"As empresas nacionais encontram-se numa encruzilhada: por um lado, as pressões competitivas internas têm aumentado com a entrada de concorrentes internacionais; por outro lado, por força da integração europeia e da globalização dos mercados, são desafiadas a prosseguir os caminhos da internacionalização, sendo certo que esta via não é fácil nem está ao alcance de todas.
O presente artigo procura perscrutar os caminhos que se oferecem às empresas portuguesas. À luz desse propósito, apresenta-se uma matriz de opções estratégicas ao seu dispor, construída a partir da respectiva dimensão (reduzida/elevada) e da natureza da vantagem competitiva existente (idiossincrática/extrovertida). As trajectórias enunciadas são ilustradas por recurso a um conjunto de casos retirados do panorama empresarial recente."
O presente artigo procura perscrutar os caminhos que se oferecem às empresas portuguesas. À luz desse propósito, apresenta-se uma matriz de opções estratégicas ao seu dispor, construída a partir da respectiva dimensão (reduzida/elevada) e da natureza da vantagem competitiva existente (idiossincrática/extrovertida). As trajectórias enunciadas são ilustradas por recurso a um conjunto de casos retirados do panorama empresarial recente."
J. Freitas Santos
J. Cadima Ribeiro
(resumo de artigo disponível na integra na entrada Publicações - Documentos de trabalho -2005 do sítio identificado de seguida:
http://www2.eeg.uminho.pt/economia/nipe/docs/WP_NIPE_16_05.pdf)
2 comentários:
As assimetrias sócio-económicas de Portugal face ao contexto europeu diminuíram com o ingresso à União Europeia em 1986. Mas, apesar de ter sido considerada uma época de ouro para Portugal em termos de oportunidades de desenvolvimento, o nosso país só não soube aproveitar como se viu mergulhado no aumento da despesa pública.
Não restam dúvidas que a estrutura económica, o tecido empresarial, a localização periférica e a qualidade dos recursos humanos conferem à economia portuguesa uma situação de fragilidade, ou vulnerabilidade, que limitam a competitividade e a inserção internacional comparativamente ao padrão europeu.
De facto, no caso português, a formação do capital industrial foi retardatária, ocorrendo num momento em que as barreiras tecnológicas e financeiras já estavam consolidadas à escala mundial, o que limitou o seu desenvolvimento, e as suas dificuldades foram ainda mais acrescidas com o alargamento da U.E. a leste; com os problemas estruturais da nossa economia na sequência da criação da moeda única e do cumprimento dos pressupostos do PEC; e com o facto das empresas estrangeiras virarem-se agora para mercados mais atractivos.
Face a estes desafios, as empresas portuguesas devem encontrar a forma de posicionamento estratégico mais adequado à natureza das suas vantagens competitivas e à sua dimensão e cultura organizacional para conseguirem ganhar pontos.
As opções das empresas poderão passar por: defender a sua posição no mercado nacional; enfrentar a concorrência externa; vender (internacionalizar) para outros mercados; ou globalizar as actividades por via de investimento directo.
Ora, nos dias de hoje, o contexto actual é de aceleração da globalização e, por isso, em termos futuros a lógica prevalecente será a dos mercados de concorrência global mas, como diz o resumo do artigo, esta via não é fácil nem está ao alcance de todos.
O sucesso ou insucesso empresarial dependerá, assim, do comportamento da própria empresa e da capacidade que mostrar para, primeiramente, conseguir gerar e sustentar vantagens competitivas e, depois, conseguir transferi-las para novos mercados.
A realidade é que no caso português existem fragilidades severas na especialização da indústria nacional. Deste modo, com insuficiências acrescidas na qualificação da mão-de-obra e nas estruturas tecnológicas e de inovação, as externalidades negativas podem prevalecer e dar lugar a deslocalizações que, com o alargamento aos países de leste, são um risco previsível, já que estes representam uma alternativa de baixos custos directos e indirectos com qualificações mais altas.
Isto leva-nos a concluir que as empresas industriais portuguesas não possuem muitos pontos fortes que lhes permitam projectar-se para o exterior de forma competitiva, pois apresentam em diversas áreas grandes desvantagens, não só em relação aos seus parceiros da U.E. como também relativamente aos países candidatos.
No entanto, é fundamental estarem a par das vantagens competitivas, apostarem na qualidade e nas actividades de I&D; conhecerem o mercado; divulgarem o produto; estarem próximo do consumidor e anteciparem as suas exigências, para que consigam atingir algum potencial económico.
Competitividade, produtividade, rigor, exigência na educação, tecnologia, inovação e conhecimento são, sem dúvida, factores que Portugal deverá concentrar a sua atenção para que se consiga alinhar com a Europa desenvolvida.
Um salto no tempo…
Cada vez mais acredito que a “procura dita a oferta”, e se as empresas não se ajustarem aos novos estilos de vida das populações e gostos, jamais conseguirão sobreviver nesta “aldeia global” em que vivemos.
As nossas empresas têm que tornarem-se mais dinâmicas, mais proactivas, mais determinadas e confiantes, investindo em novas tecnologias e muitas delas alterarando a dinâmica de produção…isto é, no fundo, têm de dar um salto no tempo!
As nossas empresas estagnaram no tempo, já não oferecem condições atractivas para o investimento estrangeiro, tão importante para a nossa economia. Com esta passividade a competitividade da economia portuguesa está cada vez mais em declínio.
Um simples exemplo, da mudança de gostos/atitudes face aos produtos é visível no caso da indústria alimentar. Há uma parte crescente dos consumidores que procura ter uma vida saudável através da alimentação (o marketing teve neste aspecto um papel crucial para influenciar estas novas atitudes). O que é verdade, é que a par da junk food, cresce o segmento de produtos naturais, dietéticos e funcionais: manteigas para reduzir o colesterol, iogurtes que baixam a tensão, cereais que facilitam a digestão…o sucesso comercial destes alimentos indica que o futuro da indústria alimentar terá inevitavelmente de passar por aqui. Assim, apesar de um desenvolvimento para além de todas as expectativas, as empresas da indústria alimentar já descobriram o potencial deste segmento e nele apostam as suas maiores cartas. E é assim que as nossas empresas devem agir, olhando para o futuro, pois só assim conseguirão segmentos de mercado lucrativos. Marcas como a Nestlé, Danone, Kellogg`s, não passaram ao lado da força comercial da comida saudável, investindo cada uma milhões de euros em I&D no campo da nutrição.
A tendência de mercado é tão evidente, que ignorá-la poderá significar a morte de muitas empresas, num futuro próximo. O nosso grande exemplo português é a marca Compal. A Compal, desde que reposicionou o seu sumo vital, agora com componentes antioxidantes, segundo Miguel Garcia, a marca que estava estabilizada passou a crescer a dois dígitos. E segundo o mesmo “A investigação de mais produtos deste segmento está na agenda estratégica da Compal.”
É aqui que poderá estar a chave para o sucesso das nossas empresas mais conservadoras, em delinear, tal como a Compal, uma estratégia que permitirá dinamizar as nossas empresas e torná-las mais competitivas.
sara veloso
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