Vinte e um por cento da população portuguesa vive no limiar da pobreza. Mais de um quinto da população portuguesa tem actualmente um rendimento disponível abaixo dos 60% da média nacional, um dos principais indicadores do risco de pobreza. Portugal é também o país de toda a UE onde é maior a desigualdade na distribuição de rendimentos.
Segundo as estatísticas, a maior parte está no Norte do país, a zona com o índice mais baixo do PIB, devido à tradicional dependência da exploração agrícola em minifúndios e ao facto de ser essa a zona com índices mais elevados de desempregado. Um dos grupos mais afectados é o dos pensionistas. Os idosos portugueses são dos mais pobres da União Europeia, quase um terço vive com menos de 200 euros por mês. Uma quantia que por vezes mal chega para pagar medicamentos.
Outro dado comparativo mostra que o fosso que existe entre ricos e pobres é muito grande. Portugal tem a pior distribuição de riqueza da União Europeia. Vinte por cento dos mais ricos controlam quase cinquenta por cento do rendimento nacional. As cem maiores fortunas portuguesas representam 17 por cento do Produto Interno Bruto.
Em minha opinião, é um problema de justiça, de distribuição de riqueza, há um desequilíbrio muito grande, temos uma percentagem razoável de pessoas que vive bem e depois temos 21% da população a viver abaixo do limiar da pobreza. Portugal tem um problema estruturante de pobreza, que tem a ver com a exclusão social.
A economia portuguesa baseia-se em trabalho intensivo e baixas remunerações, com o consequente baixo crescimento da produtividade. Para além disso, há falhas no sistema de segurança social e baixos níveis de educação. O aumento do desemprego, o elevado endividamento das famílias portuguesas e a entrada crescente de imigrantes são também factores de deterioração das condições de vida.
Porém, comparado com o resto do mundo, Portugal tem alguns "indicadores positivos". Apesar de tudo, subsistem alguns elementos positivos, como o Índice de Capacidades Básicas, que combina indicadores de saúde educação, onde Portugal ocupa o 3.º lugar. Medidas pontuais, como o rendimento mínimo garantido, são também apontadas como exemplos a seguir. É que segundo dados do Banco Mundial, existem 307 milhões de pobres em todo o mundo. Refira-se que o Banco Mundial classifica de pobreza extrema, situações de pessoas que vivem com 0,80 euros por dia. Há, pelo menos, 1,2 milhões assim. Já estará numa situação de pobreza moderada quem dispor de 1,60 euros por dia, ou seja 2,7 milhões de pessoas em todo o mundo.
Este empobrecimento nacional não tem só a ver com a contínua divergência face à Europa (e ainda mais evidente face ao mundo) em termos de rendimento per-capita, que ocorre há já 6 anos e que se projecta para os próximos 2/3 anos. Não se resume portanto a um mero indicador quantitativo e/ou a um lugar num ranking de uma tabela. Traduz-se numa diminuição de qualidade de vida, na incapacidade de continuar a promover a coesão social, numa crescente falta de oportunidades para os cidadãos e num ónus cada vez maior para as gerações futuras. Traduz-se também na fuga de alguns dos portugueses mais capazes e competentes para o estrangeiro em busca de melhores oportunidades e da sua própria realização. Os sacrifícios dos portugueses serão cada vez maiores, mas continuarão a ser desperdiçados se não servirem para a realização das alterações estruturais necessárias que poderão garantir o nosso sucesso no futuro.
Mª. Inês Peixoto
(doc. da série artigos de análise/opinião)
Segundo as estatísticas, a maior parte está no Norte do país, a zona com o índice mais baixo do PIB, devido à tradicional dependência da exploração agrícola em minifúndios e ao facto de ser essa a zona com índices mais elevados de desempregado. Um dos grupos mais afectados é o dos pensionistas. Os idosos portugueses são dos mais pobres da União Europeia, quase um terço vive com menos de 200 euros por mês. Uma quantia que por vezes mal chega para pagar medicamentos.
Outro dado comparativo mostra que o fosso que existe entre ricos e pobres é muito grande. Portugal tem a pior distribuição de riqueza da União Europeia. Vinte por cento dos mais ricos controlam quase cinquenta por cento do rendimento nacional. As cem maiores fortunas portuguesas representam 17 por cento do Produto Interno Bruto.
Em minha opinião, é um problema de justiça, de distribuição de riqueza, há um desequilíbrio muito grande, temos uma percentagem razoável de pessoas que vive bem e depois temos 21% da população a viver abaixo do limiar da pobreza. Portugal tem um problema estruturante de pobreza, que tem a ver com a exclusão social.
A economia portuguesa baseia-se em trabalho intensivo e baixas remunerações, com o consequente baixo crescimento da produtividade. Para além disso, há falhas no sistema de segurança social e baixos níveis de educação. O aumento do desemprego, o elevado endividamento das famílias portuguesas e a entrada crescente de imigrantes são também factores de deterioração das condições de vida.
Porém, comparado com o resto do mundo, Portugal tem alguns "indicadores positivos". Apesar de tudo, subsistem alguns elementos positivos, como o Índice de Capacidades Básicas, que combina indicadores de saúde educação, onde Portugal ocupa o 3.º lugar. Medidas pontuais, como o rendimento mínimo garantido, são também apontadas como exemplos a seguir. É que segundo dados do Banco Mundial, existem 307 milhões de pobres em todo o mundo. Refira-se que o Banco Mundial classifica de pobreza extrema, situações de pessoas que vivem com 0,80 euros por dia. Há, pelo menos, 1,2 milhões assim. Já estará numa situação de pobreza moderada quem dispor de 1,60 euros por dia, ou seja 2,7 milhões de pessoas em todo o mundo.
Este empobrecimento nacional não tem só a ver com a contínua divergência face à Europa (e ainda mais evidente face ao mundo) em termos de rendimento per-capita, que ocorre há já 6 anos e que se projecta para os próximos 2/3 anos. Não se resume portanto a um mero indicador quantitativo e/ou a um lugar num ranking de uma tabela. Traduz-se numa diminuição de qualidade de vida, na incapacidade de continuar a promover a coesão social, numa crescente falta de oportunidades para os cidadãos e num ónus cada vez maior para as gerações futuras. Traduz-se também na fuga de alguns dos portugueses mais capazes e competentes para o estrangeiro em busca de melhores oportunidades e da sua própria realização. Os sacrifícios dos portugueses serão cada vez maiores, mas continuarão a ser desperdiçados se não servirem para a realização das alterações estruturais necessárias que poderão garantir o nosso sucesso no futuro.
Mª. Inês Peixoto
(doc. da série artigos de análise/opinião)
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