Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

sexta-feira, janeiro 28, 2011

O Poder Real em Portugal 2010 e a Crise (9ª parte)

[Continuação]
A fraca democracia que se vive em Portugal 2010...
A ilustrar esta afirmação está a seguinte notícia:
Clube dos jornalista 14 de Fevereiro de 2010, “Portugal amordaçado”: "Ver umas dezenas de cidadãos, muitos deles com colunas em jornais de grande audiência, ocupando espaços televisivos, escrevendo blogs alojados na plataforma da Portugal Telecom, com programas de rádio, a manifestar-se contra a falta de liberdade de expressão é bem a prova de que a asfixia impera."

Em jeito de CONCLUSÕES
1- Para o Bem e para o Mal, o 25 de Abril de 1974 produziu em Portugal um “trambolhão” que só tem par no que se produziu na China, na época da Revolução cultural. Os portugueses, mormente os jovens, não estão conscientes deste facto, até porque na Escola esse facto lhes é ocultado ou mal contado. Os próprios dirigentes europeus também não têm consciência do que o 25 de Abril produziu em Portugal. Apenas têm uma vaga ideia de que houve uma “Revolução dos Cravos” em Portugal, país pequeno (a “colonizar”), na periferia da Europa, um zero à esquerda em todos os aspectos (económico, cultural, etc.). Compete aos Homens e Mulheres de Estado (há pouco(a)s que queiram “dar a cara”) de Portugal fazer valer mundialmente a posição de Portugal que, afinal, é Centro do Mundo, porque: tem o maior “porta-aviões” do Globo (os Açores) no meio do Oceano Atlântico; pode e deve unir-se com algumas das maiores potência emergentes, a começar pelo Brasil; pode e deve tornar fáceis e baratas as ligações navais do Extremo Oriente com a Europa, através de portos como o de Sines e linhas de caminho de ferro TGV, não tanto de passageiros mas mais de mercadorias; pode e deve explorar a sua grande plataforma continental (Portugal tem muito mais mar seu do que terra) evitando que, entretanto, outros países da Europa tomem conta dela; pode e deve contribuir para o combate à entrada na Europa do tráfico de drogas, armas, etc., através de acções conjugadas de todas as polícias (as forças armadas estão longe de fazer o que podem e devem...); etc., etc..
2- A questão do Poder Real em Portugal depois do 25 de Abril até hoje está por estudar, discutir e divulgar.
3- Há uma “maioria silenciosa e comodista” de cerca de 60% da população em condições de votar que não vai às urnas e despreza, ostensivamente, a classe política (tem razões para isso, mas, no seu próprio interesse, não deve fazê-lo). O ensino em Portugal, especialmente o Básico + o Secundário (B+S), contribui para esta situação. (Haja em vista, por ex., o desprezo com que é tratada a disciplina de Filosofia e os erros no programa, etc.).
4- O sistema eleitoral é de tal ordem mau que um deputado natural e residente no Algarve pode vir a ser deputado pelo círculo eleitoral de Viana do Castelo...[há um completo divórcio entre os “Representantes do Povo” no que é suposto ser o órgão máximo do Poder (a Assembleia da República) e os elementos desse Povo].
5- O sistema de ensino B+S em Portugal é de tal ordem mau, que um professor(a) da “Instrução Primária”, natural e residente no Algarve, pode vir a ser colocado(a) em Viana do Castelo. Por mando da FENPROF, tudo tem de estar centralizado em Lisboa...[Quem será capaz de repor nas escolas B+S a autoridade dos professores? Quem será capaz de descentralizar o ensino B+S em Portugal? Quem será capaz de impor exames nacionais bem organizados no 4º, 6º , 9º, 11º e 12º anos de escolaridade? Quem será capaz de introduzir no ensino Básico ou no Secundário uma disciplina de “Economia” e outra de “História das Religiões do Planeta” e “varrer” desse ensino as disciplinas inúteis de “Educação Cívica”, “Projecto”, etc.? Quem será capaz de introduzir um Ensino Técnico (Industrial e Comercial) de nível que produza Técnicos Médios de interesse para as Empresas Industriais e Comerciais (Montadores Electricistas, Mestres de Oficinas Mecânicas, Mestres de Oficinas de Automóveis, Mestres de Fábricas de Carrocerias, Mestres de Equipamentos de Ar Condicionado, Mestres de Oficinas de Mobiliário, Técnicos de Contabilidade Industrial e Comercial, Técnicos Bancários, Topógrafos, etc. etc..? Quem será capaz de introduzir o ensino de Artes (de Artífice) e Ofícios no sistema de ensino geral para as pessoas que, não sendo dotadas de poder de abstracção, são, todavia, dotadas de “mãos” (habilidade) e, têm por ventura, espírito inventivo e/ou inovador?. etc., etc..]
6- Uma completa “revolução” no ensino, principalmente no B+S, é condição indispensável para se sair da Crise Económica (e Social). Não se vê no horizonte forma de se conseguir esse objectivo. Seria necessário “varrer” a “mobília velha” que existe no MEN e colocar lá quem possa ver o Mundo Global onde os nossos filhos e netos têm de viver e saiba ensiná-los para enfrentarem essa situação. O melhor BEM “material” de um País é o nível educacional dos seus cidadãos, já que, quando não se possa exportar mercadorias, exporte-se “gente” qualificada com grande probabilidade de sucesso em qualquer parte do Mundo. (Copie-se o que se passa no futebol mundial).
7- Ao contrário do que a maioria dos responsáveis governamentais pensa, os “Profissionais nacionais e internacionais de Gestão de Financiamentos” estão bem a par do impasse no Poder Real que existe em Portugal e que impede uma verdadeira Reforma Estrutural da Economia Portuguesa (não as reformas parciais e “cosméticas” que têm sido ensaiadas). Daí que, enquanto os principais partidos se não entenderem e fizerem acordos sérios “extra-parlamentares”, compromissos conjuntos que podem ser tomados em qualquer altura (independentemente de eleições e de datas para as mesmas), as taxas de juro para a Dívida Pública não deixarão de aumentar até virem os “Homens Sem Rosto” meter os nossos dirigentes na ordem...
[Continua]

JBM

(Artigo de opinião/testemunho do autor identificado. Devido à extensão total do texto, que se reporta a um período amplo e a dimensões muito variadas da realidade que trata, será divulgado por partes. Sendo matéria sensível aquela que se invoca, é aqui tratada como testemunho de alguém que viveu o período objecto de análise e que dele faz a sua leitura.)

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