Num desafio de enumeração dos maiores problemas da Economia portuguesa, dava-me conta de começar a listagem pela educação e formação em geral (e respectivos défices), pela administração da justiça e pela justiça social (e respectivos défices), pelo centralismo da administração e pelo desapreço dos valores humanos, culturais e éticos, valores do Desenvolvimento. Claro que me dei também conta de que há problemas de crescimento económico, de desemprego, de produtividade, de competitividade, para citar só alguns.
O crescimento deveria ser enquadrado como objectivo para atingir o Desenvolvimento. O primeiro só faz sentido como instrumento do segundo e nunca deveria ser erigido como objectivo último. O Desenvolvimento tem determinantes económicos, como por exemplo, os recursos para disponibilizar bens e serviços destinados a satisfazer as necessidades básicas da população; mas tem também determinantes não económicos fundamentais como a liberdade e justiça social.
Quanto à produtividade, e, através dela a competitividade, depende da formação, da inserção adequada das tecnologias e do seu domínio, da inovação, do empreendorismo, da administração da justiça, da justiça social, do centralismo, da organização produtiva. Os principais responsáveis da baixa produtividade não são só os trabalhadores em geral ou os trabalhadores indiferenciados, como por vezes parecem fazer querer; são também e principalmente os quadros superiores, os administradores, os economistas, esses sim, responsáveis pela organização da produção e pela procura das “combinações óptimas” dos factores; porque são eles que devem decidir sobre a formação necessária, sobre as tecnologias mais adequadas a convocar, sobre as inovações a inserir, sobre a coesão social a criar, sobre a organização da produção,...
A Economia é pois, e apenas, uma ciência social, que para ser ciência útil deve assumir-se com humildade como ciência instrumental; isto é, como ciência ao serviço do Desenvolvimento.
Quanto à formação em Economia com vista à profissionalização, de que entendo dever destacar como preocupação maior a sólida formação teórica com base comum para a economia e a gestão, com exigências mútuas fundamentais: o economista da “Economia Política” não pode ignorar o essencial do funcionamento da célula fundamental da vida económica que é a empresa; do mesmo modo como o economista da “Economia e Gestão Empresariais” não pode deixar de possuir os conhecimentos essenciais da macroeconomia. A par vem a necessidade de sólida formação instrumental, ao nível designadamente dos métodos quantitativos próprios da Economia e dos métodos matemáticos em geral. Mas não se sobrevalorize a formação instrumental face à formação teórica sólida e à capacidade de enquadramento no “social”; aquilo que se designa por “cultura do Economista” impõe que se vá além do carácter instrumental, a diferenciar assim o Economista do Revisor Oficial de Contas e do Técnico Oficial de Contas, por exemplo.
Quanto ao comportamento deontológico e ético, ele tem de ser cada vez mais assegurado perante a sociedade. Essas garantias e as garantias de formação e de actualização de conhecimentos são certamente as razões mais determinantes da tendência crescente dos empregadores.
Estamos nós, futuros economistas, prontos para superar os desafios da actual economia portuguesa?
Existem várias possibilidades de respostas, mas pelo menos devíamos estar preparados para uma sociedade em mutação, com carências a diversos níveis e que busca a internacionalização e competitividade. Devíamos estar conscienciosos na busca de conhecimento teórico e prático…
Devemos inovar e competir!
Bernadette Cunha
(doc. da série artigos de análise/opinião)
O crescimento deveria ser enquadrado como objectivo para atingir o Desenvolvimento. O primeiro só faz sentido como instrumento do segundo e nunca deveria ser erigido como objectivo último. O Desenvolvimento tem determinantes económicos, como por exemplo, os recursos para disponibilizar bens e serviços destinados a satisfazer as necessidades básicas da população; mas tem também determinantes não económicos fundamentais como a liberdade e justiça social.
Quanto à produtividade, e, através dela a competitividade, depende da formação, da inserção adequada das tecnologias e do seu domínio, da inovação, do empreendorismo, da administração da justiça, da justiça social, do centralismo, da organização produtiva. Os principais responsáveis da baixa produtividade não são só os trabalhadores em geral ou os trabalhadores indiferenciados, como por vezes parecem fazer querer; são também e principalmente os quadros superiores, os administradores, os economistas, esses sim, responsáveis pela organização da produção e pela procura das “combinações óptimas” dos factores; porque são eles que devem decidir sobre a formação necessária, sobre as tecnologias mais adequadas a convocar, sobre as inovações a inserir, sobre a coesão social a criar, sobre a organização da produção,...
A Economia é pois, e apenas, uma ciência social, que para ser ciência útil deve assumir-se com humildade como ciência instrumental; isto é, como ciência ao serviço do Desenvolvimento.
Quanto à formação em Economia com vista à profissionalização, de que entendo dever destacar como preocupação maior a sólida formação teórica com base comum para a economia e a gestão, com exigências mútuas fundamentais: o economista da “Economia Política” não pode ignorar o essencial do funcionamento da célula fundamental da vida económica que é a empresa; do mesmo modo como o economista da “Economia e Gestão Empresariais” não pode deixar de possuir os conhecimentos essenciais da macroeconomia. A par vem a necessidade de sólida formação instrumental, ao nível designadamente dos métodos quantitativos próprios da Economia e dos métodos matemáticos em geral. Mas não se sobrevalorize a formação instrumental face à formação teórica sólida e à capacidade de enquadramento no “social”; aquilo que se designa por “cultura do Economista” impõe que se vá além do carácter instrumental, a diferenciar assim o Economista do Revisor Oficial de Contas e do Técnico Oficial de Contas, por exemplo.
Quanto ao comportamento deontológico e ético, ele tem de ser cada vez mais assegurado perante a sociedade. Essas garantias e as garantias de formação e de actualização de conhecimentos são certamente as razões mais determinantes da tendência crescente dos empregadores.
Estamos nós, futuros economistas, prontos para superar os desafios da actual economia portuguesa?
Existem várias possibilidades de respostas, mas pelo menos devíamos estar preparados para uma sociedade em mutação, com carências a diversos níveis e que busca a internacionalização e competitividade. Devíamos estar conscienciosos na busca de conhecimento teórico e prático…
Devemos inovar e competir!
Bernadette Cunha
(doc. da série artigos de análise/opinião)
1 comentário:
Como a colega referiu são inúmeros os problemas de que a nossa economia “sofre”. Mas será que ao enumerá-los teoricamente estaremos de facto a compreender a sua relevância social? Como a colega chamou a atenção existe uma grande diferença entre aquilo que aprendemos ao longo da nossa “formação económica” e a “vida económica”. Ao longo da nossa formação definimos conceitos, construímos teorias, enfim, teorizamos os factos. Mas o grande desafio que se coloca a qualquer futuro economista é, munido dessas ferramentas adquiridas ao longo da formação, passar à prática. Para que estejamos preparados para esse desafio não basta saber os conceitos e as teorias. Na minha opinião é preciso mais do que isso. Temos de estar conscientes que a Economia não está isolada num “laboratório” longe do mundo real e sob uma “atmosfera controlada”. Ela constrói-se diariamente, estando intimamente ligada a factores sociais, demográficos e culturais exigindo dos futuros economistas uma grande variedade de competências.
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