A revisão do ano 2006 vem demonstrar que as famílias Portuguesas continuam a endividar-se contudo a um ritmo bastante mais inferior ao registado há um ano. Comparando com 2005 o crescimento de 15% no inicio do ano passou para 5%, no segundo trimestre, e para 3% no terceiro trimestre deste ano. Eventualmente, poderemos vir agora a assistir mesmo a uma tendência de quebra, consequência da crise económica que os portugueses e os europeus de um modo geral vivem.
O principal destino do crédito é a aquisição de meios de transporte, com cerca de 71% do total do crédito, seguido do crédito destinado à compra de artigos para o lar, com 17,2%, e o crédito pessoal, com a parcela menos significativa, cerca de 6%. É importante referir que os valores mencionados anteriormente registaram um novo abrandamento exceptuando o crédito pessoal que registou um aumento na ordem dos 3%.
Relativamente ao crédito ao consumo as contas feitas, entre Setembro e Outubro deste ano, vem demonstrar que as famílias pediram emprestados 78 milhões de euros e a taxa de variação anual (ao subir de 7,3% para 7,4%) mostra que a procura deste tipo de crédito acelerou.
Outubro trouxe ainda um agravamento do crédito malparado, em todos os segmentos de crédito se a comparação for feita com o mês anterior. Na habitação, o montante de cobrança duvidosa é agora de 1,17 mil milhões (contra 1,16 mil milhões em Setembro), no crédito para outros fins há a registar 596 milhões (mais oito milhões) e no consumo a cobrança duvidosa atingiu os 467 milhões de euros, o que representa uma subida de 40 milhões (9,36%) face ao mês anterior.
Infelizmente, este tem vindo a aumentar, apesar de se manter em valores muito baixos quando comparando com outros países da Europa. Mas é inegável que a situação financeira que os portugueses vivem têm causado situações de desemprego e essa é a principal razão - juntamente com a doença e o divórcio - do incumprimento no crédito. É preciso notar que os portugueses são tipicamente pessoas muito conscientes na contratação de crédito, ao contrário de outros povos mais impulsivos e ao contrário do que às vezes se depreende de algumas notícias nos «media». Não é, portanto, verdade que os portugueses não conseguem resistir ao impulso de comprar uma televisão ou um automóvel quando não tem condições financeiras para isso. Aliás, é por sermos em geral um povo muito consciente que os níveis de incumprimento são baixos em Portugal.
Deste modo penso que o único caminho a prosseguir é o da aposta na educação financeira, pois a concessão de crédito é um serviço indispensável a qualquer economia, que deve ser utilizado de forma racional e responsável.
Assim sendo torna-se indispensável apostar em inúmeras acções que informem e eduquem a sociedade, de forma a criar uma boa relação dos portugueses com o dinheiro e para que actividade de crédito seja mutuamente benéfica tanto para os consumidores como para as instituições financeiras.
Liliana Ferreira
(doc. da série artigos de análise/opinião)
O principal destino do crédito é a aquisição de meios de transporte, com cerca de 71% do total do crédito, seguido do crédito destinado à compra de artigos para o lar, com 17,2%, e o crédito pessoal, com a parcela menos significativa, cerca de 6%. É importante referir que os valores mencionados anteriormente registaram um novo abrandamento exceptuando o crédito pessoal que registou um aumento na ordem dos 3%.
Relativamente ao crédito ao consumo as contas feitas, entre Setembro e Outubro deste ano, vem demonstrar que as famílias pediram emprestados 78 milhões de euros e a taxa de variação anual (ao subir de 7,3% para 7,4%) mostra que a procura deste tipo de crédito acelerou.
Outubro trouxe ainda um agravamento do crédito malparado, em todos os segmentos de crédito se a comparação for feita com o mês anterior. Na habitação, o montante de cobrança duvidosa é agora de 1,17 mil milhões (contra 1,16 mil milhões em Setembro), no crédito para outros fins há a registar 596 milhões (mais oito milhões) e no consumo a cobrança duvidosa atingiu os 467 milhões de euros, o que representa uma subida de 40 milhões (9,36%) face ao mês anterior.
Infelizmente, este tem vindo a aumentar, apesar de se manter em valores muito baixos quando comparando com outros países da Europa. Mas é inegável que a situação financeira que os portugueses vivem têm causado situações de desemprego e essa é a principal razão - juntamente com a doença e o divórcio - do incumprimento no crédito. É preciso notar que os portugueses são tipicamente pessoas muito conscientes na contratação de crédito, ao contrário de outros povos mais impulsivos e ao contrário do que às vezes se depreende de algumas notícias nos «media». Não é, portanto, verdade que os portugueses não conseguem resistir ao impulso de comprar uma televisão ou um automóvel quando não tem condições financeiras para isso. Aliás, é por sermos em geral um povo muito consciente que os níveis de incumprimento são baixos em Portugal.
Deste modo penso que o único caminho a prosseguir é o da aposta na educação financeira, pois a concessão de crédito é um serviço indispensável a qualquer economia, que deve ser utilizado de forma racional e responsável.
Assim sendo torna-se indispensável apostar em inúmeras acções que informem e eduquem a sociedade, de forma a criar uma boa relação dos portugueses com o dinheiro e para que actividade de crédito seja mutuamente benéfica tanto para os consumidores como para as instituições financeiras.
Liliana Ferreira
(doc. da série artigos de análise/opinião)
2 comentários:
Portugal atravessa retracção do consumo interno, como se comprova pelo clima de crise do sector imobiliário.
O endividamento das familías provoca crescimento económico insustentável a longo-prazo, por isso é fundamental que as pessoas consumam com moderação durante esta fase, para não deteriorar a já situação de ruptura já existente, "porque mais tarde ou mais ceso vai ter que se pagar".
"Não é, portanto, verdade que os portugueses não conseguem resistir ao impulso de comprar uma televisão ou um automóvel quando não tem condições financeiras para isso. Aliás, é por sermos em geral um povo muito consciente que os níveis de incumprimento são baixos em Portugal."
Não concordo nada com esta frase, penso precisamente o oposto,ou seja, os portugueses são bastante impulsivos ao crédito ao consumo onde se praticam taxas de juro insuportáveis. Os incumprimentos têm vindo a aumentar comprovado pelos dados que revelam aumentos no crédito mal parado.
Concordo sim com uma campanha de sensibilização, em que se informe os portugueses dos riscos deste tipo de créditos e em que se ensine a ponderar o crédito no orçamento familiar.
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