Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

segunda-feira, outubro 30, 2006

Workshop “Quadros de Pessoal e Investigação em Economia"

No workshop “Quadros de Pessoal e Investigação em Economia”, que se realizou no dia 15 de Setembro deste ano, assisti a uma das várias secções realizadas, escolhi uma que tinha como título “A Economia na ponta dos dedos”. Confesso, que o que me levou até esta secção foi a curiosidade de conhecer Pedro Portugal (Banco de Portugal e Universidade Nova de Lisboa) que a ia realizar.
E esta minha intervenção agora será para vos transmitir a mensagem que ele deixou, que deveras me deixou impressionada pela capacidade de tornar o grave problema da produtividade do nosso país num conto de encantar infantil, e o que é mais curioso é que a história ajusta-se perfeitamente ao que está a acontecer no nosso país. O Senhor associou os problemas de produtividade no país à história da “Cinderela”, como sabemos “o príncipe ficaria com a menina que calçasse o sapatinho”, e com isto Pedro Portugal queria dizer que nós estamos a agir mal face ao mercado de trabalho, que se estão a formar licenciados em áreas que já estão esgotadas, que o mercado de trabalho já não consegue absorver, e noutros casos há falta de qualificados em determinados sectores, se queremos que o “sapatinho”, neste caso, símbolo de produtividade, seja “calçado” por Portugal, temos que repensar nas necessidades do mercado de trabalho e face a estas escolher a nossa formação.
Já agora aproveito para vos transmitir algumas metáforas utilizadas por este Senhor. Em toda a secção reinou a descontracção e um pouco de ironia, mas isso é o que a tornou diferente de outras que já assisti, onde todos estavam muito sérios e comprometidos com o discurso a desenvolver. Então para começar associou a economia a um oceano. E a um oceano porquê? Porque as tempestades são os choques económicos, porque as ondas são como os ciclos económicos, ora a onda está formada e no seu auge, o que em economia, significa que atingimos um pico, o auge de crescimento económico no país, e quando a onda já desvaneceu na areia, estamos perante uma cava do ciclo económico, e tal como as ondas do mar o ciclo repete-se; e por último (das que retive porque o Senhor era um especialista em metáforas), foi a associação das correntes marítimas aos fluxos económicos.

Sara Veloso
(doc. da série artigos de análise/opinião)

2 comentários:

portasemfechadura@gmail.com disse...

Interessante esta visão, mas poderia ter aprofundado o Senhor Pedro Portugal. Porque poderia ter falado do pequeno barco à vela e à forte sensibilidade, com que este é arrastado por ventos contrários, flutuando no grande Oceano ao sabor do vento (das grandes economias mundiais) desnorteado por ter perdido o seu rumo ou a bussola...No entanto se o barcinho chamado Portugal é incapaz de mudar-se para um grande navio a motor, pode sempre queriar uma grande nau capaz de contrariar estas adversidades e descobrir novos territórios por explorar, como nos saudosistas tempos dos Descobrimentos!

Carla Almeida disse...

Embora transpareça que o Sr. Pedro Portugal tenha tido um discurso metafórico e por vezes engraçado para descrever o nosso grave problema de produtividade, resumidamente o que ele disse não é novidade para ninguém mesmo para aqueles com o mínimo de senso comum. Portugal desde há muito que deixou de apostar verdadeiramente na qualificação da mão-de-obra e na reestruturação dos cursos profissionais, politécnicos e universitários. Mas na minha opinião o problema surge logo na primeira classe, as crianças cada vez menos são incentivadas a raciocinar. No nosso caso foi necessário aparecer o processo de Bolonha para que algo se fizesse… O nosso curso de Economia, na minha opinião, tinha (e continua a ter) algumas disciplinas desadequadas para os tempos de hoje e falta-lhe o essencial, uma componente prática que aproxime a teoria ao mundo real, ou seja, ao mercado de trabalho. O que acontece com o nosso curso acontece com muitos outros e talvez seja ainda pior porque alguns poderão já não ter saída para o mercado de trabalho o que até ao momento não é o caso do nosso. Mas não deixa de ser verdade que perdemos muito tempo a estudar para depois chegarmos ao mercado de trabalho e ficarmos no desemprego. Será que vale a pena o tempo e dinheiro que gastamos em quatro anos de estudo para depois a recompensa ser ficar em casa indeterminadamente a ver os classificados?! Um trabalhador qualificado infelizmente é visto como uma maior despesa e não como valor acrescentado! É verdade que é necessário reestruturar os cursos e acabar com aqueles que deixaram de ter saída profissional, mas ainda mais importante é mudar a mentalidade de quem (nos) emprega.