Nos últimos tempos têm surgido várias notícias de que a situação económica do país está a melhorar. Surgem previsões apresentados pelo INE que apontavam o crescimento de 7% das exportações como suporte para o desenvolvimento da economia portuguesa, e que a União Europeia cresceu ao mesmo ritmo, no segundo trimestre do ano face ao trimestre anterior; por ouro lado foram apresentados dados que mostravam que o PIB cresceu 0.9% em Portugal em comparação com o segundo trimestre do ano passado enquanto que o crescimento na União Europeia foi de 2.9%. Estes números coincidem com os posteriormente apresentados pelo departamento de estatística da União Europeia, o Eurostat. O surgimento destes dados que apontam para uma melhoria da situação económica do País, mesmo que não suficiente para a convergência com os demais parceiros da União, poderá ser positivo para “animar” as expectativas dos agentes económicos e influenciar as suas decisões.
A dúvida persiste. Será que estamos no caminho certo para ultrapassar a crise? Serão estes sinais suficientes para acreditar que estamos perante uma situação de retoma económica?
Por um lado surge um bom indicador para que a retoma seja possível impulsionada pela melhoria da procura externa, e pelo que tem sido possível apurar, a conjuntura externa irá continuar a melhorar pelo crescimento dos países da Zona Euro e principalmente dos parceiros de Portugal, nomeadamente a Espanha com um crescimento significativo; é também de constatar que na Alemanha, também importante parceiro, verifica-se uma situação de subida do IVA mas no entanto, penso que as exportações portuguesas continuaram a ser competitivas neste mercado. Outra situação positiva é o facto de a Angola estar a dar sinais de grande crescimento, e por questões históricas e culturais, já se torna um grande parceiro extra-comunitário, e poderá ser um parceiro estratégico para impulsionar as exportações noutros mercados. Outro bom indicador foi a estabilização do preço do petróleo a partir de meados de Agosto com a diminuição do receio de novas rupturas na oferta mundial, não sendo de prever novas subidas, o que poderá ser positivo para a competitividade das exportações portuguesas.
Outro indicador positivo é a moderação do consumo privado. Este factor pode ser explicado principalmente pela subida da taxa de juro que trava o pedido de empréstimo por parte das famílias e por sua vez a necessidade do país pedir dinheiro ao estrangeiro a juros também muito elevados.
Por outro lado, é necessário controlar a despesa pública neste período em que surgem sinais de retoma. Um agravamento da divida publica traria graves consequências quer pela possibilidade de pagamento de elevadas multas, quer pela possibilidade de comprometer o desenvolvimento para as gerações futuras principalmente neste contexto de elevadas taxas de juro. No entanto este controlo das despesas públicas não deve incidir apenas sobre o congelamento das carreiras ou de salários dos funcionários da função pública. É necessário tornar a massa do Estado menor mas capaz e responsável.
Por outro lado, o Eurostat registou uma tendência divergente da evolução do investimento em Portugal (recuou 2.5% no segundo trimestre face ao trimestre anterior) em contraste com a União Europeia (cresceu 1.8% no mesmo período). No meu entender, para a consolidação destes indicadores de retoma, o investimento não deve ser discriminado principalmente em projectos que sirvam para o impulso do crescimento futuro e moderem o desemprego; no entanto é necessário não ser o Estado a fazer estes investimentos pela necessidade de não agravar o défice público. Assim sendo devem ser encontradas soluções, como por exemplo a atracção de investimento estrangeiro ou por outro lado, no caso de investimentos de interesse público, considerar parcerias publico-privadas; defendendo assim o interesse publico e não agravando o défice.
A crise portuguesa trata-se de uma crise estrutural da qual só sairemos com mudanças profundas e, no meu entender, até podemos estar no caminho certo se abandonarmos os antigos factores de competitividade procurando ser competitivos em sectores mais intensivos em conhecimento, tecnologia e inovação; temos no entanto de ser rigorosos no controlo das contas públicas.
Hélder Martins
Nº 40295
A dúvida persiste. Será que estamos no caminho certo para ultrapassar a crise? Serão estes sinais suficientes para acreditar que estamos perante uma situação de retoma económica?
Por um lado surge um bom indicador para que a retoma seja possível impulsionada pela melhoria da procura externa, e pelo que tem sido possível apurar, a conjuntura externa irá continuar a melhorar pelo crescimento dos países da Zona Euro e principalmente dos parceiros de Portugal, nomeadamente a Espanha com um crescimento significativo; é também de constatar que na Alemanha, também importante parceiro, verifica-se uma situação de subida do IVA mas no entanto, penso que as exportações portuguesas continuaram a ser competitivas neste mercado. Outra situação positiva é o facto de a Angola estar a dar sinais de grande crescimento, e por questões históricas e culturais, já se torna um grande parceiro extra-comunitário, e poderá ser um parceiro estratégico para impulsionar as exportações noutros mercados. Outro bom indicador foi a estabilização do preço do petróleo a partir de meados de Agosto com a diminuição do receio de novas rupturas na oferta mundial, não sendo de prever novas subidas, o que poderá ser positivo para a competitividade das exportações portuguesas.
Outro indicador positivo é a moderação do consumo privado. Este factor pode ser explicado principalmente pela subida da taxa de juro que trava o pedido de empréstimo por parte das famílias e por sua vez a necessidade do país pedir dinheiro ao estrangeiro a juros também muito elevados.
Por outro lado, é necessário controlar a despesa pública neste período em que surgem sinais de retoma. Um agravamento da divida publica traria graves consequências quer pela possibilidade de pagamento de elevadas multas, quer pela possibilidade de comprometer o desenvolvimento para as gerações futuras principalmente neste contexto de elevadas taxas de juro. No entanto este controlo das despesas públicas não deve incidir apenas sobre o congelamento das carreiras ou de salários dos funcionários da função pública. É necessário tornar a massa do Estado menor mas capaz e responsável.
Por outro lado, o Eurostat registou uma tendência divergente da evolução do investimento em Portugal (recuou 2.5% no segundo trimestre face ao trimestre anterior) em contraste com a União Europeia (cresceu 1.8% no mesmo período). No meu entender, para a consolidação destes indicadores de retoma, o investimento não deve ser discriminado principalmente em projectos que sirvam para o impulso do crescimento futuro e moderem o desemprego; no entanto é necessário não ser o Estado a fazer estes investimentos pela necessidade de não agravar o défice público. Assim sendo devem ser encontradas soluções, como por exemplo a atracção de investimento estrangeiro ou por outro lado, no caso de investimentos de interesse público, considerar parcerias publico-privadas; defendendo assim o interesse publico e não agravando o défice.
A crise portuguesa trata-se de uma crise estrutural da qual só sairemos com mudanças profundas e, no meu entender, até podemos estar no caminho certo se abandonarmos os antigos factores de competitividade procurando ser competitivos em sectores mais intensivos em conhecimento, tecnologia e inovação; temos no entanto de ser rigorosos no controlo das contas públicas.
Hélder Martins
Nº 40295
(doc. da série artigos de análise/opinião)
1 comentário:
Do meu ponto de vista, a mudança de mentalidade para atrair mais investidores estrangeiros, é, de facto um bom caminho, contudo, antes dos investidores estrangeiros acho que têm de ser as empresas nacionais a darem o mote, exigindo mais produtividade mas dando melhores salários em troca, diminuindo a fuga fiscal e a corrupção,aumentando a formação dos seus trabalhadores, isto é, fazendo elas o investimento sem estarem à espera da eterna ajuda estatal.
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