Espaço de debate de temas de Economia Portuguesa e de outros que com esta se relacionam, numa perspectiva de desenvolvimento

terça-feira, dezembro 19, 2006

Economia, popularidade e intenções de voto em Portugal

O working paper que analisei tem como titulo “Economia, popularidade e intenções de voto em Portugal: uma análise longitudinal com dados agregados” e foi elaborado por Linda Gonçalves Veiga e Francisco José Veiga. Quero partilhar convosco algumas das ideias sumárias com que fiquei apor ler o respectivo artigo.
O objectivo do artigo era de avaliar se os eleitores responsabilizam os políticos pela evolução da economia durante o período que estão no poder. A evolução da economia condiciona os resultados eleitorais, por outro lado, é depois de eleito que um político pode implementar as medidas que defende e, assim, influenciar a economia seja com o intuito de aumentarem as hipóteses de ser reeleitos ou de favorecerem os grupos da população que os elegeram.
A hipótese de que os eleitores responsabilizam os governantes pela economia está bem estabelecida na literatura económica com trabalhos de vários autores, no entanto, carece de uma análise relativamente ao nosso pais a qual é feita no trabalho em questão. Os eleitores portugueses não têm grande conhecimento sobre a eficácia das políticas adoptadas ou anunciadas, nem sobre a política que deveria ser seguida. Este raciocínio baseia-se no facto dos programas dos dois maiores partidos da oposição não são substancialmente diferentes e as principais propostas apresentadas por ambos não são explícitas. Deve-se também ao facto das promessas feitas em campanha eleitoral não serem cumpridas depois das eleições e o nível educacional da população portuguesa é baixo quando comparado com os restantes países da UE ou da OCDE. Uma vez que em Portugal o grau de incerteza quanto ao impacto económico das medidas é considerável assumimos que as decisões de voto são baseadas essencialmente nos resultados obtidos, é portanto uma análise retrospectiva.
No que concerne ao tempo no poder, partidos recentemente eleitos beneficiam de um “estado de graça” na medida em que o eleitorado não os responsabiliza pelas condições económicas que prevalecem no início dos seus mandatos.
Os partidos de direita são mais responsabilizados pela variável inflação e os de esquerda pelo desemprego. Encontraram evidência a favor da hipótese da responsabilização no que toca ao desemprego mas não para a inflação; esta responsabilização é maior para o primeiro-ministro e para o governo que este dirige para a assembleia da república e para o presidente da república. Ou seja, como é de esperar os portugueses responsabilizam mais pela evolução da economia as entidades que têm maior contacto sobre a política económica.
O indicador de confiança mostra o sentimento dos consumidores acerca da evolução recente da economia e as perspectivas para o futuro. Assim, é de esperar que a popularidade dos governantes varie no mesmo sentido que o indicador de confiança.

Fátima Couto

(doc. da série artigos de análise/opinião)

1 comentário:

Anónimo disse...

Estes dados não são surpreendentes.
É exactamente por terem conhecimento que a popularidade dos governantes varia no mesmo sentido que o indicador de confiança que estes adoptam medidas populares em vésperas de eleições. Este comportamento é muito negativo para a economia em geral, pois depois de tantos sacrifícos feitos e de se começarem a notar alguns resultados positivos daí resultantes, o Governo, preocupado com as eleições, começa a adoptar medidas que poderão destruir esses resultados alcançados e re-colocar a economia em recessão.
Espero que este governo tenha punho firme e não tome medidas em favor da popularidade, mas sim em função do bem-estar de todos no médio-longo prazo.
Espero também que a população se aperceba de que mudar constantemente de Governo é inadequado, uma vez que o Governo seguinte poderá tomar medidas diferentes, interrompendo os progressos que estavam a ser alcançados através das medidas do Governo anterior. Ora, este facto poderá deitar por terra todos os sacrifícios efectuado nos anos de vigência do Governo anterior, e assim seremos sempre e cada vez mais sacrificados, sem nunca recebermos os retornos desses sacrifícios.

Patrícia Alves