Face ao volume da dívida contraída, pública e privada, o comum dos portugueses dirá que não restava alternativa que não fosse negociar o crédito necessário e aceitar as condições dos financiadores. Só que, dito assim, fica clara a natureza e os custos da operação e, daí, cai o fundamento para se usar a expressão “ajuda” financeira. Por contrapartida, sobra espaço para que nos questionemos sobre o porquê do caminho percorrido e sobre quem nos arrastou para este precipício, mesmo que as derradeiras semanas tenham servido, sobretudo, para a realização de enormes operações de lavagem de responsabilidades: ouvindo o que foi sendo dito na televisão, na rádio e nos jornais, só pode concluir-se que o descalabro das contas públicas a que se chegou não foi culpa de quem quer que fosse ou, melhor, foi dos portugueses, especialmente daqueles que estão sem emprego, viram os seus salários reduzidos ou foram penalizados pela contracção das prestações sociais a que tinham acesso, numa lógica de solidariedade social.
J. Cadima Ribeiro
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