Actualmente o sector da saúde em Portugal está a convergir para uma vertente cada vez mais privada, com 30% da população coberta por seguros de saúde, o que faz oscilar a acreditação no Sistema Nacional de Saúde (SNS) e leva também a investimentos de grandes grupos neste sector.
Esta reviravolta no sector da saúde leva a um sistema em que não interessa quem presta o serviço, se o privado ou o público, mas sim quem garante qualidade a baixo preço, devendo este novo sistema assentar na liberdade de escolha por parte dos utentes.
Este novo modelo promove assim a concorrência entre prestadores de cuidados de saúde, mas, ao mesmo tempo garante que quem tem maior possibilidade de pagar mais pelos cuidados saúde possa recorrer ao privado, dado que espera menos tempo e deste modo não efectua essa despesa no público, que fica assim mais aliviado para tratar melhor os que lá vão e que efectivamente não podem recorrer ao privado. Esta ideia é sustentada pelo ministro da saúde Correia de Campos. “O aparecimento de unidades privadas não vai prejudicar o sector público. Se as novas instituições, com excelente qualidade física vierem a atrair pessoas do sector público em regime completo, fico encantado da vida. Queremos que o privado seja um sector de qualidade, autónomo, com vida própria.”
Tendo por base a afirmação do ministro o surgimento de novas instituições fornecedoras de cuidados de saúde com “excelente qualidade física”, provenientes de investimentos de grupos como é o caso do Espírito Santo Saúde, geram um melhoramento no sector da saúde dado que visam a eficiência máxima, sustentada pela contratação de excelentes profissionais de saúde conjugada com sistemas de alta tecnologia. É o caso da nova unidade de saúde de Lisboa denominada Hospital da Luz com abertura prevista para 2007, que garante o uso de alta tecnologia na interacção médico-paciente como é o caso do desaparecimento do papel, sendo este substituído
pelo formato digital (as radiografias serão entregues em cd), os clínicos irão dispor de PDA’s que emitirão avisos sonoros se o doente não receber a medicação à hora marcada, e os doentes poderão dispor de um cockpit com televisão e Internet que permite encomendar o jornal ou escolher o jantar.
Poderá desta forma haver cooperação entre estes dois sectores, público e privado?
Do meu ponto de vista a cooperação é desejável mas não fácil de atingir.
A cooperação poderia traduzir um melhoramento do sistema com vista à melhor satisfação do utente, servindo o sistema privado como bloqueador das lacunas do SNS, actuando deste modo nos campos em que este apresenta limitações.
Este objectivo poderá ser conseguido devido à mudança que o sector privado tem registado, anteriormente a saúde privada apenas se baseava em tratamentos rápidos e baratos, mas actualmente também se direcciona para os mais “desejados” como os tratamentos de doenças oncológicas.
Sara Vilaça
(doc. da série artigos de análise/opinião)
Esta reviravolta no sector da saúde leva a um sistema em que não interessa quem presta o serviço, se o privado ou o público, mas sim quem garante qualidade a baixo preço, devendo este novo sistema assentar na liberdade de escolha por parte dos utentes.
Este novo modelo promove assim a concorrência entre prestadores de cuidados de saúde, mas, ao mesmo tempo garante que quem tem maior possibilidade de pagar mais pelos cuidados saúde possa recorrer ao privado, dado que espera menos tempo e deste modo não efectua essa despesa no público, que fica assim mais aliviado para tratar melhor os que lá vão e que efectivamente não podem recorrer ao privado. Esta ideia é sustentada pelo ministro da saúde Correia de Campos. “O aparecimento de unidades privadas não vai prejudicar o sector público. Se as novas instituições, com excelente qualidade física vierem a atrair pessoas do sector público em regime completo, fico encantado da vida. Queremos que o privado seja um sector de qualidade, autónomo, com vida própria.”
Tendo por base a afirmação do ministro o surgimento de novas instituições fornecedoras de cuidados de saúde com “excelente qualidade física”, provenientes de investimentos de grupos como é o caso do Espírito Santo Saúde, geram um melhoramento no sector da saúde dado que visam a eficiência máxima, sustentada pela contratação de excelentes profissionais de saúde conjugada com sistemas de alta tecnologia. É o caso da nova unidade de saúde de Lisboa denominada Hospital da Luz com abertura prevista para 2007, que garante o uso de alta tecnologia na interacção médico-paciente como é o caso do desaparecimento do papel, sendo este substituído
pelo formato digital (as radiografias serão entregues em cd), os clínicos irão dispor de PDA’s que emitirão avisos sonoros se o doente não receber a medicação à hora marcada, e os doentes poderão dispor de um cockpit com televisão e Internet que permite encomendar o jornal ou escolher o jantar.
Poderá desta forma haver cooperação entre estes dois sectores, público e privado?
Do meu ponto de vista a cooperação é desejável mas não fácil de atingir.
A cooperação poderia traduzir um melhoramento do sistema com vista à melhor satisfação do utente, servindo o sistema privado como bloqueador das lacunas do SNS, actuando deste modo nos campos em que este apresenta limitações.
Este objectivo poderá ser conseguido devido à mudança que o sector privado tem registado, anteriormente a saúde privada apenas se baseava em tratamentos rápidos e baratos, mas actualmente também se direcciona para os mais “desejados” como os tratamentos de doenças oncológicas.
Sara Vilaça
(doc. da série artigos de análise/opinião)
4 comentários:
O aparecimento de novas unidades de saúde privadas é, à partida, uma boa notícia para todos os consumidores de cuidados de saúde, ou seja, para todos nós. Acredito que, na realidade, a configuração de um quasi-mercado na área da saúde seja a garantia de um incremento da qualidade dos cuidados prestados, da satisfação dos utentes/clientes e da racionalização do uso dos recursos existentes. A consolidação deste mercado só será possível se o número de prestadores aumentar, concorrendo entre si e diversificando os produtos oferecidos.
No entanto, a existência de um sector privado “autónomo”, com “vida própria” é ainda uma miragem. Se excluirmos exemplos pontuais (na Grande Lisboa e Grande Porto), em que o privado assegura todos os cuidados actuais e potenciais a que uma pessoa está sujeita, a generalidade das instituições aborda ainda parcialmente o stock de saúde dos seus clientes. Permanecemos então, num quadro de “parasitagem” do público por parte do privado, em que os cuidados são prestados pelos privados até a um ponto óptimo, em que o custo de oportunidade de permanecer a acompanhar o cliente passa a ser muito elevado. Neste ponto, o outrora cliente, passa a utente do sistema público de saúde.
Não podemos acreditar na falácia de que os privados se mostrarão interessados em actuar em todas as áreas da saúde. Infelizmente tal não irá acontecer.
Mesmo que os "privados não se mostrem interessados em todas as áreas da saúde", o facto de eles se expandirem é uma boa notícia.
Os utentes passam a benefeciar de um conjunto maior de unidades de saúde e assim exercer um poder de escolha. Claro que os cuidados de saúde privados serão mais caros que os públicos, e por isso não estarão acessíveis a toda a população.
Mas fará com que as pessoas mais abastadas e menos dispostas a esperar (uma constante do serviço público de saúde)optem por ir a um privado e assim libertar vagas no serviço público.
Por outro lado, a saúde será sempre um bem indispensável pois as pessoas "nunca conseguirão" não ficar doentes. E além disto a nossa população está cada vez mais envelhecida, e são os mais velhos quem mais precisa de serviços de saúde.
Num país onde a população está cada vez mais envelhecida, a procura por cuidados de saúde tende a aumentar, logo todas as notícias de melhoras nesta área são boas noticias.
Julgo que a discussão entre serviço privado e público é fundamental e do equilíbrio entre estes dois serviços surgirá um sistema que nos acompanhará nas próximas décadas.
Se por um lado o sistema privado permite uma maior racionalização dos recursos, melhores cuidados, liberta vagas no sistema público, por outro lado entendo que não podemos ter um serviço de saúde nacional apenas assente na vertente privada, isto porque vão existir sempre pessoas que não terão capacidade financeira para lhe aceder, e também o próprio estado não pode deixar de ter o controlo de numa área tão sensível para a população.
A vergonha encapotada é a exploração de colaboradores e fornecedores que por exemplo o Hospital Particular de Lisboa do Grupo da Trofa Saúde faz. Têm dividas de meses e anos a quem lhes prestou serviços e comportam-se como caloteiros não pagando nem prestando satisfações acerca do que devem.
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