As decisões de investimento das empresas estrangeiras em Portugal, são anunciadas com especial destaque por parte de todos os órgãos de comunicação social e do governo.
Invariavelmente, o montante do investimento, o horizonte temporal da sua concretização, a localização, o número de postos de trabalho a criar directa e indirectamente, são indicadores usados para realçar a bondade de tais investimentos.
Os efeitos positivos são fortemente realçados, contrastando com ausência de referência aos efeitos negativos (impacto ambiental, presente e futuro que estes investimentos causarão), o que revela uma avaliação desproporcional destas decisões de investimento, que deveriam ser realizadas com base numa análise custo / benefício rigorosa.
A Ikea e a Agni Energy Sdn Bhd, são dois bons exemplos, da fragilidade e visão míope da avaliação económica baseada apenas no acréscimo de postos de trabalho e de capital.
Mais importante do que saber o montante total do investimento a efectuar, e acréscimo na oferta de emprego, importa conhecer o papel estratégico que a empresa-mãe destina a estas subsidiárias a instalar em Portugal. Esta informação, permite medir o grau de mobilidade desses investimentos e o seu efeito a médio e longo prazo na economia portuguesa.
A reduzida dimensão do nosso mercado conjugada com a preocupação em evidenciar o volume de produção destinado aos mercados esternos, permite antecipar que estas subsidiárias não serrão replicas em miniatura da empresa-mãe desenvolvendo todas as actividades de valor acrescentado, mas á escala adequada do nosso mercado, nem realizem á escala local um número reduzido de actividades.
È inegável, que a orientação exportadora potencia ganhos económicos para Portugal, permitindo o crescimento do seu PIB, a médio e longo prazo. Contudo, também implica um maior grau de mobilidade destes investimentos. A motivação para a realização destes investimentos, está nas vantagens comparativas que Portugal oferece, em termos de custos de produção e de distribuição, no entanto á medida que estas forem diminuindo, estas empresas estrangeiras equacionarão a deslocalização das suas unidades produtivas. Face a este problema, só resta uma alternativa, atrair investimentos de empresas estrangeiras de tecnologias de ponta, inovadoras e competitivas, em detrimento de investimentos por parte de empresas estrangeiras especializadas em actividades que utilizam intensivamente trabalhadores indiferenciados, que a qualquer momento podem vir a deslocalizar a sua actividade produtiva para mercados com mão de obra mais barata.
Nos dois exemplos citados anteriormente, ambos os investimentos tem em comum funcionarem com plataformas de exportação para o mercado europeu, mas diferem no número de postos a criar, no tipo de relações que estabelece com os restantes agentes e no grau de diversificação. Apesar do montante do investimento e do número de postos de trabalho a criar ser superior no caso do Ikea, este terá um impacto a médio e longo prazo inferior ao do investimento a efectuar pela Agni.
No caso da Agni, serão estabelecidas parcerias entre a empresa e as universidades, para o recrutamento e desenvolvimento de novas soluções, e a sua empregabilidade será constituída por trabalhadores altamente qualificados. A empesa pretende tornar-se um centro de excelência em investigação e desenvolvimento e não é muito provável a sua deslocalização no futuro, já que esta subsidiária da Agni, será vital para o bom desempenho da empresa-mãe. Esta forte ligação entre a empresa-mãe e a sua subsidiária instalada em Portugal, tenderá a reforçar o papel estratégico do investimento em Portugal, e reduzir a probabilidade de deslocalização e conduzir a ganhos económicos superiores aos inicialmente quantificados.
Susana Vilas Boas
(doc. da série artigos de análise/opinião)
Invariavelmente, o montante do investimento, o horizonte temporal da sua concretização, a localização, o número de postos de trabalho a criar directa e indirectamente, são indicadores usados para realçar a bondade de tais investimentos.
Os efeitos positivos são fortemente realçados, contrastando com ausência de referência aos efeitos negativos (impacto ambiental, presente e futuro que estes investimentos causarão), o que revela uma avaliação desproporcional destas decisões de investimento, que deveriam ser realizadas com base numa análise custo / benefício rigorosa.
A Ikea e a Agni Energy Sdn Bhd, são dois bons exemplos, da fragilidade e visão míope da avaliação económica baseada apenas no acréscimo de postos de trabalho e de capital.
Mais importante do que saber o montante total do investimento a efectuar, e acréscimo na oferta de emprego, importa conhecer o papel estratégico que a empresa-mãe destina a estas subsidiárias a instalar em Portugal. Esta informação, permite medir o grau de mobilidade desses investimentos e o seu efeito a médio e longo prazo na economia portuguesa.
A reduzida dimensão do nosso mercado conjugada com a preocupação em evidenciar o volume de produção destinado aos mercados esternos, permite antecipar que estas subsidiárias não serrão replicas em miniatura da empresa-mãe desenvolvendo todas as actividades de valor acrescentado, mas á escala adequada do nosso mercado, nem realizem á escala local um número reduzido de actividades.
È inegável, que a orientação exportadora potencia ganhos económicos para Portugal, permitindo o crescimento do seu PIB, a médio e longo prazo. Contudo, também implica um maior grau de mobilidade destes investimentos. A motivação para a realização destes investimentos, está nas vantagens comparativas que Portugal oferece, em termos de custos de produção e de distribuição, no entanto á medida que estas forem diminuindo, estas empresas estrangeiras equacionarão a deslocalização das suas unidades produtivas. Face a este problema, só resta uma alternativa, atrair investimentos de empresas estrangeiras de tecnologias de ponta, inovadoras e competitivas, em detrimento de investimentos por parte de empresas estrangeiras especializadas em actividades que utilizam intensivamente trabalhadores indiferenciados, que a qualquer momento podem vir a deslocalizar a sua actividade produtiva para mercados com mão de obra mais barata.
Nos dois exemplos citados anteriormente, ambos os investimentos tem em comum funcionarem com plataformas de exportação para o mercado europeu, mas diferem no número de postos a criar, no tipo de relações que estabelece com os restantes agentes e no grau de diversificação. Apesar do montante do investimento e do número de postos de trabalho a criar ser superior no caso do Ikea, este terá um impacto a médio e longo prazo inferior ao do investimento a efectuar pela Agni.
No caso da Agni, serão estabelecidas parcerias entre a empresa e as universidades, para o recrutamento e desenvolvimento de novas soluções, e a sua empregabilidade será constituída por trabalhadores altamente qualificados. A empesa pretende tornar-se um centro de excelência em investigação e desenvolvimento e não é muito provável a sua deslocalização no futuro, já que esta subsidiária da Agni, será vital para o bom desempenho da empresa-mãe. Esta forte ligação entre a empresa-mãe e a sua subsidiária instalada em Portugal, tenderá a reforçar o papel estratégico do investimento em Portugal, e reduzir a probabilidade de deslocalização e conduzir a ganhos económicos superiores aos inicialmente quantificados.
Susana Vilas Boas
(doc. da série artigos de análise/opinião)
4 comentários:
Do meu ponto de vista, são os pontos negativos que são mais realçados que os positivos principalmente no que diz respeito ao nível político. Se o governo diz bem de algo logo vem a oposição dizer uma quantidade enorme de pontos negativos, e vice-versa.
Na minha opinião, a miopia está no facto dos agentes económicos não conseguirem analisar toda a informação de que dispõem da melhor forma. Isto porque, a economia já não é uma ciência exacta, há assimentria de informação e por outro lado os agentes muitas vezes não conseguem analisá-la da forma mais racional.
Em relação ao investimento, concordo que se deva cativar aquele que gere grande vaor acrescentado. No entanto, a transição deve ser progressiva e não brusca... e ainda é preciso ter em conta que a nossa mão de obra qualificada não é assim tanta.
A entrada de qualquer investimento em Portugal terá obrigatoriamente pontos positivos e negativos associados, esses pontos serão usados e manipulados pelo governo, oposição, associações ambientalistas, grupos de interesse,etc.. para fazerem valer os seus interesses.
Desta forma torna-se difícil ao comum dos cidadãos, filtrar toda a informação e ter uma opinião que se enquadre com a realidade, restando-lhe confiar no governo e esperar que no seu global o investimento estrangeiro seja uma mais valia para o seu país.
Ikea y Pescanova buscan el Portugal de Orden y Prosperidad del Profesor Cavaco Silva y del Ingeniero Señor Socrates
Cara colega Natália Barbosa,
Acuso a recepção da sua mensagem, que agradeço. Quero, desde já, apresentar-lhe as minhas desculpas pelo incidente.
O texto foi-me apresentado por uma aluno do 1º ciclo e, embora estivesse demasiado bem escrito para o que é habitual e se pudesse assumir que ela tivesse usado fontes científicas, não me passou pela cabeça a situação que retrata.
Anexarei a sua chamada de atenção, se não tiver condições para apagar imediatamente o texto.
Cordiais cumprimentos,
J. Cadima Ribeiro
-----Mensagem original-----
De: natbar01@gmail.com em nome de Natália Barbosa
Enviada: qui 9/10/2008 10:16
Para: José António Cadima Ribeiro
Assunto: Plágio
Prof. Cadima.
Ontem, por pura preguiça, procurei na internet, em vez de procurar no meu
arquivo, um artigo de opinião que tinha escrito algum tempo atrás acerca da
forma como os investimentos estrangeiros são comunicados/anunciados. O
artigo tem o título de Miopia Económica e foi inicialmente disponibilizado
no espaço Empreender e depois publicado entre 14 e 17 de Novembro de 2006 em
vários jornais de imprensa regional.
Vem tudo isto a propósito de a primeira ligação obtida pelo motor de busca
ser o espaço Economia Portuguesa, que o Prof. Cadima dinamiza. A ligação é
http://economiaportuguesa.blogspot.com/2006/11/miopia-econmica.html.
Inicialmente esta ligação despertou-me a atenção, pois não antecipava que
esse artigo de opinião estivesse disponível no referido espaço, mas depois
de ler o texto e verificar a (suposta) autoria fiquei estupefacta. Apesar da
autoria ser atribuída a Susana Vilas Boas, o artigo disponível no espaço
Economia Portuguesa é cópia integral de 90% do artigo que escrevi e que foi
divulgado na imprensa regional. Envio-lhe uma cópia do meu artigo em anexo.
Apesar de o facto relatado ter ocorrido há 2 anos atrás, achei que lhe devia
dar nota disto. Todos nós sabemos que, infelizmente, situações de plágio
ocorrem com mais frequência do que aquela que possamos antecipar. Mas, é
sempre com tristeza e desalento que comprovamos a sua efectiva ocorrência.
Cordialmente,
Natália Barbosa
--
Natália M C Barbosa
Escola de Economia e Gestão
Universidade do Minho
Gualtar
4710-057 Braga
Portugal
Página Pessoal: http://nataliamcbarbosa.googlepages.com/
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