Ao longo da história de Portugal, a actividade vinícola tem tido um papel de relevo enquanto transmissora de cultura entre gerações e desenvolvimento regional. Mesmo antes dos romanos chegarem à Lusitânia, já os Fenícios tinham iniciado a plantação dos primeiros vinhedos e a região do Douro é tida como a mais antiga região demarcada do mundo. Contudo, o produto vinho nunca foi aproveitado enquanto dinamizador das nossas exportações e divulgação do nosso país, como foi no caso de países como a França, Austrália, Argentina, Chile, Espanha e mais recentemente os Estados-Unidos e África do Sul, hoje reconhecidos como grandes exportadores e com mercado já consolidado.
Em 1993, e por encomenda do governo de Cavaco Silva, Michael Porter, fundador da empresa de consultoria em estratégia geral Monitor Group, elaborou um relatório sobre a economia portuguesa e identificou, entre outros aspectos, que uma das áreas com aptidão para criar mercado exportador era a do vinho.
Mais recentemente, foi encomendado um novo estudo à Monitor Group pela Viniportugal (associação inter-profissional que tem como objectivo a promoção do vinho no país e no estrangeiro) no qual foram detectados um conjunto de situações responsáveis pela fraca prestação das exportações de vinho e soluções capazes de dinamizar o sector e torná-lo competitivo no mercado externo. Por um lado, o baixo nível de desenvolvimento e elevada fragmentação do subsector da viticultura, aliado à quase ausência de investimento, e, por outro, a estrutura fundiária fragmentada são factores que afectam seriamente a competitividade deste ramo. As soluções encontradas de forma a promover as exportações passam pela aposta nos vinhos tintos de qualidade, em embalagens cuidadas e vendidas a um preço entre oito e catorze euros. Este relatório aponta, ainda, um plano de marketing para divulgar os vinhos portugueses no mercado inglês, norte-americano e alemão, mercados estes identificados como prioritários pois são os que permitem o desenvolvimento das diferentes regiões vinícolas de Portugal ao longo do tempo. Estima-se que a aposta nestes mercados e a concretização de outras recomendações do estudo permitam um aumento de facturação de setecentos para mil milhões de euros em 2010, assim como um aumento do peso dos vinhos de qualidade nas vendas de dezassete para trinta e cinco por cento. Para o próximo ano, é esperado um aumento das exportações dos vinhos portugueses no mercado americano na ordem dos dez por cento e seis por cento no mercado inglês. No entanto, a situação das exportações para o mercado alemão não é a melhor em função da situação económica menos favorável que o país atravessa. A boa performance das exportações dos nossos vinhos deve-se, em grande medida, ao tal plano de marketing já referenciado. Neste aspecto, tem-se observado uma cada vez maior divulgação dos vinhos portugueses em conceituadas revistas da especialidade e publicação de artigos em jornais de relevo internacional contribuindo para o destaque do nome Portugal, cada vez mais reputado neste meio.
Concluindo, face às condições geográficas propícias e à tradição vinícola presente no nosso país, tomando em consideração as medidas propostas pelos estudos elaborados sobre o sector, penso que seria importante apostar nesta vertente de forma a dinamizar o comportamento da nossa economia.
Sérgio Mesquita
(doc. da série artigos de análise/opinião)
Em 1993, e por encomenda do governo de Cavaco Silva, Michael Porter, fundador da empresa de consultoria em estratégia geral Monitor Group, elaborou um relatório sobre a economia portuguesa e identificou, entre outros aspectos, que uma das áreas com aptidão para criar mercado exportador era a do vinho.
Mais recentemente, foi encomendado um novo estudo à Monitor Group pela Viniportugal (associação inter-profissional que tem como objectivo a promoção do vinho no país e no estrangeiro) no qual foram detectados um conjunto de situações responsáveis pela fraca prestação das exportações de vinho e soluções capazes de dinamizar o sector e torná-lo competitivo no mercado externo. Por um lado, o baixo nível de desenvolvimento e elevada fragmentação do subsector da viticultura, aliado à quase ausência de investimento, e, por outro, a estrutura fundiária fragmentada são factores que afectam seriamente a competitividade deste ramo. As soluções encontradas de forma a promover as exportações passam pela aposta nos vinhos tintos de qualidade, em embalagens cuidadas e vendidas a um preço entre oito e catorze euros. Este relatório aponta, ainda, um plano de marketing para divulgar os vinhos portugueses no mercado inglês, norte-americano e alemão, mercados estes identificados como prioritários pois são os que permitem o desenvolvimento das diferentes regiões vinícolas de Portugal ao longo do tempo. Estima-se que a aposta nestes mercados e a concretização de outras recomendações do estudo permitam um aumento de facturação de setecentos para mil milhões de euros em 2010, assim como um aumento do peso dos vinhos de qualidade nas vendas de dezassete para trinta e cinco por cento. Para o próximo ano, é esperado um aumento das exportações dos vinhos portugueses no mercado americano na ordem dos dez por cento e seis por cento no mercado inglês. No entanto, a situação das exportações para o mercado alemão não é a melhor em função da situação económica menos favorável que o país atravessa. A boa performance das exportações dos nossos vinhos deve-se, em grande medida, ao tal plano de marketing já referenciado. Neste aspecto, tem-se observado uma cada vez maior divulgação dos vinhos portugueses em conceituadas revistas da especialidade e publicação de artigos em jornais de relevo internacional contribuindo para o destaque do nome Portugal, cada vez mais reputado neste meio.
Concluindo, face às condições geográficas propícias e à tradição vinícola presente no nosso país, tomando em consideração as medidas propostas pelos estudos elaborados sobre o sector, penso que seria importante apostar nesta vertente de forma a dinamizar o comportamento da nossa economia.
Sérgio Mesquita
(doc. da série artigos de análise/opinião)
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