@fordual.pt)

terça-feira, dezembro 04, 2007

Um novo modelo de transporte de mercadorias

Durante décadas as empresas Portuguesas tiveram grandes dificuldades para concorrer nos mercados das regiões mais ricas do norte e centro de Europa, pelos elevados custos de transporte que tinham que assumir, em resultado do défice de infra-estruturas tanto no próprio país como em Espanha. A melhoria das infra-estruturas de transporte, primeiro em Espanha e depois em Portugal, tem contribuído significativamente para aproximar as produções portuguesas do centro de Europa.
No caso da região Norte, a situação das ligações a Espanha e à Europa por via rodoviária permaneceu estagnada durante muitos anos, condicionada tanto pelos planos de melhoria da rede de auto-estradas e autovias em Espanha como por um modelo rodoviário nacional que obrigava a que as mercadorias do Norte tivessem sempre que rumar a sul para sair do país. A conclusão da rede de autovias em Espanha e do troço da A3 Braga-Valença, juntamente com a construção das auto-estradas interiores que permitem a saída do país via Chaves, vieram demonstrar que um modelo virado a norte é o mais adequado para que as mercadorias da zona mais exportadora do país possam chegar à fronteira francesa em menos tempo e a um menor custo.
A melhoria da infra-estrutura rodoviária tem promovido a intensificação do transporte de mercadorias por esta via, roubando quota de mercado ao transporte marítimo. Este modelo de base rodoviária parece insustentável a médio prazo pelo impacto ambiental que se lhe associa. Neste sentido, a política da UE em matéria de transporte de mercadorias está cada vez mais vocacionada para a promoção da ferrovia como opção modal prioritária. Por esse motivo, existe um claro redireccionamento do financiamento comunitário para infra-estruturas de transporte, que privilegia nitidamente os projectos ferroviários em detrimento dos de carácter rodoviário. Ademais, é uma hipótese cada vez mais real que a prazo venham a ser introduzidas taxas sobre o transporte rodoviário de mercadorias, com a finalidade de penalizar esta opção modal de forma a mitigar as referidas externalidades ambientais.
A aposta no caminho-de-ferro está ser a aproveitada pelos países da UE de forma diversa. Uns estão a desenvolver amplas redes de alta velocidade que cobrem a totalidade do país, construídas na base das dinâmicas de passageiros, como é o caso de Espanha. Outros estão a utilizar os seus recursos de forma mais racional, destinando-os à melhoria e requalificação da rede existente, com a finalidade de que o novo material circulante possa operar a velocidades máximas de 220 km, e para a construção de novos troços que possam contribuir para eliminar a congestão e para promover os denominados efeitos de rede. Esta estratégia, adoptada maioritariamente pelos países nórdicos e do norte de Europa, tenciona promover a inter-conectividade de redes e a inter-modalidade, integrando o transporte de mercadorias no modelo ferroviário.
No caso Português o debate sobre o modelo ferroviário precisa de incorporar novas perspectivas e propostas e redimir-se de racionalidades ultrapassadas. Alguns dos planos da alta velocidade para o país incluem soluções maximalistas com linhas de alta velocidade internas e de ligação a Espanha nas quatro fronteiras mais importantes. Apesar da impossibilidade de levar a cabo na próxima década um plano com aquela dimensão e características técnicas, é obvio que algumas das soluções propostas poderiam ser postas no terreno com perfis técnicos notoriamente diferentes. Neste sentido, a recente decisão da Comissão Europeia de considerar prioritário, para efeitos de financiamento, o troço ferroviário transfronteiriço entre Portugal e a Galiza, que na parte Portuguesa abrange a secção da linha entre Ponte de Lima e Valença do Minho, contribuirá decisivamente para impulsionar a construção de uma infra-estrutura ferroviária mista de altas prestações entre Braga e a fronteira. A decisão comunitária de incluir o referido troço transfronteiriço entre os 30 projectos prioritários garante um financiamento para o projecto de 244 milhões de euros, ainda que os governos nacionais deverão contribuir com aproximadamente 70% dos fundos necessários, dado que a comparticipação comunitária neste tipo de projectos não pode ultrapassar 30% do orçamento total.
Esta infra-estrutura, que de acordo com o calendário estabelecido pelos governos Português e Galego deverá estar concluída em 2013, representa uma grande oportunidade para a região. Contribuirá para incrementar os níveis de integração com a Galiza e, ao mesmo tempo, permitirá mudar progressivamente o modelo de transporte de mercadorias de base rodoviária por um de base ferroviária, apoiado necessariamente na rede espanhola e nas infra-estruturas logísticas de suporte às actividades de transporte.
As infra-estruturas de transporte representam um factor fundamental na dinâmica de recomposição do território europeu. Os agentes regionais devem estar atentos aos desenvolvimentos referidos, dado que os modelos de transporte não devem continuar a reforçar centralidades nacionais, mas antes devem procurar promover as interconexões em função das próprias dinâmicas e inter-relações de cada território. Deve existir um claro compromisso dos agentes económicos e institucionais regionais para apoiar este tipo de projectos, que ao melhorar a acessibilidade em termos temporais, contribuem para a revalorização do espaço regional.
FRANCISCO CARBALLO-CRUZ
(artigo de opinião publicado na edição de hoje no Suplemento de Economia do Diário do Minho, em coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")

sexta-feira, novembro 30, 2007

"Portugal and the challenges of globalisation"

"Dear Participants,

The presentations and the papers of the Workshop on "Portugal and the challenges of globalisation", are already available online at the GEE´s website.

Best regards,

Elsa de Morais Sarmento
Av. República, 79
1050-243 Lisboa
Telef: 21 7998158
http://www.gee.min-economia.pt/"
(reprodução integral de mensagem de correio electrónico recebida da entidade identificada, em 07/11/26)
*
Nota: assume-se que possa haver interessados em aceder à informação para que a mensagem acima chama a atenção.

quinta-feira, novembro 29, 2007

The measure of success

"The measure of success is not whether you have a tough problem to deal with, but whether it's the same problem you had last year."

John Foster Dulles

(citação extraída de SBANC Newsletter, November 27, Issue 498-2007, http://www.sbaer.uca.edu)

quarta-feira, novembro 28, 2007

Conjuntura económica nacional

O inevitável desemprego
O consumo a travar

(títulos de mensagens, datadas de 07/11/24, disponíveis em Visto da Economia)

sábado, novembro 24, 2007

O crescimento económico no 3º trimestre de 2007

O crescimento económico no 3º trimestre foi marcado pela expansão do investimento e pelo abrandamento das exportações - Outubro de 2007

«O enquadramento económico internacional no 3º trimestre de 2007 ficou assinalado por factos com implicações contraditórias para a economia portuguesa. Por um lado, assistiu-se à continuação da apreciação do euro e ao agravamento dos preços do petróleo e de outras matérias primas, por outro, verificou-se ainda assim uma aceleração do actividade económica na área do euro e no conjunto da União Europeia. No plano interno, de acordo com a estimativa rápida do PIB, ter-se-á registado um ligeiro abrandamento entre o 2º e o 3º trimestre, passando de uma variação homóloga de 1,9% para 1,8%, reflectindo fundamentalmente o comportamento da procura externa. Os dados preliminares relativos ao 3º trimestre revelam uma redução de 4,0 pontos percentuais (p.p.) no crescimento homólogo das exportações em valor, face ao 2º trimestre; paralelamente, registou-se uma pequena aceleração das importações de 0,1 p.p. que, pela primeira vez desde o 3º trimestre de 2005, apresentaram um maior crescimento nominal do que as exportações (5,3% e 4,8%, respectivamente). A procura interna, tal como no trimestre anterior, acelerou no 3º trimestre, sobretudo em resultado do crescimento do investimento. Esta evolução reflectiu, desenvolvimentos positivos em todas as suas componentes, com destaque para a componente de material de transporte. O consumo privado terá apresentado um menor dinamismo devido à desaceleração do consumo de bens duradouros. No 3º trimestre, o emprego cresceu 0,2% em termos homólogos, após a diminuição observada no trimestre precedente. A taxa de desemprego situou-se em 7,9%, o mesmo valor do trimestre anterior e 0,5 p.p. mais elevada do que a de igual período de 2006. Em Outubro, a inflação acelerou, atingindo 2,6%, mais 0,5 p.p. do que no mês anterior.»
(INE:Destaques, 07/11/20

terça-feira, novembro 20, 2007

Estratégias de negócio e internacionalização das empresas: um caso da fileira têxtil

Até finais dos anos 80 do século XX a competitividade da maioria das empresas seguia o princípio das vantagens comparativas. As dotações de mão-de-obra, matérias-primas, capital e outros inputs constituíam as principais fontes de competitividade. Portugal baseou as suas indústrias exportadoras em salários baixos ou no acesso a recursos localizados no país, como foi o caso da indústria da cortiça, da cerâmica e dos têxteis. No sector têxtil, a competitividade encontrava-se salvaguardada pelo acordo multifibras, que conferia a Portugal uma protecção em torno de 80% dos produtos exportados.
Com o fim da Guerra-fria, a abertura do Leste Europeu, o alargamento das regras da economia de mercado à generalidade dos países do mundo, a entrada da China na Organização Mundial de Comércio e a presença das multinacionais nas economias nacionais verificou-se uma forte intensificação da concorrência. Aparte ter aumentado, a concorrência deixou de basear-se nas dotações em factores produtivos básicos, para se centrar em vantagens baseadas na inovação, na tecnologia, na diferenciação dos produtos e na qualidade, orientadas para a satisfação das necessidades dos consumidores. Neste contexto, as “vantagens competitivas” resultam essencialmente de elementos qualitativos.
São múltiplos os factores que influenciam a competitividade das empresas, podendo sinteticamente referir-se as economias de custo e a diferenciação. Estas duas vantagens (preço e diferenciação) podem ainda ser focalizadas num nicho de mercado que, pela sua escassa dimensão económica, não se oferece aliciante para a maioria dos operadores.
Em relação à diversificação do produto, no ambiente tecnológico actual, as possibilidades apresentam-se quase ilimitadas. O potencial de diferenciação é determinado, em parte, pelos atributos do produto (características técnicas, embalagem, marca, garantia) e pelas características do mercado alvo (grupos de consumidores). Contudo, o sucesso da diferenciação está intimamente associado ao empenho que a empresa coloca na satisfação das necessidades e preferências que o consumidor valoriza e, por outro lado, às competências geradas no seio da própria empresa.
O nível de serviço disponibilizado pela empresa ao consumidor é outra fonte de diferenciação, assim como as actividades de marketing. A tecnologia adoptada e a qualidade dos factores de produção usados são, ainda, uma fonte mais de diferenciação, a que se podem acrescentar procedimentos de gestão inovadores, a experiência e qualificação dos empregados, entre outros factores.
Do que assinala nos parágrafos precedentes, resulta que, quando se considera, hoje em dia, a afirmação e competitividade das empresas ou o desenvolvimento dos territórios as questões da abertura da sua economia e da respectiva inserção na divisão internacional do trabalho não podem deixar de estar presentes. Não é por acaso que se considera que um consumidor remoto pode ser mais importante que o cliente próximo.

Tomando um caso da fileira têxtil, vejamos como as dificuldades e desafios colocados pela dinâmica actual dos mercados vêm sendo enfrentados. A empresa retida é a Irmãos Vila Nova/ Salsa.
A Irmãos Vila Nova (IVN) é uma empresa fundada em 1987. Criada por três irmãos e localizada em Vila Nova de Famalicão, iniciou a sua actividade na área dos acabamentos têxteis (lavandaria e tinturaria de artigos confeccionados).
Começou por ser apenas uma têxtil subcontratada por empresas estrangeiras mas, perante o reduzido valor acrescentado e a estreita margem de manobra decorrentes desse estatuto, os seus promotores decidiram avançar para a produção de vestuário e criar uma marca. Assim surge a Salsa. Escolheram também deixar de produzir para intermediários, passando a operar para clientes que detinham já uma carteira de clientes finais.
Com a finalidade de projectarem a marca no mercado e expandir o negócio, investiram numa Estação de Tratamento de Águas Residuais, automatizaram processos de acabamento e de confecção, e melhoraram a nível do equipamento e do design gráfico.
O ano de 1994 foi um ano chave para a empresa, que alargou o número de agentes para sete. Foi, também, o ano em que se operou a transformação dos agentes comerciais em vendedores comissionistas. Esta evolução permitiu criar uma maior proximidade aos clientes e conhecer como trabalhavam as lojas multimarca.
Os irmãos Vila Nova inauguraram em 1998 uma loja no centro comercial Norteshopping, no Porto, que marcou mais uma etapa na vida da IVN. Quanto à internacionalização, esse processo teve início em 2002, em Madrid e Barcelona. Foi igualmente em 2002 que foi adquirida em Espanha uma empresa industrial e se iniciou o processo de constituição da holding IVN.
Ao longo de 2004 e 2005, a Salsa expandiu-se para novos mercados, tendo elevado o número de lojas para 50, ficando presente em Portugal, Espanha, Luxemburgo e Médio Oriente (Dubai e Qatar). O recurso à subcontratação da produção atingiu nessa altura os 35% do total. Esta solução permitiu reduzir custos e obter maior flexibilidade na oferta.
Um passo mais recente foi a criação de um novo centro de logística, à luz do propósito de atingir uma mais eficaz gestão da cadeia de abastecimento.

J. Cadima Ribeiro

(artigo de opinião publicado na edição de hoje no Suplemento de Economia do Diário do Minho, em coluna regular intitulada "Desde a Gallaecia")

segunda-feira, novembro 19, 2007

Evolução do Desemprego em Portugal

Nos últimos anos, o défice nacional, tem sido o actor principal na longa metragem dos maiores problemas da nossa sociedade. A célebre frase do Ex-Presidente da Republica Jorge Sampaio, “há vida para além do défice”, remete-nos para o desemprego, uma personagem secundária neste debate, mas que tem afectado directamente milhares de Portugueses.

Com base nas publicações mensais do INE, pretendemos analisar o número de desempregados à procura do primeiro e novo emprego, a duração da procura e o sector da última actividade dos desempregados.
Esta conjuntura só foi favoravel no 2º trimestre de 2005, pautado pelo início de mandato do actual Governo, no entanto, a partir do 3º trimestre de 2005 a situação tem vindo a degradar-se a um ritmo crescente. A variação homóloga destes números, desde o 4º trimestre de 2005 até ao 2º trimestre de 2007, é positiva e muito superior ao periodo anterior, com excepção ao número de desempregados num período de 12 a 36 meses.

[Os numeros que se seguem são em milhares (10³) ]
Nestes dois anos, o número de desempregados à procura do 1º emprego é bastante flutuante, verificando-se: 47,8 - 2ºT/05; 50,6 - 2ºT/06 e 54,5 - 2ºT/07.
Apesar das oscilações da procura de novo emprego, verifica-se: 351,5 - 3ºT/05; 355,0 - 2ºT/06 e 386,1 - 2ºT/07.
A duração da procura de emprego inferior a 12 meses tem registado um crescente número de desempregados desde o 2ºT/06 até ao 2ºT/07 e uma preocupante varição homóloga de 16,3% desde o 4ºT/05 até ao 2ºT/07, onde se verificaram os seguintes numeros: 194,4 - 2ºT/05; 190,1 – 2ºT/06 e 221,0 – 2ºT/07.
O número de desempregados num periodo de 12 a 36 meses é de 143,2 – 2ºT/05; 141,5 – 2ºT/06 e 135,4 – 2ºT/07.
Numa situação de desemprego superior a 36 meses registou-se: 59,6 – 2ºT/05; 74,0 – 2ºT/06 e 81,0 – 2ºT/07.
Relativamente ao sector do último trabalho dos desempregados, na Agricultura, Silvicultura e Pesca: 8,7 2ºT/05; 10,8 – 2ºT/06 e 11,9 – 2ºT/07.
Para a Indust., Construção, Energia e Água: 160,6 – 2ºT/05; 160,5 – 2ºT/06 e 171,6 – 2ºT/07.
No sector dos Serviços: 182,1 – 2ºT/06; 183,7 – 2ºT/06 e 202,6 - 2ºT/07.

É comum o Governo justificar estes números pelo actual dinamismo do Mercado de Trabalho, consequência de uma Economia Dinâmica que existe actualmente. No entanto, e como os dados comprovam, este argumento não é válido. Não se verifica uma permuta entre os vários sectores do Mercado de Trabalho, mas sim, uma regressão do mesmo. O Mercado não só não está a criar emprego, como também, o emprego está a diminuir.
A evolução do número de desempregados à procura do primeiro emprego, bem como o número de desempregados à procura de novo emprego são o reflexo de uma Economia que é tudo menos dinâmica. Apesar de todos os incentivos, existem cada vez menos oportunidades para os jovens, bem como um aumento da precaridade do trabalho.
O número de desempregados há mais de 36 meses é mais um exemplo da incapacidade deste Governo para responder aos desafios actuais no mercado de trabalho, mas será interessante verificar a evolução destes números antes das próximas legislativas.

Emanuel Malanza

(artigo de análise/opinião produzido no âmbito da UC Economia Portuguesa)

Evolução do Índice de Preços no Consumidor

Índice de Preços no Consumidor
Taxa de inflação homóloga aumentou para 2,6% - Outubro de 2007
"Em Outubro, a taxa de variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor (IPC) situou-se em 2,6%, cinco décimas de ponto percentual superior ao valor registado em Setembro de 2007. A variação mensal foi 0,5% e a variação média nos últimos doze meses manteve-se em 2,4%. O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português registou uma variação de 2,5% face a Outubro do ano anterior. O IHPC apresentou uma variação de 0,5% entre Setembro e Outubro de 2007. A taxa de variação média dos últimos doze meses manteve-se em 2,4%."

quinta-feira, novembro 15, 2007

Revista de imprensa

Investimento estrangeiro cresce
«O investimento directo estrangeiro (IDE) em Portugal aumentou no ano passado 30 por cento e deverá continuar a crescer nos próximos três anos, se bem que a um ritmo mais lento do que o desejável, concluiu um estudo da Ernst&Young.
"O ano de 2006 foi bom na captação de IDE, aumentando em 30 por cento [38 projectos] em relação a 2005 [29 projectos]", sendo estimada a criação de 10 mil postos de trabalho, disse à agência Lusa José Gonzaga Rosa, coordenador do estudo da Ernst&Young sobre atractividade de investimento estrangeiro, apresentado ontem à noite.
Em declarações à Lusa, o ministro da Economia e Inovação, Manuel Pinho, frisou que "Portugal é visto como um país mais atractivo" e que o facto de os gestores internacionais acreditarem que se vai tornar ainda mais atractivo nos próximos três anos "é uma boa notícia e confirma a subida de Portugal nos índices internacionais de competitividade e o bom comportamento das exportações".
"Os velhos do Restelo dizem que Portugal não é atractivo, que não é competitivo e que não tem capacidade em exportar. Quem trabalha diz que Portugal está a ficar mais atractivo, mais competitivo e com maior capacidade de exportar", disse o ministro.
José Rosa explicou que face ao número de projectos que entram, tendo em conta a população, "o desempenho português é tão bom como o de Espanha, Alemanha e Polónia". "Oitenta por cento dos projectos são novos, relativos a investimentos que não existiam em Portugal, sobretudo na área de prestação de serviços, o que é um sinal de um envolvimento maior", frisou ainda o coordenador do estudo.
Lusa»
(reprodução integral de notícia do Público, de 15-11-2007)

A evolução dos preços do petróleo

(título de mensagem, datada de 07/11/15, disponível em A destreza das dúvidas)

quarta-feira, novembro 14, 2007

“Foreign Direct Investment and Country-Specific Human Capital”

“Workers who are educated abroad acquire human capital specific to the country of foreign study (for example, language capital and country-specific knowledge on firm organization and on social system) which makes them more productive than domestically educated workers when both types of workers are employed by subsidiaries of multinational firms headquartered in the country of foreign study. An increase in foreign-educated labor in an FDI-host country thus attracts more FDI from the country of foreign study. We find evidence from bilateral FDI and foreign-student data for 63 countries over the period of 1963-1998 that strongly supports this prediction. Our findings suggest that foreign-educated labor may account for a sizable portion of growth in FDI flows during the sample period.”

Jinyoung Kim (Department of Economics, Korea University)
Jungsoo Park (Department of Economics, Sogang University)

Keywords: foreign direct investment, multinational firm, human capital, foreign education, students abroad.
Date: 2007
URL: http://d.repec.org/n?u=RePEc:iek:wpaper:0705&r=edu

(resumo de “paper”, disponível no sítio referenciado)

terça-feira, novembro 13, 2007

"Criação insuficiente de emprego qualificado gera desqualificação e desemprego crescente entre os de maior escolaridade"

Criação insuficiente de emprego qualificado gera desqualificação e desemprego crescente entre os de maior escolaridade
(título de estudo de Eugénio Rosa, disponível em http://resistir.info/e_rosa/escolaridade_empregos.html)

quarta-feira, novembro 07, 2007

A caminho de Espanha

A caminho de Espanha
(título de mensagem, da autoria de Vanda Lima, datada de 07/11/06, disponível em Empreender)

terça-feira, novembro 06, 2007

"A variedade é a vida"

Em todos os Estados onde se destruiu a variedade local, eis que um pequeno Estado se forma no centro
*
(título de mensagem, datada de 07/11/06, disponível em Sobre o tempo que passa)

Política de “clusters” e desenvolvimento regional

Embora possa parecer contraditório, o processo de globalização tem reforçado algumas das dimensões do local. A globalização económica tem dado origem a transformações de diversa natureza, ainda que as principais se tenham concentrado em três âmbitos bem delimitados. A primeira grande transformação afecta as estruturas produtivas, e tem a sua manifestação nos processos de ajustamento, reconversão e reordenamento sectorial nas economias mais desenvolvidas e nos de arranque, consolidação e complexificação característicos das economias emergentes. A segunda transformação, de carácter comercial, implicou uma alteração dos padrões de fornecimento e venda das empresas. As mudanças daí resultantes têm levado a um incremento da percentagem de consumos intermédios importados de mercados de origem progressivamente mais longínquos, e ao aumento da quota das vendas internacionais nos balanços empresais. A terceira transformação manifesta-se no território. Os espaços competitivos emergem ou reforçam-se a partir de realidades maduras do ponto de vista do desenvolvimento, em territórios onde o processo de geração de vantagens comparativas se retro-alimenta de forma contínua, dando origem a uma melhoria continuada da sua posição competitiva.
Os espaços competitivos mais dinâmicos e que melhor têm respondido aos desafios globalizadores podem ser classificados de formas diversas, em função das suas dimensões mais características. Um dos mais interessantes é o “cluster”, tanto pela sua capacidade de adaptação às novas formas de concorrência, como pelo sucesso da sua exportação como modelo de desenvolvimento empresarial para realidades produtivas assentes em pequenas e médias empresas. Este tipo de organização da produção de base territorial é uma associação, de natureza para-formal, constituída por empresas vinculadas, de forma directa ou indirecta, a uma actividade dominante, onde o sentido de participação e as relações entre elas procedem tanto da preponderância sectorial como da partilha de um espaço em comum. Apesar de cada uma das unidades empresariais continuar a manter os seus objectivos individuais, a existência de um “cluster” obriga à definição de objectivos conjuntos em matéria de disponibilização e qualificação de recursos, de organização da produção e de promoção da competitividade. Em termos genéricos, os elementos comuns neste tipo de organização produtiva são: i) trata-se de estruturas dinâmicas em constante evolução/transformação, onde o motor da mudança é a geração de valor; ii) as diferentes unidades constitutivas do “cluster” estão organizadas matricialmente à volta de uma actividade principal, ainda que existam uma série de actividades relacionadas, com uma importância central para assegurar a sua continuidade e bom funcionamento (por exemplo, as de serviços especializados e I+D+i); iii) a especialização produtiva e o carácter diferenciado das produções fazem com que os mercados alvos das mesmas sejam os mercados internacionais.
Os “clusters” surgiram em muitos locais como formas de organização da produção espontânea e não dirigida, que souberam aperfeiçoar-se na procura de geração de valor e de ganhos de competitividade. O seu sucesso fez com que vários governos tenham tentado reproduzir o modelo em questão mediante políticas de promoção de “clusters”, nalguns casos, a partir do zero e, noutros, mediante tentativas de organização sectorial em áreas em declínio ou o apoio a iniciativas inovadoras ainda incipientes. Apesar da existência de elementos comuns entre vários tipos de “clusters” localizados em contextos espaciais bem diferentes, as características territoriais, sectoriais e estruturais de cada um deles dificultam a identificação dos factores de sucesso, o qual, em certa medida, cria entraves para a extrapolação deste tipo de modelos entre realidades territoriais, sectoriais e culturais diferentes. Portanto, a replicação de experiências e políticas, a este nível, deve ser extremamente cuidadosa e calculada, dando especial relevo à componente de diagnóstico e de implementação dos instrumentos correspondentes.
Em Portugal, a política de “clusters” foi timidamente introduzida no seu momento e actualmente vive um impasse preocupante, sobretudo porque as actuações em matéria de política produtiva são escassas e deficientemente dirigidas, e porque existem alguns sectores de futuro que devem ser decididamente apoiados, nomeadamente, através da intervenção nas dimensões intangíveis e nas organizativas com carácter de bem público. Em termos de desenho e implementação da política de “clusters” há alguns aspectos que merecem especial destaque: i) Os sectores escolhidos devem estar associados a actividades de valor acrescentado alto e médio-alto, com uma elevada componente de inovação; ii) A localização para o desenvolvimento do “cluster” deve alhear-se de considerações espúrias e decidir-se pelo potencial real em termos de recursos e de ligações aos centros e mercados internacionais; iii) A estrutura social de suporte deve promover uma atitude estratégica permanente e a sua intervenção deve dar resposta a estratégia previamente delineada; iv) A cultura de cooperação deve ser fortemente promovida, especialmente em actividades dificilmente financiáveis individualmente e onde os esforços isolados se têm revelado pouco eficazes.
O fomento duma política de “clusters” em Portugal, para além de ter em consideração os aspectos anteriormente enunciados, não deve avançar sem que a administração promova o diálogo com as empresas e com outros agentes que potencialmente podem induzir a mudança. A implementação deve ser rigorosa, rápida, dinâmica e flexível e deve reger-se por critérios técnicos, tentando minimizar as consequências negativas dos equilíbrios e tensões políticas que sempre surgem neste tipo de processos.
FRANCISCO CARBALLO CRUZ

(artigo de opinião hoje publicado no Diário do Minho - Suplemento de Economia, em coluna intitulada "Desde a Gallaecia")

segunda-feira, novembro 05, 2007

Revista de imprensa

Notícia Jornal de Negócios
Petróleo ameaça os 100 dólares
05-11-2007

A maioria dos analistas inverteu a sua expectativa e, agora, já temem que o crude continue a subir. Estaremos a caminho dos 100 dólares?
José Pedro Luís
«O preço do petróleo deverá manter a tendência de subida esta semana, depois de ter batido máximos históricos em Londres e Nova Iorque nas últimas sessões. A maioria dos analistas contactados pela Bloomberg considera que esta semana há razões para o mercado se preocupar com o petróleo, pois o dólar continua a cair e porque o aumento da produção de crude feito pela organização dos países exportadores de petróleo (OPEP), que se vai efectivar esta semana, não deverá ter efeito na procura.
Estas duas razões deixam 60% dos analistas contactados pela agência Bloomberg à espera de um aumento do preço do crude, o que poderá conduzir a novos máximos históricos do preço do petróleo.
Na semana que passou, o West Texas Intermediate (WTI), petróleo referência nos EUA, subiu dos 91,86 dólares até aos 96,24 dólares, um novo recorde. Também o "brent" terminou a semana a tocar um novo máximo histórico nos 92,21 dólares. Na sexta-feira anterior valia menos três dólares.
Com este ritmo de crescimento, a possibilidade do petróleo, principalmente o negociado nos EUA, atingir os 100 dólares é grande.
Até porque agora há um receio económico. A descida das taxas de juro de referência nos EUA para os 4,5% e o aumento do emprego neste país poderão minimizar o impacto da crise do "subprime" na maior economia do mundo.
e isso acontecer, a noção de que o consumo do preço do petróleo poderá aumentar mais que o esperado fará subir ainda mais os preços do crude nos mercados internacionais.
Além disso, as próximas semanas mostrarão se o aumento da produção de petróleo por parte da OPEP terá, ou não, impacto nas reservas mundiais de petróleo. Se não se vir grande alteração, a tendência será de subida, a não ser que o cartel se retracte e decida efectivar um maior aumento na exportação de crude.»
*
(reprodução integral de notícia/artigo publicada/o no Jornal de Negócios, com as referências identificadas no topo)

quarta-feira, outubro 31, 2007

Retrato do sector da distribuição de vestuário em Portugal

Notícia Portugal Têxtil
Retrato da distribuição em Portugal

"O sector português da distribuição atravessa uma fase de concentração. O grupo Inditex, o El Corte Inglés, o grupo Regojo, a C&A e o Continente são os principais operadores, com uma quota de mercado de 23% em 2006(31Out07). As cadeias especializadas e as grandes superfícies aumentaram a sua quota total de mercado em Portugal nos últimos anos, superando os 50% em 2006, enquanto que o comércio independente diminuiu cerca de 4,3% em igual período, de acordo com o estudo "Distribuição de Confecção" realizado pela consultora DBK.
Os resultados do estudo revelam que o volume de negócios do sector português da distribuição de vestuário registou um incremento de 3,4% em 2006, atingindo os 4,23 mil milhões de euros. Neste contexto, o comércio independente continua a perder quota de mercado a favor das cadeias especializadas, dos grandes armazéns e dos hipermercados.
Deste modo, as vendas das lojas independentes perderam uma quota de 6% desde 2004. Em contrapartida, a facturação total das cadeias especializadas e das grandes superfícies apresentaram, nos últimos exercícios, uma tendência de crescimento que atingiu os 40% e os 13%, respectivamente, em 2006.
O vestuário de senhora representou cerca de 50% das vendas totais em 2006 e o de homem 40%, correspondendo os restantes 10% ao vestuário infantil. No sector operam mais de 6.700 empresas, com um efectivo total de 31.700 pessoas.
Em particular, este estudo aponta para o desaparecimento do comércio independente, assim como para um maior número de aberturas de pontos de venda integrados em cadeias especializadas.
Para 2007-2008, o estudo da DBK prevê uma ligeira aceleração do ritmo de crescimento das vendas, com taxas de variação anual situadas nos 4-5%. O comércio independente deverá, todavia, continuar a perder quota de mercado, num contexto de forte crescimento previsto para as cadeias especializadas, os hipermercados e os grandes armazéns.
A escassez de locais nos centros das cidades e os novos hábitos de consumo fomentaram o desenvolvimento de numerosos projectos de centros comerciais, os quais continuarão a ganhar protagonismo na criação de novos espaços nas cadeias especializadas.
A forte concorrência continuara a impulsionar as estratégias de diversificação dos operadores para novos segmentos de procura, assim como para o lançamento de novas linhas de produtos."

(reprodução integral de notícia recebida em 07/10/31, via Newsletter - Portugal Têxtil)

terça-feira, outubro 30, 2007

Portugal é um dos países da OCDE que menos investe em conhecimento

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) divulgou um relatório em que afirma que Portugal tem um investimento inferior a 2% do PIB em conhecimento, sendo este um dos piores valores do relatório.
No que diz respeito ao financiamento da investigação e desenvolvimento (I+D), Portugal é o segundo país, entre os 33 considerados, em que a contribuição pública pesa mais na I+D. Relativamente ao financiamento da I+D pelas empresas, Portugal tem a segunda mais baixa contribuição da OCDE e a terceira pior no universo considerado.
Para além disto, o relatórido da OCDE diz-nos que Portugal desde 1995 integra o grupo dos cinco países onde o investimento das empresas em I+D mais cresceu, sendo este um aumento superior a 10% ao ano.
Quanto aos recursos humanos, o pessoal a trabalhar em actividades de I+D é cerca de 0,5% do emprego total.
Este relatório afirma que Portugal foi o único país da OCDE onde o peso no emprego dos especialistas em tecnologias da informação e comunicações (TIC) não se alterou entre 1995 e 2004.
Relativamente aos benefícios fiscais, entre 1999 e 2007, Portugal está entre os países em que este factor utilizado para apoio às grandes empresas na I+D mais cresceu, logo a seguir ao México e Noruega.
Sendo assim, o relatório da OCDE diz-nos que Portugal não detém um investimento elevado em percentagem do PIB em conhecimento, mas no que diz respeito ao investimento das empresas em I+D Portugal tem vindo a apresentar um aumento de 10% ao ano.
Rui Filipe Dos Santos Fernandes
(artigo de análise/opinião produzido no âmbito da UC Ec. Port.)
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Fonte bibliográfica: http://diarioeconomico.sapo.pt/ (30/10/2007, Diário Económico/Economia/Notícias).

sexta-feira, outubro 26, 2007

"Portugal é o 31º país mais globalizado"

Portugal é o 31º país mais globalizado

"Economia e investimento estrangeiro prejudicam pontuação final
Portugal ocupa a 31ª posição no ranking de globalização elaborado pela AT Kearney para a revista Foreign Policy. Os dados, referentes a 2006, demonstram que o País perdeu sete lugares em relação ao ano anterior.
A empresa de consultoria diz que tal se deve à entrada de novos países para a lista, bem como à subida de algumas economias emergentes. Portugal tem bom comportamento em dois items, dos 18 analisados.
O País fica em 5.° lugar no que diz respeito a integração em organizações internacionais e em 9.º quando o que está em causa são questões políticas. Mas desce para 54.º quando o que é analisado é a economia.
Portugal ocupa lugar idêntico no que concerne a investimento directo estrangeiro, sendo estas as duas piores classificações obtidas pelo País. A AT Kearney salienta a "boa prestação na área da tecnologia e Internet", onde Portugal oscila, segundo os pontos de vista, entre o 19.º e o 31º lugares. No geral, o País encontra-se à frente da Itália (34.º) e da Grécia (45º) e atrás da Espanha (29º)."
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(reprodução integral de notícia, datada de 07/10/26, do Diário Notícias / DN Bolsa)

Investimento Directo Estrangeiro

Os projectos de IDE em Portugal foram 29, em 2005, em contrapartida de 37, em 2004.
A criação de emprego estimada era de 2358 novos postos de trabalho.
O ranking dos 5 maiores investidores foi liderado pelos 4 “pesos pesados” europeus:
1.Alemanha
2.Espanha
3.Reino Unido
4.França
5.Estados Unidos
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(Ernst & Young, 2006, Portugal: Cause for Optimism, Ernst & Young Portuguese Attractiveness Survey 2006, Lisboa - http://www.ey.com)

Inflação e desemprego

“Uma estimação da curva de Phillips para Portugal”, Agostinho Rosa (2004)

Conclusões:
-Existe uma relação entre inflação e variação do desemprego ( e não entre inflação e desemprego)
-Considerando a variação da taxa de desemprego no curto prazo, em vez da taxa de desemprego, a curva de Phillips verifica-se em Portugal.

(Joana Ferreira, Outubro de 2005)

terça-feira, outubro 23, 2007

A norte: o desastre em matéria de estratégia de desenvolvimento e de ordenamento do território

A Comissão Europeia divulgou há alguns meses um relatório sobre a situação nas regiões da União Europeia de onde resultava que o norte de Portugal (NUT II norte) emergia como a área do território nacional mais pobre, isto é, com o PIB per capita mais baixo. Há pouco mais de um par de semanas, o INE divulgou, por sua vez, um “Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio - 2005”, de onde ressaltava que não era óbvia a convergência da NUT II norte com a média nacional e, sobretudo, que a dispersão de níveis de poder de compra nesta unidade estatística persistia muito elevada, ao contrário do evidenciado pela generalidade do país.
Quem rejeite a ideia de fatalidade na evolução dos fenómenos económicos não pode deixar de questionar porque é que isso acontece e a consistência das políticas públicas que ditaram tal resultado, muitas delas suportadas por fundos comunitários e nacionais vultuosos, aparte a equidade da distribuição destes pelas diferentes regiões. Na minha condição de observador da evolução da realidade desta parcela do território nacional e de técnico interveniente nalgumas operações de planeamento, não posso deixar de pensar que os resultados a que se chegou são, em grande medida, fruto de estratégias de desenvolvimento e de políticas de ordenamento do território erradas.
Avançando esta posição agora, mais não faço do que repetir o que venho afirmando desde há 25 anos, com o “conforto” que me dão nesta altura os números a que me reporto. Quero eu dizer: quem se atreve agora a classificar de bom o desempenho económico das últimas décadas do norte de Portugal e de acertadas as orientações de política prosseguidas?
Para não me ficar pelo enunciado de ordem geral, retenho do “Estudo sobre o Poder de Compra Concelhio - 2005” alguns números. A esta recensão de números acrescentarei, a concluir, duas ou três orientações de estratégia, alternativas às que vêm sendo prosseguidas pela CC(D)R-N e pelos Governos, desde os anos 80 do século XX. Essas notas parecem-me ter particular pertinência na ocasião em que está em preparação o chamado Plano Regional de Ordenamento do Território e um estudo de impacte da construção de uma linha férrea de um comboio de velocidade alta entre Porto e Vigo.
Passemos aos números sobre o poder de compra concelhio, isto é, ao índice de poder de compra, como medida da posição relativa dos municípios em termos de capacidade aquisitiva média. Os dados sobre os municípios minhotos invocados são comparados com os das respectivas NUT III e NUT II e os de Porto e Lisboa. São eles os seguintes:
*
Portugal (território base) – 100
NUT II Norte – 85,45
NUT III Minho-Lima - 70,72
-Arcos de Valdevez – 52,49
-Valença – 74,11
-Viana do Castelo – 87,45
NUT III Cavado – 82,47
-Barcelos – 67,05
-Braga – 105,83
-Terras de Bouro – 47,36
NUT III Ave - 74,57
-Guimarães – 77,50
-Póvoa de Lanhoso – 59,38
-Vila Nova de Famalicão – 81,55
NUT III Tâmega - 61,57
-Cabeceiras de Basto – 52,88
-Celorico de Basto – 48,50
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Lisboa – 216,04
Porto – 164,26
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O contraste dos números diz bem das assimetrias de desenvolvimento que se configuram no território em análise.
Respostas consequentes à situação da NUT II norte têm que assumir as fragilidades de partida, e ser ousadas. Nessas respostas, tem que tomar papel estruturador a rede urbana, caracterizada na actualidade pelos seguintes tipos de áreas: i) a Área Metropolitana do Porto (AMP), que constitui um espaço maioritariamente urbano, com fortes relações de interdependência funcional interna; ii) uma mancha urbano-industrial descontinua, envolvente da AMP, integrada por cidades de pequena e média dimensão e por contínuos rururbanos; iii) uma área de consolidação urbana, que se consubstancia no quadrilátero constituído pelas cidades de Braga, Guimarães, Famalicão e Barcelos, que se vem progressivamente reforçando pela via da atracção que exerce sobre as áreas envolventes; iv) áreas de intermediação, onde prevalecem conflitos no uso dos solos, escassa dotação de infra-estruturas e espaços urbanos fragmentados; e, v) áreas rurais, caracterizadas por uma estrutura económica frágil e por baixos níveis de prestação de serviços.
A consolidação de espaços urbanos funcionalmente mais autónomos tem implicações para a área metropolitana do Porto, o que não deve inibir a sua potenciação, assumindo a polinucleação que o território já evidencia, o que implica a partilha da sua centralidade competencial com outras centralidades tendencialmente mais dinâmicas, com destaque para o quadrilátero urbano acima nomeado, mas, igualmente, com Viana do Castelo, que tem vindo a consolidar a sua especialização a nível turístico, ambiental e de lazer.
Neste quadro de superação de fragilidades do tecido produtivo, assume particular importância o investimento na qualificação das redes de transportes e comunicações, incluindo as de âmbito transfronteiriço, fazendo particular sentido explorar a capacidade de um equipamento como o comboio de altas prestações como instrumento de consolidação de uma estrutura urbana mais equilibrada e de abertura de novas vias para o desenvolvimento. Esclareça-se entretanto que o uso do conceito de rede quer significar, em simultâneo, inter-operacionalidade de canais e multi-modalidade, dimensões estas onde subsistem particulares estrangulamentos quer na operação interna quer na relação com o exterior.
Na falta de espaço para aprofundamento das ideias de política esboçadas, fica a promessa de um regresso ao tema.
J. Cadima Ribeiro
(artigo de opinião hoje publicado no Diário do Minho - Suplemento de Economia, em coluna intitulada "Desde a Gallaecia")

domingo, outubro 21, 2007

O Nobel da Economia só devia ser atribuído de 4 em 4 anos

"Olhando para os prémios Nobel de Economia dos últimos anos. Olhando para quem vai receber os prémios Nobel nos próximos anos. A conclusão é, obrigatoriamente uma. Não devia haver prémio Nobel para a Economia. Ou, na melhor das hipóteses, devia ser atribuído apenas de 4 em 4 anos."
Luis Aguiar-Conraria
(reprodução integral de mensagem datada de 07/10/18 e intitulada "Sobre as outras ciências não falo", disponível em A destreza das dúvidas)
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Comentário: !!!

quinta-feira, outubro 18, 2007

Orçamento de Estado para 2008: um comentário pertinente

"[...] afigura-se-nos que a Proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2008 divulgada é particularmente conservadora, não contendo propostas relevantes de alteração ao quadro normativo vigente que contribuam para alterar o status quo fiscal, em particular no domínio da competitividade das empresas e da economia portuguesa. Aliás, a rigidez que continua a caracterizar a condução da política fiscal é susceptível de contribuir igualmente para não promover a correcção de vários desequilíbrios que continuam a registar-se no domínio económico."

(extracto de artigo de ontem, intitulado "Análise ao orçamento do Estado para 2008", do Diário Económico / Suplemento, páginas 4/5)

segunda-feira, outubro 15, 2007

sábado, outubro 13, 2007

Indicadores Económicos: as previsões do OE para 2008

Previsões do OE

(título de mensagem, datada de 07/10/13, disponível em Visto da Economia)

quinta-feira, outubro 11, 2007

"Norte Conjuntura"

Norte Conjuntura (Relatório Trimestral - 2º trimestre de 2007)

«Nesta página são disponibilizados para download os Relatórios “Norte Conjuntura”.
Com periocidade trimestral, o boletim "Norte Conjuntura" procura reunir e analisar a informação disponível mais relevante com vista à identificação precoce das tendências que marcam a evolução económica, a curto prazo, da Região Norte no contexto nacional.»:

http://www.ccr-norte.pt/regnorte/conjuntura/norteconjuntura_2trim2007.pdf

O economista e a sua formação

A propósito do que é ser economista na actualidade, em Portugal, João F. Proença escrevia há poucos meses, em boletim informativo da Ordem dos Economistas (OE), o seguinte: “Hoje, os economistas portugueses trabalham em ambientes multiculturais, em contexto internacional e europeu em particular, em ambientes de grande pressão que muitas vezes exigem capacidade de liderança, capacidade de aprender ou de se adaptar a situações novas e a ambientes ou meios culturais diversos”. Daí retirava a perspectiva de que, hoje, o economista “tem que evidenciar que sabe, que sabe fazer e que sabe ser, o que para além de conhecimentos específicos exige competências comportamentais”.
Trazendo para primeiro plano o contexto em que se vem desenvolvendo a actividade do economista e a complexidade daí decorrente, as reflexões que recupero servem também para pôr em evidência a urgência de respostas adequadas a nível de formação académica e profissional deste corpo técnico. A isso se referia, de forma preocupada e crítica, no mesmo boletim da OE, Carlos Pimenta, na passagem seguinte: “O maior reconhecimento da importância da economia e a ideologia economicista como ´religião` da globalização aumentam o valor social do economista e atribui a alguns a função de apaziguadores das consciências. Mas a massificação da formação de economistas ao longo de décadas e as características actuais do mercado de trabalho reforçam a precariedade do emprego de muitos e promovem a despromoção funcional”.
De uma forma mais terra à terra, João F. Proença, prolongando a sua reflexão, reportava-se aos reptos subsistentes em matéria de formação do seguinte modo: “Hoje, é muito difícil exercer a profissão de economista sem o domínio de competências específicas de áreas disciplinares próximas como a gestão (onde, naturalmente, insiro as contabilidades, o marketing ou a fiscalidade, conhecimentos sobre negociação, gestão de pessoas, etc.) e sem acesso a teorias, métodos e técnicas de outras áreas do conhecimento, particularmente da psicologia e da sociologia, do direito e da ciência política, da matemática e da informática, entre outras”. Ideias que eram reforçadas, ainda no dito boletim da OE, por estas outras de José Manuel Belbute: “a formação inicial (de 1º ciclo) não pode/deve ser encarada como definitiva e para o resto da vida”. Assim é já que, sublinha, “Os conhecimentos adquiridos […] arriscam-se a ficar rapidamente desactualizados. Por isso e contrariamente ao que sucedia há alguns anos atrás, a formação inicial deve ter um carácter mais flexível e generalista, que alie uma sólida formação económica de base (em macroeconomia, microeconomia e métodos quantitativos) à aquisição de competência, de capacidade e de atitudes (capacidade de trabalho em equipa, de tomada de decisões, de relacionamento e de iniciativa) que valorizem os estudantes e lhes facilitem a sua inserção no mercado de trabalho”.
A dificuldade, que José Manuel Belbute não endereça mas que seguramente terá presente, está em conjugar uma formação sólida em macroeconomia, microeconomia e métodos quantitativos com todas as exigências em termos de domínio de técnicas, teorias e comportamentos, que antes são enunciadas como sendo imprescindíveis para o sucesso profissional dos nossos tempos, com a redução das escolaridades totais e parciais a nível de formação do 1º ciclo dos cursos do ensino superior. É que, faça-se claro, o reforço da formação em macroeconomia, microeconomia e métodos quantitativos, em simultâneo com a redução das ditas escolaridades, acaba por reduzir os cursos do 1º ciclo a projectos de ensino que pouco mais oferecem em matéria de programas escolares que macroeconomia, microeconomia e métodos quantitativos. Obviamente, que esses programas podem ser transmitidos recorrendo a novos modelos de ensino-aprendizagem que impliquem e suscitem novos comportamentos nos formandos mas, nessa vertente, dão-se agora os primeiros passos em Portugal, e o processo tem sérias dificuldades, mesmo porque o ensino superior não existe isolado de toda a realidade do ensino e formação do país.
Que o 1º ciclo não responderá aos reptos da complexidade da gestão das economias modernas, disso não restarão dúvidas a ninguém, suponho. Saberão as instituições de ensino superior (e os interessados) encontrar uma resposta eficaz para a dificuldade enunciada? A seu tempo o veremos.
J. Cadima Ribeiro
(reprodução de artigo de opinião publicado na edição de hoje do Jornal de Leiria)

quarta-feira, outubro 10, 2007

terça-feira, outubro 09, 2007

Uma perspectiva sobre as estratégias de desenvolvimento regional

Durante um longo período de tempo o Estado teve um papel extremamente intervencionista nas economias de muitos dos estados mais desenvolvidos, materializado na produção directa de bens ou na prestação de serviços, na limitação da concorrência em determinados sectores e na imposição de restrições à liberdade comercial. Durante a década de setenta e a primeira metade da década de oitenta, as intervenções de apoio às empresas enquadravam-se, genericamente, na denominada política industrial, a qual tinha um âmbito de actuação predominantemente nacional. As intervenções em contextos espaciais mais restritos eram escassas e, na maior parte dos casos, foram deficientemente implementadas.
Ao longo da década de oitenta foram sistematizados os factores de sucesso de alguns territórios que baseavam a sua competitividade no seu potencial endógeno. A reflexão e o debate sobre estas realidades permitiram delinear algumas aproximações agrupadas genericamente sobre o denominado desenvolvimento regional endógeno. Neste contexto, as políticas regionais, destinadas a reduzir as assimetrias regionais e a promover a convergência entre territórios, passaram a dominar a agenda da intervenção pública a nível microeconómico. Os instrumentos deste tipo de políticas dirigiram-se para a melhoria da qualidade institucional, para a promoção de um mercado de trabalho bem dimensionado, qualificado e vocacionado para a aprendizagem, para o fortalecimento e flexibilização das redes de empresas e para o impulsionamento das actividades de I&D e da capacidade de inovação. A implementação de políticas regionais deste tipo deu origem a resultados muito dispares, mas naqueles territórios onde a resposta institucional, do mercado de trabalho e das empresas foi positiva a competitividade empresarial viu-se amplamente reforçada.
Na última década as políticas de desenvolvimento regional continuaram centradas nas premissas do enfoque anterior, embora tenham sido introduzidos alguns elementos adicionais com intuito de ultrapassar várias das limitações e problemas dele decorrentes. Em primeiro lugar, adoptou-se uma perspectiva sistémica na compreensão das problemáticas regionais, evitando a excessiva concentração em aspectos parcelares ou muito específicos e assumindo um enfoque suficientemente amplo, a fim de abranger as dimensões mais relevantes das tendências globalizadoras. Em segundo lugar, deu-se um maior relevo às intervenções de carácter sectorial, as quais tinham sido parcialmente subalternizadas em favor de intervenções de carácter eminentemente transversal. Em terceiro lugar, promoveram-se acções destinadas a reduzir os custos de contexto, fundamentalmente, os de natureza infra-estrutural. Em quarto lugar, melhorou-se a fase de implementação das políticas mediante a introdução de programas realistas, tanto em termos de conteúdo como em termos de timings. E em último lugar, relançou-se a cooperação institucional e empresarial, tanto a nível formal, mediante a consolidação de estruturas de partenariado, como a nível informal, através do fomento de valores culturais de partilha, colaboração e associação.
As estratégias de desenvolvimento endógeno descritas surgem como uma alternativa a outras intervenções de carácter pontual de curto prazo, baseadas na concessão de subsídios directos, que fomentam a economia subsidiada e introduzem elementos de concorrência desleal entre empresas e territórios. A falta de eficácia destas ajudas directas evidencia a superioridade da opção baseada na adopção de uma estratégia de desenvolvimento endógeno consciente, não dependente, sustentável, e viável num horizonte temporal alargado. Ademais, à vista dos resultados em algumas das regiões mais competitivas das economias ocidentais, parece que as estratégias de desenvolvimento endógeno de segunda geração, onde o vínculo território-empresa é tendencialmente mais forte, conseguem ser extremamente eficazes para ultrapassar os desafios derivados do processo globalizador. Este facto é de uma importância extrema para a realização de escolhas e a definição de prioridades, dado que, no âmbito da globalização, as economias nacionais são progressivamente mais sensíveis às mudanças e à conjuntura económica internacional. Adicionalmente, a vulnerabilidade derivada do novo paradigma em consolidação amplifica-se significativamente quanto maiores são as assimetrias territoriais e mais fraca é a estrutura político-institucional a nível regional. Desta forma, intui-se que todas as políticas destinadas a melhorar a competitividade regional contribuem decididamente para reforçar a posição do país face às consequências indesejadas da globalização.
No caso Português as políticas de desenvolvimento regional não têm seguido um modelo claramente definido e continuam a utilizar referências ultrapassadas e a privilegiar propostas necessitadas de novos enfoques. As ditas políticas não têm conseguido obter, em geral, resultados positivos em termos de coesão territorial, agravando, em alguns casos, as assimetrias espaciais que, à partida, deveriam esbater. Ademais, têm sido utilizados critérios pouco transparentes em termos de distribuição de verbas, dado que parece existir uma escassa relação entre os diferenciais de investimento atribuído e as disparidades espaciais de rendimento. Desta forma, o modelo que tem sido empregue privilegia os territórios com maior capacidade de geração de riqueza e tem-se mostrado incapaz de ultrapassar os entraves que condicionam o desenvolvimento dos territórios com maior atraso relativo. Para atingir maiores níveis de eficácia, a política de desenvolvimento regional em Portugal deve, no futuro, atribuir uma maior preponderância à componente estratégica sem retirar importância aos aspectos de desenho e implementação de políticas, ainda que estes devam actualizar as propostas, incorporar novos instrumentos e complementar certas dimensões.
FRANCISCO CARBALLO-CRUZ
(artigo publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário do Minho, no quadro de colaboração regular em coluna intitulada "Desde a Gallaecia")

sábado, outubro 06, 2007

Ser economista hoje, em Portugal. O que mudou com a implementação da Declaração de Bolonha

«Conclusão
Se se pode dizer que economistas “são aqueles que transportam para a vida social os modelos de racionalidade comportamental que estão na base de uma melhor combinação dos recursos existentes e, por conseguinte, na optimização do retorno que decorrerá da sua afectação” (Rebelo e Neves, 2007, p.10), não fica mal dizer, também, que “economista será todo o que, qualquer que seja o seu nível de intervenção profissional que possuir, for capaz de compatibilizar, no tempo e no espaço, soluções eficientes com soluções equitativas, processos competitivos com processos de inclusão” (Alves, 2007, p.13). É que a economia deve repousar, igualmente, em valores, acompanhando as referências e as preocupações com o bem-estar social e a sustentabilidade dos recursos naturais que se vão afirmando.
Definir o que é o economista não é o mesmo que explicitar os “actos” da profissão desse técnico. Pode-se mesmo questionar se o “acto” típico de economista existe. Se esta se oferece matéria susceptível de gerar controvérsia, outro tanto não sucede com o reconhecimento de que os economistas portugueses trabalham hoje “em ambientes multiculturais, em contexto internacional e europeu em particular, em ambientes de grande pressão que muitas vezes exigem capacidade de liderança, capacidade de aprender ou de se adaptar a situações novas e a ambientes ou meios culturais diversos” (Proença, 2007, p.10), o que, na medida do esforço e exigência profissional que lhes coloca, reclama uma formação geral e técnica adequada (adequada na solidez; adequada no perfil funcional que seja requerido), já que o economista que o presente momento reclama tem que saber, tem que saber fazer e tem que sabe ser. (Proença, 2007, p.11).
Neste contexto, se não se questiona nem que a formação inicial deva ter um carácter flexível e generalista, que alie uma sólida formação económica de base à aquisição de competências, de capacidades e de atitudes (Belbute, 2007, p.12), nem a necessidade da formação ao longo da vida, é mais problemático dizer se as respostas que estão a ser dadas no quadro da reforma dos cursos é a que se fazia necessária. Isto, na própria medida em, mesmo se uma melhor adequação das formações oferecidas às necessidades das empresas e da sociedade, em geral, fosse o grande argumento invocado pelo decisor político para precipitar a mudança, há que convir que o acolhimento das “novas” formações pelo mercado de trabalho, a problemática da empregabilidade, se se quiser, ficou arredada do processo que conduziu à reforma em cursos. Da reestruturação dos cursos, o que nesta altura é seguro é que se assistiu à redução das escolaridades totais e parciais das formações oferecidas a nível do 1º ciclo. Como, por um lado, uma sólida formação em macroeconomia, microeconomia e métodos quantitativos não basta para formar o economista capaz de responder aos reptos da gestão das economias modernas, fica daí, por outro lado, espaço para o reforço do papel do 2º ciclo na formação destes profissionais, mesmo que a implementação de novos modelos de ensino-aprendizagem vá fazendo o seu percurso, dando a sua componente de resposta em matéria de atitude à complexidade da realidade actual em matéria de funcionamento e organização das economias.»
J. Cadima Ribeiro

(extracto de comunicação, intitulada "Ser economista hoje, em Portugal. O que mudou com a implementação da Declaração de Bolonha", a ser presente no 2º Congresso Nacional dos Economistas, Ordem dos Economistas, que decorrerá a 11 e 12 de Outubro de 2007, no Centro de Congressos de Lisboa)

quarta-feira, outubro 03, 2007

Revista de imprensa

«O alto desemprego que veio para ficar
Desemprego nacional supera o de Espanha, foi o que mais cresceu nos últimos 12 meses e continuará sem descer.
Até o ministro do Trabalho, José Vieira da Silva, o admite, quando ontem comentou a subida do desemprego para 8,3% em Agosto, divulgada pelo Eurostat
"Não é fácil recuperar para os níveis que existiam há quatro ou cinco anos". "É um processo longo e difícil que começa com o crescimento da economia", juntou o governante. Este ano a actividade deverá recuperar 1,8%, mas em 2008, por causa da crise financeira, as condições tenderão a ser mais desfavoráveis, podendo travar a recuperação do investimento, logo a criação dos desejados postos de trabalha
Há quatro ou cinco anos a taxa de desemprego portuguesa rondava os 5% a 6% da população activa e era cerca de metade da registada em Espanha, onde o fenómeno era historicamente mais severo.
Hoje, Portugal ultrapassa os 8%, e segundo mostra o Eurostat, onde mais subiu desde Agosto do ano passado, registando a terceira marca mais alta da zona euro. Pior apenas França (8,6%) e Grécia (8,4%), sendo que a tendência nestes dois países é para descer. Em Portugal, parece que ainda não. Economistas e gestores, como António Nogueira Leite ou António Pires de Lima, conferem isso mesmo: que o processo de reestruturação da economia começou tarde, é naturalmente lento, pelo que ainda é cedo para esperar uma "retoma" do mercado de trabalho, mesmo que a economia cresça um pouco mais.
Paula Carvalho, economista do Banco BPI confere que "o desemprego tenderá a permanecer em níveis elevados durante bastante tempo". "O ajustamento entre o que as empresas procuram e a oferta de trabalho não se resolve de um dia para o outro pois as qualificações levam tempo a adquirir", explica, relembrando em seguida que "em 2008 deveremos atravessar tempos mais complicados outra vez".
Gonçalo Pascoal, economista-chefe do BCP, relembra que "o desemprego é estruturalmente mais elevado porque há muita gente que não consegue arranjar emprego há muito tempo" e porque "não há investimentos grandes intensivos em mão-de-obra". "Haverá, quando arrancar o projecto do comboio de alta velocidade e o novo aeroporto".»
L.R.R. e J.P.
(reprodução integral de artigo publicado no Diário Económico, em 07/10/03, com o título indicado)

segunda-feira, outubro 01, 2007

Relação universidade-empresa

"A capacidade da universidade e empresa estabelecerem relações duradouras e mutuamente benéficas é um dos desafios que se colocam numa sociedade cada vez mais baseada no conhecimento."
Vasco Eiriz
(extracto de mensagem, datada de 26 de Setembro de 2007 e intitulada "Redes de conhecimento: estudo de um caso sobre a relação universidade-empresa", disponível em Empreender)

sexta-feira, setembro 28, 2007

Consumer perception of Portuguese quality wine and the region-of-origin effect - VII

Abstract
Region’s specificities such as history, geography and culture can be mobilised to qualify regions` products and confer a competitive advantage to certain products with origin in that region. The returns of a region’s resources depend upon the ability of local firms to appropriate the rents earned and whether consumers value the characteristics of the region that are associated with the product, being disposed to pay a price premium.
In a previous research, using a hedonic price function, which related the price of Portuguese regional wines to its various attributes, we found empirical support to the idea that region of origin matters to consumers, that is, the study showed that some regions of origin had a significant impact on products price. The approach taken was a supply side one, which means we collected prices from different Portuguese retail chains. In this empirical research, we intend to test the same issue questioning directly a certain kind of consumers: those who buy wine to sell it in their small retail shops, restaurants and bars (cafés). Besides the regional designation of origin, other product attributes to be tested are colour, age and special attributes, which all have shown positive effects on price in the previous research.
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Conclusions
The main motivation for conducting this research was to bring some more light on the impact of territory information on buyers’ behaviour; in this case, Portuguese wine consumers.
Based on empirical evidence collected through a questionnaire directly implemented in a wholesaler, we could conclude that the dominant factor of influence in the acquisition of wine is the region of origin. Product intrinsic characteristics like colour, age, special references and grape, all have shown not having relevant influence in the decision of the wine consumer, in this case. Also noticeable is that, both, wine specialists and consumers use region of origin as a strong clue to their decision of purchasing or not a certain wine, while the non specialist consumer deposits more interest in the brand.
This way, the empirical research undertaken gives support to the hypothesis that the use of territorial references is a promising strategy to increase the market value of products and sustain differentiation towards competitors.
The regions of Alentejo, Douro and Verde have shown to be the most preferred by the Portuguese consumers. The results obtained through this survey are in line with those of a previous research (FREITAS SANTOS and CADIMA RIBEIRO, 2003). The differences to underline have to do with the inclusion of Verde wine region in the questionnaire, which we didn’t consider in the first study due to not being an ordinary Portuguese table wine, and with Dão, not valued as hypothesized by the survey respondents. Anyway, to better understand the results we got in this last study, we should keep in mind that respondents were people living in the Verde wine region itself.
The fact just mentioned can be taken as a major limitation of this empirical research, as it doesn’t allows us to generalise the results to the country, as a whole. Another limitation comes from the fact that we collected the answers in a single wholesaler. That means that supplier marketing strategy could, at least at certain level, to have influenced costumers’ choices.
A last comment we would like to add as to do with the option we took of approaching consumers’ preferences through the ones stated by the small retailers. Even if a close relationship between retailers and final consumers exists, we are aware that it is not the same thing.
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J. Cadima Ribeiro
J. Freitas Santos
(resumo e conclusão de comunicação apresentada em 47th Congress of the European Regional Science Association (Joint Congress of ERSA and ASRDLF) Paris, August 29th – September 2nd, 2007 - o texto integral da comunicação que trata a matéria em título está disponível, em inglês, no sítio do NIPE, na entrada publicações, actas de conferências, 2007 - http://www3.eeg.uminho.pt/economia/nipe/index_pt.htm)

terça-feira, setembro 25, 2007

As preferências dos turistas que visitam o Minho-Lima

Alguns territórios procuram tirar partido da sua riqueza em recursos naturais, históricos e etnográficos para, por via do aproveitamento turístico, criarem rendimento e emprego. Contudo, sendo os recursos financeiros e humanos escassos, por norma, qualquer planeamento implica fazer apostas selectivas e, logo, proceder à avaliação de alternativas.
Estando em causa um projecto de desenvolvimento turístico, os recursos existentes podem servir como ponto de partida para a definição de alternativas e, conhecendo a opinião dos turistas sobre aqueles, é possível dispor de uma base sólida para a selecção da alternativa estratégica que melhor se adeqúe aos atributos do território e às preferências dos visitantes.
A análise dos gostos e preferências dos turistas está facilitada quando estão em causa destinos mais ou menos consolidados e recursos turísticos actuais, uma vez que estes apresentam uma procura a partir da qual se pode investigar gostos e preferências. Porém, no caso de destinos emergentes e de recursos potenciais, esta tarefa torna-se mais complicada. Para ultrapassar esse problema, podemos recorrer à análise das preferências declaradas, inquirindo os indivíduos sobre as respectivas escolhas (declaradas), face a situações hipotéticas de consumo.
Foi este tipo de abordagem que foi prosseguido há uns meses atrás, no quadro de uma investigação que, em última instância, visava avaliar até que ponto seria viável pensar a sub-região do Minho-Lima como um (novo) destino turístico. O potencial do território em causa resulta-lhe do valor inquestionável dos recursos que possui, que, entretanto, é sabido não bastarem para configurar um projecto sustentável de aproveitamento turístico.
O inquérito destinado a avaliar a estrutura de preferências dos turistas que visitam ou pretendem visitar o Minho-Lima (isto é, o Alto Minho) foi aplicado entre Maio e Dezembro de 2006. Obteve-se um total de 350 respostas, 74 de turistas estrangeiros e 276 de turistas nacionais.
Os recursos do território foram apresentados aos inquiridos sobre a forma de um conjunto de cartões que pretendiam representar os perfis de atributos/alternativas de escolha disponíveis, sendo-lhes pedido para ordenarem/hierarquizarem o(s) preferido(s). Os inquiridos podiam, assim, ter em conta combinações de níveis de atributos, onde cada possível combinação representava o perfil do destino turístico que poderiam ter em mente quando estabelecessem as suas preferências e seleccionassem o seu destino de férias. O desenho do questionário foi aperfeiçoado mediante a realização de um pré-teste.
De forma muito resumida, dos resultados foram obtidos, constatámos que os recursos a que os turistas atribuíam mais importância eram as Praias Oceânicas e os Parques Nacionais ou de Paisagem Protegida. A esta luz, numa perspectiva promocional, não estando os municípios do litoral inseridos no Parque Nacional da Peneda-Gêres, teriam toda a vantagem em referir que este se encontra enquadrado na sub-região a que pertencem. Do mesmo modo, os municípios que fazem parte deste Parque Nacional deveriam referir que se encontram a X km do litoral e, por essa via, de algum modo, incluir esse recurso na sua carteira de oferta.
Considerada a nacionalidade dos entrevistados, obtiveram-se percentagens de importância dos atributos relativamente semelhantes, salvaguardadas as diferenças que se assinalam de seguida:
i) os turistas nacionais preferem os Parques Nacionais ou de Paisagem Protegida, enquanto os turistas estrangeiros valorizam mais as Serras e Montes; e,
ii) no caso dos Recursos Etnográficos, os nacionais atribuem maior importância à Gastronomia, enquanto os estrangeiros valorizam mais as Festas.
Entre os elementos coincidentes, no que se reporta aos Recursos Naturais-Água, estão a preferência dada às Praias Oceânicas e, no que se refere aos Recursos Históricos, a preferência dada ao Património Arqueológico.
Já no caso do Património Religioso e do Artesanato, considerados os mesmos resultados, dada a pouca importância que lhes foi conferida pelos turistas nacionais e estrangeiros, seria de rever o destaque que lhes vem sendo dado nas estratégias de promoção. Partindo da perspectiva que será desejável que um destino turístico disponha de uma carteira de produtos alargada, parece fazer sentido que sejam tomados como recursos complementares, alternativamente à política actual dos apresentar como dois cartazes de visita do Minho-Lima.Conforme é bem explícito, o território que foi alvo de análise foi o Alto Minho. Posta, entretanto, a similitude de recursos turísticos e de perfil de visitantes que visitam o Alto e o Baixo Minho, crê-se que as ilações que se podem retirar deste estudo sejam em grande medida válidas para o Minho, no seu todo.
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J. Cadima Ribeiro
(reprodução integral de artigo publicado em 07/09/25 no Suplemento de Economia do Diário do Minho, em coluna genericamente intitulada "Desde a Gallaecia" - o texto integral da comunicação que trata a matéria em título está disponível, em inglês, no sítio do NIPE, na entrada publicações, actas de conferências, 2007 - http://www3.eeg.uminho.pt/economia/nipe/index_pt.htm)

sábado, setembro 22, 2007

Da falta de arrojo à substituição de Paulo Macedo

Diário económico
José Azevedo Pereira é o sucessor de Paulo Macedo nos Impostos
O Governo já dispensou 14 mil funcionários públicos:
http://diarioeconomico.sapo.pt/edicion/diarioeconomico/edicion_impresa/economia/pt/desarrollo/1038201.html

Comentário: há quem ache que o Ministro das Finanças está a fazer um bom trabalho; há mesmo quem ache que o Governo está a fazer um razoável trabalho em matéria de gestão económica. Lamento, mas não é o meu caso. Aliás, fazer de despedimentos feitos ou programados uma coroa de glória só pode ser fruto de uma enorme confusão de valores e confissão implícita de falta de arrojo e ambição.
Um grande trabalho fê-lo Paulo Macedo!

sexta-feira, setembro 21, 2007

"National Progress Report on eGovernment in the EU27+"

Comissão Europeia
National Progress Report on eGovernment in the EU27+ :
http://ec.europa.eu/information_society/newsroom/cf/itemdetail.cfm?item_id=3635

(cortesia de Irene Rodrigues - CDEUMINHO)

terça-feira, setembro 18, 2007

OCDE: "Education at a Glance 2007"

«Portugal é um dos países onde tirar um curso mais compensa
É um facto que a relação está presente em todos os países da OCDE: quanto mais altas as habilitações académicas, mais elevado é o salário. Mas em Portugal esta ligação é particularmente forte. Em média, um licenciado recebe 80% mais do que um trabalhador que apenas concluiu o secundário.
É uma das maiores diferenças encontradas entre os 25 Estados-membros da organização, só superada na Hungria e na República Checa, de acordo com um relatório da OCDE citado pelo Público e que é divulgado hoje.
Outro dado que comprova que estudar compensa: em nenhum outro país um trabalhador que apenas completou o ensino básico é tão penalizado em termos de rendimentos. Em média, recebe 57% do salário de quem tem o 12.º ano. E em ambos os casos as diferenças têm-se acentuado ao longo dos anos. O que se tem mantido é a diferença salarial entre homens e mulheres, com prejuízo para elas.
Mais um recorde: em Portugal quase 60% das pessoas que recebem duas vezes mais do que a média nacional são licenciadas. Entre os que apenas completaram o 9.º ano, só 7,5 por cento podem dizer o mesmo. As baixas qualificações da população portuguesa podem ajudar a explicar esta valorização.
Estes são alguns dos dados apresentados no relatório da OCDE Education at a Glance 2007, que é hoje divulgado.
Ao longo de mais de 450 páginas, apresentam-se milhares de indicadores relativos aos sistemas de ensino de cada um dos Estados-membros e que permitem constatar algumas características, avança o Público.
Se a valorização das qualificações em Portugal fica demonstrada - igualmente ao nível das taxas de emprego, ainda que de forma muito menos acentuada -, para a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico também ficou claro algo de negativo.
"A maior selectividade no acesso ao ensino superior encontra-se em Portugal", lê-se no relatório, que analisou (para os dez países para os quais havia dados) em que medida o estatuto sócio-económico dos pais condiciona o prosseguimento de estudos dos filhos.
O relatório concluiu que em Portugal essa relação é determinante. Há uma sobrepresentação de filhos de licenciados no superior e estes jovens têm 3,2 vezes mais probabilidade de vir a tirar um curso do que seria normal.»

(reprodução integral de artigo, com o título identificado, publicado na edição de 07/09/18 do Jornal de Negócios)

[cortesia de Nuno silva]

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Ps: Education at a Glance 2007 - OECD Indicators
[a ligação activa ao original e o indíce do texto são disponibilizados por MJMatos (Que Universidade ?) em mensagem, com o título da obra, datada de 07/09/19]

"Poder de compra concelhio - 2005"

Poder de compra cai 1/3 em cinco anos face à média
Disparidades da riqueza face à média nacional caíram nas maiores cidades do país
«Em 2000, um lisboeta conseguia adquirir três vezes mais bens do que a média do cidadão português e um portuense tinha capacidade financeira para comprar 2,38 vezes mais itens do que a média nacional. Cinco anos volvidos, quem habita na capital portuguesa apenas consegue comprar 2,16 vezes a média portuguesa, enquanto no Porto supera em 1,64 vezes a média nacional. Os habitantes das duas cidades continuam, ainda assim, a beneficiar de um poder de compra muito acima da generalidade dos portugueses, revela o estudo sobre o "Poder de Compra Concelhio -2005", divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística no final da semana passada.
Significa isto que o poder de compra dos habitantes das duas maiores cidades do país caiu? Não necessariamente. Na realidade, podemos estar na iminência de um aumento do poder de compra do resto do país. O estudo apresentado pelo INE não permite, contudo tirar conclusões sobre esta questão, uma vez que apenas são apresentados dados relativos face à média nacional (representada em base 100). No entanto, permite concluir que no espaço de cinco anos as disparidades de poder de compra "per capita" diminuíram no Continente (de 101,65 para 100,52) e aumentaram nas regiões autónomas, embora nas ilhas permaneça abaixo da média nacional.
Nos Açores, a capacidade de aquisição subiu de 65,51 para 81,66 e na Madeira aproximou-se vertiginosamente da média nacional, ao aumentar de 72,46 para 96,59 entre 2000 e 2005.
Fosso entre ricos e pobres permanece gritante
Se é verdade que o diferencial nos poderes de compra dos portugueses se reduziu, também é um facto que o fosso entre aqueles que têm um maior poder de compra e os que têm uma capacidade financeira muito reduzida continuava a ser muito grande.
Há dois anos, altura em que o crescimento da economia portuguesa foi particularmente frágil, com o PIB a acrescer a um ritmo de apenas 0,5%, dos 308 municípios do país, só em 43 o poder de compra era superior à média nacional. E destes, a maioria abrangia lugares com mais de 10.000 habitantes. Ou seja, o poder de compra mais elevado continua concentrado nos centros urbanos e no litoral. De acordo com a análise do INE, "metade do poder de compra nacional concentrava-se em apenas 20 municípios", em 2005, pertencendo grande parte à Grande Lisboa, Grande Porto ou ao Algarve.
A cidade de Lisboa continua a ser o local onde se encontra o poder de compra "per capita" mais elevado em todo o País, com 216. No entanto, há dois anos ainda era possível encontrar municípios onde o poder de compra se encontra mais de 50% abaixo da média nacional, como é o caso de Resende, Freixo de Espada à Cinta, Terras de Bouro ou Ribeira de Pena, as zonas de Portugal onde os cidadãos apresentam o mais baixo poder de compra.»
Susana Domingues
(reprodução integral de artigo, datado de 07/09/17, publicado em Jornal de Negócios)