Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

sábado, dezembro 30, 2006

As PME e a competitividade da economia

As PME assumem uma grande importância na estrutura empresarial portuguesa. Actualmente, de acordo com Jaime Andrez (presidente do IAPMEI), as micro, pequenas e médias empresas (MPME) representam cerca de 98% das empresas, 55% do volume de negócios e geram cerca de 75% do emprego. O grande dinamismo que as PME possuem (bastante superior ao das grandes empresas) faz com que detenham um importante papel no futuro da economia portuguesa. Este papel de destaque não se limita a Portugal. A Comissão Europeia considera mesmo que as pequenas e médias empresas são a espinha dorsal da economia europeia e a maior fonte potencial de emprego e crescimento.
São as empresas, e não os políticos, que geram crescimento sustentável e emprego. No entanto, para que as PME possam dar à economia o forte impulso de que Portugal (e a União Europeia) tanto necessita, é indispensável prever, a nível das políticas, um contexto empresarial que lhes permita prosperar. Mas para que essas políticas sejam eficientes é necessário que se tenha uma visão correcta da realidade.
No entanto, as perspectivas sobre as PME nem sempre são as mais correctas. Por exemplo, Jaime Andrez refere que por vezes tende-se a relacionar a dimensão das empresas com a sua eficácia e eficiência. Ou seja, defende-se que a dimensão determina a capacidade inovadora das empresas e, portanto, a sua eficiência e competitividade. No entanto, esta conclusão nem sempre é a mais correcta. Isto porque se, por um lado, nem todas as empresas têm uma dimensão suficiente para ter um centro de I&D integrado, por outro lado, também é verdade que este recurso poderá ser obtido externamente às empresas (é o caso das universidades). Assim, não será correcto associar a dimensão da empresa à sua capacidade competitiva de um modo linear. Nesse sentido as PME não encontram na sua reduzida dimensão uma limitação ao seu desenvolvimento.
É então muito importante, como referi anteriormente, desenvolver políticas que fomentem o crescimento das PME, em Portugal e na Europa. Dever-se-á atender, na definição de políticas no que concerne às PME, não só a factores específicos às empresas, mas também referentes ao sistema envolvente. Note-se que, apesar dos ganhos de eficiência no ambiente envolvente às PME poderem gerar um efeito positivo nas mesmas, eles não se bastam a si mesmos. Para além do reforço do sistema envolvente é também importante que haja um desenvolvimento dentro das próprias empresas e entre elas (por exemplo, através da cooperação).
Dada a crescente importância das PME a nível europeu a Comissão Europeia está a colaborar com os Estados-Membros no sentido de melhorar as condições estruturais em que operam as PME. Espera-se que estas políticas assegurem não só uma melhor compreensão das PME na economia como também estimulem a cooperação entre as mesmas de modo a maximizar a sua eficiência e, assim, contribuam ainda mais para o crescimento da economia.

Vânia Silva

(doc. da série artigos de análise/opinião)

2 comentários:

Vera Luís disse...

Boa tarde! Uma questão: A seu ver quais os factores que fazem com que o empreendedorismo e as PME sejam, nos dias de hoje, um tema central quer em termos políticos, quer em termos académicos?

J. Cadima Ribeiro disse...

Cara Vera Luis,
Em resposta muito breve, digo-lhe que a atenção concedida às PMEs relaciona-se estreitamente com a capacidade destas de criarem emprego e, nalguns casos, serem fonte de inovação em termos de produtos ou serviços. Quando a situação económica é o que é, estes são atributos a que importa dar atenção, para além de ficarem bem no discurso dos políticos.
Por outro lado, não há novas PMEs e novos projectos se não houver empreendedores, isto é, gente com alguma ousadia e iniciativa. Desejavelmente, deverão apresentar-se também bem preparados, para que as hipóteses de sucesso das empresas aumentem.
Cordiais cumprimentos,